Engenharia Reversa
Parte XX - De Volta ao Templo
Maestro se movimenta cautelosamente pelo túnel. Quanto mais perto ele se aproxima da entrada do Templo, mais o cenário fica desolador. As lâmpadas que antes iluminavam o corredor agora estão quebradas, nas paredes, as tubulações utilizadas para os fios e cabos que levavam energia e dados para os confins da cidade subterrânea se partiram e estouraram, cravando nas paredes desenhos que lembram veias abertas.
Com a pistola em punho, o homem de dreadlocks finalmente se aproxima da entrada do Templo dos Filhos de Alfa Um, é o mesmo portão por onde, a cerca de uma hora atrás, ele e o grupo saíram. Um silêncio sepulcral preenche o ar. Ele olha em volta, o resultado da expansão de algum tipo de onda de energia está em todos os lugares. Fios desencapados brotam pelo chão, os monitores catódicos arcaicos presos nas paredes estão quebrados, um cheiro estranho, misto de carne queimada, pólvora e circuitos fritados entra por suas narinas, provocando uma expressão de asco em seu rosto, é o cheiro da morte que impregna o Templo.
De súbito, um faixo de luz emerge na escuridão. O deletador se abaixa, buscando proteção nas sombras, mas o corredor não possui nada que possa escondê-lo, sendo largo e plano. Ele segura a pistola com as duas mãos, mirando contra a luz, que se aproxima cada vez mais. Um, dois, três vultos agitam a penumbra, cambaleiam em sua direção. “O ataque é sempre a melhor defesa”, ele pensa.
Puxa o gatilho. A bala descreve uma trajetória ascendente e atinge uma placa de metal no teto, estourando bulbos de lâmpadas mortas. O eco do estampido viaja pelo ar. Choro agudo, estridente, infantil. Os vultos se dissipam correndo para os lados. Uma voz adulta, rouca e desesperada invade as sombras:
- Não atire! Por favor não atire!
“Droga, eram só crianças, foi por pouco.”, então Maestro se revela, erguendo-se frente ao feixe da lanterna. Pistola em punho, apontada para o portador do luz. O homem se assusta e abaixa a luzo, as crianças se jogam no chão e começam a chorar baixinho.
- Carrasco! O que faz aqui?
Maestro observa o interlocutor, um sujeito de meia idade, maltrapilho, cabelos crespos volumosos e o mesmo olhar triste dos demais habitantes do subterrâneo. Abaixa a pistola.
- Diga-me o que aconteceu e deixarei você e suas crianças passaram.
- Tá todo mundo morto. Os demônios da babilônia, diabos vermelhos, fantasmas, vieram do inferno e espalharam a destruição... Então veio o bum, e todos, até os demônios, caíram. Só cadáveres lá dentro, só irmãos mortos. - Então ele se ajoelha, e como os pequenos, começa a chorar copiosamente, implorando.
- Não me leve, carrasco, piedade!
Maestro continua sério. Encara o sujeito.
- E a “Mãe”? O que aconteceu com ela?
- A Mãe? Ela não... - o homem soluça - Ela não conseguiu nos salvar… Zardor mentiu pra nós! Aquele traidor!
“É só mais um pobre diabo, mas uma vítima das loucuras do velho”. A pistola se acalma, não mais mirando o indigente.
- Siga o seu caminho - diz rispidamente o deletador - Pegue suas crianças e suma daqui o mais rápido possível.
- Obrigado, carrasco! Obrigado! Perdoe a gente, não queríamos…
- Vá! Desapareça! - Maestro volta a apontar a pistola, seu rosto na penumbra ganha um ar ameaçador.
O penoso homem prontamente se levanta, recolhe suas crianças e some nas sombras.
Com pouco esforço o grande portão se abre, estava apenas encostado. Lá dentro, o cheiro da morte é nauseante, a ponto de Maestro cobrir o nariz com um dos braços, enquanto aponta a arma para os corpos próximos. Oficiais da UNI-Tron se misturam com muitos guerreiros de Alfa Um. Ao redor deles, pilhas de cadáveres se espalham pelo interior do Templo, são homens, mulheres, idosos e crianças que antes estavam em júbilo pelo retorno de sua Mãe. Maestro acelera os passos, passando com um pouco de dificuldade por um grupo de corpos espalhados.
