Ed. Selo Jovem, 2015 - 200 páginas: |
Cercada por pessoas desajustadas (psicopatas, neuróticas, depressivas, insanas, obsessivas, fóbicas e inescrupulosas), Virgília luta para manter sua sanidade mental. Dividida entre cuidar da própria vida e ajudar seus familiares que precisam dela financeiramente, muda-se de Cristal (pequena cidade gaúcha) e vai morar sozinha em Porto Alegre, num apartamento herdado pela mãe. Assim, poderá ficar mais perto de Marília, sua irmã mais nova, internada numa clínica depois de tentar matá-la, após sofrer um surto psicótico. Virgília começa a trabalhar como gerente de uma joalheria. Lá, conhece Alex, o entregador de joias. Os dois se apaixonam. E em pouco tempo, serão envolvidos por um laço de amor que os manterá unidos contra todas as adversidades. Além de ser um homem apaixonante, Alex possui um dom incomum que o torna capaz de tirar vidas, ou salvá-las.
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O zoológico humano
No livro O medo de Virgília (Selo Jovem, 200 páginas) há o desfile de uma fauna exótica de pessoas carregadas de distúrbios psíquicos, como mania, fobia, neurose, depressão, obsessão, um leque enorme de psicopatologias que fariam a festa de profissionais da área.
De médico e louco todo mundo tem um pouco, já dizia o ditado, mas neste livro, de médico ninguém tem nada, já de alienado e maluco não posso dizer o mesmo.
Virgília é uma jovem determinada e pacífica, que sai do convívio dos seus para trabalhar na capital, em um apartamento herdado pela mãe. Além do mais, quer ficar próximo a sua irmã mais nova, Marília, que enlouqueceu:
“... Em seguida escutei o grito... Um grito de quem se liberta de um sentimento sufocante. Depois, o barulho de um copo jogado com força no chão. E, do nada... juntou o fundo do copo que ficou intacto, apenas com as beiradas quebradas e pontiagudas, saltando na direção do meu pescoço. Instintivamente, esquivei-me. E senti as pontas do vidro cravarem na altura do meu braço, Com uma força redobrada pela fúria, ela pressionou para o fundo e depois para baixo, abrindo dois cortes...”
Como podem ver as pessoas não piram simplesmente, elas enlouquecem alucinadamente, devastadoramente.
“Depois disso, sua visão ficou escura. Desligou-se da realidade. E perdeu-se num buraco negro.”
Virgília precisa trabalhar e consegue emprego em uma joalheria. Passa a conviver diariamente com várias pessoas, além do medo crescente de acontecer algo num local visado por qualquer bandido. Lá se depara com Alex e a conexão é imediata, sendo difícil para ele conviver com alguém com a sensualidade tão natural:
“Os cabelos estavam escorridos, grudados. A maquiagem desfeita. O rímel preto escorrendo no rosto. A blusa molhada no corpo, deixando à mostra o contorno dos meus seios. A saia colada nas pernas, revelando o desenho das minhas coxas. A pele arrepiada, com o contato da água fria da chuva...”
Juntam-se a estes personagens, outros tão ou mais acelerados que um trem desgovernado, em cenas quentes, que nos deixa arrepiados:
“Explorou a pele macia... enquanto a penetrava, com um misto de paixão e desespero... Quando aumentou o ritmo, sentiu os dedos lhe apertando a garganta. Fez o mesmo. Espremeu-lhe o pescoço, sufocando-a, com doçura... Mãos homicidas que desciam sobre o corpo como carinhosos cutelos. Unhas cravando... Dois bárbaros na arena... Duelaram... entre gemidos, suspiros e gozos.”
É isso aí... uma pegada hot, sufocante e até doentia. E não é só isso. Personagens com transtornos de personalidade que faz com que comecemos a olhar para aquele vizinho esquisito de forma diferente. Comecei a voltar pra casa depois de ter saído para o trabalho pra verificar se a porta estava devidamente trancada.
“... Seus olhos ficaram grudados no líquido vermelho que escorria da cabeça do homem sem vida. Enquanto a multidão fazia expressão de espanto, ela parecia fascinada... Não sentiu pena. Não sentiu medo. Não sentiu nada, além de um forte arrebatamento, uma espécie de prazer.”
Sim... agora vocês já têm uma pincelada do que irão encontrar neste livro surpreendente.
No início, a protagonista Virgília me incomodou. Sua passividade diante do irmão inescrupuloso e da irmã desequilibrada (sangue de barata), não somos assim! Eu pensava: “não existem pessoas tão altruístas assim, nada dúbias, que se doam demais, se entregam sem restrições, ela é muito plana”. Mas caramba, estas pessoas existem de fato, há inúmeras provas disso em cada esquina – alguém que ajuda um morador de rua no frio; que acolhe um animal maltratado; que conserva seu jardim; que visita um enferno – e se não existissem, teríamos que inventá-los como a escritora Rosa Mattos o fez, porque com eles o mundo é um lugar muito melhor de se viver.
O livro terminou de forma abrupta, isso também me exasperou, eu queria mais! E não é isso que todo autor deseja? Plantar aquela vontade enorme de lê-lo novamente?
