Engenharia Reversa
Parte XXXII - Todos Os Meios Necessários
Por um momento, o tempo parece parar. A imensidão de soldados fica desconcertada, em absoluto silêncio, observando os destroços do helicóptero atingirem o chão com um estampido seco. O ruído produzido pelos motores dos tanques estacionados preenche o ar como um mantra mecânico, e, sobre ele, o criptar das chamas nos destroços de aeronave abatida torna-se assustador, concretizando algo que todos aqueles soldados nunca imaginaram ser possível acontecer: o poderoso TH-2500, helicóptero blindado de combate, senhor dos céus da Terra Maldita, derrubado por um único inimigo.
Protegido dentro do blindado de comando, o coronel Fabrício, agora promovido a comandante em chefe, fica paralisado diante da visão. As palavras de Bel Yagami ecoam sinistras em sua cabeça: "Estou avisando, vocês estão cometendo um grave erro! Algo muito ruim pode acontecer", em seguida, a frase que ouviu a poucas horas atrás, dita pelo insolente companheiro da ciborgue, volta a mente do comandante como uma maldição : "Vocês não fazem ideia do tamanho da encrenca em que se meteram. "
Mil pensamentos passam pela mente de Fabrício, a maioria deles sombrios. Então, repentinamente, um sinal agudo e irritante invade o sistema de som do veículo, chamando o comandante de volta para a realidade:
- Senhor, invadiram nossa frequência! - grita o piloto do tanque.
- O quê? Como assim, sargento?
- Invadiram a frequência militar! Alguém quebrou a criptografia e está transmitindo para toda a tropa!
O sinal irritante termina, então, uma voz feminina surge no canal militar, ecoando por toda a tropa e além:
- Isso foi só um aviso. Essa batalha não é de vocês, ninguém mais precisa morrer. Entreguem-me Bel Yagami e os terroristas que estão com ela, em troca, todos vocês viverão. Vou esperar dez minutos pela resposta.
Perplexão e medo se espalham pela tropa. Oficiais entreolham-se, sem saber o que dizer para acalmar seus comandados. Lutando contra um medo que teima em não ir embora, o comandante Fabrício sente, pela primeira vez, um arrepio.
Um novo bip pulsa no receptor do veículo, indicando uma transmissão oficial. O sargento prontamente ativa os alto-falantes. A voz de Sharem surge potente, carregada de ira:
- Comandante, não negociamos com assassinos! Você tem suas ordens! Vingue nossos bravos homens que morreram na muralha; destrua essa invasora de uma vez por todas; use todos os meios necessários para salvar o seu povo!
- Sim, senhora! - responde o comandante enchendo-se de coragem.
Fabrício concentra-se, forçando-se a espantar os pensamentos negativos, motivando-se de que a vitória será certa, afinal, ela é só uma mulher vestida com uma armadura avançada. Já havia perdido sua poderosa nave frente uma parte das forças da Divisão Gavião, o que poderia ela fazer contra todos aqueles soldados, blindados e robôs? Ele se enche de coragem e, freneticamente, sobe até a torre das metralhadoras. Abre e escotilha e olha para os lados, vendo a imensidão de guerreiros e máquinas de guerra; lá na frente, uma parede de fumaça negra subindo dos restos do helicóptero oculta a posição de Amanda.
- Ligue-me com todas as unidades, a infantaria e a artilharia - ordena.
Em segundos, a voz rouca é transmitida para toda a legião espalhada ao longo do terreno desolado:
- Batalhões da Divisão Gavião, guerreiros honrados e herdeiros da maior força militar desse continente; nós temos um legado a zelar, temos um compromisso com nossos filhos, netos e antepassados, que construíram essa cidade, por isso, não podemos e não vamos recuar frente a esse inimigo covarde, esse invasor que destruiu nossa muralha e matou nossos irmãos! Vocês sabiam que esse dia chegaria, vocês foram treinados para isso. Divisão Gavião, chegou a hora de lutar! Nós somos muitos, ela é apenas uma! Sem piedade, todas as unidades, abrir fogo!