A medida que se aproxima do corredor para onde Zardor levou Bel, ele começa a notar que alguns cadáveres estão retalhados, braços, pernas e cabeças arrancados, marcas vermelhas nos pontos de corte. “Sabres sônicos. Marca registrada das forças de segurança da VNR”, deduz com precisão.
Com mais alguns passos ele encontra o primeiro agente corporado. A armadura vermelha quase sumindo em meio ao sangue dos filhos de Alfa Um, provavelmente mortos pelo agente. Ao lado do corpo, o sabre sônico jaz inerte, apagado, mas ainda sujo pelo vermelho escarlate. Maestro se abaixa e examina a couraça. Faz força para virar o corpo, colocando-o de barriga para cima. Com curiosidade, procura por algum sinal de perfuração nas placas metálicas, não há nada. Então se aproxima da cabeça do operativo, a olha para o capacete por alguns segundos, nenhum sinal de dano aparente. “A armadura está perfeita. Por Zumbi, eu estava certo! Mas preciso me certificar”.
Após guardar a pistola no coldre, com extremo cuidado o deletador coloca suas mãos no pescoço da armadura, então, segura na parte de baixo de capacete e começa a fazer força, empurrando o elmo para cima. Sem energia, a trava magnética não está mais funcionando, e com um sonoro claque o capacete se desprende. Maestro o remove devagar, arregala os olhos ao ver os pequenos rios de sangue brotando dos glóbulos oculares do agente, um pequeno sorriso se forma em seu rosto.
A cabeça do homem está acomodada em uma fina touca de silicone, semelhante as utilizadas pelos mergulhadores. Um volume anormal é percebido na parte de baixo da peça, bem próximo das orelhas. Maestro remove a indumentária, e então um caldo grosso e vermelho repleto de pedaços de miolos esbranquiçados escorre de dentro dela. O sangue misturado havia escapado pelas orelhas do agente, o cérebro do homem, fritado durante o processo de superaquecimento de seu CND. “Bel. Ela acordou!”, pensa Maestro, um tanto satisfeito, um tanto apreensivo.
Com um pulo ele se levanta, abandonando o corpo e entrando no corredor. Novamente, muitos corpos espalhados pelo chão, mais membros mutilados denunciando que naquele ponto o combate foi terrível. Algumas lâmpadas milagrosamente ainda funcionam, deixando o ambiente parcamente iluminado. Alguns passos a mais e então ele se depara com algo inusitado, bem na sua frente uma armadura diferenciada chama a atenção, negra e com alguns detalhes amarelos, a couraça possui formas femininas, deixando bem claro que ali, caída como os outros, está a outrora poderosa Amanda Makarim, a letal Rainha de Fogo.
Maestro observa cautelosamente o corpo da rival, olha rapidamente ao redor, buscando por alguma arma mais poderosa que sua pistola; vê um fuzil de assalto, moderno, arrojado, arma da VNR, mas provavelmente bloqueada por código genético, não serve. Então acha o que procura: uma submetralhadora! Rústica, modificada, largada ao lado de um braço decepado. Pega o artefato, examinando-o rapidamente. Não possui nada eletrônico, nada digital, uma boa e velha arma mecânica. Será que ainda está municiada? Terá que arriscar. Se move na direção de Amanda, observa a oponente; ela está deitada de lado, a cabeça apoiada sobre o braço cibernético, a armadura completamente morta.
Todo o cuidado é pouco. Com a arma apontada para a cabeça da inimiga, Maestro posiciona o pé sobre o braço dela e então, com um leve movimento, empurra o corpo de Amanda, o fazendo ficar de barriga para cima. Um gemido abafado se faz ouvir. “O quê!? Ela ainda está viva!”, pensa surpreso.
