Engenharia Reversa
Parte XXIX - O Ninho do Gavião
A fraca lâmpada amarela fica para trás, enquanto Bel corre pelo corredor deixando a penumbra e entrando na escuridão. O cheiro agridoce invade suas narinas, muito mais intenso e quase provocando uma reação em seu estômago, enojada, ela estanca por um momento, mas, tomada pela ansiedade, volta a correr temendo esbarrar em algo, então, repentinamente, um pequeno ícone se acende em sua retina esquerda, um ícone de uma lanterna. Em instantes a escuridão desaparece, dando lugar a uma imagem em preto e branco e a um sentimento de surpresa. "Mas como isso foi acontecer?".
Ela vê, dez metros à frente, uma grande estante que sobe até o teto, demarcando o final do corredor, então percebe a existência de algumas portas em um dos lados, bem esparsadas umas das outras, porém, quando tenta se aproximar da primeira, uma voz masculina emana de algum ponto na penumbra:
- Parada aí mesmo, mãos ao alto!
Uma descarga de adrenalina invade as veias de Bel, fazendo-a empreender uma corrida para o final do corredor; lá chegando, dá de cara com a estante. Olha para o lado: uma porta. Com um chute a porta é escancarada e ela se lança para dentro do cômodo. Uma grande janela de vidro, muitas estantes cheias de equipamentos e, num canto da sala, uma pilha de corpos em decomposição. Bel leva as mãos à boca, o cheiro de podre a envolve, pesando no ar. Ela chega mais perto da pilha de cadáveres, notando que todos possuem buracos na cabeça. "Minha nossa! Os CND's !"
- Quieta!
Ela olha rapidamente para a entrada da sala, três guardas de armas em punho e capacetes com visores especias, gaviões estilizados espalhados pelos uniformes. Um deles avança para dentro com imponência.
- Mãos na cabeça! Não sei o que você é, mas se fizer algo essa arma aqui vai te deixar em pedaços!
- Melhor obedecer, ou vai terminar igual aqueles forasteiros ali. - diz um dos homens que ficou na porta, apontando para a pilha de corpos.
O CND de Bel esquadrinha os soldados buscando por implantes biodigitais, buscando por qualquer tecnologia que possa ser hackeada, mas os homens não possuem nada. Sem saída, ela leva as mãos à cabeça, mas tenta um último recurso:
- Olha, eu não fiz nada, na verdade fui ataca por aquele homem e ele matou o meu amigo! Exijo saber o que vocês fizeram com o Maestro e o Davi!
- Você não exige nada, aberração! Você estava morta ! - grita o soldado que entrou na sala - Nogueira, algeme-a!
- Sim senhor!
O soldado Nogueira corre para Bel enquanto os outros miram nela. Ele abaixa os braços da biocomputador e prende as mãos dela usando algemas enferrujadas.
Movendo-se apressadamente, os homens levam Bel para fora do necrotério, onde três veículos camuflados os aguardam. Dois deles são blindados leves, com atiradores empunhando metralhadoras na parte de trás e nas janelas, mas ela é levada para um pequeno jipe, onde, no banco de trás, um militar de semblante sério a aguarda. Os guardas empurram Bel para o banco, fechando a porta bruscamente. O oficial, sério e carrancudo, vira levemente o rosto para ela:
- Sou o coronel Fabrício. Vou escoltá-la até nosso comando central, onde você será interrogada pelos Regentes.
Bel o examina, a voz calma e monotônica, os olhos caídos envoltos em algumas rugas, uma boina azul com um broche em forma de gavião, ele parece ter total controle da situação. E como todos ali, nem sinal de usar um CND.
- Eu não fiz nada!
- Sim, nós sabemos, porém suspeitamos que você seja algum tipo de androide de última geração e por isso não podemos deixá-la ir, além disso, você e seus amigos estão envolvidos em um crime.
- Coronel, vocês estão cometendo um erro. Nós não fizemos nada de mal contra sua cidade, na verdade, somos as vítimas aqui! Liberem o corpo do Thiago e nos deixem ir em paz - responde Bel, quase suplicando.
- Isso não será possível. Cabo, vamos indo!
O soldado ao volante pega um rádio e diz alguns comandos, então o blindado à frente liga os motores e começa a sair do lugar. Logo os três veículos estão em movimento em velocidade acelerada, seguindo por uma grande avenida no meio do oceano de prédios brancos de poucos andares. Bel nota que não existem cidadãos nas ruas, apenas grupos de expurgados sendo revistados por soldados com cães farejadores. Mais alguns quilômetros percorridos e então o comboio entra em um grande planalto de grama bem verde, os prédios vão ficando mais distantes, envolvendo o planalto como se ele fosse um lago. Uma construção imponente vai ganhando forma, diferente de tudo que Bel vira em Nova Esperança até o momento, a estrutura lembra um castelo, porém, com uma única e longa torre que se ergue imponente para o céu.
- Esse é nosso quartel general e ao mesmo tempo a cede de nosso governo, bem vinda ao Ninho do Gavião - diz em tom de respeito o coronel.
