Ed. Suma das letras, 2012 - 180 páginas: |
Em 1943, a família do jovem Max Carver muda para um vilarejo no litoral, por decisão do pai, um relojoeiro e inventor. Porém, a nova casa dos Carver está cercada de mistérios. Atrás do imóvel, Max descobre um jardim abandonado, contendo uma estranha estátua e símbolos desconhecidos. Os novos moradores se sentem cada vez mais ansiosos: a irmã de Max, Alicia, tem sonhos perturbadores, enquanto ao outra irmã, Irina, ouve vozes que sussurram para ela de um velho armário. Com a ajuda de Roland, um novo amigo, Max também descobre os restos de um barco que afundou há muitos anos, numa terrível tempestade.
Onde comprar:
"Quando a vida adulta chega precocemente"
Ler Carlos Ruiz Zafón após “A sombra do vento” é sempre um desafio, sempre um frio na barriga, porque acho que neste livro ele atingiu o auge. Depois dele li “Marina”; bom, mas não tanto.
Aventuro-me novamente pelo universo deste autor brilhante, agora no romance O príncipe da névoa (Suma de Letras, 180 páginas), um livro relativamente curto, quase uma novela, que faz parte da Trilogia da Névoa. Neste livro o autor confessa sua inexperiência:
“Ao revisitar um livro escrito há tantos anos, o romancista se sente tentado a usar algumas coisas que aprendeu na prática de seu ofício para reconstruir e reescrever quase tudo, mas nesse caso achei que devia deixar a obra tal como é, com seus defeitos e sua personalidade intactos.”
Não cheguei a observar nada que desabonasse a obra, aliás, Zafón já dá sinais de maestria em suas construções frasais cheias de poesia, mesmo em sua insegurança:
“...Quase todo mundo já imaginava que a ideia de abandonar a cidade em busca de um lugar mais habitável rondava a cabeça do bom Maximilian Carver há muito tempo; todo mundo menos Max. Para ele, a notícia teve o efeito de uma locomotiva enlouquecida passando por uma loja de porcelanas chinesas...”
É um livro melancólico, na acepção da palavra – tristeza profunda, estado psíquico de depressão. Livros melancólicos têm me perseguido ultimamente ou seria meu estado de espírito que os atraem?
A família de Max Carver se muda para o litoral devido à grande guerra que se aproxima. O problema é que, em sua nova casa, os Carver começam a se dar conta de que o lugar é envolto em mistério. Alicia, irmã de Max tem sonhos perturbadores com um palhaço.:
“― O palhaço. O do filme — começou Alicia. ― Já o vi antes. Num sonho.”
Instantaneamente me veio à cabeça a obra fenomenal do mestre King, “A coisa”, com seu palhaço aparecendo o tempo todo, amedrontando as crianças. E também o serial killer John Waine Gacy Jr (também sou ligado em observar a alma obscura destes assassinos). Coulrofobia pura, tremendamente assustador.
A outra irmã, Irina, ouve vozes sussurrando dentro de um armário:
“Nunca, em meses, Irina teve tanta vontade de ajudar a mãe, fosse qual fosse a tarefa que a esperava. Estava pronta para correr escada abaixo quando, despois de sentir uma brisa gelada acariciar seu rosto e atravessar o quarto, viu a porta do quarto bater de um só golpe. Irina correu até lá e tentou girar a maçaneta, que parecia travada. Enquanto lutava em vão para abrir a porta, ouviu que, às suas costas, a chave da porta do armário girava lentamente e que aquelas vozes, que pareciam vindas das profundezas da casa, riam.”
O jovem Max, alheio aos acontecimentos se vê enredado pelo mistério e por um sentimento de mau agouro. Conhece Roland, um garoto mais velho, morador antigo do vilarejo que o leva a um barco que afundou. No naufrágio todos morreram, menos o avô do próprio Roland, um velho envolto em segredos, que construiu o farol da praia.