Imediatamente, os canhões de diversos calibres obedecem, disparando uma enxurrada de bombas e provocando um estrondo terrível, como o som de mil trovões. As palavras do comandante enchem os corações dos soldados com força e esperança, fazendo-os avançar com energia, gritando e disparando para o alto, certos da vitória.
O display nas retinas de Amanda se enche de milhares de pontinhos vermelhos. Mensagens de alerta pipocam. Compenetrada, ela mentaliza um comando: Ativar Foguetes. Duas pequenas turbinas fixadas nas costas da armadura respondem, lançando Amanda para o céu em alta velocidade. Segundos depois, as bombas atingem o local onde ela estava, criando uma parede de fumaça e fogo e propagando um estrondo aterrador.
Os soldados continuam avançando, seguidos pelos robôs de combate.
- Ela está lá em cima! - grita um oficial apontando para a inimiga.
Poucos homens ouvem o grito, e, quando miram na inimiga, são surpreendidos por uma enxurrada de pequenos mísseis que explodem contra suas armaduras, fazendo-os em pedaços.
Um caça se aproxima de Amanda; rápida, ela mergulha sobre a imensidão de soldados, escapando da rajada de metralhadora disparada pela aeronave. Naos braços da armadura da Rainha de Fogo, lançadores de micro-foguetes abrem fogo, derrubando centenas de homens e criando um rastro de corpos em chamas no meio do mundaréu de soldados. Os tanques ficam perdidos, sem saber para onde apontar seus canhões.
O contador de munição chega a zero nas retinas de Amanda. Ela aterriza, saca sua lâmina sônica e a segura com as duas mãos, dominada por uma fúria quase sobrenatural, a mulher se lança contra os inimigos desesperados, cortando fora braços, cabeças, troncos e pernas, fazendo o cortando metal como se o mesmo fosse papel. Ela avança contra um comando de robôs, arrancando as grandes pernas mecânicas com precisão cirúrgica, reduzindo-os a uma pilha de metal dilacerado. Então, sobe nas carcaças destruídas e se lança contra uma nova leva de soldados, impiedosamente matando um por um com a lâmina sônica, que emite um brilho estranho, um brilho negro envolto por uma áurea violeta.
"É um demônio!", "Não, isso não pode ser humano!", "Estamos perdidos!", "Atirem, atirem logo!" - gritam os soldados amontados e em pânico, sem conseguir mirar no inimigo.
Das costas da armadura negra pequenas esferas são lançadas, ao atingirem certa altitude, elas explodem liberando centenas de micro-mísseis, que então acertam os militares desorientados, matando muitos mais. Sem conseguir mirar ou mesmo ver o inimigo, amontoados em uma massa humana caótica, centenas de soldados atiram a esmo, acertando seus próprios companheiros.
Vendo toda aquela carnificina inacreditável, os oficiais ordenam que suas tropas recuem, gritando incessantemente ordens de retirada. Apavorado, o sub-comandante contacta Fabrício:
- Senhor, está um caos aqui! Ela é muito rápida e possui armas que nunca vimos antes. Os homens não tem como atirar; ela está no meio deles e eles estão se matando! Quais são suas ordens? Repito, quais são suas ordens!?
Surpreendido, o comandante supremo congela. Mais e mais mensagens desesperadas chegam até ele. Um monitor exibe um crescente número de baixas, que a cada segundo fica maior e maior. O suor frio escorre pelo rosto. Fabrício treme, deixa o comunicador cair e não consegue responder aos chamados de seus oficiais, que se tornam gritos pavorosos. As palavras de Bel voltam à mente do comandante, seguidas pelas proferidas pelo outro o forasteiro; ele procura esquecê-las. Cerra os punhos, sentindo o coração quase explodir no peito. Pega o comunicador e ativa uma frequência exclusiva:
- Águia Um.
- Águia Um na escuta, prossiga, comandante - responde o piloto.
