Ed. Rocco, 2015 - 232 páginas: |
Em seus 450 anos, o Rio de Janeiro é cenário primordial para Na dobra do dia, primeiro livro de crônicas do carioca Marcelo Moutinho, autor de elogiados volumes de contos. Dividido em duas partes – “Pequenos amores da armadilha terrestre” e “As ruas pensam”, frases retiradas de Paulo Mendes Campos e João do Rio, respectivamente, que revelam a tradição a que se filia o autor – Moutinho persegue as miudezas do dia a dia da cidade e de seus personagens. São textos cheios de lirismo e assombro, mas também de um humor fino e surpreendente, forjado na descontração dos bares e na perspicácia dos sambas antigos. Páginas onde a leveza é só disfarce, a revelar: é nas cenas inusitadas, fiapos quase invisíveis na trama da cidade, que pulsa a matéria densa da literatura.
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As saudades de Marcelo Moutinho são também as minhas saudades. Basta revelar isto para que o leitor perceba o quanto estou encantada com a leitura de Na dobra do dia (Rocco, 232 páginas). Este livro de crônicas é um relicário de lembranças preciosas demais para que permaneçam apenas na cabeça. O leitor é o depositário de recordações da meninice, da adolescência e do homem que escreve.
Desdobrando segredos, o autor confidencia sentimentos. Madureira, bairro da infância, está presente em boa parte da obra, como na crônica ‘Artigo Definido’, quando conta da casa da bisavó:
"Invariavelmente cheio de gente, o sobrado era a sede dos almoços, o camarote do carnaval, o refúgio sempre às ordens para quem, por alguma razão, precisasse de abrigo".
‘O Braço do Pai’ é especialmente comovente, a ligação entre pai e filho é enaltecida, a saudade é corrosiva, de quando sentava no banco dianteiro (que criança nunca brigou pelo lugar?) do velho Corcel:
"Todas as vezes em que se via obrigado a dar uma freada brusca, ato contínuo, esticava o braço para o lado direito, tentando (ou imaginando tentar) proteger uma possível topada minha contra o para-brisa. (...) Porque hoje dói saber que o braço do pai não está mais por aqui. Nem que seja para me proteger das freadas que dá a vida."
As páginas vão passando e identifico-me, cada vez mais, com a prosa. Em ‘Sonhos’, uma frase que resume tudo o que (eu e ele) sentimos:
"Toda vez que vou ao subúrbio, a infância dói em mim."
Pausa aqui. A frase acima é curta, certeira: a casa da minha infância acalenta a menina em mim. Tenho um amor absurdo pelo jardim que não está mais lá, pelo alpendre que saiu de cena, pela garagem e terraço onde corria e esfolava o joelho e o dedão do pé, na algazarra de fugir do pega-pega (ou pique-pega). Nada está como antes, agora há salas e alunos concentrados. Mas no meu coração estou lá, toda a minha infância, balões e cheiro de festa, primos nas férias, essas reminiscências mais caras, indestrutíveis, eternas.
Vamos falar de amor – e de suas dores também. Em ‘Para Além do Idílio’, Marcelo me apaixona, me pede outra pausa (faça isso, faça mais vezes isso!), após a fartura que me serviu. Preciso digerir:
"Histórias de amor são opções. E opções são homicidas por si só. Matam, ainda que em certas ocasiões com dó, as concorrentes."
Paro, observo, ouço dentro de mim. Olho através da janela, espero algum sinal ou tradução. O texto prossegue:
"Mas não tem nada, não. Às vezes, o amor precisa mesmo morrer um pouco para germinar, como cantou o Gil. Ou, sem morrer, transformar-se em coisa distinta, e ainda assim amor. Sem o frisson acelerado do princípio, sem a miragem da perfeição. Com cicatrizes, juras, brigas, perdões, rusgas, acidentes, palavras mal ditas, dores nunca sanadas, mais quilometragem percorrida que a percorrer, ainda assim amor."