Enquanto tentam resolver todos os mistérios, deparam-se com o primeiro amor e com algo que seria melhor se não tivessem acordado: a personificação do mal, o senhor dos pactos demoníacos, o Príncipe da Névoa:
“— Vá para o inferno ― disse, mal contendo a raiva.
As gostas de saliva se evaporaram como se tivessem caído numa chapa de metal fervente.
— Minha cara menina, é de lá que venho ―replicou...”
É até certo ponto previsível, mas não procuro descobrir nada na escrita de Zafón, quero me deleitar. O que me importa são as frases, o modo como as constroi, tudo o mais se torna secundário, sem muita importância. E nesse quesito o autor é fenomenal. Logicamente lerei todos os outros livros, porque Zafón consegue monopolizar minha atenção, seja com palavras, seja com poesia. Recomendado!
Ler Carlos Ruiz Zafón após “A sombra do vento” é sempre um desafio, sempre um frio na barriga, porque acho que neste livro ele atingiu o auge. Depois dele li “Marina”; bom, mas não tanto.
Aventuro-me novamente pelo universo deste autor brilhante, agora no romance O príncipe da névoa (Suma de Letras, 180 páginas), um livro relativamente curto, quase uma novela, que faz parte da Trilogia da Névoa. Neste livro o autor confessa sua inexperiência:
“Ao revisitar um livro escrito há tantos anos, o romancista se sente tentado a usar algumas coisas que aprendeu na prática de seu ofício para reconstruir e reescrever quase tudo, mas nesse caso achei que devia deixar a obra tal como é, com seus defeitos e sua personalidade intactos.”
Não cheguei a observar nada que desabonasse a obra, aliás, Zafón já dá sinais de maestria em suas construções frasais cheias de poesia, mesmo em sua insegurança:
“...Quase todo mundo já imaginava que a ideia de abandonar a cidade em busca de um lugar mais habitável rondava a cabeça do bom Maximilian Carver há muito tempo; todo mundo menos Max. Para ele, a notícia teve o efeito de uma locomotiva enlouquecida passando por uma loja de porcelanas chinesas...”
É um livro melancólico, na acepção da palavra – tristeza profunda, estado psíquico de depressão. Livros melancólicos têm me perseguido ultimamente ou seria meu estado de espírito que os atraem?
A família de Max Carver se muda para o litoral devido à grande guerra que se aproxima. O problema é que, em sua nova casa, os Carver começam a se dar conta de que o lugar é envolto em mistério. Alicia, irmã de Max tem sonhos perturbadores com um palhaço.:
“― O palhaço. O do filme — começou Alicia. ― Já o vi antes. Num sonho.”
Instantaneamente me veio à cabeça a obra fenomenal do mestre King, “A coisa”, com seu palhaço aparecendo o tempo todo, amedrontando as crianças. E também o serial killer John Waine Gacy Jr (também sou ligado em observar a alma obscura destes assassinos). Coulrofobia pura, tremendamente assustador.
A outra irmã, Irina, ouve vozes sussurrando dentro de um armário:
“Nunca, em meses, Irina teve tanta vontade de ajudar a mãe, fosse qual fosse a tarefa que a esperava. Estava pronta para correr escada abaixo quando, despois de sentir uma brisa gelada acariciar seu rosto e atravessar o quarto, viu a porta do quarto bater de um só golpe. Irina correu até lá e tentou girar a maçaneta, que parecia travada. Enquanto lutava em vão para abrir a porta, ouviu que, às suas costas, a chave da porta do armário girava lentamente e que aquelas vozes, que pareciam vindas das profundezas da casa, riam.”
O jovem Max, alheio aos acontecimentos se vê enredado pelo mistério e por um sentimento de mau agouro. Conhece Roland, um garoto mais velho, morador antigo do vilarejo que o leva a um barco que afundou. No naufrágio todos morreram, menos o avô do próprio Roland, um velho envolto em segredos, que construiu o farol da praia.
Enquanto tentam resolver todos os mistérios, deparam-se com o primeiro amor e com algo que seria melhor se não tivessem acordado: a personificação do mal, o senhor dos pactos demoníacos, o Príncipe da Névoa:
“— Vá para o inferno ― disse, mal contendo a raiva.