- Você tem uma visão clara do alvo?
- Está uma bagunça, senhor, mas, sim, consigo ver perfeitamente.
- Não temos outra alternativa. Ordeno que a esquadrilha ataque com tudo!
Silêncio no rádio. Um minuto depois o piloto volta a falar:
- Senhor, desse jeito vamos atingir nossos próprios soldados!
- Abra fogo de uma vez! Quero toda a maldita esquadrilha lançando tudo! É uma ordem!
O rádio fica mudo. No céu, os caças entram em formação, liderados por Águia Um. Começam a descer em alta velocidade, executando um rasante sobre os destroços da muralha, ainda em chamas. Aproximam-se do novo campo de batalha, onde, em meio a imensidão de soldados, várias pequenas explosões e um brilho que se move freneticamente indicam o alvo. O piloto líder pressiona o botão de disparo repetidas vezes, lançando todos os mísseis de seu caça. Os outros dois aviões fazem o mesmo. Segundos depois, os três arremetem, deixando um rastro de fumaça branca no ar.
Um bip de alerta dispara no capacete de Amanda, contudo, é tarde de mais. Ela escuta a som agudo do primeiro míssil cortando o ar; em seguida, um tanque de guerra explode a poucos metros de sua posição. Novas explosões surgem por todos os lados, despedaçando homens e máquinas. A onda de choque derruba Amanda, que é envolvida por uma nuvem de fogo.
O comandante Fabrício avança cautelosamente, cercado por seus melhores homens. Respira ofegante dentro da armadura completa, ouvindo a estática que sai pelos fones de ouvido. O estrago causado pelo ataque dos caças deixou uma clareira de morte e destruição, ceifando a vida de mais da metade dos homens do primeiro batalhão.
- Senhor, recebemos confirmação visual. Estamos a vinte metros do inimigo - diz um tenente próximo ao comandante.
O grupo segue para a posição informada. Pelo caminho, a quantidade de corpos carbonizados impressiona, causando reações de angústia e raiva nos soldados. Fabrício sente a culpa, imaginando que terá que relatar cada uma daquelas mortes para as famílias das vítimas. Lembra-se das palavras de Sharem, e, embora concorde com elas, não consegue tranquilizar sua consciência. Respira fundo, desvia o olhar dos corpos. "Foi necessário, não havia outro jeito", diz para si próprio, forçando-se a acreditar.
- Senhor, ali, veja!
Os homens correm e formam um círculo ao redor de um corpo fumegante. Armas em punho, miras travadas. A armadura negra, inconfundível, parece estar morta, deitada de bruços sobre um tapete de cadáveres dos outrora bravos soldados do primeiro batalhão. Fissuras incandescentes ao longo da armadura produzem a fumaça branca, mas, fora as fissuras, ela não aparenta maiores danos.
- Comandante, quais são suas ordens? - inquere o tenente.
Um sentimento de alívio pouco a pouco vai invadindo Fabrício. Ele teve que tomar uma decisão dramática, porém, os fins justificaram os meios, e a temida inimiga agora jazia inerte e avariada diante dele, como um troféu de caça.
- Preparam as correntes. Vamos prendê-la.
Palavras de protesto surgem no ar.
- Mas, senhor, ela é uma ameaça a segurança nacional! Devemos destruí-la imediatamente, usar os lança-chamas! - responde um sargento, seguido por palavras de apoio dos outros homens.
- Não! A tecnologia que essa armadura contém é incomensurável! Vamos tirá-la da invasora, depois, vou matá-la pessoalmente, fazendo-a saber o nome de cada um dos homens que matou!
Mais protestos.
- Senhor, com todo o respeito, ela é perigosa de mais!
Um sinal de alerta surge nos visores dos soldados, que, aturdidos, olham para todos os lados procurando por uma ameaça oculta. Fabrício arregala os olhos: em seu visor tático, dois objetos monstruosos surgem nos céus, exatamente sobre o local do bombardeio.