Maestro se ajoelha ao lado da cabeça da Rainha de Fogo, então, desliza uma das mãos pelo pescoço dela para desprender o capacete, enquanto empunha a submetralhadora com a outra. Tal como no agente lá atrás, a trava magnética está inutilizada, e com um pouco de esforço o capacete é destravado. Ele o remove devagar. Ela não usa uma toca de neoprene como o colega, e seus cabelos vermelhos são revelados, agora rebeldes e um pouco desgrenhados.
A respiração de Amanda acelera, seu peito sob e desce em movimentos rápidos, os olhos cibernéticos, funcionando com apenas dez por cento da capacidade, focam no inimigo ao seu lado. Ela o reconhece. Calafrios. Se seus glóbulos oculares ainda fossem humanos, eles agora estariam arregalados, as pupilas estariam dilatadas. Adrenalina é despejada na corrente sanguínea nas poucas partes de carne que ainda restam em seu corpo, porém, sem energia nas partes cibernéticas não há o que fazer, não é possível lutar e tão pouco correr. Apavorada, ela reconhece o homem, é o líder dos terroristas, Maestro! Repara nos cabelos dele, “dreadlocks”.
Os dois se encaram. Ele se levanta, dá um passo para trás e ergue a submetralhadora. Mira na cabeça de Amanda. Silêncio. O dedo flexionando o gatilho, o tempo parece congelar.
- Faça logo de uma vez. Eu não hesitaria se fosse você. - A voz fraca, quase murmurada.
Amanda não pretende implorar por sua vida. Maestro continua a observá-la. É estranho, mas por um segundo sente pena dela. “Não. Eu não sou um assassino. Não desse jeito”.
Ele abaixa a arma. Uma expressão de espanto se apodera do rosto da Rainha de Fogo. Maestro dá as costas para a inimiga caída, avança, seguindo pelo corredor. Amanda por fim fala:
- Eu não vou desistir até recuperar a executiva, e farei o que for preciso para isso.
- Sim. Eu sei. - responde Maestro, em tom sem emoções, distanciando-se da ciborgue.
Ele desaparece na penumbra. “Por que?”, pensa Amanda. Minutos depois, tiros ecoam pelo corredor. Ela fica alerta. Novos disparos. Silêncio. Um tempo depois, passos apressados, e de repente Maestro irrompe pela saída do corredor, em seus braços, Bel Yagami.
Maestro passa rapidamente por Amanda, que o acompanha como pode com seus olhos quase sem bateria, então ele desaparece em meio aos corpos. O silêncio novamente domina.
Dez minutos se passam desde a fuga do líder dos terroristas. Feixes finos e brilhantes de luzes verdes invadem a escuridão. Cinco vultos negros como a noite adentram o túmulo subterrâneo dos Filhos de Alfa. Armas em punho, movimentos sincronizados e precisos.
Amanda ouve os passos. Uma luz mais potente surge do nada e desliza por sua armadura, estaciona em seu rosto, os olhos cibernéticos refletindo como espelhos. Uma voz masculina abafada e equalizada reverbera nas paredes sujas de sangue.
- Sargento! Localizei a líder do grupo tático da VNR! Acho que ela está viva. Câmbio.
Alívio. Enfim, salva
Com a pistola em punho, o homem de dreadlocks finalmente se aproxima da entrada do Templo dos Filhos de Alfa Um, é o mesmo portão por onde, a cerca de uma hora atrás, ele e o grupo saíram. Um silêncio sepulcral preenche o ar. Ele olha em volta, o resultado da expansão de algum tipo de onda de energia está em todos os lugares. Fios desencapados brotam pelo chão, os monitores catódicos arcaicos presos nas paredes estão quebrados, um cheiro estranho, misto de carne queimada, pólvora e circuitos fritados entra por suas narinas, provocando uma expressão de asco em seu rosto, é o cheiro da morte que impregna o Templo.
De súbito, um faixo de luz emerge na escuridão. O deletador se abaixa, buscando proteção nas sombras, mas o corredor não possui nada que possa escondê-lo, sendo largo e plano. Ele segura a pistola com as duas mãos, mirando contra a luz, que se aproxima cada vez mais. Um, dois, três vultos agitam a penumbra, cambaleiam em sua direção. “O ataque é sempre a melhor defesa”, ele pensa.