A medida em que o comboio se aproxima, carros de combate e soldados vão se revelando por todos os lados, centenas de batalhões, tanques, robôs bípedes de assalto. Assustada, Bel se vira para o coronel:
- Estou avisando, vocês estão cometendo um grave erro! Algo muito ruim pode acontecer. Por favor, nos deixem ir.
- Não podemos nos dar o luxo de deixar uma peça tão formidável de tecnologia escapar. Pode não parecer, 'moça', mas a cidade está cercada de inimigos e qualquer vantagem tecnológica precisa ser aproveitada.
- Peça de tecnologia? - Bel franze a testa. - Vocês não estão entendendo, vou ser mais clara: eu e meus amigos precisamos chegar ao Brasil o mais rápido possível, caso contrário algo muito ruim pode acontecer, a cidade pode ser atacada!
Fabrício parece ter tomado um choque, a expressão no rosto dele muda completamente, tornando-se ameaçadora e tensa:
- Brasil ?! Vocês jamais vão chegar até o Brasil! Olhe a sua volta. Existem dez batalhões só aqui! Nós somos o poder militar dominante na Terra Maldita, portanto, nada de ruim pode acontecer aqui!
Então o comboio reduz a velocidade até parar completamente, aos pés de um grande portão negro, a entrada para o Ninho do Gavião. Os primeiros raios do sol atingem a torre, projetando uma grande sombra sobre o planalto verde repleto de tropas, dê súbito, um estrondo metálico se propaga no ar e as portas começam a se abrir, revelando um interior ocupado por um punhado de soldados. O comboio adentra o pátio.
***
Os motores soltam um leve assobio descendente, a velocidade começa a diminuir enquanto os flaps se flexionam em toda a fuselagem do Fantasma, até que a nave fique completamente imóvel em pleno ar. Na cabine de controle, Amanda observa através de um potente zoom eletrônico a imensa extensão das muralhas de Nova Esperança. Pensativa, ela leva a mão esquerda ao queixo, coçando-o de leve. "Vamos ver quem são vocês". Mentalmente, Amanda acessa os sistemas do Fantasma e em segundos envia um comando: "deploy all drones -t la 15-55-01-s lo 46-06-20-w -scan def". Imediatamente uma comporta se abre na parte de baixo da nave, e várias esferas prateadas saem por ela planando no ar, elas começam a se aglomerar na frente da cabine, então se lançam com velocidade em direções à Nova Esperança, sumindo no horizonte.
Satisfeita, Amanda vai até o laboratório. A escotilha sobe e ela se aproxima do terminal posicionado sobre uma pequena bancada, a tela colorida exibe os desenhos vetoriais de seus novos androides, ao lado da imagem de cada um, vários dados em tempo real fornecem uma boa visão do estado dos homens-máquina. Ela checa cuidadosamente os números, estabelece uma conexão entre seu CND e os sistemas do laboratório, então acessa os cérebros positrônicos dos guerreiros:
- Iniciar download de treinamento tático.
Em segundos, as memórias eletrônicas dos androides são inundadas por informações militares: manobras em vários tipos de terreno, operação de armas, reconhecimento de alvos, combate corpo-a-corpo, golpes e mais golpes de dezenas de artes marciais. Ao final, códigos de autodestruição são gravados em microchips específicos. Amanda mentaliza uma série de comandos, programando em uma velocidade absurda, então, compila milhares de linhas de código e as insere nos chips de auto-destruição, montando um intricado mecanismo que os liga a todo o resto do sistema.
- Pronto. Qualquer invasão não autorizada e "bum".
Ela confere os identificadores únicos gerados para seus novos e mortíferos serviçais: Rat Bones agora é RX1-R, e Jonas tornou-se RX2-J.
De repente, um alerta pisca nas retinas de Amanda, fazendo-a abrir uma nova tela virtual. A tela se divide em várias pequenas janelas numeradas, onde imagens e dados são renderizados. Com um comando mental ela maximiza uma das telas: soldados, tanques, robôs bípedes de combate, peças de artilharia e mais soldados, embora tudo seja muito antigo, as armas e as máquinas parecem estar em bom estado de conservação. Então uma imagem chama a atenção da Rainha de Fogo: um striker de grande porte estacionado em uma das garagens dentro de uma cratera.
- O Lobo do Deserto!
Animada e pensativa, ela retorna para a cabine de controle. Se senta na poltrona do piloto e verifica mais filmagens, analisa os números, executa cálculos em milésimos de segundos, "São muitos, bem mais do que eu havia previsto."
- Computador, ativar canal de comunicação, link orbital privado. Identificação: ETA VOX ALFA 40 55 78 105 10542.
Na parte de cima da fuselagem do Fantasma, uma pequena comporta se abre permitindo que uma antena em forma de parábola se projete para fora. Em uma das telas digitais do console de comando, uma barra de carregamento é exibida e começa a aumentar sua progressão. Amanda se levanta, ficando em posição de alerta. A barra atinge cem por cento de processamento, mas permanece travada. Com um bip, todas as outras telas no console ficam pretas. Então a barra desaparece e a logomarca da VNR preenche o seu lugar. A imagem de Seiji Nakashima começa a tomar forma. A expressão no rosto do idoso é de ira, entretanto, existe um pouco de curiosidade expressada em seu olhar. Amanda abaixa a cabeça, em respeito.