As sombras colossais produzidas pelas imensas naves cobrem toda a tropa, enchendo os batalhões de medo. Os soldados abrem fogo, os canhões disparam e os caças lançam seus misseis restantes. Os projéteis explodem no ar, barrados por algum tipo de campo de energia. Círculos brilhantes formam-se na parte de baixo da fuselagem das naves, então, quatro grandes explosões fazem o chão tremer, desmantelando tanques e robôs como se eles fossem feitos de plástico, despedaçando os corpos de milhares de soldados como se eles fossem feitos de papel.
Fabrício se joga de costas no chão, o coração quase arrebentando o peito. O rádio está mudo, um zunido agudo preenche seus ouvidos. Ele olha em volta: blindados em chamas, soldados em prantos tentando socorrer seus irmãos feridos, desespero, morte e caos. Os dois batalhões desmantelados, vencidos, de joelhos. "Não! Não pode ser!" Ele olha para o céu e vê uma das naves invasoras aproximando-se, descendo verticalmente e calmamente. A coisa lembra em sua forma um antigo navio de guerra, mas é muito maior, branca, cheia de antenas e turbinas. Então, ele consegue identificar três letras pintadas na barriga da nave, formando a sigla VNR.
Fabrício desmaia. Os soldados que ainda estão inteiros tentam recuar, fugindo para a cidade. Outros buscam abrigo nos destroços dos blindados. A nave de combate fica cada vez mais próxima do chão, levantando colunas de poeira e fumaça enquanto suas turbinas flexionam-se para o pouso.
https://www.facebook.com/engenhariareversalivroProtegido dentro do blindado de comando, o coronel Fabrício, agora promovido a comandante em chefe, fica paralisado diante da visão. As palavras de Bel Yagami ecoam sinistras em sua cabeça: "Estou avisando, vocês estão cometendo um grave erro! Algo muito ruim pode acontecer", em seguida, a frase que ouviu a poucas horas atrás, dita pelo insolente companheiro da ciborgue, volta a mente do comandante como uma maldição : "Vocês não fazem ideia do tamanho da encrenca em que se meteram. "
Mil pensamentos passam pela mente de Fabrício, a maioria deles sombrios. Então, repentinamente, um sinal agudo e irritante invade o sistema de som do veículo, chamando o comandante de volta para a realidade:
- Senhor, invadiram nossa frequência! - grita o piloto do tanque.
- O quê? Como assim, sargento?
- Invadiram a frequência militar! Alguém quebrou a criptografia e está transmitindo para toda a tropa!
O sinal irritante termina, então, uma voz feminina surge no canal militar, ecoando por toda a tropa e além:
- Isso foi só um aviso. Essa batalha não é de vocês, ninguém mais precisa morrer. Entreguem-me Bel Yagami e os terroristas que estão com ela, em troca, todos vocês viverão. Vou esperar dez minutos pela resposta.
Perplexão e medo se espalham pela tropa. Oficiais entreolham-se, sem saber o que dizer para acalmar seus comandados. Lutando contra um medo que teima em não ir embora, o comandante Fabrício sente, pela primeira vez, um arrepio.
Um novo bip pulsa no receptor do veículo, indicando uma transmissão oficial. O sargento prontamente ativa os alto-falantes. A voz de Sharem surge potente, carregada de ira:
- Comandante, não negociamos com assassinos! Você tem suas ordens! Vingue nossos bravos homens que morreram na muralha; destrua essa invasora de uma vez por todas; use todos os meios necessários para salvar o seu povo!
- Sim, senhora! - responde o comandante enchendo-se de coragem.
Fabrício concentra-se, forçando-se a espantar os pensamentos negativos, motivando-se de que a vitória será certa, afinal, ela é só uma mulher vestida com uma armadura avançada. Já havia perdido sua poderosa nave frente uma parte das forças da Divisão Gavião, o que poderia ela fazer contra todos aqueles soldados, blindados e robôs? Ele se enche de coragem e, freneticamente, sobe até a torre das metralhadoras. Abre e escotilha e olha para os lados, vendo a imensidão de guerreiros e máquinas de guerra; lá na frente, uma parede de fumaça negra subindo dos restos do helicóptero oculta a posição de Amanda.