Falar em saudade é falar de mim, sou saudosista, dada à nostalgia em doses saudáveis. Sou propriedade de outros tempos. E a música é o combustível certo para a contraditória evocação do que já foi, mas que ainda permanece. 'Cegos de tanto vê-la' é poesia com trilha sonora. A rotina nos torna (quase) impermeáveis:
"Lembro da canção 'Estrangeiro', na qual Caetano diz que o pintor Paul Gauguin amou a luz da Baía de Guanabara (...). 'E eu menos a conhecera mais a amara/Sou cego de tanto vê-la', confessa o compositor. A convivência adormeceu o fascínio. De tanto vê-la, Caetano já não pode vislumbrar a Baía de Guanabara, sua beleza ou feiúra, a sutileza de suas curvas margeando e dando forma à cidade. A imensa boia d'água tornou-se apenas objeto na paisagem. Estanque. O amor, às vezes, é a Baía de Guanabara que já não enxergamos."
O autor relembra muitas canções, o que é um encanto ainda maior para o leitor. Em 'Carnaval, doce ilusão', batuca sambas-enredo inesquecíveis e revela que, contra toda a família portelense, seu coração seguiu o do pai, torcedor do Império Serrano. Uma paixão arrebatadora, capaz de descarregar a emoção de toda uma vida:
"Faltando três dias para o desfile, telefonei para a quadra e comprei a fantasia. Sozinho, sem conhecer ninguém da ala ou da escola, cheguei à avenida. Ao pisar na Sapucaí, desabei no choro. (...) Ali, estava a casa da minha bisavó, estava o primeiro amor num parquinho de Madureira, estava o meu pai. Até hoje, a cada vez que entro na quadra ou desfilo no Império, sinto como se estivesse com ele, a barriga inflada de chope, o Hollywood no bolso da camisa. Escutar os sambas do Império é meu modo de vencer tardiamente o câncer que o derrotou, de tê-lo novamente comigo. E restaurar uma nesga de ilusão que, como um dia cantou a Vila Isabel, ajuda a dar 'razões pra vida tão real da quarta-feira'."
Como acumulamos coisas! Estocamos, guardamos, apegados. E no meio das páginas de um livro, papéis que assinalam um tempo esquecido, sonhos não realizados, coisas que vamos deixando para trás ou, inevitavelmente, substituímos por novos projetos - muitas vezes a vida muda a rota:
"Sentimentos e vontades e sonhos podados no decorrer do tempo, No girar do moto-contínuo que mói, sem dó, aquilo que fomos um dia. Não há nostalgia nessa observação. A andança pelo tempo pressupõe mesmo pequenas traições ao passado. Esquecimento. O espaço da lembrança não suporta a soma de todas as coisas. Como dizia o poeta Waly Salomão, 'a memória é uma ilha de edição'."
Gostaria de sublinhar: "O espaço da lembrança não suporta a soma de todas as coisas."
Em 'Long-plays', sacode o mofo das lembranças e me desperta uma saudade da vitrolinha portátil vermelha (que tive):
"Ao reviver a experiência, percebi que escutar um LP na vitrola não tem nada a ver com ouvir um CD. Não falo da nostalgia do chiado que arranha (e humaniza) o som pré-digital, da variação de timbres. É uma questão de tempo mesmo. Há o ritual de se tirar o LP da capa, do plástico que o recobre, colocá-lo no aparelho, trazer com cuidado a paleta da agulha até o ponto certo, para que a música enfim comece. O vinil não aceita ser mero pano de fundo. Pede atenção, inclusive para trocar o lado. E silêncio, esse artigo cada vez mais insólito."