- Senhor, infelizmente tive que contatá-lo. Eu localizei Bel, porém, aquele a que chamam de Maestro se mostrou mais ardiloso do que o esperado. Ele conseguiu escapar e agora se refugia em Nova Esperança, uma das cidades rebeldes. Como o senhor bem sabe, assim que me detectarem serei atacada; poderei resistir por algum tempo, mas não tenho recursos suficientes para enfrentar todo o exército alojado na cidade que de certo vai proteger Bel Yagami.
Seiji cerra o olhar e cruza os braços, Amanda continua:
- Solicito apoio imediato, caso contrário, Yagami fatalmente chegará ao Brasil, que fica a apenas trezentos e cinquenta quilômetros daqui.
***
- Bel! - grita Davi ao ver a mulher biocomputador entrar no andar escoltada por vários soldados. A voz dele reverbera no estranho material transparente que isola a cela.
Ao fundo, Maestro se levanta rapidamente e corre para junto do biohacker. Ao mesmo tempo, vários homens levantam suas armas mirando nos dois prisioneiros, entre eles, o coronel Fabrício se aproxima da cela e saca sua pistola. Ele estende o braço a aponta a arma diretamente para a cabeça de Bel. Maestro e Davi arregalam os olhos, Fabrício os encara:
- Se afastem, vão os dois para o fundo da cela.
Davi obedece, mas Maestro permanece imóvel, desafiando o olhar carrancudo do coronel.
- Eu estou falando sério. Vá para o fundo da cela, forasteiro, e não tente nada, ou vou estourar a cabeça de sua amiga.
- Por que você está fazendo isso? Eles são tão inocentes quanto eu! - responde Bel, indignada.
- Não sabemos se eles são como você, ou do que são capazes! Agora, obedeçam!
Maestro ergue os dois braços, ainda encarando Fabrício, então começa a se afastar para o fundo da cela. Satisfeito, o coronel abaixa a arma e sinaliza para um soldado, que por sua vez se aproxima de Bel e remove as algemas. Então o oficial se aproxima da placa de vidro translucida e pega no bolso um cartão de plástico. Sob a vigilância de seus soldados e com os olhos cerrados em Davi e em Maestro, ele rapidamente insere o cartão em um dispositivo, instantaneamente a barreira transparente entra para dentro do chão. Os soldados avançam, rodeando Bel que é pega pelo braço pelo coronel; Fabrício a joga dentro da cela, tomando o cuidado de permanecer atrás da linha fina e amarela que corta o chão. Assim que a jovem está completamente dentro do cubículo, Fabrício remove o cartão e a parede transparente verte para o teto.
- Preparam-se. Em breve vocês serão apresentados aos Regentes.
O coronel dá de ombros, seguindo apressadamente pelo corredor. Os soldados começam a se afastar, mas alguns permanecem com as armas apontadas paras os prisioneiros, retrocedendo de costas e fazendo mira, esperando por alguma coisa inusitada. Bel, Davi e Maestro permanecem encarando os últimos guardas, que demoram um pouco a sumir de vista.
Assim que se dão conta de que estão sozinhos, os três se abraçam. Após alguns instantes, Bel se separa e então abraça Maestro com força, pressionando sua cabela contra o peito do deletador e o deixando surpreso; Davi se afasta, desvia o olhar para o chão, mas então resolve se aproximar e toca levemente o ombro de Bel:
- Você está viva! Fico muito feliz!
- Obrigada Davi - ela se vira para o ex-namorado - também fiquei bem preocupado com vocês - então se volta para Maestro.
- Sinto muito por Thiago. Mas...
Maestro se afasta um pouco, ainda segura firme nos braços de Bel e e desvia o olhar.
- Embora nos soubéssemos dos riscos, sinto que a morte dele foi culpa minha.
- Maestro... Não acabou para ele.
A expressão no rosto do deletador muda completamente, ele encara Bel, seguido por Davi
- O que você quer dizer com isso?
Os dois homens encaram a biocomputador, impacientes. Ela respira fundo, então finalmente começa a falar:
- Segundos antes de ele morrer eu invadi seu CND e copiei sua consciência.
Maestro e Davi arregalam os olhos, perplexos.
- Isso... isso é impossível! - Responde Maestro.
- Não, não é! No fundo a sua memória, as suas emoções, a sua personalidade, em outras palavras, a sua consciência, não passa de impulsos elétricos e reações químicas. São padrões que se repetem e podem ser copiados e reproduzidos. Os bioprocessadores de qualquer CND se ligam as mais variadas partes do cérebro, protocolos de segurança impedem que tais bioprocessadores sejam acessados e tenham seus impulsos gravados, mas bioprogramas especiais podem quebrar essas proteções e manipular qualquer informação, você bem sabe disso, Davi.