- Ligue-me com todas as unidades, a infantaria e a artilharia - ordena.
Em segundos, a voz rouca é transmitida para toda a legião espalhada ao longo do terreno desolado:
- Batalhões da Divisão Gavião, guerreiros honrados e herdeiros da maior força militar desse continente; nós temos um legado a zelar, temos um compromisso com nossos filhos, netos e antepassados, que construíram essa cidade, por isso, não podemos e não vamos recuar frente a esse inimigo covarde, esse invasor que destruiu nossa muralha e matou nossos irmãos! Vocês sabiam que esse dia chegaria, vocês foram treinados para isso. Divisão Gavião, chegou a hora de lutar! Nós somos muitos, ela é apenas uma! Sem piedade, todas as unidades, abrir fogo!
Imediatamente, os canhões de diversos calibres obedecem, disparando uma enxurrada de bombas e provocando um estrondo terrível, como o som de mil trovões. As palavras do comandante enchem os corações dos soldados com força e esperança, fazendo-os avançar com energia, gritando e disparando para o alto, certos da vitória.
O display nas retinas de Amanda se enche de milhares de pontinhos vermelhos. Mensagens de alerta pipocam. Compenetrada, ela mentaliza um comando: Ativar Foguetes. Duas pequenas turbinas fixadas nas costas da armadura respondem, lançando Amanda para o céu em alta velocidade. Segundos depois, as bombas atingem o local onde ela estava, criando uma parede de fumaça e fogo e propagando um estrondo aterrador.
Os soldados continuam avançando, seguidos pelos robôs de combate.
- Ela está lá em cima! - grita um oficial apontando para a inimiga.
Poucos homens ouvem o grito, e, quando miram na inimiga, são surpreendidos por uma enxurrada de pequenos mísseis que explodem contra suas armaduras, fazendo-os em pedaços.
Um caça se aproxima de Amanda; rápida, ela mergulha sobre a imensidão de soldados, escapando da rajada de metralhadora disparada pela aeronave. Naos braços da armadura da Rainha de Fogo, lançadores de micro-foguetes abrem fogo, derrubando centenas de homens e criando um rastro de corpos em chamas no meio do mundaréu de soldados. Os tanques ficam perdidos, sem saber para onde apontar seus canhões.
O contador de munição chega a zero nas retinas de Amanda. Ela aterriza, saca sua lâmina sônica e a segura com as duas mãos, dominada por uma fúria quase sobrenatural, a mulher se lança contra os inimigos desesperados, cortando fora braços, cabeças, troncos e pernas, fazendo o cortando metal como se o mesmo fosse papel. Ela avança contra um comando de robôs, arrancando as grandes pernas mecânicas com precisão cirúrgica, reduzindo-os a uma pilha de metal dilacerado. Então, sobe nas carcaças destruídas e se lança contra uma nova leva de soldados, impiedosamente matando um por um com a lâmina sônica, que emite um brilho estranho, um brilho negro envolto por uma áurea violeta.
"É um demônio!", "Não, isso não pode ser humano!", "Estamos perdidos!", "Atirem, atirem logo!" - gritam os soldados amontados e em pânico, sem conseguir mirar no inimigo.
Das costas da armadura negra pequenas esferas são lançadas, ao atingirem certa altitude, elas explodem liberando centenas de micro-mísseis, que então acertam os militares desorientados, matando muitos mais. Sem conseguir mirar ou mesmo ver o inimigo, amontoados em uma massa humana caótica, centenas de soldados atiram a esmo, acertando seus próprios companheiros.
Vendo toda aquela carnificina inacreditável, os oficiais ordenam que suas tropas recuem, gritando incessantemente ordens de retirada. Apavorado, o sub-comandante contacta Fabrício:
- Senhor, está um caos aqui! Ela é muito rápida e possui armas que nunca vimos antes. Os homens não tem como atirar; ela está no meio deles e eles estão se matando! Quais são suas ordens? Repito, quais são suas ordens!?
