Guerra Mundial Z: Uma história oral da guerra dos zumbis [Max Brooks]

Ed. Rocco, 2006 - 368 páginas:

       Guerra Mundial Z – Uma história oral da guerra dos zumbis, dá continuidade ao bem-sucedido O guia de sobrevivência a zumbis. Neste livro o autor adota um tom científico nas pretensas entrevistas que conduziu com os sobreviventes do ataque zumbi que quase extinguiu a humanidade.
O narrador de Brooks é um integrante da comissão da ONU encarregado de elaborar o relatório sobre o assustador conflito que quase aniquilou o planeta. Da identificação do paciente zero, contaminado nas ruínas de Dachang, na China, até Mary Jô Miller, a arquiteta de elite que pode pagar para se proteger, passando pelo depoimento de um soldado da infantaria que lutou no conflito, nada escapa à verve do autor.

Não pense em Guerra Mundial Z como um livro de fantasia, simplesmente porque temos os Zumbis como protagonistas principais. Para mim é um livro de terror, pois mostra que nosso pior pesadelo pode se tornar realidade. Não ria, não estou falando de Zumbis como seres sobrenaturais como vampiros e lobisomem, estou falando de uma ameça virótica, ao qual estamos totalmente vulneráveis. O pesadelo maior deste vírus, é que ele não mata seu hospedeiro, mas o transforma em uma arma transmissora, com um enorme poder de alastramento.  E o mais terrível de tudo, é ver como estamos despreparados para isso. Países que possuem uma quantidade de armas que poderiam destruir o mundo mais de uma vez, caso fossem todas utilizadas, se mostraram ineficazes no combate a essa ameça invisível.

É um dos livros mais inteligentes que já li, com certeza o autor fez um grande trabalho de pesquisa para escreve-lo. Não é um livro para se ler rápido e em nada se parece com o filme homônimo que conta Brad Pitt no papel principal. É em formato de documentário, sem diálogos, onde um  integrante da comissão da ONU entrevista vários sobreviventes da guerra Z, de diferentes nacionalidades, inclusive um brasileiro.

Em cada uma destas entrevistas, o autor mostra que fez seu dever de casa, pesquisando sobre as características culturais de cada entrevistado. Lendo o depoimento do médico Brasileiro, podemos perceber que Brooks conseguiu retratar o jeito de "querer sempre se dar bem" do nosso povo. Esta fidelidade de retratação cultural de cada país foi o que me levou a gostar tanto do livro. Também me chamou a atenção as características humanas que afloram numa situação caótica como esta, como as pessoas reagem perante as calamidades, como uns fazem a diferença enquanto outros como sempre, agem egoisticamente, tentando se aproveitar da situação.

"Além de recorrer ao fantástico para traçar um painel das reações humanas diante de crises e tragédias inexplicáveis, Brooks tece comentários ácidos sobre temas diversos como o autoritarismo na China e na União Soviética; a falsificação de relatórios de inteligência por parte do governo dos Estados Unidos para justificar a invasão ao Iraque em 2003; o impacto social e ambiental de grandes empreendimentos como a represa de Três Gargantas, na China; a opressão imposta por regimes fundamentalistas, como o talibã no Afeganistão e o tráfico internacional de órgãos, envolvendo países como o Brasil."

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Cortesia da Editora Rocco