Above Publicações, 2010 - 80 páginas: |
A morte do cozinheiro já deve ser considerada uma das obras literárias mais intensas e atuais sobre a dor de cotovelo e o ciúme. De forma singular o autor nos guia sem medo até o amor doente de Luiz Aurélio e as psicoses novas da recente solidão induzida. A derrota do ”eu” exaltado, o abandono, e a morte que pede lugar ao descontentamento puramente egoísta caminham livres. Vemos um jogo de querer e não poder, que desenrola o frágil espírito do ser humano desiludido de amor. Usando a mescla de linguagens necessária em sua abordagem diferenciada, Allan Pitz atormenta os corações abalados neste livro memorável e instigante, fazendo enxergar com outros olhos a parte considerada cruel de uma trágica história romântica.
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Confissões de um matador
Assim dizia o consagrado dramaturgo William Shakespeare – “Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente.” – frase propositalmente colocada na abertura de um dos capítulos deste livro:
Assim iniciamos a leitura de A morte do cozinheiro (Above Publicações, 80 páginas), sem preâmbulos, sem meios-termos. Allan Pitz nos lança sem piedade no universo confessional de Luiz Aurélio, que vai perdendo lentamente a sanidade por conta de um amor abortado ou não correspondido.
Todo aquele que já perdeu um grande amor sabe o quão dolorido é navegar de volta à vida cotidiana. Em tempos de internet é mais difícil ainda, já que sofremos com a alegria do outro expressa em fotos e sorrisos:
Neste livro em primeira pessoa (narrativa sempre arriscada, ponto para a coragem do autor), o narrador dialoga o tempo todo com o leitor que, mesmo não estando desavisado se espanta, vai forçosamente tomando parte de lembranças doloridas que forjaram sua psique.
São inúmeras citações – Machado de Assis, Nelson Rodrigues, Dalton Trevisan, Edgar Allan Poe. É preciso estar atento ao humor e à cultura de Pitz, para saborear a obra em toda sua plenitude e profundidade.
O livro é curto, um núcleo pequeno de três personagens, uma novela. Porém, cheio de páginas intensas com linguajar ao mesmo tempo urbano e culto, e me arriscaria a dizer “poético”.
No centro deste enlace dramático temos Carmen que, como na ópera Bizet, enfeitiça nosso narrador com seus encantos para depois trocá-lo, devido a algumas circunstâncias explicadas segundo a insensatez do narrador, por um grosseiro e insignificante cozinheiro.
Mesmo se sentindo superior ao cozinheiro, nunca deixa de se colocar um degrau abaixo de sua musa:
De certa forma é neste momento que começamos a nos identificar com o personagem tão humano, falho e muitas vezes explosivo, que consegue transmitir através da língua sua força, mas não o faz com atos. Deturpa a narrativa em busca de uma justificativa que o redima:
Enfim, este livro é puro deleite. Pitz deixa fluir sua criatividade sem se preocupar com normas ou possíveis críticas e por isso mesmo é feliz na escolha de seu caminho.
Espero ansioso por um romance de fôlego, com muitas páginas, repleto de personagens tão complexos quanto o narrador Luiz Aurélio. Vida longa a Allan Pitz!
Assim dizia o consagrado dramaturgo William Shakespeare – “Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente.” – frase propositalmente colocada na abertura de um dos capítulos deste livro:
“É verdade, eu matei o cozinheiro. Em momento algum deste livro negarei que matei o sórdido cozinheiro com minhas próprias mãos de escrever versos.”
Assim iniciamos a leitura de A morte do cozinheiro (Above Publicações, 80 páginas), sem preâmbulos, sem meios-termos. Allan Pitz nos lança sem piedade no universo confessional de Luiz Aurélio, que vai perdendo lentamente a sanidade por conta de um amor abortado ou não correspondido.
