Ed. Verus, 2017 - 266 páginas |
- "É possível justificar o mal quando há a intenção de fazer o bem? Uma trama complexa de suspense e jogos psicológicos. Atormentado por achar que não faz o suficiente para tornar o mundo um lugar melhor, William, um respeitado psicólogo infantil, tem a chance de realizar um estudo que pode ajudar a entender o desenvolvimento da maldade humana. Porém a proposta, feita pelo misterioso David, coloca o psicólogo diante de um complexo dilema moral. Para saber se é um homem cruel por ter testemunhado o brutal assassinato de seus pais quando tinha apenas oito anos, David planeja repetir com outras famílias o mesmo que aconteceu com a sua, dando a William a chance de acompanhar o crescimento das crianças órfãs e descobrir a influência desse trauma no desenvolvimento delas. Mas até onde William será capaz de ir para atingir seus objetivos?"
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Confesso que ainda estou um pouco atordoada com esse livro.
O Sorriso da Hiena é um livro surpreendente de tantas formas diferentes que ainda estou tentando me situar.
Logo no prólogo do livro, o autor mostra a que veio e descreve de forma bastante real um assassinato duplo, com uma criança por testemunha. A cena é descrita sem sensacionalismo, mas ainda assim é suficientemente chocante. Temos um salto de vinte e quatro anos e a história começa com um crime exatamente igual ao do prólogo: novamente uma criança de oito anos assistindo o assassinato dos pais.
David, o assassino atual (e isso não é spoiler porque está na sinopse), planeja reproduzir com outras crianças o trauma que ele mesmo sofreu na infância. O objetivo é determinar se uma pessoa nasce cruel ou se o mundo a torna assim.
Para isso, ele entra em contato com William, um psicólogo infantil que ficou famoso no meio por escrever uma tese sobre a relevância de eventos violentos no desenvolvimento do caráter de alguém. David oferece a William a possibilidade de estudar os casos das crianças que pretende matar e assim dar continuidade ao estudo iniciado, dessa vez com objetos reais. O dilema moral do psicólogo vai ser o fio condutor de boa parte da história.
Em paralelo a isso temos Arthur, o detetive designado pra investigar o assassinato. Arthur tem síndrome de Asperger (que é uma desordem do espectro autista), o que significa que ele tem uma certa inabilidade para lidar com interações sociais. Parece uma informação gratuita, mas o jeito com que o detetive lida com as situações, além de ser engraçado de se observar, faz todo sentido dentro da trama.
Existem outros personagens, todos eles extremamente bem construídos, mas esses três aí são os principais.
Você sabe quem é o assassino desde os primeiros capítulos, mas isso não faz com que história deixe de ser interessante, muito pelo contrário. Não precisar tentar descobrir quem é o vilão, permite que você preste atenção nas coisas que o autor quer que sejam notadas.
O narrador onisciente alterna entre os pontos de vista dos personagens principais e o ponto de vista das vítimas, o que torna algumas cenas ainda mais chocantes. Os diálogos parecem coisas que pessoas reais diriam, é quase como se tudo aquilo tivesse acontecido de verdade (ou pudesse acontecer a qualquer momento).
Parece que algumas pessoas se incomodaram com o fato de o livro não ter uma ambientação muito precisa, mas isso não me incomodou nem um pouco. Acho que já temos muitos livros nacionais carregados de regionalismos. Além do mais, o autor descreve os ambientes de forma bastante satisfatória mesmo sem dizer exatamente em que cidade os eventos se desenrolam. Não vejo a menor necessidade de enfiar um sotaque qualquer e descrever pontos turísticos. Não acrescentaria em nada nessa história.
Um thriller bem escrito é uma coisa linda/rara de se ler. E esse livro é tão redondo, tão fechadinho que chega a dar um quentinho no coração da gente. Sem pontas soltas, sem perguntas não respondidas. Até o título o autor se deu ao trabalho de explicar.
