Ed. Morro Branco, 2016 - 336 páginas |
- "Peggy é uma menina de 8 anos que vê seu mundo mudar quando, um dia, seu pai diz que eles vão tirar umas férias. Mas, a realidade é que os dois estão partindo para uma cabana no meio de uma floresta. Chegando lá, seu pai lhe diz que todas as pessoas do mundo morreram e que só restaram os dois. A partir de agora, eles deverão sobreviver na floresta, contando apenas um com o outro."
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"Estávamos sempre ocupados, ocupados demais para que eu questionasse por que nossos quinze dias de viagem estavam se transformando em três semanas e depois em um mês". (p. 121)
Oi pessoas, tudo bem? Ultimamente eu tenho tido muita dificuldade em focar nas leituras, por mais que eu esteja gostando da história, nada de fato me prendia. Até que um dia eu acordei com a vontade de ler algo da editora Morro Branco. Sou apaixonada pelo catálogo deles e ainda não tinha lido nenhuma de suas publicações. Bem aleatoriamente escolhi Nossos Dias Infinitos e adorei a minha escolha.
Terminei essa leitura recentemente e ainda não consegui digerir muito bem a história. Quando mais eu penso nela, mais angústia eu sinto por tudo que essa criança passou. O que fica subentendido nas entrelinhas é o que mais tem me pegado, me fazendo sentir ódio, raiva e outros sentimentos nesse sentido.
Peggy mora com seus pais em uma casinha em Londres. Sua mãe é uma pianista consagrada e seu pai não trabalha. Ele foca todo o seu tempo montando um abrigo nuclear no porão de casa, pois acredita que o fim está próximo. Por conta disso, participa de um grupo de sobrevivencialistas, que discutem estratégias para sobreviverem à esse evento. O pai é tão focado nisso, que começa a treinar a filha, para que esteja preparada quando necessário.
A mãe de Peggy vai para uma turnê na Alemanha e ela fica sozinha com o pai. Os dois começam uma rotina onde a menina não vai para a escola e eles vivem aventuras no jardim, dormindo em barraca e aprendendo a caçar animais que rodeiam por ali. Um dia a mãe de Peggy liga e essa ligação muda tudo, pois no dia seguinte o pai dela diz que eles vão tirar férias, indo para die Hütte. Essa viagem vai marcar uma transição na vida da Peggy, que é iludida de que o mundo acabou.
O livro é narrado pelo ponto de vista da Peggy e logo no início temos duas certezas: ela passou oito anos morando na floresta com o pai, acreditando que o mundo havia acabado e que todos tinham morrido, e que ela conseguiu escapar, de alguma forma. A narrativa intercala entre o presente - ela de volta em casa, e o passado - os dias na floresta. Percebemos que toda essa experiência mudou a menina e você acaba se questionando se tudo que ela nos mostra é verdade ou não.
Tive dois sentimentos predominantes enquanto eu lia a história. O primeiro era pena e tristeza por tudo que Peggy estava passando. Ela não pediu para ter o seu mundo virado ponta cabeça e as coisas pela quais ela passa fica bem marcado na gente. A segunda é o ódio que crescia em mim em relação ao pai. Senti que ele tinha sérios problemas, era extremamente infantil, chegando a ser cruel com a filha em alguns momentos. Nunca senti uma aversão tão grande a um personagem como senti com esse cara.
A escrita da autora é poética e leve, e mesmo sendo uma história sem muita ação, você se sente impelido a continuar, a entender até onde as coisas vão chegar e quando irão acabar. A autora não abrange nas descrições e com certeza, a sua escrita é um dos pontos fortes da narrativa.
Nossos Dias Infinitos trás uma história que incomoda. Ela fala sobre a perda de diversas maneiras, como a perda da infância, da inocência, da vida. Mostra o quão extremista alguém pode ser por aquilo que acredita. Fala sobre dor, sobre o limite que o ser humano chega ao estar tanto tempo no isolamento e fala sobre como essa experiência traumática pode mexer com a sua cabeça. Quem passa por algo assim não sai ileso, sempre tem algumas sequelas, algumas maiores do que as outras. Depois de ler você ainda vai ficar bastante tempo pensando sobre ele e sobre tudo o que não foi dito. É um livro intenso, mas muito bem escrito. E que vale demais a leitura.
Gabriela Erler
Gabriela do blog Reino da Loucura, ou simplesmente Gabis. Germiniana, 22 anos, capixaba. Viciada em livros, séries, músicas e maratonas literárias. Apaixonada por azul, roxo e inverno. Formada em Pedagogia e se tudo der certo, futuramente Psicologia. Uma garota um pouco estressada que morre de medo do futuro.
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Oi, Gabriela.
ResponderExcluirPara uma criança, seria difícil ter que digerir e lidar tudo isso e enfrentar tudo o que vem pela frente, ainda que ela tivesse o seu pai, que aliás, ao meu ver é completamente louco por manter a própria filha à mercê e privada do mundo.