Uma vida sem amigos não tem brilho. '20 de julho' fala de amizade, partindo do exemplo dos escritores mineiros (salve!) Fernando Sabino, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Hélio Pellegrino, amigos inseparáveis até a morte. Que puxam da memória do autor aquela noite, na idílica Paraty,cambaleando pelo calçamento ‘pé de moleque’, o instante ímpar em que uma amizade é selada:
"Numa caminhada pós-chopes e pré-ressaca, na primeira edição da Flip, um desses amigos que ajudam a justificar a vida me contou das tristezas que o perseguiam como sombra. Falamos sobre nódoas, cicatrizes. Traçamos projetos. (...) a amizade é, sobretudo, uma forma de amor."
Caymmi disse que ‘quem não gosta de samba bom sujeito não é’. Concordo. O prazer dos botecos e rodas de samba tem seu lugar:
“E a dor que se canta não é só aquela mais comum e profunda: a dos amores que se foram e não se sabe se voltarão. Canta-se também a grana pouca, a nostalgia de um momento, a falta de alguém que já se foi.”
Mas o que todo leitor (imagino) quer saber é do encantamento do autor com os livros, quer sentir que também aquele que escreve tem o devotamento, a paixão, um certo estranhamento, talvez. Solidão. Em 'Livros e Metamorfoses', Moutinho é alguém como nós:
"Quando eu era criança, minha irmã Sandra me apresentou a história de Flicts e tive a sensação de que era aquela cor sem lugar no universo. Mais tarde, eu seria o homem doente de 'Notas do Subsolo', um repugnante inseto, a menina para quem soaria sempre clandestina a felicidade. Esses livros, se não puderam modificar a sociedade, em sentido amplo, me mostraram que eu não estava sozinho. Que havia mais pessoas tateando sentidos, perplexas com o abismo que a vida encerra, dia após dia. E também que é possível sobrevoar esse abismo, observá-lo, descrevê-lo, até mesmo tocá-lo, sem despencar nele.”
São muitos assuntos abordados, coisinhas diárias, fragmentos do cotidiano, em alguma página você vai se reconhecer.
Enquanto preparava esta resenha, percebi que recolhi também pedacinhos de mim. Tirei dos vãos da lembrança histórias gostosas. São sentimentos tão meus, reacendidos pela leitura de Na dobra do dia. Compactei, coloquei moldura e em lugar de destaque. Aqui estão, no blog, para quem quiser ler. Senti-me egoísta,exibicionista, exposta. Tudo bem, já me permito não ter certos medos. A culpa é do Marcelo, este escritor que descobri agora e já peço perdão pelo atraso. Em suas palavras: ”um desses amigos que ajudam a justificar a vida”. Que encanto, que viagem, que delícia de livro! Nada pede, nada exige, tanto a oferecer. Embarcamos com ele, olhamos para trás, para o que construímos, a pegar novo fôlego para o que está por vir. E que venha!
Obrigada, Marcelo Moutinho, pelo arrebatamento. Não foi sua intenção, mas em mim abriu possibilidades. Fui acolhida pela idéia de que, ao som de Renato Russo, ♫ “Não tenho mais o tempo que passou, mas tenho muito tempo, temos todo o tempo do mundo.” ♫
Link do livro no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/443645ED502686
Desdobrando segredos, o autor confidencia sentimentos. Madureira, bairro da infância, está presente em boa parte da obra, como na crônica ‘Artigo Definido’, quando conta da casa da bisavó:
"Invariavelmente cheio de gente, o sobrado era a sede dos almoços, o camarote do carnaval, o refúgio sempre às ordens para quem, por alguma razão, precisasse de abrigo".
‘O Braço do Pai’ é especialmente comovente, a ligação entre pai e filho é enaltecida, a saudade é corrosiva, de quando sentava no banco dianteiro (que criança nunca brigou pelo lugar?) do velho Corcel:
"Todas as vezes em que se via obrigado a dar uma freada brusca, ato contínuo, esticava o braço para o lado direito, tentando (ou imaginando tentar) proteger uma possível topada minha contra o para-brisa. (...) Porque hoje dói saber que o braço do pai não está mais por aqui. Nem que seja para me proteger das freadas que dá a vida."