Ao final da história eu sabia tudo que eu precisava saber.
Fiquei pensando sobre o livro várias horas depois de terminar a leitura? Fiquei. Mas não porque precisei aparar sozinha as pontas soltas, e sim porque fiquei ruminando os dilemas morais propostos.
Gustavo Ávila, se você estiver lendo issoé porque eu te sequestrei, amordacei e ameacei cortar sua língua se não lesse, quero que saiba que você tá muito no “caminho certo”! O Sorriso da Hiena é um dos melhores livros que li esse ano e saber que foi escrito por alguém nascido e criado em terras tupiniquins me enche de um orgulho (estranhamente nacionalista) e de esperança quanto ao meu próprio livro (que ainda não foi escrito, mas talvez um dia seja). Espero que você continue escrevendo e sendo publicado.
E no episódio (ou na resenha) de hoje aprendemos que:
a) Talvez seja possível justificar o mal quando há intenção de fazer o bem. Ou talvez não.
b) Um livro pode ter vários plot twits e ser surpreendente mesmo quando você sabe quem é o assassino.
c) As hienas não sorriem por estarem felizes.
Então, por hoje é só.
Até a próxima.
Logo no prólogo do livro, o autor mostra a que veio e descreve de forma bastante real um assassinato duplo, com uma criança por testemunha. A cena é descrita sem sensacionalismo, mas ainda assim é suficientemente chocante. Temos um salto de vinte e quatro anos e a história começa com um crime exatamente igual ao do prólogo: novamente uma criança de oito anos assistindo o assassinato dos pais.
David, o assassino atual (e isso não é spoiler porque está na sinopse), planeja reproduzir com outras crianças o trauma que ele mesmo sofreu na infância. O objetivo é determinar se uma pessoa nasce cruel ou se o mundo a torna assim.
Para isso, ele entra em contato com William, um psicólogo infantil que ficou famoso no meio por escrever uma tese sobre a relevância de eventos violentos no desenvolvimento do caráter de alguém. David oferece a William a possibilidade de estudar os casos das crianças que pretende matar e assim dar continuidade ao estudo iniciado, dessa vez com objetos reais. O dilema moral do psicólogo vai ser o fio condutor de boa parte da história.
Em paralelo a isso temos Arthur, o detetive designado pra investigar o assassinato. Arthur tem síndrome de Asperger (que é uma desordem do espectro autista), o que significa que ele tem uma certa inabilidade para lidar com interações sociais. Parece uma informação gratuita, mas o jeito com que o detetive lida com as situações, além de ser engraçado de se observar, faz todo sentido dentro da trama.
Existem outros personagens, todos eles extremamente bem construídos, mas esses três aí são os principais.
“Eu sei que não é uma coisa fácil. Mas é racionalmente coerente. E a verdade é que eu vou continuar matando, sr. William, porque é isso que eu sou. E eu sei que o senhor pode pegar esse mal e transformar em uma coisa boa, porque é isso que o senhor é.”
Você sabe quem é o assassino desde os primeiros capítulos, mas isso não faz com que história deixe de ser interessante, muito pelo contrário. Não precisar tentar descobrir quem é o vilão, permite que você preste atenção nas coisas que o autor quer que sejam notadas.
O narrador onisciente alterna entre os pontos de vista dos personagens principais e o ponto de vista das vítimas, o que torna algumas cenas ainda mais chocantes. Os diálogos parecem coisas que pessoas reais diriam, é quase como se tudo aquilo tivesse acontecido de verdade (ou pudesse acontecer a qualquer momento).
Parece que algumas pessoas se incomodaram com o fato de o livro não ter uma ambientação muito precisa, mas isso não me incomodou nem um pouco. Acho que já temos muitos livros nacionais carregados de regionalismos. Além do mais, o autor descreve os ambientes de forma bastante satisfatória mesmo sem dizer exatamente em que cidade os eventos se desenrolam. Não vejo a menor necessidade de enfiar um sotaque qualquer e descrever pontos turísticos. Não acrescentaria em nada nessa história.