As gostas de saliva se evaporaram como se tivessem caído numa chapa de metal fervente.
— Minha cara menina, é de lá que venho ―replicou...”
É até certo ponto previsível, mas não procuro descobrir nada na escrita de Zafón, quero me deleitar. O que me importa são as frases, o modo como as constroi, tudo o mais se torna secundário, sem muita importância. E nesse quesito o autor é fenomenal. Logicamente lerei todos os outros livros, porque Zafón consegue monopolizar minha atenção, seja com palavras, seja com poesia. Recomendado!
Resenhado por: | Rodolfo Luiz Euflauzino ,"Tenho por mim que não vivo bem neste mundo e que por estar assim tão deslocado me vejo como um personagem, dentro de um livro, em uma história que não foi feita pra mim e na qual sou personagem satélite, de somenos importância. Mas tenho o poder de alterar o enredo, posso remendar sensações aqui, fotografar em sépia paisagens que levo em minha mente e em meu coração. Então ser infeliz é uma escolha e não me incluo nessa e grito pelas janelas: Solidão! Pode contar com minha ausência, porque hoje vamos brilhar!" |
Sempre brilhante a resenha do meu amigo Rodolfo, de quem prezo muito a opinião.
ResponderExcluirZafón é mestre e ponto. Mesmo em seus livros primeiros a semente da magia de sua escrita já anunciava quantos frutos dali viriam. É claro que, depois de ler A Sombra do Vento, nosso queridinho cinco estrelas, as outras obras dele têm outro brilho. Mas ainda brilham.
Li outro da trilogia, Luzes de Setembro, confesso que senti medo, rsrs, sou fraca para suspenses. Mesmo sendo um livro juvenil. Nem me imagine lendo o mestre King, não conseguiria...
Adorei sua alusão à leitura melancólica, é um sentimento que me atrai demais - 'sofro' de uma nostalgia e um saudosismo incuráveis. Por isso sou fã dos dramas, mais ainda os bem realistas.
Não quero ler a trilogia, entretanto. Por medo mesmo, hahaha... Mas quero ler tudo do Zafón amadurecido nas letras, pós-Sombra, principalmente.
Belo destaque dos trechos, vc faz isso muito bem!
Nossa a historia deve ser muito boa, sua resenha me ganhou.
ResponderExcluirEu não conhecia esse autor, mas pesquisando aqui tem críticas muito positivas em relação a seus livros. Percebi que preciso conhecê-lo.
Quanto ao livro me parece - não sei se estou certa -, uma obra com bastante suspense?
Gosto de livros assim, apesar de ultimamente não ter lido muito esse gênero, mas volta e meio me vejo com um livro nesse estilo em mãos.
Vou ver se consigo ler esse, e A Sombra do Vento.
Concordo plenamente: o que mais vale nas obras do autor é aproveitar seu jeito de escrever. O "cara" é realmente um mestre das palavras e consegue encantar leitores de várias idades. É incrível.
ResponderExcluirAinda não tive a oportunidade de ler esse livro, mas acho que vou gostar bastante.
bjs
Sempre quis ler esse livro e nunca tive oportunidade. mas vou ler assim quer der.
ResponderExcluirPs.: Adorei a resenha.
MOOOOOOOOOOOOORRO de vontade de ler Zafon, de tanto o povo falar dele, principalmente do livro "Marina", tem gente que morre por Zafon, a maioria dos donos de blogs e vlogs que sigo gostam dele, por isso meu interesse é muito grande, ele é meio que unanimidade entre os leitores, enfim. O Príncipe da Nevoa também é muito famoso, acho que é o segundo livro dele que mais ouço falar, enfim. Adorei a resenha.
ResponderExcluirGostei da resenha e fiquei curiosa com a história, mas o que eu quero mesmo ler do autor é A Sombra do Vento e fico feliz que você elogiou ele por aqui. Por enquanto vou ficar com o gostinho de quero mais que sua resenha deixou.