Todo aquele que já perdeu um grande amor sabe o quão dolorido é navegar de volta à vida cotidiana. Em tempos de internet é mais difícil ainda, já que sofremos com a alegria do outro expressa em fotos e sorrisos:
“Eu via as fotos cínicas e sentia falta de mim nas imagens bobas cotidianas... sempre estavam em lugares lindíssimos, aprazíveis, verdes, festeiros; eu habitava um lugar tosco e mal acabado, um quartinho sofrível e úmido como meu rosto choroso... Eles eram felizes! Felizes, diziam as vozes! Como eu queria voar para longe daquele lugar de tantas lembranças sofridas, o cheiro dela ainda impregnava as paredes mortas de esperar por nada...”
Neste livro em primeira pessoa (narrativa sempre arriscada, ponto para a coragem do autor), o narrador dialoga o tempo todo com o leitor que, mesmo não estando desavisado se espanta, vai forçosamente tomando parte de lembranças doloridas que forjaram sua psique.
“Um namorado de infância, calhorda em vestes falsas de cordeiro que a matou sob a ponta de uma chave de fenda afiada, umas quarenta estocadas na barriga, dizia o jornal popular. As lembranças mortas voltaram vivas com a certeza da morte...”
São inúmeras citações – Machado de Assis, Nelson Rodrigues, Dalton Trevisan, Edgar Allan Poe. É preciso estar atento ao humor e à cultura de Pitz, para saborear a obra em toda sua plenitude e profundidade.
“O que seria dos pecadores sem os exemplos a saltarem dos livros?”
O livro é curto, um núcleo pequeno de três personagens, uma novela. Porém, cheio de páginas intensas com linguajar ao mesmo tempo urbano e culto, e me arriscaria a dizer “poético”.
“Nunca saberei se as verdades foram ditas ou se somente os venenos foram depositados, mas eu não poderia permitir que a sonhada noiva virginal de outrora fosse tratada como um animal abatido por aquele ser humano tão vulgar...”
No centro deste enlace dramático temos Carmen que, como na ópera Bizet, enfeitiça nosso narrador com seus encantos para depois trocá-lo, devido a algumas circunstâncias explicadas segundo a insensatez do narrador, por um grosseiro e insignificante cozinheiro.
Mesmo se sentindo superior ao cozinheiro, nunca deixa de se colocar um degrau abaixo de sua musa:
“Linda! Perfeita! Sobre mim não vale muito descrever, basta que se diga que estava acima do peso e usava óculos fundo de garrafa... Calvície chegando rasteira... Clichê, não? Mas é verdade, não posso faltar com a verdade neste livro. Eu nunca detive nos punhos a força da língua maldita. Quem me dera a força da língua.”
De certa forma é neste momento que começamos a nos identificar com o personagem tão humano, falho e muitas vezes explosivo, que consegue transmitir através da língua sua força, mas não o faz com atos. Deturpa a narrativa em busca de uma justificativa que o redima:
“Nas brigas de escola, nos campos de futebol, no sonho de ser esportista, ser pintor, aprendi a perder impecavelmente; sou um excelente perdedor, sabiam? E um mentiroso também, para compensar as mazelas de não ser nada de nada, apenas um apaixonado pela boa ficção em busca de manada amiga, integração.”
Enfim, este livro é puro deleite. Pitz deixa fluir sua criatividade sem se preocupar com normas ou possíveis críticas e por isso mesmo é feliz na escolha de seu caminho.
Espero ansioso por um romance de fôlego, com muitas páginas, repleto de personagens tão complexos quanto o narrador Luiz Aurélio. Vida longa a Allan Pitz!
Rodolfo Luiz Euflauzino
Ciumento por natureza, descobri-me por amor aos livros, então os tenho em alta conta. Revelam aquilo que está soterrado em meu subconsciente e por isso o escorpiano em mim vive em constante penitência, sem jamais se dar por vencido. Culpa dos livros!
Uma obra com uma historia bem diversificada de muitos que já li, mas até que gostei a capa é bem legal um pouco assustadora mas legal.