Quero saber o que acontece depois! Descubram vocês também este universo alucinante e alucinado, depois me contem se querem ou não mais uma dose de Rosa Mattos.
Rodolfo Luiz Euflauzino
Ciumento por natureza, descobri-me por amor aos livros, então os tenho em alta conta. Revelam aquilo que está soterrado em meu subconsciente e por isso o escorpiano em mim vive em constante penitência, sem jamais se dar por vencido. Culpa dos livros!
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Oiii,
ResponderExcluirÓtima resenha, porém não conhecia o livro, o que acabou me deixando curiosa.
Principalmente pelo final. Como lidaram com esse sentimentos todos? Medo de alguns que foram citados haha
bjs e tenha um ótimo final de semana
Nana - Obsession Valley
Olá Rodolfo!
ResponderExcluirEstá aí um livro que despertou e muito o meu interesse.
Ele fala de pessoas reais com problemas reais.
Há alguns anos atrás eu passava por pessoas caindo de bêbados na rua e dormindo ali.Alguns até moravam naquele local em meio à sujeira e a bebida.Me perguntava o que levava uma pessoa aparentemente normal(vários deles eu conhecia e vi a sua chegada ao fundo do poço,alguns até mesmo à morte),a chegar nesse ponto.Abandonar tudo,viver na rua bebendo ou se drogando.Ou em casos mais extremos pirando totalmente e perdendo "as idéias" como dizem por aqui.
E quando eu cheguei ao extremo de pirar totalmente(sim,eu mesmo)compreendi o quão fácil é você chegar no fundo do poço.Compreendi aqueles homens e mulheres que do nada perdem totalmente a noção ou a motivação do viver.E é nesse ponto que entram essas pessoas passivas,que se doam ao outro sem pensar em si mesmo.Foi graças à pessoas assim(familiares principalmente,que quando eu não podia ficar sozinho e meus pais tinham que ir trabalhar,largavam a sua casa e vinham me fazer companhia)que eu me recuperei..sou muito grato a eles.
Essa sua resenha além de me deixar com muita vontade de ler esse livro me fez lembrar o quanto tênue a linha entre a razão e a loucura.Onde encontro esse livro?Sabe se existe em ebook?
Resenha supimpa!Um grande abraço!
Esse lado dos distúrbios mentais me atraiu, porém não gosto de livros hot. Então resta a questão, o que prevalece? Sobre o final, será que esse livro não é único?
ResponderExcluirEu não tinha ouvido falar desse livro ainda, mas a sua resenha já me fez considerar sua leitura. E também tem aquela frase final da sinopse sobre o Alex...
Parabéns pela resenha, bjs!
Gostei da resenha, mas o livro não me interessou muito; já que não faz muito meu estilo.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMeu caro Rodolfo, eu também adoro uma boa história com personagens cheios de asperezas, imprevisíveis, com um pezinho na loucura - ou, como nesse livro, os dois pés e a cabeça, principalmente. Acho que a protagonista soa boazinha demais porque, em meio ao caos e a toda essa desconexão, alguém tem que fazer o contraponto... Mas sei bem como incomoda assistir sua heroína ser um tanto passiva diante da dor e do desespero...
ResponderExcluirO melhor é que o livro empolga, termina carregado de quero mais. Palmas para Rosa Mattos, que eu também quero ler. E você sabe muito bem como convidar o leitor para uma boa leitura.
Ô Loko!
ResponderExcluirVocê me pegou logo no incio quando escreveu: "desfile de uma fauna exótica de pessoas carregadas de distúrbios psíquicos, como mania, fobia, neurose, depressão, obsessão, um leque enorme de psicopatologias"
Pensei, opa! La vem um livro que vai me deixar de cabelos em pé. rsrs
Confesso que o lado hot vou ignorar, e irei focar todas a minha ansiedade na trama que parece muito boa.
Não conhecia a obra nem a autora, foi bom saber!
Bjoca
Ni
Oi,
ResponderExcluirNunca tinha ouvido falar do livro. A premissa me interessou muito, principalmente pela parte dos distúrbios psicológicos da personagem. A resenha, apesar de muito boa, me desanimou em relação ao livro. Não costumo ler livros com essa "pegada" hot. Mas o livro em partes parece ser muito bom e gostei de saber que é nacional.
Bjs
Oi, Rodolfo! Não há como negar o quanto a obra aparenta ser interessante. Não conhecia. Confesso que esse lado hot da história me deixou um pouco receosa, pois não curto muito. Mas, sem dúvida, é um enredo que aguça a nossa curiosidade e, acredito ser capaz de nos despertar medos até então, desconhecidos.
ResponderExcluirGostei muito da premissa da trama e fiquei bem curiosa para conhecê-la. Não conhecia a autora e gostei de saber que ela tem uma escrita que faz o leitor ficar curioso em relação a futuros acontecimentos da história.
ResponderExcluirJulgando pela capa, não leria o livro. Mas ao ler a sua resenha, descobri um enredo que eu jamais teria imaginado, eu fiquei extremamente interessada em ler a obra, apesar de não ser muito chegada em livros que mexem com psicológico.