- Sim, mas não dá para copiar tudo que uma personalidade representa, não dá para copiar uma alma! A quantidade de zetabytes seria incomensurável! - responde enfático o biohacker.
- Não se você usar um bom algoritmo de compressão! - diz Bel.
- Isso não existe! Conheço todos os programas de compressão, todos os algoritmos!
- Bel, então você armazenou a 'alma' de Thiago, portanto, ela poderá ser transplantada para um corpo físico? - diz Maestro, pensativo.
- Exatamente! Mas infelizmente isso está me custando muita energia, então não estou cem por cento. Não consigo me conectar com a Hypernet, por exemplo.
Então Maestro se aproxima dela e, em um gesto brusco e inesperado a abraça com força.
- Muito obrigado, Bel. Não sei como poderei te agradecer por isso, mas vou. Prometo que vou.
Ela devolve um sorriso.
- Não precisa. Eu tinha que fazer algo.
Os dois permanecem abraçados por alguns instantes, ao lado, Davi apenas observa com um olhar de tristeza. Então, Bel segura no rosto de Maestro e o aproxima de sua boca. Os lábios se tocam e ela fica na ponta dos pés, Davi vira o rosto, anda até a parede transparente e se joga sobre ela, provocando um leve estrondo.
Uma hora se passa. Bel e Maestro estão sentados no fundo da cela, encostados na parede fria e se acariciando. Davi está inquieto, caminhando de uma lado para o outro. Então Bel suspira, deitando a cabeça sobre as pernas de Maestro.
- Estou bem cansada, mas tem uma coisa muito estranha aqui, estou captando bioassinaturas, com um sinal bem fraco, quase imperceptível.
- Como assim? O único sinal biodigital aqui dentro é o meu CND - responde Maestro.
- Eu sei. Mas agora eu tenho certeza que existem outros CND's aqui dentro!
- Nós temos e que dar um jeito de escapar daqui! - Diz Davi, tenso.
- E o Samuel? O que aconteceu com ele? - Pergunta Bel.
- Minha esperança é que ele dê um jeito de nos tirar daqui. - Responde Maestro.
- Aquele velho? Duvido! Uma hora dessas ele deve estar bem longe daqui. - Diz o biohacker.
Subitamente, o som de botas marchando invade o ar, fazendo com que Davi corra para o fundo da cela. Logo um grupo de soldados se aproxima, com o coronel Fabrício à frente.
- Acho que estamos prestes a descobrir que CND's são esses. - Diz Davi, encarando os soldados.
Os guardas fazem mira, enquanto o coronel Fabrício coloca novamente o cartão de plástico no dispositivo fixado na parede.
- Chegou a hora! Os Regentes estão esperando!
https://www.facebook.com/engenhariareversalivroEla vê, dez metros à frente, uma grande estante que sobe até o teto, demarcando o final do corredor, então percebe a existência de algumas portas em um dos lados, bem esparsadas umas das outras, porém, quando tenta se aproximar da primeira, uma voz masculina emana de algum ponto na penumbra:
- Parada aí mesmo, mãos ao alto!
Uma descarga de adrenalina invade as veias de Bel, fazendo-a empreender uma corrida para o final do corredor; lá chegando, dá de cara com a estante. Olha para o lado: uma porta. Com um chute a porta é escancarada e ela se lança para dentro do cômodo. Uma grande janela de vidro, muitas estantes cheias de equipamentos e, num canto da sala, uma pilha de corpos em decomposição. Bel leva as mãos à boca, o cheiro de podre a envolve, pesando no ar. Ela chega mais perto da pilha de cadáveres, notando que todos possuem buracos na cabeça. "Minha nossa! Os CND's !"
- Quieta!
Ela olha rapidamente para a entrada da sala, três guardas de armas em punho e capacetes com visores especias, gaviões estilizados espalhados pelos uniformes. Um deles avança para dentro com imponência.
- Mãos na cabeça! Não sei o que você é, mas se fizer algo essa arma aqui vai te deixar em pedaços!
- Melhor obedecer, ou vai terminar igual aqueles forasteiros ali. - diz um dos homens que ficou na porta, apontando para a pilha de corpos.
O CND de Bel esquadrinha os soldados buscando por implantes biodigitais, buscando por qualquer tecnologia que possa ser hackeada, mas os homens não possuem nada. Sem saída, ela leva as mãos à cabeça, mas tenta um último recurso:
- Olha, eu não fiz nada, na verdade fui ataca por aquele homem e ele matou o meu amigo! Exijo saber o que vocês fizeram com o Maestro e o Davi!
- Você não exige nada, aberração! Você estava morta ! - grita o soldado que entrou na sala - Nogueira, algeme-a!
- Sim senhor!
O soldado Nogueira corre para Bel enquanto os outros miram nela. Ele abaixa os braços da biocomputador e prende as mãos dela usando algemas enferrujadas.