ResponderExcluirAté mais!!
Oi, Rodolfo. Nunca ouvi falar do livro mas fiquei encantada ao saber que é o antagonista que narra a história. Sempre me interessei pela cabeça das pessoas que acabaram cometendo loucuras em prol do crime passional e acho que ficaria encantada lendo essa obra. Amei a resenha e vou anotar para ler.
ResponderExcluirBeijo! Blog Leitora Encantada
Oi Rodolfo, tudo bem?
ResponderExcluirUm livro com certeza interessante. Fiquei imaginando como foi acompanhar a linha de pensamento do personagem, já que ele não nega em momento algum ter cometido o ato. Por ser um livro com poucas páginas, dá para ler uma tarde né.
Beijos
Quanto Mais Livros Melhor
Rodolfo!
ResponderExcluirJá tive oportunidade de ler esse e muitos outros livros do Pitz, ele tem uma criatividade peculiar e um linguajar próprio que por vezes pode até chocar alguns leitores, mas que faz todo sentido no decorrer da trama.
Adorei sua análise, como sempre aprofundada e realista.
“A sabedoria começa na reflexão.” (Sócrates)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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Rodolfo, meu amigo, confesso que se fosse pela sinopse, eu passaria batido pela obra, mas a sua resenha despertou a minha curiosidade e me fez incluir o livro na minha lista de desejados. Muito obrigada por mais essa dica!
ResponderExcluirOlá amigão!!
ResponderExcluirPelo jeito mais uma excelente leitura,bem do tipo que gosto.
Gosto dessa coisa de explorar sentimentos.de saber até onde o ser humano é capaz de ir com suas dores, desilusões e mesquinharias .Nada mais sufocante do que ler um livro e ver refletido ali,muitas vezes algo que já sentimos.
Com certeza vou ler!!
Grande abraço!
Rodolfo, uma novela assim, rápida, intensa, bem escrita, com sua dose de dor, drama e conflito, um tanto de sangue, mas sobretudo, uma análise dos limites entre a sanidade e a loucura, nossa, deu vontade de ler sim! Vc me fez lembrar de uma professora que tive, psiquiatra, que falava que nem imaginamos como estamos perto da loucura... De fato. Ontem, numa leitura que fiz de Stoner, a personagem falou assim: "Ah, como parecemos corretos para nós mesmos quando não temos razão para deixar de agir corretamente! É necessário estar apaixonado para saber alguma coisa sobre si mesmo." Acho que tomado por essa paixão, já adoecida gravemente, o ciumento do seu livro deu vazão às suas frustrações mais obscuras, indo às vias de fato. Quantos por aí? A gente fica vendo pela tv essas histórias reais e tão mais loucas que nos livros e filmes, julgamos muitas vezes, mas... quem pode imaginar o que é capaz de fazer nesse abismo a que muitos chegam, quando ali estão comungadas as questões mais profundas, que desembocam no ato de insanidade? Sempre me pego pensando como é que (não) funciona uma mente dessas.
ResponderExcluirAdorei. Quero ler, querido. Bj
Oi Rodolfo.
ResponderExcluirNão curto muito livros curtos não, justamente por gostar de um certo aprofundamento nos personagens e tudo mais.
Entretanto tenho que dizer que essa premissa me chamou bastante a atenção, adoro livros com um linguajar meio poético, mas sem ser aquela coisa confusa de entende, fiquei muito intrigada.
Bjs.
Oi Rodolfo,
ResponderExcluirNão há história mais envolvente, misteriosa e monstruosa do que a narrada por um personagem sofrendo de rejeição e coração partido. São das histórias de amor que surgem as maiores tramas e muitas delas, quando não bem aceitas, acabam em tragédia. Confesso que não conhecia está obra, mas a forma um tanto poética, apesar de estranha com que o autor escolheu para narrativa me deixaram bastante curiosa para lê-la.