Surpreendido, o comandante supremo congela. Mais e mais mensagens desesperadas chegam até ele. Um monitor exibe um crescente número de baixas, que a cada segundo fica maior e maior. O suor frio escorre pelo rosto. Fabrício treme, deixa o comunicador cair e não consegue responder aos chamados de seus oficiais, que se tornam gritos pavorosos. As palavras de Bel voltam à mente do comandante, seguidas pelas proferidas pelo outro o forasteiro; ele procura esquecê-las. Cerra os punhos, sentindo o coração quase explodir no peito. Pega o comunicador e ativa uma frequência exclusiva:
- Águia Um.
- Águia Um na escuta, prossiga, comandante - responde o piloto.
- Você tem uma visão clara do alvo?
- Está uma bagunça, senhor, mas, sim, consigo ver perfeitamente.
- Não temos outra alternativa. Ordeno que a esquadrilha ataque com tudo!
Silêncio no rádio. Um minuto depois o piloto volta a falar:
- Senhor, desse jeito vamos atingir nossos próprios soldados!
- Abra fogo de uma vez! Quero toda a maldita esquadrilha lançando tudo! É uma ordem!
O rádio fica mudo. No céu, os caças entram em formação, liderados por Águia Um. Começam a descer em alta velocidade, executando um rasante sobre os destroços da muralha, ainda em chamas. Aproximam-se do novo campo de batalha, onde, em meio a imensidão de soldados, várias pequenas explosões e um brilho que se move freneticamente indicam o alvo. O piloto líder pressiona o botão de disparo repetidas vezes, lançando todos os mísseis de seu caça. Os outros dois aviões fazem o mesmo. Segundos depois, os três arremetem, deixando um rastro de fumaça branca no ar.
Um bip de alerta dispara no capacete de Amanda, contudo, é tarde de mais. Ela escuta a som agudo do primeiro míssil cortando o ar; em seguida, um tanque de guerra explode a poucos metros de sua posição. Novas explosões surgem por todos os lados, despedaçando homens e máquinas. A onda de choque derruba Amanda, que é envolvida por uma nuvem de fogo.
O comandante Fabrício avança cautelosamente, cercado por seus melhores homens. Respira ofegante dentro da armadura completa, ouvindo a estática que sai pelos fones de ouvido. O estrago causado pelo ataque dos caças deixou uma clareira de morte e destruição, ceifando a vida de mais da metade dos homens do primeiro batalhão.
- Senhor, recebemos confirmação visual. Estamos a vinte metros do inimigo - diz um tenente próximo ao comandante.
O grupo segue para a posição informada. Pelo caminho, a quantidade de corpos carbonizados impressiona, causando reações de angústia e raiva nos soldados. Fabrício sente a culpa, imaginando que terá que relatar cada uma daquelas mortes para as famílias das vítimas. Lembra-se das palavras de Sharem, e, embora concorde com elas, não consegue tranquilizar sua consciência. Respira fundo, desvia o olhar dos corpos. "Foi necessário, não havia outro jeito", diz para si próprio, forçando-se a acreditar.
- Senhor, ali, veja!
Os homens correm e formam um círculo ao redor de um corpo fumegante. Armas em punho, miras travadas. A armadura negra, inconfundível, parece estar morta, deitada de bruços sobre um tapete de cadáveres dos outrora bravos soldados do primeiro batalhão. Fissuras incandescentes ao longo da armadura produzem a fumaça branca, mas, fora as fissuras, ela não aparenta maiores danos.
- Comandante, quais são suas ordens? - inquere o tenente.
Um sentimento de alívio pouco a pouco vai invadindo Fabrício. Ele teve que tomar uma decisão dramática, porém, os fins justificaram os meios, e a temida inimiga agora jazia inerte e avariada diante dele, como um troféu de caça.