Movendo-se apressadamente, os homens levam Bel para fora do necrotério, onde três veículos camuflados os aguardam. Dois deles são blindados leves, com atiradores empunhando metralhadoras na parte de trás e nas janelas, mas ela é levada para um pequeno jipe, onde, no banco de trás, um militar de semblante sério a aguarda. Os guardas empurram Bel para o banco, fechando a porta bruscamente. O oficial, sério e carrancudo, vira levemente o rosto para ela:
- Sou o coronel Fabrício. Vou escoltá-la até nosso comando central, onde você será interrogada pelos Regentes.
Bel o examina, a voz calma e monotônica, os olhos caídos envoltos em algumas rugas, uma boina azul com um broche em forma de gavião, ele parece ter total controle da situação. E como todos ali, nem sinal de usar um CND.
- Eu não fiz nada!
- Sim, nós sabemos, porém suspeitamos que você seja algum tipo de androide de última geração e por isso não podemos deixá-la ir, além disso, você e seus amigos estão envolvidos em um crime.
- Coronel, vocês estão cometendo um erro. Nós não fizemos nada de mal contra sua cidade, na verdade, somos as vítimas aqui! Liberem o corpo do Thiago e nos deixem ir em paz - responde Bel, quase suplicando.
- Isso não será possível. Cabo, vamos indo!
O soldado ao volante pega um rádio e diz alguns comandos, então o blindado à frente liga os motores e começa a sair do lugar. Logo os três veículos estão em movimento em velocidade acelerada, seguindo por uma grande avenida no meio do oceano de prédios brancos de poucos andares. Bel nota que não existem cidadãos nas ruas, apenas grupos de expurgados sendo revistados por soldados com cães farejadores. Mais alguns quilômetros percorridos e então o comboio entra em um grande planalto de grama bem verde, os prédios vão ficando mais distantes, envolvendo o planalto como se ele fosse um lago. Uma construção imponente vai ganhando forma, diferente de tudo que Bel vira em Nova Esperança até o momento, a estrutura lembra um castelo, porém, com uma única e longa torre que se ergue imponente para o céu.
- Esse é nosso quartel general e ao mesmo tempo a cede de nosso governo, bem vinda ao Ninho do Gavião - diz em tom de respeito o coronel.
A medida em que o comboio se aproxima, carros de combate e soldados vão se revelando por todos os lados, centenas de batalhões, tanques, robôs bípedes de assalto. Assustada, Bel se vira para o coronel:
- Estou avisando, vocês estão cometendo um grave erro! Algo muito ruim pode acontecer. Por favor, nos deixem ir.
- Não podemos nos dar o luxo de deixar uma peça tão formidável de tecnologia escapar. Pode não parecer, 'moça', mas a cidade está cercada de inimigos e qualquer vantagem tecnológica precisa ser aproveitada.
- Peça de tecnologia? - Bel franze a testa. - Vocês não estão entendendo, vou ser mais clara: eu e meus amigos precisamos chegar ao Brasil o mais rápido possível, caso contrário algo muito ruim pode acontecer, a cidade pode ser atacada!
Fabrício parece ter tomado um choque, a expressão no rosto dele muda completamente, tornando-se ameaçadora e tensa:
- Brasil ?! Vocês jamais vão chegar até o Brasil! Olhe a sua volta. Existem dez batalhões só aqui! Nós somos o poder militar dominante na Terra Maldita, portanto, nada de ruim pode acontecer aqui!
Então o comboio reduz a velocidade até parar completamente, aos pés de um grande portão negro, a entrada para o Ninho do Gavião. Os primeiros raios do sol atingem a torre, projetando uma grande sombra sobre o planalto verde repleto de tropas, dê súbito, um estrondo metálico se propaga no ar e as portas começam a se abrir, revelando um interior ocupado por um punhado de soldados. O comboio adentra o pátio.
***
Os motores soltam um leve assobio descendente, a velocidade começa a diminuir enquanto os flaps se flexionam em toda a fuselagem do Fantasma, até que a nave fique completamente imóvel em pleno ar. Na cabine de controle, Amanda observa através de um potente zoom eletrônico a imensa extensão das muralhas de Nova Esperança. Pensativa, ela leva a mão esquerda ao queixo, coçando-o de leve. "Vamos ver quem são vocês". Mentalmente, Amanda acessa os sistemas do Fantasma e em segundos envia um comando: "deploy all drones -t la 15-55-01-s lo 46-06-20-w -scan def". Imediatamente uma comporta se abre na parte de baixo da nave, e várias esferas prateadas saem por ela planando no ar, elas começam a se aglomerar na frente da cabine, então se lançam com velocidade em direções à Nova Esperança, sumindo no horizonte.
Satisfeita, Amanda vai até o laboratório. A escotilha sobe e ela se aproxima do terminal posicionado sobre uma pequena bancada, a tela colorida exibe os desenhos vetoriais de seus novos androides, ao lado da imagem de cada um, vários dados em tempo real fornecem uma boa visão do estado dos homens-máquina. Ela checa cuidadosamente os números, estabelece uma conexão entre seu CND e os sistemas do laboratório, então acessa os cérebros positrônicos dos guerreiros:
- Iniciar download de treinamento tático.