Puxa o gatilho. A bala descreve uma trajetória ascendente e atinge uma placa de metal no teto, estourando bulbos de lâmpadas mortas. O eco do estampido viaja pelo ar. Choro agudo, estridente, infantil. Os vultos se dissipam correndo para os lados. Uma voz adulta, rouca e desesperada invade as sombras:
- Não atire! Por favor não atire!
“Droga, eram só crianças, foi por pouco.”, então Maestro se revela, erguendo-se frente ao feixe da lanterna. Pistola em punho, apontada para o portador do luz. O homem se assusta e abaixa a luzo, as crianças se jogam no chão e começam a chorar baixinho.
- Carrasco! O que faz aqui?
Maestro observa o interlocutor, um sujeito de meia idade, maltrapilho, cabelos crespos volumosos e o mesmo olhar triste dos demais habitantes do subterrâneo. Abaixa a pistola.
- Diga-me o que aconteceu e deixarei você e suas crianças passaram.
- Tá todo mundo morto. Os demônios da babilônia, diabos vermelhos, fantasmas, vieram do inferno e espalharam a destruição... Então veio o bum, e todos, até os demônios, caíram. Só cadáveres lá dentro, só irmãos mortos. - Então ele se ajoelha, e como os pequenos, começa a chorar copiosamente, implorando.
- Não me leve, carrasco, piedade!
Maestro continua sério. Encara o sujeito.
- E a “Mãe”? O que aconteceu com ela?
- A Mãe? Ela não... - o homem soluça - Ela não conseguiu nos salvar… Zardor mentiu pra nós! Aquele traidor!
“É só mais um pobre diabo, mas uma vítima das loucuras do velho”. A pistola se acalma, não mais mirando o indigente.
- Siga o seu caminho - diz rispidamente o deletador - Pegue suas crianças e suma daqui o mais rápido possível.
- Obrigado, carrasco! Obrigado! Perdoe a gente, não queríamos…
- Vá! Desapareça! - Maestro volta a apontar a pistola, seu rosto na penumbra ganha um ar ameaçador.
O penoso homem prontamente se levanta, recolhe suas crianças e some nas sombras.
Com pouco esforço o grande portão se abre, estava apenas encostado. Lá dentro, o cheiro da morte é nauseante, a ponto de Maestro cobrir o nariz com um dos braços, enquanto aponta a arma para os corpos próximos. Oficiais da UNI-Tron se misturam com muitos guerreiros de Alfa Um. Ao redor deles, pilhas de cadáveres se espalham pelo interior do Templo, são homens, mulheres, idosos e crianças que antes estavam em júbilo pelo retorno de sua Mãe. Maestro acelera os passos, passando com um pouco de dificuldade por um grupo de corpos espalhados.
A medida que se aproxima do corredor para onde Zardor levou Bel, ele começa a notar que alguns cadáveres estão retalhados, braços, pernas e cabeças arrancados, marcas vermelhas nos pontos de corte. “Sabres sônicos. Marca registrada das forças de segurança da VNR”, deduz com precisão.
Com mais alguns passos ele encontra o primeiro agente corporado. A armadura vermelha quase sumindo em meio ao sangue dos filhos de Alfa Um, provavelmente mortos pelo agente. Ao lado do corpo, o sabre sônico jaz inerte, apagado, mas ainda sujo pelo vermelho escarlate. Maestro se abaixa e examina a couraça. Faz força para virar o corpo, colocando-o de barriga para cima. Com curiosidade, procura por algum sinal de perfuração nas placas metálicas, não há nada. Então se aproxima da cabeça do operativo, a olha para o capacete por alguns segundos, nenhum sinal de dano aparente. “A armadura está perfeita. Por Zumbi, eu estava certo! Mas preciso me certificar”.
Após guardar a pistola no coldre, com extremo cuidado o deletador coloca suas mãos no pescoço da armadura, então, segura na parte de baixo de capacete e começa a fazer força, empurrando o elmo para cima. Sem energia, a trava magnética não está mais funcionando, e com um sonoro claque o capacete se desprende. Maestro o remove devagar, arregala os olhos ao ver os pequenos rios de sangue brotando dos glóbulos oculares do agente, um pequeno sorriso se forma em seu rosto.