- Preparam as correntes. Vamos prendê-la.
Palavras de protesto surgem no ar.
- Mas, senhor, ela é uma ameaça a segurança nacional! Devemos destruí-la imediatamente, usar os lança-chamas! - responde um sargento, seguido por palavras de apoio dos outros homens.
- Não! A tecnologia que essa armadura contém é incomensurável! Vamos tirá-la da invasora, depois, vou matá-la pessoalmente, fazendo-a saber o nome de cada um dos homens que matou!
Mais protestos.
- Senhor, com todo o respeito, ela é perigosa de mais!
Um sinal de alerta surge nos visores dos soldados, que, aturdidos, olham para todos os lados procurando por uma ameaça oculta. Fabrício arregala os olhos: em seu visor tático, dois objetos monstruosos surgem nos céus, exatamente sobre o local do bombardeio.
As sombras colossais produzidas pelas imensas naves cobrem toda a tropa, enchendo os batalhões de medo. Os soldados abrem fogo, os canhões disparam e os caças lançam seus misseis restantes. Os projéteis explodem no ar, barrados por algum tipo de campo de energia. Círculos brilhantes formam-se na parte de baixo da fuselagem das naves, então, quatro grandes explosões fazem o chão tremer, desmantelando tanques e robôs como se eles fossem feitos de plástico, despedaçando os corpos de milhares de soldados como se eles fossem feitos de papel.
Fabrício se joga de costas no chão, o coração quase arrebentando o peito. O rádio está mudo, um zunido agudo preenche seus ouvidos. Ele olha em volta: blindados em chamas, soldados em prantos tentando socorrer seus irmãos feridos, desespero, morte e caos. Os dois batalhões desmantelados, vencidos, de joelhos. "Não! Não pode ser!" Ele olha para o céu e vê uma das naves invasoras aproximando-se, descendo verticalmente e calmamente. A coisa lembra em sua forma um antigo navio de guerra, mas é muito maior, branca, cheia de antenas e turbinas. Então, ele consegue identificar três letras pintadas na barriga da nave, formando a sigla VNR.
Fabrício desmaia. Os soldados que ainda estão inteiros tentam recuar, fugindo para a cidade. Outros buscam abrigo nos destroços dos blindados. A nave de combate fica cada vez mais próxima do chão, levantando colunas de poeira e fumaça enquanto suas turbinas flexionam-se para o pouso.
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André Luis Almeida Barreto
Aspirante a escritor, inquieto por natureza, ainda tenho vontade de mudar o mundo ou pelo menos colocar um monte de gente para pensar. Viciado em livros, games, idéias loucas e sempre procurando coisas que desafiem minha imaginação.
Faz pouco tempo que descobri esse blog, então eu não conhecia sua história.
ResponderExcluirJá dei uma olhada por cima e vi que já são muitos capítulos então eu vou demorar um pouco pra ler tudo, mas pela introdução parece ser muito boa.
Valeu, Malu! Bem vinda!
ExcluirOi André, comecei a acompanhar mês passado e é a primeira vez que vejo a postagem de sua história, que já tá bem avançada. Vou lá pro começo e ver como a história se desenvolve, li algumas partes do texto que você trouxe hoje e gostei da forma que você escreve, desejo sucesso e sorte :)
ResponderExcluirObrigado, Lili! Seja bem vinda!
ExcluirAbré!
ResponderExcluirInvasão no sistema militar e aviso de pane em Amanda, genial!
Acho demais sua criatividade e traz sempre grandes novidades e reviravoltas para série.
Fico sempre no aguardo do próximo capítulo.
Bom feriado!
“Saber envelhecer é a grande sabedoria da vida.” (Henri Amiel)
Cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA DE JUNHO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
Obrigado pelo carinho, Rudy! Abraços!
ExcluirOlá!
ResponderExcluirConheci o blog há pouco tempo, então ainda não conhecia essa história.