Em segundos, as memórias eletrônicas dos androides são inundadas por informações militares: manobras em vários tipos de terreno, operação de armas, reconhecimento de alvos, combate corpo-a-corpo, golpes e mais golpes de dezenas de artes marciais. Ao final, códigos de autodestruição são gravados em microchips específicos. Amanda mentaliza uma série de comandos, programando em uma velocidade absurda, então, compila milhares de linhas de código e as insere nos chips de auto-destruição, montando um intricado mecanismo que os liga a todo o resto do sistema.
- Pronto. Qualquer invasão não autorizada e "bum".
Ela confere os identificadores únicos gerados para seus novos e mortíferos serviçais: Rat Bones agora é RX1-R, e Jonas tornou-se RX2-J.
De repente, um alerta pisca nas retinas de Amanda, fazendo-a abrir uma nova tela virtual. A tela se divide em várias pequenas janelas numeradas, onde imagens e dados são renderizados. Com um comando mental ela maximiza uma das telas: soldados, tanques, robôs bípedes de combate, peças de artilharia e mais soldados, embora tudo seja muito antigo, as armas e as máquinas parecem estar em bom estado de conservação. Então uma imagem chama a atenção da Rainha de Fogo: um striker de grande porte estacionado em uma das garagens dentro de uma cratera.
- O Lobo do Deserto!
Animada e pensativa, ela retorna para a cabine de controle. Se senta na poltrona do piloto e verifica mais filmagens, analisa os números, executa cálculos em milésimos de segundos, "São muitos, bem mais do que eu havia previsto."
- Computador, ativar canal de comunicação, link orbital privado. Identificação: ETA VOX ALFA 40 55 78 105 10542.
Na parte de cima da fuselagem do Fantasma, uma pequena comporta se abre permitindo que uma antena em forma de parábola se projete para fora. Em uma das telas digitais do console de comando, uma barra de carregamento é exibida e começa a aumentar sua progressão. Amanda se levanta, ficando em posição de alerta. A barra atinge cem por cento de processamento, mas permanece travada. Com um bip, todas as outras telas no console ficam pretas. Então a barra desaparece e a logomarca da VNR preenche o seu lugar. A imagem de Seiji Nakashima começa a tomar forma. A expressão no rosto do idoso é de ira, entretanto, existe um pouco de curiosidade expressada em seu olhar. Amanda abaixa a cabeça, em respeito.
- Senhor, infelizmente tive que contatá-lo. Eu localizei Bel, porém, aquele a que chamam de Maestro se mostrou mais ardiloso do que o esperado. Ele conseguiu escapar e agora se refugia em Nova Esperança, uma das cidades rebeldes. Como o senhor bem sabe, assim que me detectarem serei atacada; poderei resistir por algum tempo, mas não tenho recursos suficientes para enfrentar todo o exército alojado na cidade que de certo vai proteger Bel Yagami.
Seiji cerra o olhar e cruza os braços, Amanda continua:
- Solicito apoio imediato, caso contrário, Yagami fatalmente chegará ao Brasil, que fica a apenas trezentos e cinquenta quilômetros daqui.
***
- Bel! - grita Davi ao ver a mulher biocomputador entrar no andar escoltada por vários soldados. A voz dele reverbera no estranho material transparente que isola a cela.
Ao fundo, Maestro se levanta rapidamente e corre para junto do biohacker. Ao mesmo tempo, vários homens levantam suas armas mirando nos dois prisioneiros, entre eles, o coronel Fabrício se aproxima da cela e saca sua pistola. Ele estende o braço a aponta a arma diretamente para a cabeça de Bel. Maestro e Davi arregalam os olhos, Fabrício os encara:
- Se afastem, vão os dois para o fundo da cela.
Davi obedece, mas Maestro permanece imóvel, desafiando o olhar carrancudo do coronel.
- Eu estou falando sério. Vá para o fundo da cela, forasteiro, e não tente nada, ou vou estourar a cabeça de sua amiga.
- Por que você está fazendo isso? Eles são tão inocentes quanto eu! - responde Bel, indignada.
- Não sabemos se eles são como você, ou do que são capazes! Agora, obedeçam!
Maestro ergue os dois braços, ainda encarando Fabrício, então começa a se afastar para o fundo da cela. Satisfeito, o coronel abaixa a arma e sinaliza para um soldado, que por sua vez se aproxima de Bel e remove as algemas. Então o oficial se aproxima da placa de vidro translucida e pega no bolso um cartão de plástico. Sob a vigilância de seus soldados e com os olhos cerrados em Davi e em Maestro, ele rapidamente insere o cartão em um dispositivo, instantaneamente a barreira transparente entra para dentro do chão. Os soldados avançam, rodeando Bel que é pega pelo braço pelo coronel; Fabrício a joga dentro da cela, tomando o cuidado de permanecer atrás da linha fina e amarela que corta o chão. Assim que a jovem está completamente dentro do cubículo, Fabrício remove o cartão e a parede transparente verte para o teto.
- Preparam-se. Em breve vocês serão apresentados aos Regentes.