Um thriller bem escrito é uma coisa linda/rara de se ler. E esse livro é tão redondo, tão fechadinho que chega a dar um quentinho no coração da gente. Sem pontas soltas, sem perguntas não respondidas. Até o título o autor se deu ao trabalho de explicar.
Ao final da história eu sabia tudo que eu precisava saber.
Fiquei pensando sobre o livro várias horas depois de terminar a leitura? Fiquei. Mas não porque precisei aparar sozinha as pontas soltas, e sim porque fiquei ruminando os dilemas morais propostos.
Gustavo Ávila, se você estiver lendo isso
E no episódio (ou na resenha) de hoje aprendemos que:
a) Talvez seja possível justificar o mal quando há intenção de fazer o bem. Ou talvez não.
b) Um livro pode ter vários plot twits e ser surpreendente mesmo quando você sabe quem é o assassino.
c) As hienas não sorriem por estarem felizes.
Então, por hoje é só.
Até a próxima.
Andressa Freitas
Mineira, aspirante à escritora e estudante de cinema. Se pudesse moraria em uma biblioteca, como não posso, estou empenhada em transformar minha casa no mais próximo disso possível. Viciada em séries e filmes, adoro ler, comer e viajar. Nerd assumida, fotógrafa de profissão, amo aprender coisas novas e imaginar histórias alternativas pra absolutamente tudo.
Cortesia do Grupo Editorial Record
*Sua compra através dos links deste post geram comissão ao blog!
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Vi a divulgação desse livro em vários lugares, mas nunca tive a curiosidade de ler a sinopse dele.
ResponderExcluirAgora que li pensei o porquê de ter perdido a chance de ler esse livro.
A sinopse me agradou e a sua resenha só me fez querer ler logo. Adoro um bom suspense e já quero ler esse sem dúvida.
Ps.: Adorei as fotos.
Estou chocada com essa sinopse, e completa envolvida ao mesmo tempo.
ResponderExcluirAdoro suspense psicológico porque consegue completamente focar minha mente no livro e só consigo aquietar quando acabo livro.
É uma tema bem forte, e que pode ser completamente reflexivo.
A capa não chamou muita atenção, mas a sinopse me ganhou.
Saber que é um livro nacional ainda, empolgou mais ainda a leitura e com certeza já tá como próximo!
Beijinhos
She is a Bookaholic
Andressa!
ResponderExcluirGosto dos livros no estilo, onde podemos confrontar determinados comportamentos do que é ou não ético, principalmente relacionado a pesquisas ‘científicas’ que poderão possibilitar comportamentos futuros sobre determinado assunto e posicionamento.
Se os protagonistas são cativantes e bem estruturados pelo autor, fica ainda melhor de fazer a leitura.
Desejo uma ótima semana!
“A vida guarda a sabedoria do equilíbrio e nada acontece sem uma razão justa.” (Zíbia Gasparetto)
Cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA DE AGOSTO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
Oi Andressa! Tudo bem?
ResponderExcluirEngraçado que a cada resenha que leio deste livro sinto mais e mais vontade de lê-lo, já disse a diversos amigos blogueiros "vou colocar na minha wishlist" porque é simplesmente sensacional um livro como este, com capa e premissa impecáveis até onde pude ver. Acredito que não irei me arrepender de compra-lo para ler.
Adorei a resenha, e as fotos estão maravilhosas!
Grande abraço,
www.cafeidilico.com
Oi Andressa, uma boa capa, um bom suspense psicológico, bons personagens e um autor nacional parecem combinar super bem nesse livro e curti demais a resenha, segunda que leio em pouco tempo e ambas me deixaram curiosa. O autor parece propor muitos dilemas e livros que levem o leitor a refletir são sempre bem vindos *__*
ResponderExcluirAAh, esta, certamente, foi uma das resenhas mais verdadeiras e cativantes que eu já li. Ficou demais, parabéns!! Aliás, achei bem legal que o "ponto de partida" do autor foi completamente diferente dos outros livros do gênero. Bem legal ver que ele posicionou com maestria o que seria o foco da obra. Nao curto o gênero, mas torço muito pelo autor e pelo seu sucesso a partir de agora, parece ser muito talentoso.