Mas dei uma olhada por cima e parece ser muito boa. Vou tentar ler desde o começo pra ficar em dia com essa leitura <3
Beijos
: )
ExcluirNo aguardo!
André!!!
ResponderExcluirMesmo lendo as poucas partes aqui já tenho a noção da excelente escrita desenvolvida, parabéns mais uma vez.
Até mais!!!
Marília, muito grato!
ExcluirEsta repleto de ação o que é muito bom e infelizmente de mortes, mas é difícil evitá-las nessas batalhas, na luta do bem contra o mal ou vice versa não tem como escapar delas. Impossível não ficar impressionada com a Amanda ela é fogo.
ResponderExcluirMaria, Amanda acabou ficando bem complexa, e essas mortes todas terão uma consequência...
ExcluirObrigado!
Eu adorei ler. Desde o ambiente até a reviravolta. Quero ler maissss!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirObrigado, Ludmila!
ExcluirBom, faz um tempinho que não acompanho a bookserie Engenharia Reversa, o que é uma pena, pois eu adorava acompanhar esta história repleta de ação, mas gostei muito de ler a parte XXXII, deu para se atualizar um pouco sobre a história.
ResponderExcluirTá pertinho do final! Obrigado, Mariele.
ExcluirOlá! Parabéns pelo capítulo, cheio de ação e adrenalina, e esse final hein, aguardando o próximo.
ResponderExcluirObrigado, Elizete.
ExcluirOla,
ResponderExcluirJa estava sentido falta dos capítulos de Engenharia Reverva. Aqui tem muitas ação, aventura e muito mas, gostei desse novo episódio e me deixou curiosa como acontecerá com o próximo.
Valeu, Lily!
ExcluirOi André.
ResponderExcluirEu adorei o capítulo de hoje, estou acompanhando a história já a algum tempo e curtir bastante os diálogos, fiquei curiosa para enfim quando eu chegar essa parte, entender tudo melhor.
Parabéns e muito sucesso a você.
Bjs.
Pois, Marlene, acho que vc nem era tão fã de ficção científica...rs, que bom que está curtindo! Bjs!
ExcluirOlá André!
ResponderExcluirQue bom que trouxe mais um capítulo, estava ansiosa e curiosa esperando...
Adorei a aventura, a reviravolta tem trouxe ... qria ler mais!
Bjs
Em breve a continuação! Obrigado, Aline, bjs!
ExcluirOlá André ;)
ResponderExcluirNão acompanho o blog faz muito tempo, então não conhecia suas histórias, mas posso afirmar que me empolguei!
Você tem uma escrita ótima, e me empolguei durante a leitura.
Já vou até o primeiro capítulo começar a leitura! Te desejo muito sucesso!
Abç
Agradecido, Isabela! Abraço!
ExcluirOlá André,
ResponderExcluirFaz alguns meses que não consigo acompanhar o andamento da bookserie, tive alguns contratempos e só agora estudar voltando a rotina. Vou me organizar e tentar ler desde o início novamente (não lembro até que parte li).
Gostei desse capítulo, a trama está bem elaborada e envolvente, repleta de ação, batalhas e reviravoltas, estou ansiosa para saber o que vem a seguir.
Parabéns pela sua escrita!
Valeu, Micheli. É assim mesmo, nem sempre sobra tempo para tudo que queremos. Obrigado!
ExcluirOpa, tava aqui esperando por uma resenha e temos uma história sua André? Que legal, sou nova aqui no blog e não li as outras partes ainda. Vou correr pra ver pois gostei da sua escrita, parabéns pela criatividade também!
ResponderExcluirOi, André!!
ResponderExcluirGostei bastante do capítulo!! Estou um pouco atrasada nas minhas leituras mas vou começar a acompanhar a sua história.
Bjoss
"...afinal, ela é só uma mulher vestida com uma armadura avançada" e "Nós somos muitos, ela é apenas uma!" foi hilário! rsrs...
ResponderExcluirCuriosíssima para saber o que acontecerá!
Parabéns por mais esse capítulo, André!
Abraços.