Ed. Companhia das Letras, 2014 - 280 páginas: |
O protagonista do livro é Téo, um jovem e solitário estudante de medicina que divide seu tempo entre cuidar da mãe paraplégica e dissecar cadáveres nas aulas de anatomia. Num churrasco a que vai com a mãe, contrariado, Téo conhece Clarice, uma jovem de espírito livre que sonha tornar-se roteirista de cinema. Clarice está escrevendo um road movie de nome 'Dias perfeitos'. O texto ainda está cru, mas ela já sabe a história que quer contar - as desventuras de três amigas que viajam de carro pelo país em busca de experiências amorosas. Téo fica viciado em Clarice - quer desvendar aquela menina diferente de todas que conheceu. Começa, então, a se aproximar de forma insistente. Diante das seguidas negativas, opta por uma atitude extrema - desfere um golpe na cabeça dela e, ato contínuo, sequestra a garota.
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Obsessão. Medo. Tensão. Reviravolta. Gosta? São alguns dos ingredientes do elogiado Dias Perfeitos, segundo livro do jovem escritor Raphael Montes, um thriller psicológico intenso e perturbador. Assim como faz com seus personagens, o autor também aprisiona – e choca - o leitor.
Téo é um estudante de medicina que dedica boa parte do seu tempo à dissecação de cadáveres no laboratório de anatomia da universidade. Solitário, calmo e introspectivo, tem como ‘melhor amiga’ Gertrudes, que é UM CADÁVER com quem conversa. Isso mesmo, leitor. Nas primeiras linhas a mente de Téo começa a ser delineada. Mas quem poderia julgar um rapaz tão dedicado, estudioso, inteligente e vegetariano, que cuida da mãe cadeirante?
Numa festa Téo conhece a jovem, linda e descolada Alice, de personalidade oposta à sua, extrovertida, fala o que vem à cabeça. Ela fuma, provoca o rapaz e com um beijinho (selinho) de despedida, desperta a distorcida - e até então adormecida – personalidade obsessiva dele, que passa a persegui-la. Obcecado pela ideia de namorar Clarice, planeja e executa com requinte (e aqui deixarei o leitor descobrir durante a leitura) um sequestro cujas consequências tecerão toda a provocante e perturbadora narrativa.
Juntos, Téo e Clarice viverão momentos de loucura, prisão e confronto. Ele tenta domar a impulsividade da indócil estudante de História da Arte, que está escrevendo um roteiro de filme sobre três amigas que se aventuram numa viagem de carro passando por Teresópolis, Ilha Grande e Paraty, cujo título dá nome ao livro. E o roteiro de Clarice torna-se a empreitada de Téo, que também quer viver seus Dias Perfeitos ao lado da amada. E para realizar seu intento não economizará seringas, anestésicos, mordaças... É, leitor, avisei que não seria fácil. É bom se preparar para momentos de tortura física e psicológica. E quando tudo parecer dominado há uma reviravolta ainda mais surpreendente.
Narrado em terceira pessoa, o autor consegue aproximar leitor e personagens com hábil sensibilidade. Conduzindo o texto sob a ótica de um Téo sistemático, é excitante para o leitor entender como funciona aquela mente complexa e doentia. Pouco a pouco Téo parece convencer que está agindo certo, justifica suas atitudes usando uma lógica inteligente, não fosse pelo limite tão sutil que separa razão e loucura: o bom senso, a censura que falta aos psicopatas. Indivíduos com transtornos de personalidade são altamente egoístas, não se arrependem dos atos, gostam ou não se incomodam com o sofrimento alheio, segundo o psiquiatra forense Guido Palomba.
Um suspense que causa muitas sensações, passeando entre o estranhamento e a indignação, o mal estar físico e psicológico. Mesmo diante da repulsa, é bem provável que o leitor perceba uma torcida (ainda que discreta) por um desfecho favorável... para o bem ou para o mal, escolha de que lado vai ficar. O final é polêmico, o próprio autor já comentou isso nas redes sociais. Para mim funcionou muito bem, gostei da coerência com os caminhos tomados e do fino sarcasmo.
Ninguém chegará incólume ao final da jornada. Para quem tem estômago e coragem de entrar no Vectra preto que carrega a mala rosa, boa viagem!
Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/358204
Manu Hitz Cearense, fisioterapeuta e mãe. “Eu não tenho o hábito da leitura. Eu tenho a paixão da leitura. O livro sempre foi para mim uma fonte de encantamento. Eu leio com prazer. Leio com alegria.” Ariano Suassuna. |
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Maravilha de resenha, Manu!! Parabéns.
ResponderExcluirEstou muito ansiosa para ler "Dias Perfeitos". Como uma fã de thrillers psicológicos fiquei muito animada quando vi o lançamento de um nacional.
