Ed. Alfaguara, 2015 - 296 páginas |
- "Eunice Paiva é uma mulher de muitas vidas. Casada com o deputado Rubens Paiva, esteve ao seu lado quando foi cassado e exilado, em 1964. Mãe de cinco filhos, passou a criá-los sozinha quando, em 1971, o marido foi preso por agentes da ditadura, a seguir torturado e morto. Em meio à dor, ela se reinventou. Voltou a estudar, tornou-se advogada, defensora dos direitos indígenas. Nunca chorou na frente das câmeras. Ao falar de Eunice, e de sua última luta, desta vez contra o Alzheimer, Marcelo Rubens Paiva fala também da memória, da infância e do filho. E mergulha num momento negro da história recente brasileira para contar — e tentar entender — o que de fato ocorreu com Rubens Paiva, seu pai, naquele janeiro de 1971."
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O fantasma insepulto
Em meu primeiro contato com Marcelo Rubens Paiva, tinha pouco mais do que 13 anos. Deu-se através do megassucesso “Feliz ano velho” que contava as aventuras e desventuras autobiográficas de um jovem que curtia a vida imprudentemente e por um golpe infeliz do destino se tornou tetraplégico. Não havia vitimização, ele falava minha língua e tive que aguardar um bom tempo para ansiosamente ler seu segundo romance já como fã.
Seu romance posterior foi “Blecaute”, eu ainda era um moleque, criado sob os rígidos cânones da igreja, um católico apostólico romano em vias de me jogar pelo mundo. Acabei não entendendo a proposta. Era um livro de ficção científica, bem diferente do livro pelo qual havia me apaixonado, um enredo apocalíptico com um viés de homossexualidade que ainda me incomodava. Sei que este livro merece uma segunda leitura com a bagagem que carrego atualmente.
Isso explica o hiato tão grande para voltar a ler o autor. Nunca me esqueci do seu livro de estreia e queria uma continuação daquele livro, um resgate dos tempos de chumbo, porém com uma visão mais madura daquele período, uma prestação de contas. Quando me deparei com Ainda estou aqui (Alfaguara, 295 páginas) percebi que o momento era este. Aos poucos fui compreendendo que este livro não era sobre a ditadura, mas também era. O foco principal, a grande estrela deste livro é Eunice Paiva, mãe de Marcelo e esteio da família.
Eunice Paiva, que também teve sua vida maculada pela brutalidade de uma rápida prisão sem sentido, não se deixou abater, cabeça erguida tocou a vida como era de se esperar de uma mulher de fibra, sempre em busca de justiça e do paradeiro de seu marido desaparecido. Isso tudo com 5 filhos para criar, entre eles Marcelo Rubens Paiva.
Num cenário idílico Marcelo se refestelava antes de tudo virar cinzas. . É neste contexto que temos o desabafo doído e catártico da criança Marcelo Rubens Paiva que queria atenção, abraço, afeto.
Apesar deste dissabor Marcelo era feliz, sem contratempos, com conforto. A vida que toda criança quer. Seu pai, o deputado Rubens Paiva, homem simpático e sorridente lutava contra o regime ditatorial e opressor. Sua mãe, Eunice, vivia em seu próprio mundo, entre livros, mantendo certo distanciamento maternal preenchido pelo restante de uma grande família espalhafatosa e italiana.
De um momento para o outro o chão some sob seus pés e a queda é desumana, cruel, irracional. Seu desaparecido pai se torna um bandido, sua mãe cúmplice, ele e seus irmãos párias, pessoas a serem evitadas. Imaginem o caos e como seria fácil aos inimigos se aproveitar de uma situação como esta para se vingar ou se locupletar da desgraça alheia.
A mensagem era esta mesma e o slogan em voga dizia tudo: “Brasil ame-o ou deixe-o”. Trata-se do golpe militar. Censura de livros, peças, filmes. O Estado passa a subjugar os “inimigos do povo” patrocinando a tortura. Artifício da Idade Média que deveria ter se extinguido por lá. É humilhante, um ritual de bestialidade sem proporções. No Brasil se criou o “pau de arara”, know how exportado para outros países da América afora. Não se trata de justiça, é a vingança, o endemoniamento puro e simples do sistema.
Ouvimos depoimentos aqui, relatos acolá, mas só quem viveu estes dias na pele têm propriedade para falar. Estamos à deriva neste mar revolto cheio de mentiras e algumas poucas meias verdades. Cada um dos lados expõe suas razões, se desculpam, se digladiam, mas o que não consigo perdoar é a barbárie nos porões. Isso não era uma guerra, como um dos lados se justificaria, era um massacre.
