Reiniciados, Vol. 01 [Teri Terry]

Ed. Farol Literário, 2013 - 432 páginas:

           As lembranças de Kyla foram apagadas, sua personalidade foi varrida e suas memórias estão perdidas para sempre. Ela foi reiniciada. Kyla pode ter sido uma criminosa e está ganhando uma segunda chance, só que agora ela terá que obedecer as regras. Mas ecos do passado sussurram em sua mente. Alguém está mentindo para ela, e nada é o que parece ser. Em quem Kyla poderá confiar em sua busca pela verdade?

Sempre que leio distopias me assunto com o caminho que o ser humano escolhe para melhorar problemas inerentes a eles mesmos. Em nome de um mundo melhor, visando conter a violência, nascem governos déspotas, que acabam gerando mais medo e terror.

"- bem, de um lado havia o meu pai e o início do movimento da Lei e da Ordem que criou os Lordeiros. Tolerância zero para a violência e desobediência civil; punição pesada para os infratores da lei. Do outro lado estava a visão do PL, de que os jovens (estudantes manifestantes, as gangues) deviam ser reabilitados; de que muitas vezes o que faziam não era culpa deles. Era culpa da origem deles, do local onde haviam sido criados, de terem sofrido maus tratos. Eles merecem consideração e respeito como seres humanos; ajuda, não punção."

Reiniciados mostra uma Londres no futuro, que na tentativa de erradicar os problemas da violência urbana, o governo criou o programa "Reiniciados", apagando a memória dos delinquentes, dando-lhes uma segunda chance de reintegração na sociedade.

"- Exatamente. Assim, essa foi a solução perfeita para a coalizão governamental. Em vez de punir severamente os criminosos, eles poderiam ter a memória apagada, que é de onde vem o termo popular Reiniciado, um recomeço. Uma segunda chance."

A história é contata por Kyla, uma adolescente de 16 anos, que tem sua memória apagada, tendo que voltar a aprender tudo novamente, até a andar. Para ajuda-la na sua reintegração a sociedade, Kyla ganha uma nova família, que vai auxilia-la na sua adaptação.

Logo ela percebe que não pode confiar nas pessoas a sua volta, todos vivem um clima de tensão, sempre com medo. Kyla também percebe que é diferente dos demais reiniciados, tem sonhos estranhos, que as vezes parecem serem lembranças. Tudo é muito confuso e ela conta com a ajuda de Ben, um amigo reiniciado como ela, para enfrentar a sua difícil situação.

Como em todas distopia, Reiniciados nos apresenta um mundo sem liberdade, onde a população vive em situação de eterna vigilância, com medo. Alguns trechos do livro me lembraram de algumas atrocidades cometidas pelo Estado brasileiro durante a ditadura. Gostei deste tipo de profundidade, apesar disso ter tornado a leitura menos ágil. Quase toda ação acontece no final do livro, levando o leitor a desejar iniciar imediatamente sua continuação.