E pelo visto o livro é bom. E muito.
Toda essa dinâmica doentia, a mente perturbada e a tensão da história me deixam intrigada. Gosto de conhecer como funciona a cabeça dos personagens, por menos que eu concorde com as atitudes. A complexidade humana é algo assustador, mas muito interessante.
Não vejo a hora de ler esse livro.
bjs
Estou na metade do livro e realmente é de assustar a obsessão do Téo pela Clarice. Uma história de tirar o fôlego e como sempre, mais uma de suas indicações. Obrigada por mais essa dica, Manuh!
ResponderExcluircara Manuh, a cada vez que me deparo com um livro deste calibre me vem à lembrança três filmes que marcaram minha vida: "laranja mecânica", "o psicopata americano" e o pior deles todos "violência gratuita (funny games)". dos dois primeiros adquiri o livro também. todos eles sobre mentes distorcidas, universos à parte, marginais, delirantes. minha mulher é estudante de psicologia, então vivo fuçando em suas coisas, tentando caminhar pelo lado obscuro do ser humano, por suas vicissitudes, idiossincrasias, manias. os transtornos mentais, que fazem com que não existam limites para o indivíduo é de certa forma fascinante e causam aqueles espasmos nauseantes no estômago. somos atraídos pelo que não entendemos.
ResponderExcluirjá tenho o primeiro livro do autor, latente em minha estante, agora quero este, os quero todos. raphael montes veio pra fazer história e encontrou em você minha amiga, alguém que possa empunhar o estandarte. ótima parceria e resenha perfeita como sempre!
Adorei a resenha, mas acho que não tenho coragem de entrar no Vectra preto com a mala rosa.. Fiquei com medo de me deparar com esse estudante de medicina que não parece ter limites. Pelo menos por enquanto... Talvez daqui a alguns meses, quando eu estiver pronta para esse tipo de leitura, eu o leia. Obrigada pela resenha linda!
ResponderExcluirAdoro thriller psicológico e esse me despertou muita curiosidade.Vou adicionar a minha lista e quando o ler tomara que eu goste.
ResponderExcluirGostei muito da resenha e se eu conseguisse digerir livros assim leria. Mas gosto de livros mais suaves, que não tenham muita violência, porque sou muito sensível, apesar disso, já sei a quem vou recomendar o livro, uma amiga que adora desvendar a mente de psicopatas, tenho certeza que ela vai gostar.
ResponderExcluirManu sempre leio comentários elogiosos, mas euzinha não me imagino lendo e gostando!
ResponderExcluiré tão diferente daquilo com o que me identifico!
http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/
Adoro este tipo de gênero... A obsessão do Téo pela Clarice é de dar raiva e medo.
ResponderExcluirNão sei se tenho estômago, mas acho que vale a pena tentar!!
Não será em breve, mas sinto que a leitura será tensa e densa...
O livro acabou de entrar nos meus desejados! hehe Esse livro parece ser daqueles de tirar o fôlego ein?! Caramba... essa doidice do Téo só pelo que você comentou nos deixa de boca a aberta. Imagine lendo... imaginando.
ResponderExcluirEu adoro o gênero, então acho que iria gostar bastante. Espero (muito) ter oportunidade de ler esse livro - e logo.
Ai meu Deus, Manu, menina má!!!
ResponderExcluirEu sofro muito com livros que envolvem pressão psicológica e que trabalham com um extremo feio do ser humano. Essa obsessão, perseguição e situação de sufoco mexem muito comigo por ter um dia vivido uma coisa parecida (beeem de leve em comparação com o narrado por vc).
É muito triste imaginar as coisas que as pessoas são capazes de fazer para ter o que desejam ardentemente, o quão perigoso é negar estar ao lado de alguém ou tentar sair de uma relação possessiva.
UI...lerei com certeza.preciso entender este ser, rs. Ai meu Deus, quanto sofrimento!!!!
Obrigada pela indicação, pois é o livro do momento e sendo um nacional, MERECE muito ser prestigiado.
Beijos
Chrys Audi
https://todaaliteraturadomundo.blogspot.com.br
Resenha tripla de Reconstruindo Amélia
Nossa, fiquei muito apreensiva lendo sua resenha e agora estou louca para ler esse livro, acho que sofreria horrores lendo ele, pois sou muito ansiosa e fico nervosa facilmente.
ResponderExcluirObrigada pela resenha.
Nossa...estou apreensiva pela Clarice e nao entraria no Vectra preto(jamais). Adoro suspenses e estou anciosa para ler o livro a fim de saber o final.
ResponderExcluirBj
Apesar de ser ótima a resenha eu não leria o livro, porque eu realmente nao gosto do tema e sei que nao conseguiria terminar de le-lo de forma feliz!
