Ed. Companhia das letras, 2010 - 456 páginas: |
Na primeira vez em que alterou o curso da história, em 1915, o então jovem camponês russo Geórgui Jachmenev conseguiu impedir um atentado à vida do grão-duque Nicolau Nicolaievitch, irmão do czar. Esse involuntário ato de bravura acaba por assegurar a Geórgui um lugar de honra na corte de Nicolau II, que o nomeia guarda-costas pessoal de seu filho, o também adolescente Alexei Romanov. Em 1981, agora cidadão britânico e funcionário aposentado da biblioteca do Museu Britânico, o octogenário Jachmenev, enquanto vela pela saúde da esposa Zoia, que vive os últimos estágios de um câncer devastador, deixa a memória flutuar, recordando aleatoriamente os fatos de sua vida, grande parte deles ligados diretamente a eventos históricos que transformaram o século XX.
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O Palácio de Inverno de John Boyne esta na minha categoria de livros imperdíveis. É o primeiro livro que leio do autor e garanto, não será o último. Depois de conhecer a escrita de Boyne é impossível não querer mais...
O Palácio de Inverno é narrado pelo personagem principal, o octogenário Geórgui Jachmenev, e sua narrativa alterna entre o passado e o presente, navegando entre o tempo, sem seguir uma cronologia, de modo que as cenas vão sendo costuradas magistralmente.
Geórgui é uma figura interessante e por ser o narrador, acaba nos passando seus mais íntimos pensamentos e segredos, ao mesmo tempo em que descreve o fato acontecido, coloca em sua narrativa seus sentimentos sobre o mesmo, que muita vezes não são dignos de um herói, mas de um simples mortal.
Geórgui Jachmenev aos 16 anos era um pobre jovem camponês russo que sabia não poder esperar mais nada da vida além de sua miserável existência, cortando lenha, dormindo no chão áspero, passando fome, vivendo esgotado, recenado o inverno gelado. Mas o destino interviu e ele acabou por impedir um atentado à vida do grão-duque Nicolau Nicolaievitch, irmão do czar, o que o fez mudar-se para a corte de Nicolau II e ser nomeado guarda-costas pessoal de seu filho, o também adolescente Alexei Romanov.
"Ele era um rapazola de Cáchin, que se sentia quase sufocado quando chegou ao Palácio de Inverno onde habitava Sua Majestade Imperial, czar Nicolau II, imperador e autocrata de Todas as Rússias, grão-duque da Filândia, rei da Polônia. Seu patrão."
Apesar de sua agora situação mais que privilegiada, Geórgui sentia-se quase sufocado no palácio, onde tudo era tão diferente, tão cheio de riqueza. Boyne mostra através de Geórgui a grande diferença existente entre as classes sociais na Rússia de 1915:
"As damas se cobriam de joias que usavam uma única vez e depois descartavam; os cavalheiros enfeitavam suas espadas impotentes com rubis e diamantes, jantavam caviar e se embriagavam todas as noites com a mais fina vodca e o mais fino champanhe. Enquanto isso, o povo lá fora dos palácios minguava a fome, desesperado por pão, por trabalho, por qualquer coisa que os fizesse se sentirem mais humanos."
Mas também mostrou o cotidiano do czar Nicolau II e como Geórgui, sendo o guarda-costas pessoal do filho do czar, tinha o privilégio de conviver com sua família nos seus momentos mais íntimos, o que possibilitava conhecer um pouco de cada um dos seus integrantes, as filhas mais velhas Olga, Maria e Tatiana, seus anseios e paixonites, as manipulação de Rasputin sobre a esposa do czar, Alexandra, mulher esnobe, e principalmente a jovem Anastásia de quem se encantou desde o primeiro dia em que a viu. Compartilhou junto a família real dos seus momentos derradeiros.
"O reinado dos Romanov chegara ao fim em meio a uma profusa rejeição da autocracia czarista, mas me parecia que esse novo governo soviético, a não ser no nome, pouco se diferenciava do velho império russo."
"O reinado dos Romanov chegara ao fim em meio a uma profusa rejeição da autocracia czarista, mas me parecia que esse novo governo soviético, a não ser no nome, pouco se diferenciava do velho império russo."
Quando em suas narrações relembra seu passado, vários personagens históricos de vulto são mencionados, Rasputin, Winston Churchill, Rainha Vitória, Lênin, além de muitos aspectos políticos que desencadearam a revolução russa, sendo várias as lições aprendidas.