A cabeça do homem está acomodada em uma fina touca de silicone, semelhante as utilizadas pelos mergulhadores. Um volume anormal é percebido na parte de baixo da peça, bem próximo das orelhas. Maestro remove a indumentária, e então um caldo grosso e vermelho repleto de pedaços de miolos esbranquiçados escorre de dentro dela. O sangue misturado havia escapado pelas orelhas do agente, o cérebro do homem, fritado durante o processo de superaquecimento de seu CND. “Bel. Ela acordou!”, pensa Maestro, um tanto satisfeito, um tanto apreensivo.
Com um pulo ele se levanta, abandonando o corpo e entrando no corredor. Novamente, muitos corpos espalhados pelo chão, mais membros mutilados denunciando que naquele ponto o combate foi terrível. Algumas lâmpadas milagrosamente ainda funcionam, deixando o ambiente parcamente iluminado. Alguns passos a mais e então ele se depara com algo inusitado, bem na sua frente uma armadura diferenciada chama a atenção, negra e com alguns detalhes amarelos, a couraça possui formas femininas, deixando bem claro que ali, caída como os outros, está a outrora poderosa Amanda Makarim, a letal Rainha de Fogo.
Maestro observa cautelosamente o corpo da rival, olha rapidamente ao redor, buscando por alguma arma mais poderosa que sua pistola; vê um fuzil de assalto, moderno, arrojado, arma da VNR, mas provavelmente bloqueada por código genético, não serve. Então acha o que procura: uma submetralhadora! Rústica, modificada, largada ao lado de um braço decepado. Pega o artefato, examinando-o rapidamente. Não possui nada eletrônico, nada digital, uma boa e velha arma mecânica. Será que ainda está municiada? Terá que arriscar. Se move na direção de Amanda, observa a oponente; ela está deitada de lado, a cabeça apoiada sobre o braço cibernético, a armadura completamente morta.
Todo o cuidado é pouco. Com a arma apontada para a cabeça da inimiga, Maestro posiciona o pé sobre o braço dela e então, com um leve movimento, empurra o corpo de Amanda, o fazendo ficar de barriga para cima. Um gemido abafado se faz ouvir. “O quê!? Ela ainda está viva!”, pensa surpreso.
Maestro se ajoelha ao lado da cabeça da Rainha de Fogo, então, desliza uma das mãos pelo pescoço dela para desprender o capacete, enquanto empunha a submetralhadora com a outra. Tal como no agente lá atrás, a trava magnética está inutilizada, e com um pouco de esforço o capacete é destravado. Ele o remove devagar. Ela não usa uma toca de neoprene como o colega, e seus cabelos vermelhos são revelados, agora rebeldes e um pouco desgrenhados.
A respiração de Amanda acelera, seu peito sob e desce em movimentos rápidos, os olhos cibernéticos, funcionando com apenas dez por cento da capacidade, focam no inimigo ao seu lado. Ela o reconhece. Calafrios. Se seus glóbulos oculares ainda fossem humanos, eles agora estariam arregalados, as pupilas estariam dilatadas. Adrenalina é despejada na corrente sanguínea nas poucas partes de carne que ainda restam em seu corpo, porém, sem energia nas partes cibernéticas não há o que fazer, não é possível lutar e tão pouco correr. Apavorada, ela reconhece o homem, é o líder dos terroristas, Maestro! Repara nos cabelos dele, “dreadlocks”.
Os dois se encaram. Ele se levanta, dá um passo para trás e ergue a submetralhadora. Mira na cabeça de Amanda. Silêncio. O dedo flexionando o gatilho, o tempo parece congelar.
- Faça logo de uma vez. Eu não hesitaria se fosse você. - A voz fraca, quase murmurada.
Amanda não pretende implorar por sua vida. Maestro continua a observá-la. É estranho, mas por um segundo sente pena dela. “Não. Eu não sou um assassino. Não desse jeito”.