ResponderExcluirHum thriller com pegada psicológica,faz muito meu estilo.
ResponderExcluirAté o título tem explicação?Interessante,fiquei curiosa agora.
Boa resenha, boa nota,esse livro não me é estranho,certeza que já ouvi falar dele antes..
Oi Andressa.
ResponderExcluirEu li várias resenhas positivas sobre esse livro mas também li algumas muito negativa, Então eu não sei bem o que pensar a respeito desse livro O fato de que já sabe quem é o assassino nas primeiras páginas me deixou um pouco triste já que gosto de devendar mistérios, mas enfim adoro essa capa.
Bjs.
Quando comecei a ler a sua resenha e você sitou que este livro é surpreendente de tantas formas, já acabei ficando interessada em ler ele, pois gosto muito de ler livros com histórias surpreendentes, simplesmente depois de ler seus diversos comentários positivos referentes a história deste livro, não tive como não adicionar ele em minha lista de leituras, espero ler O Sorriso da Hiena em breve.
ResponderExcluirQuero muito ler esse livro parece ser muito instigante e só leio resenhas positivas sobre ele, já me perguntei isso se uma pessoa nasce cruel ou ela vai ficando com o tempo. A leitura parece ser muito envolvente e curiosa pois já se sabe quem é o assassino não tem aquele mistério em descobrir, mas mesmo assim parece deixar o leitor ansioso pelos acontecimentos.
ResponderExcluirLivro íncrivel, adoro a escrita do autor!
ResponderExcluirOlá! Já pela capa me interessei pelo livro, a sinopse só veio a confirmar ainda mais meu interesse. Quero muito saber qual será o desenrolar dessa história, quais as escolhas dos personagens e suas consequências. Saber que o livro é de um autor nacional realmente é de deixar todos nós orgulhosos.
ResponderExcluirOi Andressa, tudo bom?
ResponderExcluirAmei a resenha, ainda não conhecia o livro e nem o autor, fiquei super curiosa para ler, pois ele trata de assassinatos, mas para chamar o foco na formação da personalidade, é mais ou menos isso não é mesmo? Fico feliz que gostou do livro e que ele seja bem fechadinho, e eu sei como é isso de sentir esse orgulho de ver algo dos nossos muito bom.
Beijos *-*
Olá!
ResponderExcluirGostei bastante do livro, tem uma historia maravilhosa. A trama é muito envolvente, te faz sentir o que o persanegem sente e também a forma que a criança e torturada ao ver os pais morrer isso e horrivel. Desejo ler esse livro!
Oi, Andressa!!
ResponderExcluirPrimeiro parabéns pela resenha ficou maravilhosa!! Segundo se eu tinha alguma dúvida que esse livro é incrível não tenho mas, fiquei aqui lendo a resenha e tanto imaginar tudo que o Gustavo escreveu nessa estória maravilhosa!! Sem dúvida vou comprar esse livro pois precisamos apreciar esse thriller espetacular!!
Bjoss
Já eu fiquei atordoada apenas lendo a sinopse, imagina então quando eu terminar de ler O Sorriso da Hiena?! Kkk
ResponderExcluirCurto thriller e sou uma leitora de livros nacionais, e com certeza vou colocar O Sorriso de Hiena na minha lista de leitura, não vejo a hora de conhecer essa obra do Gustavo Ávila!
Abraços, e valeu pela dica!
Confesso que quero ler mais pra dar a minha opinião, do que pela história.
ResponderExcluirNão curto esse gênero, mas as resenhas que li ou amam ou odeiam, não posso falar do que não sei então pretendo ler, só não agora.