As páginas vão passando e identifico-me, cada vez mais, com a prosa. Em ‘Sonhos’, uma frase que resume tudo o que (eu e ele) sentimos:
"Toda vez que vou ao subúrbio, a infância dói em mim."
Pausa aqui. A frase acima é curta, certeira: a casa da minha infância acalenta a menina em mim. Tenho um amor absurdo pelo jardim que não está mais lá, pelo alpendre que saiu de cena, pela garagem e terraço onde corria e esfolava o joelho e o dedão do pé, na algazarra de fugir do pega-pega (ou pique-pega). Nada está como antes, agora há salas e alunos concentrados. Mas no meu coração estou lá, toda a minha infância, balões e cheiro de festa, primos nas férias, essas reminiscências mais caras, indestrutíveis, eternas.
Vamos falar de amor – e de suas dores também. Em ‘Para Além do Idílio’, Marcelo me apaixona, me pede outra pausa (faça isso, faça mais vezes isso!), após a fartura que me serviu. Preciso digerir:
"Histórias de amor são opções. E opções são homicidas por si só. Matam, ainda que em certas ocasiões com dó, as concorrentes."
Paro, observo, ouço dentro de mim. Olho através da janela, espero algum sinal ou tradução. O texto prossegue:
"Mas não tem nada, não. Às vezes, o amor precisa mesmo morrer um pouco para germinar, como cantou o Gil. Ou, sem morrer, transformar-se em coisa distinta, e ainda assim amor. Sem o frisson acelerado do princípio, sem a miragem da perfeição. Com cicatrizes, juras, brigas, perdões, rusgas, acidentes, palavras mal ditas, dores nunca sanadas, mais quilometragem percorrida que a percorrer, ainda assim amor."
Falar em saudade é falar de mim, sou saudosista, dada à nostalgia em doses saudáveis. Sou propriedade de outros tempos. E a música é o combustível certo para a contraditória evocação do que já foi, mas que ainda permanece. 'Cegos de tanto vê-la' é poesia com trilha sonora. A rotina nos torna (quase) impermeáveis:
"Lembro da canção 'Estrangeiro', na qual Caetano diz que o pintor Paul Gauguin amou a luz da Baía de Guanabara (...). 'E eu menos a conhecera mais a amara/Sou cego de tanto vê-la', confessa o compositor. A convivência adormeceu o fascínio. De tanto vê-la, Caetano já não pode vislumbrar a Baía de Guanabara, sua beleza ou feiúra, a sutileza de suas curvas margeando e dando forma à cidade. A imensa boia d'água tornou-se apenas objeto na paisagem. Estanque. O amor, às vezes, é a Baía de Guanabara que já não enxergamos."
O autor relembra muitas canções, o que é um encanto ainda maior para o leitor. Em 'Carnaval, doce ilusão', batuca sambas-enredo inesquecíveis e revela que, contra toda a família portelense, seu coração seguiu o do pai, torcedor do Império Serrano. Uma paixão arrebatadora, capaz de descarregar a emoção de toda uma vida:
"Faltando três dias para o desfile, telefonei para a quadra e comprei a fantasia. Sozinho, sem conhecer ninguém da ala ou da escola, cheguei à avenida. Ao pisar na Sapucaí, desabei no choro. (...) Ali, estava a casa da minha bisavó, estava o primeiro amor num parquinho de Madureira, estava o meu pai. Até hoje, a cada vez que entro na quadra ou desfilo no Império, sinto como se estivesse com ele, a barriga inflada de chope, o Hollywood no bolso da camisa. Escutar os sambas do Império é meu modo de vencer tardiamente o câncer que o derrotou, de tê-lo novamente comigo. E restaurar uma nesga de ilusão que, como um dia cantou a Vila Isabel, ajuda a dar 'razões pra vida tão real da quarta-feira'."