Ele abaixa a arma. Uma expressão de espanto se apodera do rosto da Rainha de Fogo. Maestro dá as costas para a inimiga caída, avança, seguindo pelo corredor. Amanda por fim fala:
- Eu não vou desistir até recuperar a executiva, e farei o que for preciso para isso.
- Sim. Eu sei. - responde Maestro, em tom sem emoções, distanciando-se da ciborgue.
Ele desaparece na penumbra. “Por que?”, pensa Amanda. Minutos depois, tiros ecoam pelo corredor. Ela fica alerta. Novos disparos. Silêncio. Um tempo depois, passos apressados, e de repente Maestro irrompe pela saída do corredor, em seus braços, Bel Yagami.
Maestro passa rapidamente por Amanda, que o acompanha como pode com seus olhos quase sem bateria, então ele desaparece em meio aos corpos. O silêncio novamente domina.
Dez minutos se passam desde a fuga do líder dos terroristas. Feixes finos e brilhantes de luzes verdes invadem a escuridão. Cinco vultos negros como a noite adentram o túmulo subterrâneo dos Filhos de Alfa. Armas em punho, movimentos sincronizados e precisos.
Amanda ouve os passos. Uma luz mais potente surge do nada e desliza por sua armadura, estaciona em seu rosto, os olhos cibernéticos refletindo como espelhos. Uma voz masculina abafada e equalizada reverbera nas paredes sujas de sangue.
- Sargento! Localizei a líder do grupo tático da VNR! Acho que ela está viva. Câmbio.
Alívio. Enfim, salva
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André Luis Almeida Barreto
Aspirante a escritor, inquieto por natureza, ainda tenho vontade de mudar o mundo ou pelo menos colocar um monte de gente para pensar. Viciado em livros, games, idéias loucas e sempre procurando coisas que desafiem minha imaginação.
Oi André! Não estou muito interessado por essa série não, parece gigantesca! Haha, mas não é por isso não. Sei lá, não gosto de livros que focalizem batalhas e tiros exageradamente. (Mesmo sendo futurístico, o que eu gosto muito). Quem sabe um dia eu anime? Abraço e ótima resenha!
ResponderExcluirAndré!
ResponderExcluirHoje não consegui ler tudo, amanhã volto para terminar porque ler o aconteceu, tim, tim, por tim, tim....
FELIZ NATAL!
“Não esqueça que Natal não é do Papai Noel tão pouco para ganhar presentes materiais, mas é a data que recebemos o melhor presente para nossa existência, Jesus!” (Rogério Stankewski)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
Participem do nosso Top Comentarista de Dezembro, serão 6 livros e 3 ganhadores!
Ficando meio cansada de ler pedaço por pedaço, mas continuarei a ler. Gostando da escrita e da estória.
ResponderExcluirThanks, Gislaine!
ExcluirMuito grato!
André, o tempo futuro mostrado no livro continua me interessando. Em especial este capítulo me interessou por ter um pouco mais de ação e aventura do que os outros. Sua escrita é boa.
ResponderExcluirValeu, Caio! Espero que continue acompanhando!
ExcluirAbraços!
Mais um capítulo de Engenharia Reversa, e mais um momento bom. De Volta ao Templo proporcionou para os leitores momentos de tensão, ação e aventura em praticamente todo o momento. Tiroteio para todos os lados. Gostei!
ResponderExcluir:)
ExcluirAndré!
ResponderExcluirQue sufoco passou a Rainha do fogo, hein?
Agora quero saber como as coisas continuarão.
cheirinhos
Rudy
Oi Rudy, muita coisa ainda para acontecer!
ExcluirAbraços!
Oi!
ResponderExcluirComo disse cada capitulo que termino fico curiosa para saber o que vai acontecer no próximo, gosto muito da historia cheia de aventuras e bem escrito !!
:)
ExcluirEstou adorando acompanhar seu book série, está cada vez mais emocionante e fico cada vez mais curiosa e aguardando a próxima parte, adoro histórias com aventura.
ResponderExcluirObrigado, Mariele! Abraços
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