O coronel dá de ombros, seguindo apressadamente pelo corredor. Os soldados começam a se afastar, mas alguns permanecem com as armas apontadas paras os prisioneiros, retrocedendo de costas e fazendo mira, esperando por alguma coisa inusitada. Bel, Davi e Maestro permanecem encarando os últimos guardas, que demoram um pouco a sumir de vista.
Assim que se dão conta de que estão sozinhos, os três se abraçam. Após alguns instantes, Bel se separa e então abraça Maestro com força, pressionando sua cabela contra o peito do deletador e o deixando surpreso; Davi se afasta, desvia o olhar para o chão, mas então resolve se aproximar e toca levemente o ombro de Bel:
- Você está viva! Fico muito feliz!
- Obrigada Davi - ela se vira para o ex-namorado - também fiquei bem preocupado com vocês - então se volta para Maestro.
- Sinto muito por Thiago. Mas...
Maestro se afasta um pouco, ainda segura firme nos braços de Bel e e desvia o olhar.
- Embora nos soubéssemos dos riscos, sinto que a morte dele foi culpa minha.
- Maestro... Não acabou para ele.
A expressão no rosto do deletador muda completamente, ele encara Bel, seguido por Davi
- O que você quer dizer com isso?
Os dois homens encaram a biocomputador, impacientes. Ela respira fundo, então finalmente começa a falar:
- Segundos antes de ele morrer eu invadi seu CND e copiei sua consciência.
Maestro e Davi arregalam os olhos, perplexos.
- Isso... isso é impossível! - Responde Maestro.
- Não, não é! No fundo a sua memória, as suas emoções, a sua personalidade, em outras palavras, a sua consciência, não passa de impulsos elétricos e reações químicas. São padrões que se repetem e podem ser copiados e reproduzidos. Os bioprocessadores de qualquer CND se ligam as mais variadas partes do cérebro, protocolos de segurança impedem que tais bioprocessadores sejam acessados e tenham seus impulsos gravados, mas bioprogramas especiais podem quebrar essas proteções e manipular qualquer informação, você bem sabe disso, Davi.
- Sim, mas não dá para copiar tudo que uma personalidade representa, não dá para copiar uma alma! A quantidade de zetabytes seria incomensurável! - responde enfático o biohacker.
- Não se você usar um bom algoritmo de compressão! - diz Bel.
- Isso não existe! Conheço todos os programas de compressão, todos os algoritmos!
- Bel, então você armazenou a 'alma' de Thiago, portanto, ela poderá ser transplantada para um corpo físico? - diz Maestro, pensativo.
- Exatamente! Mas infelizmente isso está me custando muita energia, então não estou cem por cento. Não consigo me conectar com a Hypernet, por exemplo.
Então Maestro se aproxima dela e, em um gesto brusco e inesperado a abraça com força.
- Muito obrigado, Bel. Não sei como poderei te agradecer por isso, mas vou. Prometo que vou.
Ela devolve um sorriso.
- Não precisa. Eu tinha que fazer algo.
Os dois permanecem abraçados por alguns instantes, ao lado, Davi apenas observa com um olhar de tristeza. Então, Bel segura no rosto de Maestro e o aproxima de sua boca. Os lábios se tocam e ela fica na ponta dos pés, Davi vira o rosto, anda até a parede transparente e se joga sobre ela, provocando um leve estrondo.
Uma hora se passa. Bel e Maestro estão sentados no fundo da cela, encostados na parede fria e se acariciando. Davi está inquieto, caminhando de uma lado para o outro. Então Bel suspira, deitando a cabeça sobre as pernas de Maestro.
- Estou bem cansada, mas tem uma coisa muito estranha aqui, estou captando bioassinaturas, com um sinal bem fraco, quase imperceptível.
- Como assim? O único sinal biodigital aqui dentro é o meu CND - responde Maestro.
- Eu sei. Mas agora eu tenho certeza que existem outros CND's aqui dentro!
- Nós temos e que dar um jeito de escapar daqui! - Diz Davi, tenso.
- E o Samuel? O que aconteceu com ele? - Pergunta Bel.
- Minha esperança é que ele dê um jeito de nos tirar daqui. - Responde Maestro.
- Aquele velho? Duvido! Uma hora dessas ele deve estar bem longe daqui. - Diz o biohacker.
Subitamente, o som de botas marchando invade o ar, fazendo com que Davi corra para o fundo da cela. Logo um grupo de soldados se aproxima, com o coronel Fabrício à frente.
- Acho que estamos prestes a descobrir que CND's são esses. - Diz Davi, encarando os soldados.
Os guardas fazem mira, enquanto o coronel Fabrício coloca novamente o cartão de plástico no dispositivo fixado na parede.
- Chegou a hora! Os Regentes estão esperando!
IR PARA O PRIMEIRO CAPÍTULO
Para navegar entre os capítulos clique sobre os botões "Anterior" e "Próximo" disponíveis logos abaixo.