Como acumulamos coisas! Estocamos, guardamos, apegados. E no meio das páginas de um livro, papéis que assinalam um tempo esquecido, sonhos não realizados, coisas que vamos deixando para trás ou, inevitavelmente, substituímos por novos projetos - muitas vezes a vida muda a rota:
"Sentimentos e vontades e sonhos podados no decorrer do tempo, No girar do moto-contínuo que mói, sem dó, aquilo que fomos um dia. Não há nostalgia nessa observação. A andança pelo tempo pressupõe mesmo pequenas traições ao passado. Esquecimento. O espaço da lembrança não suporta a soma de todas as coisas. Como dizia o poeta Waly Salomão, 'a memória é uma ilha de edição'."
Gostaria de sublinhar: "O espaço da lembrança não suporta a soma de todas as coisas."
Em 'Long-plays', sacode o mofo das lembranças e me desperta uma saudade da vitrolinha portátil vermelha (que tive):
"Ao reviver a experiência, percebi que escutar um LP na vitrola não tem nada a ver com ouvir um CD. Não falo da nostalgia do chiado que arranha (e humaniza) o som pré-digital, da variação de timbres. É uma questão de tempo mesmo. Há o ritual de se tirar o LP da capa, do plástico que o recobre, colocá-lo no aparelho, trazer com cuidado a paleta da agulha até o ponto certo, para que a música enfim comece. O vinil não aceita ser mero pano de fundo. Pede atenção, inclusive para trocar o lado. E silêncio, esse artigo cada vez mais insólito."
Uma vida sem amigos não tem brilho. '20 de julho' fala de amizade, partindo do exemplo dos escritores mineiros (salve!) Fernando Sabino, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Hélio Pellegrino, amigos inseparáveis até a morte. Que puxam da memória do autor aquela noite, na idílica Paraty,
"Numa caminhada pós-chopes e pré-ressaca, na primeira edição da Flip, um desses amigos que ajudam a justificar a vida me contou das tristezas que o perseguiam como sombra. Falamos sobre nódoas, cicatrizes. Traçamos projetos. (...) a amizade é, sobretudo, uma forma de amor."
Caymmi disse que ‘quem não gosta de samba bom sujeito não é’. Concordo. O prazer dos botecos e rodas de samba tem seu lugar:
“E a dor que se canta não é só aquela mais comum e profunda: a dos amores que se foram e não se sabe se voltarão. Canta-se também a grana pouca, a nostalgia de um momento, a falta de alguém que já se foi.”
Mas o que todo leitor (imagino) quer saber é do encantamento do autor com os livros, quer sentir que também aquele que escreve tem o devotamento, a paixão, um certo estranhamento, talvez. Solidão. Em 'Livros e Metamorfoses', Moutinho é alguém como nós:
"Quando eu era criança, minha irmã Sandra me apresentou a história de Flicts e tive a sensação de que era aquela cor sem lugar no universo. Mais tarde, eu seria o homem doente de 'Notas do Subsolo', um repugnante inseto, a menina para quem soaria sempre clandestina a felicidade. Esses livros, se não puderam modificar a sociedade, em sentido amplo, me mostraram que eu não estava sozinho. Que havia mais pessoas tateando sentidos, perplexas com o abismo que a vida encerra, dia após dia. E também que é possível sobrevoar esse abismo, observá-lo, descrevê-lo, até mesmo tocá-lo, sem despencar nele.”
São muitos assuntos abordados, coisinhas diárias, fragmentos do cotidiano, em alguma página você vai se reconhecer.