ResponderExcluirBeijos,K.
Girl Spoiled
http://girlspoiled.blogspot.com.br/
Ainda não li nada do Zafón, mas só vejo comentários positivos a respeito. Quero ler algo pra firmar uma opinião a respeito. Fiquei curiosa pelo livro depois da resenha. Realmente espero ter oportunidade de ler.
ResponderExcluirEsse livro nunca chamou minha atenção, a capa simplesmente não me agradou e a sinopse muito menos.
ResponderExcluirE eu tenho que dizer que devo me penitenciar porque ainda não li nada do Zafón. E não pergunte o por quê, Rodolfo, acho que simplesmente não "caiu" na minha mão. tenho apenas um livro dele em casa, As Luzes de Setembro, da mesma trilogia da Névoa e apesar de saber que são histórias que podem ser lidas fora de ordem, ainda assim gostaria de ler conforme foram publicadas.
ResponderExcluirBem, Rodolfo como sempre me conquista com suas palavras e acho que já devo ter dito isso, mas mesmo que seja um livro que não me interessa, o que não é o caso de Zafón, eu sempre acabo intrigada e curiosa para conhecer mais da história.
Mais uma belíssima resenha, Rodolfo!
Não conhecia esse autor, mas pela resenha parece ser um ótimo escritor, com livros envolventes. O clima de suspense e mistério me atraem e esse livro parece ter esse clima, então pretendo ler.
ResponderExcluirUltimamente, tenho ficado com mais vontade de ler alguma história do Carlos Ruiz Zafon. Seus livros devem ser fabulosos mesmo. As capas de seus livros também são lindas. Espero ter a oportunidade de me deliciar com suas histórias em breve.
ResponderExcluirDeve ser um livro muito bom. A capa é bonita e a história é instigante.
ResponderExcluirTalvez eu leia, não sei. Há muitos livros na minha lista ! kk
bj, dréa
A estória parece ser mesmo interessante, e achei legal o fato do autor meio que dar uma explicação sobre os possíveis erros. Sinto a mesma coisa quando pego algum texto escrito há século pra reler. Quero mudar tudo, haha. Mas fico com medo de fazê-lo perder a essência.
ResponderExcluirNão é um livro que eu colocaria na minha lista de leitura. Não sei, o enredo não me convenceu.
Eu li "A sombra do vento" e gostei...
ResponderExcluirSe este livro "O príncipe da névoa" tivesse uma cor seria cinza...
óbvio?
Bem, eu adoro estórias melancólicas, acho que elas tiram de mim o melhor.
Penso que a vida pode ser melhor e só depende de nós... ou seja, estórias assim me fazem querer ser feliz ;)
Mas, continuei lendo e mais do que melancólica achei um tanto aterrorizante esta estória e confesso que tenho medo de palhaços. Será que conseguiria dormir depois de ler este livro?
Ainda não li nada do autor, mas só leio elogios sobre sua ecrita única e espero poder ter a oportunidade de conferir suas obras em breve.
ResponderExcluirOie :)
ResponderExcluirAmei a resenha!!!!
Ainda não li nada desse autor, mas só leio resenhas positivas!!!
Tenho muita curiosidade em ler *-*
Beijos
Acredita que ainda não li nado do Zafón?!?! Só leio resenhas positivas, e nada de ter a oportunidade de ler.
ResponderExcluirO que gostei nesse livro é essa aura de mistério e suspense que deve pairar durante todo o livro. É, no mínimo, assustador esses sonhos com palhaços e escutar vozes vindas de dentro do armário. Fiquei muito curioso pra ler.
@_Dom_Dom
Infelizmente o único livro que ainda me interessou desse autor por enquanto é o Marina <3
ResponderExcluirEu tenho um livro do autor, mas ainda não li. Tenho vontade de ler essa trilogia, tem capas bonitas e histórias interessantes.
ResponderExcluirNunca vi falar desse autor. Acho que não leria esse livro pois não gostei muito dele!!
ResponderExcluir