Imagino como deve ter ficado o psicológico dela após toda a descoberta.
Também não conheço muitos livros da Editora, mas pelo que vi em posts com lançamentos, é uma das grandes promessas na literatura, até por caprichar muito em suas capas e diagramações!
ResponderExcluirNão conhecia este livro,mas já está indo para a lista de desejados. Fiquei lendo a resenha e imaginando o sofrimento de Peggy. Me lembrou muito O Quarto de Jack, talvez por este se isolar de tudo e se tratando de uma criança tão novinha.
Espero poder sentir essa angústia.
Beijo
Oii Gaby!!
ResponderExcluirAmei conhecer o livro, o enredo parece ser lindo, msm que a leitura incomode um pouco eu creio que a autora fez com que seja de uma grande importância passar essa sensação aos leitores, fiquei mega curiosa pra ler e conhecer a escrita, espero ter uma chance de ler em breve.
Bjs!!
Simplesmente encantado com a sugestão de leitura. Enredos assim nem precisam ter ação porque a situação por si já é tão intensa que nos liga à história. Quando a escrita é bem feita é impossível não se envolver. Fico imaginando cada passo desse mundo criado em que Peggy passou a viver e acreditar. A edição parece estar linda. Excelente resenha.
ResponderExcluir*☆* Atraentemente *☆*
Oi, Gabriela!
ResponderExcluirNão curto livros intensos, prefiro livros com histórias leves e simples, só de ler sua resenha e imaginar o que a Peggy passou acreditando que só restava ela e o pai no mundo é de partir o coração, achei bem tenso... por isso eu não leria Nossos Dias Infinitos, mas com certeza essa é uma ótima dica para quem gosta do gênero... Abraços!
Gabi!
ResponderExcluirPor que o pai a afasta de tudo e diz que todos morreram, inclusive a mãe dela, se ainda estão vivos?
E outra coisa que gostei foi ver que o livro alterna passado e presente, Gosto muito desse artifício.
“A sabedoria superior tolera, a inferior julga; a superior perdoa, a inferior condena.” (Augusto Cury)
cheirinhos
Rudy
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Oi Gabriela, pela resenha deu pra perceber que a história marca e que é bem angustiante e pra histórias assim eu tenho que preparar meu psicológico, principalmente pra aguentar não poder entrar e dar uns sopapos nesse pai que parece ser louco e odioso. Essa é a primeira resenha que leio desse livro, que parece ser bem intenso e valer a pena a leitura ;)
ResponderExcluirOlá Gabi,
ResponderExcluirQue história mais original, eu esperava algo no estilo do filme Mama e me surpreendi com a resenha. Se eu já senti raiva do pai, imagine quem está envolvido na leitura, não consigo se quer pensar quais os motivos levarem ele a fazer isso além de seu fanatismo por aquilo que acredita, sem dúvidas uma grande crítica.
Beijos
A Morro Branco tem vários livros interessantes no catálogo, mas preciso dizer que ainda não li nenhum. Nossos Dias Infinitos chamou minha atenção logo na primeira vez que eu vi a sinopse e fiquei bem animada pra ler sua resenha porque não é um livro tão comentado. Gosto bastante de livros narrados por crianças. Fiquei fazendo alguns questionamentos sobre algumas coisas que você comentou e acho que vou sentir os mesmos sentimentos durante a leitura. Apesar de ser forte, intenso e triste parece ser uma leitura bem válida. Daquelas que você fica pensando muito tempo depois que acaba.
ResponderExcluirOi Gabriela,
ResponderExcluirHum, Morro Branco, ainda não conheço editora.
Quando li a sinopse fiquei um tanto confusa, não entendi bem para onde a história está sendo guiada, mas pela resenha consegui entender um pouco mais.
Ponto positivo a autora ter uma escrita poética, isso me cativa.
Primeiramente que capa maravilhosa...adorei a resenha adoro livros que mexem com o psicológico e tenho certeza que Peggy tem muito a dizer nesse livro,me lembrei de um filme onde o cara acreditava piamente no fim do mundo construiu um abrigo subterrâneo treinou a família para usa-ló e em troca os amigos acreditavam que ele era louco a mulher obrigou ele vender a propriedade e no fim das contas o mundo acabou mesmo,no caso desse livro creio que o pai de Peggy roubou a infância da filha por fanatismo...
ResponderExcluirOi!
ResponderExcluirA capa desse livro esta maravilhosa a editora Morro Branco caprichou, a historia desse livro me surpreendeu pois não esperava esse tipo de historia, realmente já na resenha fiquei com raiva do pai da Peggy, suas atitudes me indignaram, fiquei curiosa sobre a escrita da autora e como ela vem retratar essa outras perdas !!
Oi, Gabi!!
ResponderExcluirAchei a história bem interessante, deve ser difícil ler um livro onde um pai afasta a filha do convívio da família e sociedade e a leva para uma cabana isolada. Sem dúvida a Peggy sofreu muito nos oito anos que passou nesse ambiente tão hostil.
Bjos