Enquanto preparava esta resenha, percebi que recolhi também pedacinhos de mim. Tirei dos vãos da lembrança histórias gostosas. São sentimentos tão meus, reacendidos pela leitura de Na dobra do dia. Compactei, coloquei moldura e em lugar de destaque. Aqui estão, no blog, para quem quiser ler. Senti-me egoísta,
Obrigada, Marcelo Moutinho, pelo arrebatamento. Não foi sua intenção, mas em mim abriu possibilidades. Fui acolhida pela idéia de que, ao som de Renato Russo, ♫ “Não tenho mais o tempo que passou, mas tenho muito tempo, temos todo o tempo do mundo.” ♫
Link do livro no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/443645ED502686
Cortesia da Editora Rocco |
Cearense, fisioterapeuta e mãe. “Eu não tenho o hábito da leitura. Eu tenho a paixão da leitura. O livro sempre foi para mim uma fonte de encantamento. Eu leio com prazer. Leio com alegria.” Ariano Suassuna. |
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Que resenha emocionante, sentimentos transbordaram a cada linha e sei que, se este livro foi capaz de lhe proporcionar tal gama de sentimentos e o resgate de lembranças do passado, que de fato é único e que mais cedo ou mais tarde, necessitarei dar-me a chance de reconhecer a mim mesma em suas páginas.
ResponderExcluirTodos os trechos foram uma doce amostra do que Na dobra do dia nos reserva. Certamente ele irá entrar na minha lista e espero no futuro, quando eu concluir sua leitura, lembrar-me de sua resenha e pensar: "Ela tinha toda a razão."
Abraços
ah, Karina, que lindo comentário! Obrigada! Leia sim, Marcelo Moutinho tem uma prosa irresistível, doce. Bj
ResponderExcluirManu!
ResponderExcluirTão bom poder relembrar as lembranças das fases vividas em nossa vida...
Ao ler sua resenha, cheguei a ficar saudosa... tantas coisas aconteceram e até me inspirei em escrever alguns contos(?)/crônicas(?), ainda não decidi, entretanto, a mente entrou em ebulição e já pegarei a caneta... sim, porque prefiro escrevê-los a mão...
Livros inspirativos são maravilhosos de ler...
Obrigada por trazer o relicário e essa resenha maravilhosa!
“É mais fácil obter o que se deseja com um sorriso do que à ponta da espada.”(William Shakespeare)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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querida Manuh, ler suas resenhas é me deixar levar por onde suas palavras quiserem, desbravar solo, arco-íris, sentimentos. solidão chama saudade, é incrível, comigo sempre acontece dessa forma. saudade da infância, saudade dos bons momentos, saudade dos meus sonhos, do que não vivi. a solidão me força a encarar um estado saudosista que demora horas a passar, algumas vezes dias. mas isso nunca havia acontecido após ler uma resenha. isso que você fez é inédito, foi meu ingresso e entro na fila para assistir a um filme que é meu como co-autor e seu como autora intelectual.
ResponderExcluirretornei ao cheiro de café torrado que pairava na pracinha, ao cheiro da cera colmeina espalhada pelo chão com um escovão de ferro. as coisas retornam em mim através do cheiro, é um sentido que mais me traz recordações. só que suas palavras é que foram o gatilho.
ainda não satisfeita, você dispara a música, outra de minhas fraquezas (ou seriam riquezas). sou ser musical, forjado na década de 80 (que muitos dizem ser a década perdida, mas não por mim). as canções vêm e vão, só que a essência é sugada pra dentro de meu corpo, acordes, estrófes, refrãos. tudo ali, me construindo, me transformando, me traduzindo. muitas vezes me redimindo, como na canção que você citou: "a tempestade que chega é da cor de seus olhos castanhos". essa agora é você Manuh - "a tempestade".
o que te traduz não sou eu, mas parte do poema de antonio cícero:
"guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
em cofre não se guarda coisa alguma.
em cofre perde-se a coisa à vista.
guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado. "
você se expõe e se expondo consegue transpor o que sinto e o que sou para palavras. quero ler o livro para sondar as minhas e as suas lembranças. obrigado!
Não costumo ler esse tipo de livro, mas sua resenha me deixou bem animada em começar a ler. Me pareceu ser um ótimo livro. Lerei com certeza.
ResponderExcluirPuro sentimento e emoção essa resenha.
ResponderExcluirÉ tão bom isso... Fiquei com vontade de sentir tudo isso... de relembrar... de me emocionar também.