ResponderExcluirJá vi muitas resenhas sobre esse livro a maioria positiva. Só esse gnomo na capa me deixou com medo gosto de suspense está na minha lista de desejados
ResponderExcluirOlá, Manu.
ResponderExcluirEnquanto estava lendo "Dias Perfeitos", ainda bem no começo, comentei com uma amiga sobre as justificativas e a racionalidade do Théo. Imaginei que estava exagerando ao achar ele tão racional, quando esperava algo totalmente oposto a isso, mas logo percebi que não era uma "falha", mas algo intencional. Acho que essa ideia inicial apenas me fez gostar ainda mais do personagem, quando percebi que o Raphael havia acertado em cheio ao criá-lo dessa forma.
Fato é que já me tornei fã do autor, como você bem viu na minha resenha, e "Suicidas" está apenas esperando para ser devorado como esse. Dizem que é ainda melhor. Se um já tem tudo o que eu gosto, apenas imagino o outro.
Se você já leu pode falar com propriedade sobre isso.
Beijos,
Ricardo - www.overshockblog.com.br
Resenha incrível! Me fez querer muito ler o livro. Não o conhecia e gostei bastante do enredo aprisionador de leitores e chocante rsrsrs.
ResponderExcluirFiquei muito curiosa em conhecer o trabalho do autor, pois já vi muitos elogios a esse livro pelos blogs.
Ótima resenha! Gostei bastante do enredo deste livro. Gostei também de como a história entre os protagonistas vai se desenrolando.
ResponderExcluirAcho que vou dar uma chance para o livro.
Já fiquei aqui toda arrepiada só pela sua resenha, Manu, então imagino como o livro deve ser intenso. Enquanto lia seu texto fui imaginando aqui algumas cenas e imagino que seja mesmo de arrepiar! Faz bastante tempo que não leio um thriller nesse estilo e esse parece ser da melhor qualidade. E, além de tudo, se o desfecho seguiu uma linha coerente, acho que tem tudo para agradar os fãs do gênero.
ResponderExcluirJá vi vários comentários positivos sobre esse livro, estou ansiosa para ler, mesmo não sendo o meu tipo de leitura.
ResponderExcluirNão sei se eu teria coragem de entrar no Vectra preto!
Sempre vejo muita gente elogiando este livro, fico com muita curiosidade de lê-lo também! Adorei a resenha, o enredo parece ser ótimo e muito bem construído. Adoro livros cheios de suspense e este parece ser excelente. Acho legal este livro ser diferente dos outros livros deste gênero, já que nesta estória, é narrado pelo personagem "doente", nos permitindo entender e saber o que se passa em sua mente! Quero ler também.
ResponderExcluirbeijos
Obrigada, mas essa leitura eu passo, não sou psicologicamente forte para acompanhar esse livro que parece ser maravilhoso para quem tem estômago e muuuita coragem.
ResponderExcluirBeijocas ^^
Surpreendente sua resenha. Nunca poderia imaginar que essa capa tão inocente escondia uma história tão intensa. Me deixou super curiosa para saber que final polêmico é esse. Mas confesso que esse tipo de leitura não faz muito meu estilo. Não gosto de ler sobre tortura física e psicológica. Ainda assim é uma boa sugestão para quem curte o gênero.
ResponderExcluirManu, li algumas resenhas sobre esse livro, e acho que todas foram positivas. Me amarro em histórias com personagens psicopatas nível hard como esse Téo. E essas quatro primeiras palavrinhas que você colocou no início da resenha, já me diz tudo. Respondo sim para todas. Eu mesmo me aventuraria a entrar nesse Vectra preto com malinha rosa. #sqn kkkkkk
ResponderExcluir@_Dom_Dom
Manu, desculpa a demora pra passar aqui.
ResponderExcluirEu não sou corajosa o suficiente pra embarcar nessa viagem. Estou altamente curiosa pra ler algo do Raphael, mas sempre tenho medo de me impressionar demais e sonhar com isso ou sequer conseguir dormir. Todo mundo que lê Montes acaba gostando, e eu aqui totalmente por fora. :(
Beijinhos!
Giulia - Prazer, me chamo Livro
Oi, Gisela, é a primeira vez - mas não a única! - que visito seu blog. Tô seguindo.
ResponderExcluirTenho lido ótimas críticas e resenhas de Raphael Montes, inclusive assisti uma entrevista no programa GloboNews Literatura. Para alguém tão jovem, até que ele tá bem famosão, rsrs. Com certeza não é à toa.
Um bom autor de contos era tudo que literatura brasileira precisava, não acha?
Parabéns, sucesso!
Obs: Tenho um blog de contos. Caso se interesse em lê-los, fica o convite.
Roberto Camilotti: blog de literatura