Abçs Rodolfo!
Oi!
ResponderExcluirAo começar a ler a resenha não pensei que iria gostar tanto desse livro mas a historia foi me conquistando com certeza a autora soube nos envolver ao longo da trama e desperta vários sentimentos ao longo da leitura e quero ler esse livro também fiquei curiosa sobre o final sobre o final !!!
Não conhecia esse livro, mas não pretendo ler, não é o tipo de livro que chama minha atenção e que a leitura flui, talvez futuramente eu mude de ideia e resolva ler.
ResponderExcluirSua resenha está muito boa.
Rodolfo amado!
ResponderExcluirVocê é também um descobridor de autores nacionais com livros de carga emocional forte!
Adoraria apreciar todos esses transtornos psicológicos nas personagens, acompanhar o altruísmo da protagonista ao lado de um novo amor descoberto e cheio de tensão sexual...
Mais uma autora nacional que preciso ler com urgência...
E que doce sua análise!
“A vida é muito importante para ser levada a sério.”(Oscar Wilde)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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Nunca ouvi falar deste livro, e admito que gostei muito ver como os personagens que ele apresenta são tão exóticos, mergulhados em insanidade. Sempre admirei histórias que aprofundassem no psicológico dos personagens, em seus medos, angústias e loucuras em geral. Este livro parece fazer isto com maestria, mas... Não sei se encararia bem as cenas hot. Apesar de diversos romances que li terem vez ou outra cenas do tipo, eram leves e muitas vezes curtas, logo não me incomodavam. Agora cenas mais descritivas e como dizem, de "tirar o fôlego" não me agradam. Vejo-me agora em um impasse, pois o livro apresenta duas coisas que não esperava ver juntas. Uma me fascina e atrai, a outra me afasta sem dó.
ResponderExcluirAcho que terei que refletir bastante no que se sobressai antes de embarcar nessa leitura.
Abraços
Não curto pegada hot, quando leio - um em cada 10 livros - é porque a trama me chamou a atenção, o que não foi o caso de O medo de Virgília. Também acredito na existência de pessoas altruístas como a protagonista, mas essa qualidade num personagem de um livro não curto muito, fico meio que sem paciência. Enfim, esse livro não faz meu estilo de leitura mas amei a resenha.
ResponderExcluirAbraços!
Caros leitores, O medo de Virgília NÃO tem pegada hot.
ResponderExcluirO único trecho mais sensual da narrativa é o citado na resenha. Só essa parte mesmo.
Após ler tantos comentários citando esse detalhe, achei melhor esclarecer.
Grata, Rodolfo, pela leitura de minha obra e por sua opinião sincera.
Abraços a todos!
Rosa Mattos
http://rosa-mattos.wix.com/rosa-mattos
querida Rosa Mattos, na verdade expliquei esta parte da história no Facebook, deveria ter vindo aqui e explicado com mais detalhes. Disse que o tal momento "hot" é pertinente e serve para nos mostrar a faceta de algumas personagens. ele não é a tônica do livro, por isso não deveriam temer. E mais ainda, que a cena um pouco mais "hot", nem é assim tão erótica, ela serve para definir personagens desequilibrados, que estão sempre "em excesso". mais um motivo para a pertinência da cena. Fiquei incomodado da mesma forma que você com os comentários e espero sinceramente que os leitores mergulhem de peito aberto em sua obra.
ResponderExcluirPerdoe-me por ter causado este mal entendido.
Rodolfo, gostei da proposta do livro em tratar de assuntos, na verdade pessoas, como os "psicopatas, neuróticas, depressivas, insanas, obsessivas, fóbicas e inescrupulosas". É a primeira vez que vejo uma obra dessa autora e já me interessei de cara. Com certeza, dedicarei um tempo para a leitura desse belo livro.
ResponderExcluirOie
ResponderExcluirNão conhecia o livro mas gostei bastante do que ele apresenta,gosto de livros que abordem esses transtornos que muitos tem ou vivem em algum momento de sua vida.E Se o livro terminou desse jeito será que não rola uma continuação?,seria uma boa,claro que se tiver história pra se desenvolver.Esse é um daqueles que com certeza eu leria.
Um livro um tanto maluco eu diria, hehe.
ResponderExcluirAdoro este universo, mas achei um tanto exagerado...
Eu achei a premissa interessante, mas não fiquei com vontade de ler imediatamente.
Ele tem continuação pelo que pareceu, ou não?
As cenas hots parecem dar um clima menos tenso a esquizofrenia da trama apesar de tudo.
No geral, gostei, mas não sei se lerei logo.
Beijos.
Amigo, achei esse livro bem interessante. Adoro personagens dúbias, pois sempre fico com vontade de me aprofundar mais no psicológicos delas e saber qual lado da força ela trabalha. kkkkkkkk
ResponderExcluirEm relação a essa personagem altruísta, só digo uma coisa: Eu desconfio de pessoas reais que são boazinhas 24 horas por dia, sete dias por semana. Pelo menos um minutinho na vida elas são más.
@_Dom_Dom