Adorei a resenha!!!!
Bjks
Lelê - http://topensandoemler.blogspot.com.br/
Não conhecia esse livro, mas depois de conter tanto sentimentalismo nas páginas e despertar tantos sentimentos bons no leitor, não tem como não se interessar e ficar com vontade de ler, adorei o sentimentalismo que transborda tanto no livro quanto na sua resenha, realmente é ótimo relembrar a infância eu agradeço por morar na minha casa desde que nasci e com certeza se parar para pensar carrega diversas lembranças inesquecíveis da infância, adorei demais tanto o livro quanto a resenha, o bom de seguir blogs como este é que apresentam a maravilha de livros como este que eu não conhecia e sua resenha me proporcionou a conhecer e claro agora estou super ansiosa para ler este livro.
ResponderExcluirQue linda resenha, Manu! Saber que a obra tem essa capacidade de despertar sentimentos tão sublimes no leitor, me faz realmente acreditar no quão especial ela é e me deixa extremamente curiosa e ávida para conhecer e absorver todo o encantamento transmitido pela escrita do autor.
ResponderExcluirAi Manu, que resenha cara de Manu. Ninguém faria algo assim. Confesso que às vezes espero ler, eu gostei muito do livro, mas sei que este tipo de relato não tem nada a ver com você. Ao contrário, tem que escrever uma obra que relate outra obra.
ResponderExcluirGostei da premissa, dos sentimentos envolvidos em cada crônica.
Eu não costumo ler este gênero, mas me interessei depois de ler sua resenha.
Parabéns pelo belo relato. Bjs
Manu, preciso dizer a você que não gosto desse tipo de leitura, mas depois dessas palavras perfeitamente escritas, que tipo de ser humano seria eu se continuasse com esses pensamentos? Acredito que jamais vi uma resenha tão amável. Continue assim, por favor <3
ResponderExcluirBjs!!
Livros de crônicas sempre tem aquela forma de narrar encantadora, poética, sábia... Esse livro é um prato cheio de emoções!... Ah, essa saudade da infância que nunca tem fim, esse tempo perdido que não volta...
ResponderExcluirAmei a resenha, ela me fez ter vontade de ler um livro que não faz meu estilo de leitura. Parabéns!
Bjos!
Manu querida, que linda resenha, emocionante! Exatamente o tipo de livro que me encanta, obrigada pela valiosa dica, pretendo lê-lo agora nas férias. Bjs
ResponderExcluirManu, que belas palavras! Adoro livros de crônicas e esse me pareceu ser maravilhoso de se ler. Também sou bem saudosista e com certeza iria me encontrar e me reconhecer em alguma página desse livro, que é cheio de memórias e sentimentos. Obrigada pela dica!
ResponderExcluirAh, essas leituras que mexem com a gente...
ResponderExcluirMuito bom quando um autor consegue colocar em palavras sentimentos tão simples, mas que falam muito do que fomos, do que somos e do que podemos ser. Não conhecia esse autor, mas quero muito conhecê-lo, acho que embarcarei na viagem dele também.
@_Dom_Dom
Oi Manu.va complicado.
ResponderExcluirConfesso que no começo estava bem irritada ao ponto de parar a leitura, mas respirei fundo, escutei um pouco de música e quando voltei a ler, comecei a entender o que até então para mim estava complicado. Entendi o sentimento de lembranças gostosas que você e o autor queriam passar; isso me deixou tranquila e me fez lembrar também de minha infância como você. Gosto de poemas, crônicas etc. O atual livro de cabeceira tem Paulo Mendes Campos e Fernando Sabino como você citou acima, com o auxilio de Rubem Braga e Carlos Drummond de Andrade. Agora depois de esclarecer toda a confusão em mente, quero viver essas lembranças que vocês tiveram.
BJsss
Achei legal a ideia de abordar a hisória do Rio dessa forma. Só que não é meu gênero de leitura. Eu gosto de histórias do Rio mais didáticas.
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