Esse livro pela capa não me encantou nem um pouco, mas depois que li a sinopse e a resenha a vontade de ler ele aumentou, é um leitura de uma tarde mesmo por ter poucas páginas. Vou procurar para ler agora mesmo.
ResponderExcluirOlá, Rodolfo!!
ResponderExcluirBom.. Não fui bem com a cara desse livro não, não sei se é por causa de acabar de uma maneira inesperada, destruindo meus sonhos de ser um final feliz, pois livros assim não me agradam...
Mas mesmo assim, é um livro bom.
Abraço!
Interessante a escolha do autor de colocar o vilão pra narrar sua história. Ousado e por isso chama a atenção.
ResponderExcluirParticularmente, não consegui gostar do enredo. Mas achei legal o livro trazer citações de várias obras famosas.
80 páginas,leitura rápida.
ResponderExcluirAs citações aos grandes autores chamaram minha atenção.
Interessante a mistura do linguajar urbano com o culto.
Oi mano, eu particularmente não me interessei meio pelo livro sabe. O enredo em aí não me chamou atenção por isso eu dispenso a leitura. Mas obrigada pela resenha.
ResponderExcluirOlá Rodolfo! Que legal esse livro hein? Adorei sua resenha, ela me deixou com agua na boca pra ler essa novela cheia de conflitos psicologicos, desilusão amorosa, vingança (isso é coisa de escorpiano rs mas a ariana aqui adora uma vingancinha ainda mais levada pelo ciumes rs). Fiquei super curiosa pra saber o final desse jogo emocional, já está na minha lista de desejados. Parabéns e obrigada por me apresentar livros interessantes, suas dicas sao valiosas!!!! Um abraço!!!
ResponderExcluirOi Rodolfo!
ResponderExcluirQue livro interessante, gosto bastante quando o autor mescla sua obra com elementos poéticos. Também achei muito bom ser um livro mais curtinho e assim torna a leitura mais dinâmica.
Beijos
Parece ser interessante, pela forma da narrativa e até mesmo por ser um livro curto, 80 paginas dá para ler em apenas um dia! Eu não sou muito fã de livros assim, sobre morte e assassinato mas talvez eu leia este um dia, por ser curtinho.
ResponderExcluirOii! Não conhecia o livro, parece bacana o enredo, vou anotar na listinha e tentar em breve conhecer a escrita!
ResponderExcluirBjs!
Olá!!! Achei este livro surpreendente, realmente muito interessante, o autor conseguiu me prender do início ao fim, quando comecei a ler não conseguia parar e, como ele tem apenas 80 páginas, terminei em menos de um dia.
ResponderExcluirNão conhecia o livro, fiquei impressionada com o personagem, não gostou de ser trocado pelo cozinheiro e cometeu o ato e não nega, fiquei curiosa com o desenrolar dessa historia e saber o que acontece com o culpado e a personagem como fica nessa historia, bem instigante a historia.
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirUma obra bem interresante, no começo pensei que fosse livro de terror, de suspense mas achei bem legal o autor querer falar as coisas bem claras sem deixa o leitor com ansiedade e curiosidade, super legal isso!
Muitas citações mesmo, interessante a história ser contada pelo assassino que não nega o fato e saber como ele pensa como ela conta os fatos, pela capa eu pensava que era um terror, com detalhes horrendos, mas quando li a resenha vi que era mais que isso. E o livro bem curtinho dá para ler de uma vez só.
ResponderExcluirOi!
ResponderExcluirAinda não conhecia esse livro, mas é uma historia que logo pela sinopse já nos deixa bem curiosa, pois acaba sendo algo diferente do que vemos, parece ser uma historia bem reflexiva e que acaba conversando com o leitor, se tiver oportunidade quero ler !!
O livro parece ter a historia diferente de tudo que tenho lido ultimamente. Interessante o narrador dialogar com o leitor, achei diferente. As citações de grandes escritores só fazem enriquecer a leitura. Gostei do quote escolhido e da capa do livro.
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