[Anterior] | [Próximo] |
André Luis Almeida Barreto
Aspirante a escritor, inquieto por natureza, ainda tenho vontade de mudar o mundo ou pelo menos colocar um monte de gente para pensar. Viciado em livros, games, idéias loucas e sempre procurando coisas que desafiem minha imaginação.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlha eu fui lendo e pensei " mas o que tá acontecendo ?" Kkkkk Só esse "pequeno texto" foi uma ótima forma de chamar a atenção do leitor e já digo que vou logo atrás do resto pra dar um conferida
ResponderExcluirRussia, muito obrigado! Valeu mesmo!
ExcluirAndré!
ResponderExcluirVamos ver se Bel e Maestro conseguem se safar com a ajuda de Samuel!
“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher.” (Simone de Beauvoir)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
TOP Comentarista de MARÇO, livros + KIT DE PAPELARIA e 3 ganhadores, participem!
Oi, Rudy! Pois é, ainda tem o Samuel! E bela citação! Abraços!
ExcluirOi André.
ResponderExcluirEnfim estou cumprindo o que promete, a leitura está fluindo bem.
Você é muito talentoso te desejo muito sucesso, fiquei um pouco confusa neste capítulo, acho que por te lido fora da ordem, mas espero em breve chegar nele.
Bjs.
Marlene, muito obrigado! É uma tarefa árdua esse lance de escrever, persistindo a gente vai melhorando! Torcendo para você se divertir com a história! Bjos!
ExcluirOlá, André!!
ResponderExcluirGostei muito do seu texto falando do livro. Espero vê-lo mais vezes aqui no blog.
Abraço!
Oi, Maria! Na verdade, o texto faz parte do livro! Abraços!
ExcluirQue bom que há esperanças de ter o Thiago de volta, fiquei muito triste por ele ter morrido, e agora estou bastante ansiosa para ler sobre a volta dele... Aguardando o próximo capítulo!
ResponderExcluirAbraços.
Any, é sempre bem difícil matar um personagem, felizmente, no mundo de ER, a morte pode ser contornada! Obrigado pelo comentário, você já está lendo a bastante tempo! Valeu! Abraços!
ExcluirOi André, acho que vou ter que dar uma espiadinha nos capítulos anteriores né, porque sinto que peguei o bonde andando (hahaha).
ResponderExcluirBeijos
[SORTEIO]Baile Literário
Quanto Mais Livros Melhor
Rs... isso mesmo, Priscila! Tem muita coisa que aconteceu, mas vc mata rapidinho. Beijos!
ExcluirOi André!
ResponderExcluirParabéns, á cada capítulo q vc nos traz mostra o qto o enredo é bom e o qto vc arrasa! Adorei!
Bjs!
Muito agradecido, Aline! Bjos!
ExcluirCada vez melhor sua escrita, conteúdo e claro os personagens estão super interessantes, parabéns agora estou na espera do final para saber o que acontecerá.
ResponderExcluirAté mais!!!
Ei, Marília, bem legal o seu comentário, muito agradecido! Espero terminar o próximo capítulo essa semana. Abraços!
ExcluirOPA OPA OPA não conhecia, vou voltar lá pro primeiro capítulo e começar a ler, dei uma lida no comecinho desse post e já me interessei, ai parei e opa, agora vou lá para o primeiro! Parece ser super interessante. Vou comentando conforme for lendo!!
ResponderExcluirBJS
Isso aí, Tish! O objetivo é esse mesmo: saber o que vocês estão achando da história e o que pode melhorar. Muito obrigado, bjs!
ExcluirOlá, estar super legal a historia, cada vez más muita tensão, misterio..estou cada vez más amando porém com tanta coisa meio dificil conseguir seguir más com força chego lá...amei, ansiosa pro proximo!!
ResponderExcluirOlá!!! Ainda não consegui ler todos os capítulos, portanto fico meio perdida com alguns acontecimentos, mas a história é realmente bem envolvente, espero que no próximo capítulo eu já esteja em dia com o livro.
ResponderExcluirEsse é o primeiro capitulo que leio, fiquei meio perdida rs, mas depois tentarei ler os primeiros, achei muito bom, tem ação e pelo visto muitos conflitos. Pois esse é o primeiro mês que acompanho o blog.
ResponderExcluirOlá André!
ResponderExcluirCai de paraquedas neste capítulo e fiquei meio perdida kkk Primeiramente já amei o título sou Engenheira e sou dessas que amam apenas ver essa palavra pro aí (Engenharia <3) kkkk
Achei que tem bastante ação, está bem escrito e os diálogos bem fluidos.
Agora preciso voltar aos anteriores para entender todo o contexto!
Abraços
por**
ExcluirAichha, muito obrigado! Se você voltar aos capítulos anteriores vai ver que, inclusive, uma das personagens é de fato uma engenheira.Abraços!
ExcluirAcho que preciso dar uma vasculhada para poder achar os capítulos anteriores, li esse e gostei bastante, só preciso ler os outros mesmo para poder me situar melhor.
ResponderExcluirBeijos!
Oi, André
ResponderExcluirCopia da consciência?Cada vez mais surpresas,uma total imersão na inteligência artificial.
Como sempre,desejo inspiração pra ti~