"- O padre Gapon nunca chegou a poder nenhum - disse eu.
- Mas Lênin chegou - replicou sorrindo - simplesmente um outro czar, não concorda?"
- Mas Lênin chegou - replicou sorrindo - simplesmente um outro czar, não concorda?"
Nicolau II e sua família (da esquerda para a direita): Olga, Maria, Nicolau, Alexandra, Anastásia, Alexei e Tatiana. (http://pt.wikipedia.org/) |
Quando voltava a narração para os tempos atuais, podíamos sentir que Geórgui amava Zoia, sua esposa, até mais que a si mesmo e toda a sua vida foi dedicada a ela. Geórgui e Zoia tiveram uma vida difícil e sofrida, ele guardava na alma suas dores, arrependimentos e culpas, ela simplesmente não se permitia ser feliz, pois não se achava merecedora. Os dois sofreram grandes perdas, a maior delas sendo a morte da única filha do casal, e o autor nos faz perceber seus sentimentos mais profundos.
"Curiosamente as pessoas parecem sentir que, de certa forma, é pior para a mãe do que para o pai. Que, de certa forma, a dor é mais intensa. As pessoas me perguntam constantemente como Zoia está passando, como se eu fosse o médico de minha esposa e não o pai de minha filha, e não creio que perguntem a ela a mesma coisa a meu respeito. Posso estar enganado, claro, mas..."
O livro me levou as lágrimas no seu final, não sei se foi porque a história estava acabando e eu ia me separar dos personagens aos quais tanto me apeguei ou se foi porque o autor conseguiu me passar o sentimento de perda tão profundo vivido por Geórgui. De qualquer forma, toda a sua narração sempre foi cheia de passagens para lá de emocionantes e eu simplesmente não tenho palavras para enaltecer tão grande obra, só me resta então recomenda-la a todos.
Capixaba, leonina, analista de sistemas e mãe. Apaixonada por livros, sou uma leitora compulsiva e como o tempo é curto, leio em todo o lugar: esperando o elevador, dentro do ônibus, no salão de beleza... Ler é meu prazer e minha paixão! |
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Gi, querida, Boyne é um dos meus autores preferidos! Estreei no seu universo apaixonante exatamente com O Palácio de Inverno. Depois li O Pacifista. Tenho outros dois, mas ainda não li.
ResponderExcluirÉ uma história profundamente sensível e emocionante. Vale cinco estrelas e um coração. Tudo que ele escrever eu vou ler.
Belíssima resenha, voltei a sentir as emoções do livro através de suas palavras. É um belo livro para presentear pessoas queridas.
Beijo!
querida Gi, estou completamente tomado por sua resenha, pela narrativa comovida destes trechos. quero ler este livro sim, aliás entre meus desejados se encontra "Os últimos dias dos Romanov", um pouco pela curiosidade histórica e muito pela figura mítica de Rasputin. por suas palavras deu pra perceber que muito da história foi arremessada pra dentro deste livro, então por si só é mais um motivo pra colocá-lo entre meus desejados. parabéns por mais uma de suas resenhas deslumbrantes, deixou-nos com água na boca!
ResponderExcluirNão conhecia o livro, ele passaria despercebido por mim em uma livraria. Mas ao ler a sinopse já me deu certa curiosidade em ler o livro e sua resenha me conquistou.
ResponderExcluirSua resenha foi excelente! E foi o prazo de terminá-la de colocar esse livro na minha lista de desejados. Eu amo histórias assim, são incríveis!
ResponderExcluirAssim que eu tiver oportunidade, irei lê-lo, com certeza!
Beijinhos.
www.minineko.org
Oi, Gisela. Já li do autor O menino do pijama listrado e comecei a ler O ladrão do tempo. Mas não consigo me agradar com a escrita do autor. A história é bonita, mas não sei, não consigo gostar do modo como ele escreve. Depois desses dois livros, desisti de ler outros livros dele. :/
ResponderExcluirSua resenha ficou maravilhosa. Dá pra sentir que o livro te emocionou e toda essa emoção você conseguiu transmitir. Os fãs com certeza irão adorar!
Bjs
Oi, Gisela.
ResponderExcluirNunca li nada do autor, mas a premissa desse livro não me chamou muito a atenção. Apesar de todo o seu entusiasmo com o livro eu não consegui ter vontade de ler. Quem sabe um outro livro do autor não me agrade mais.
Paradise Books BR
Beijos.
Não sei bem o por que, mas não tenho curiosidade de ler esse livro nem O Menino do Pijama Listrado, sei por críticas positivas que são ótimos livros, mas não consigo me interessar.
ResponderExcluirAdorei a resenha.
Beijos
http://umaleitoravoraz.blogspot.com.br/
Não conseguir ficar entusiasmada com o livro, apesar da sinopse ter me agradado. Já li um livro do autor e gostei, mas não leria esse.
ResponderExcluirTenho vontade de ler esse livro por dois motivos principais: a narrativa emocionante e envolvente, e o contexto histórico tão bem explorado.
ResponderExcluirLeio pouca coisa nesse estilo, mas gosto bastante. Acho que a leitura é, em geral, mais densa, mais exigente. E isso não é para qualquer momento de vida (no meu caso, claro).
bjs
Oi Gisela. Este livro está na minha lista de leitura há tempos. Eu li do autor " O menino do pijama listrado" e amei, me emocionei bastante. A escrita dele é muito encantadora. Fiquei curiosa com os outros trabalhos dele, que bom que você gostou do livro, assim já posso esperar que este também deve ser muito bom!
ResponderExcluirBeijos
Se tu se emocionou, o livro deve ser bom mesmo. Eu amo histórias desse tipo e adorei tua resenha.
ResponderExcluirGisela, já conhecia o livro, mas ainda não tive oportunidade de lê-lo. Pela sua resenha me parece ser uma livro que realmente vale a pena. Não só traz um pouco de fatos históricos, mas também nos leva a refletir como eles interferiram na vida de toda uma população. Claro que o livro foca na vida do Georgui que também teve uma vida bem complicada. Já li O menino do pijama listrada e acredito que O palácio de inverno também vai me surpreender.
ResponderExcluirNossa o livro parece ótimo, história super emocionante, fiquei bastante interessada em ler, ainda não li nenhum livro desse autor, acho que vou começarei por esse.
ResponderExcluirNunca li nada do autor, apenas vi uma adaptação de uma de suas obras e gostei muito.
ResponderExcluirJá li resenhas de livros dele e sempre fiquei com vontade de ler, mas ainda não tive a oportunidade.
Gosto de livros que retratam tempos difíceis, de guerras, injustiças sociais, etc... e este livro retrata um pouco de tudo que me agrada.
Adorei sua resenha, como vc foi descrevendo a trama e os quotes usados para contextualizar.
Com certeza darei um jeito de ler este livro logo!!
Eu adoro a capacidade que John Boyne tem de misturar ficção com fatos históricos reais. Todos os livros que li do autor até agora só me deixaram mais encantada. Há algum tempo comecei a ler "O Palácio de Inverno", mas acabei não finalizando a leitura. Não lembro bem o porquê, já que a leitura estava ótima. Com certeza começarei novamente a ler o livro em alguma ocasião. Deve ser sensacional.
ResponderExcluirOie,
ResponderExcluirSempre tive uma imensa vontade de ler os livros do John, porém esse livro não me chamou nenhuma atenção.
Mais mesmo assim gostei bastante da resenha..
Ainda não tive oportunidade de ler nada do John Boyne, mas sempre li comentários positivos em relação aos seus livros. O que achei interessante é esse jogo de passado x presente que o autor fez e, no passado, inserindo nomes que fizeram parte da História. Como ele tem uma pegada mais densa, vou demorar um pouco mais para lê-lo, pois não me sinto na vibe de ler algo nesse estilo por enquanto.
ResponderExcluir@_Dom_Dom
Manuh que resenha aqui no seu blog, já tinha conversado comigo dessa obra. Listou muitos elogios e pelo jeito são todos merecidos.
ResponderExcluirTenho esse livro e pretendo lê-lo em breve.
Gosto de tramas que emocionam.
Bj.
Oi Gi!!
ResponderExcluirFlor eu nunca li nada do Boyne, mas sou louca para ler esse livro. E sua resenha fez me mez ficar ainda mais ansiosa pela leitura. Adoro quando um livro nos toca e emociona. Dizem que a escrita dele é realmente maravilhosa. Amei os quotes.
Bjs
Aline Lima (Sempre Nerd - http://alinenerd.blogspot.com.br/)