Diante de tal cenário, Eunice se reinventou. Não esmoreceu em sua luta. Não queria vingança, achou que com a redemocratização se faria justiça, justiça essa que creio nunca foi feita. E quem foi esta mulher forjada no aço?
Mas em que se transformou a mãe Eunice após tantas lutas e tantos revezes? Aquela dos 5 filhos? Filhos que não se deram ao luxo da orfandade já que não havia cadáver do pai desaparecido para sepultarem. Ela continua lutando incessantemente, só que agora contra uma doença que insiste em apagar o passado.
E este é mais um dos motivos para que este livro seja lido. Para que aquele momento triste de nossa história não seja esquecido, para que possamos entender o que de fato aconteceu e para que a memória desta lutadora incansável seja preservada, mesmo que a dela esteja se esvaindo lentamente.
O fantasma do pai percorre seus sonhos e sua mãe Eunice grita: “Ainda estou aqui”. Isso basta!
Em meu primeiro contato com Marcelo Rubens Paiva, tinha pouco mais do que 13 anos. Deu-se através do megassucesso “Feliz ano velho” que contava as aventuras e desventuras autobiográficas de um jovem que curtia a vida imprudentemente e por um golpe infeliz do destino se tornou tetraplégico. Não havia vitimização, ele falava minha língua e tive que aguardar um bom tempo para ansiosamente ler seu segundo romance já como fã.
Seu romance posterior foi “Blecaute”, eu ainda era um moleque, criado sob os rígidos cânones da igreja, um católico apostólico romano em vias de me jogar pelo mundo. Acabei não entendendo a proposta. Era um livro de ficção científica, bem diferente do livro pelo qual havia me apaixonado, um enredo apocalíptico com um viés de homossexualidade que ainda me incomodava. Sei que este livro merece uma segunda leitura com a bagagem que carrego atualmente.
Isso explica o hiato tão grande para voltar a ler o autor. Nunca me esqueci do seu livro de estreia e queria uma continuação daquele livro, um resgate dos tempos de chumbo, porém com uma visão mais madura daquele período, uma prestação de contas. Quando me deparei com Ainda estou aqui (Alfaguara, 295 páginas) percebi que o momento era este. Aos poucos fui compreendendo que este livro não era sobre a ditadura, mas também era. O foco principal, a grande estrela deste livro é Eunice Paiva, mãe de Marcelo e esteio da família.
(...) Ela ergueu o atestado de óbito para a imprensa, como um troféu. Foi naquele momento que descobri: ali estava a verdadeira heroína da família; sobre ela que nós, escritores, deveríamos escrever.
Eunice Paiva, que também teve sua vida maculada pela brutalidade de uma rápida prisão sem sentido, não se deixou abater, cabeça erguida tocou a vida como era de se esperar de uma mulher de fibra, sempre em busca de justiça e do paradeiro de seu marido desaparecido. Isso tudo com 5 filhos para criar, entre eles Marcelo Rubens Paiva.
O que importa era que ela estava magra, magérrima, queimada, linda. E que a prisão não a quebrou por dentro.
Num cenário idílico Marcelo se refestelava antes de tudo virar cinzas. . É neste contexto que temos o desabafo doído e catártico da criança Marcelo Rubens Paiva que queria atenção, abraço, afeto.
(...) Minhas tias cuidavam da criançada. Eu pediria alguma delas em casamento, se pudesse. Lanches, horário, banhos. Primos mais velhos cuidavam de primos menores. Cavalo, leite da vaca, programação diurna e noturna. Minha mãe nunca aparecia. Nunca entretinha outras crianças. Tinha mais o que fazer, já que saíra a trilogia de Henry Miller. Eu não pediria minha mãe em casamento.
Apesar deste dissabor Marcelo era feliz, sem contratempos, com conforto. A vida que toda criança quer. Seu pai, o deputado Rubens Paiva, homem simpático e sorridente lutava contra o regime ditatorial e opressor. Sua mãe, Eunice, vivia em seu próprio mundo, entre livros, mantendo certo distanciamento maternal preenchido pelo restante de uma grande família espalhafatosa e italiana.
Eu era uma das crianças mais felizes do mundo.
Porém, a cortina se abriu e começou o segundo ato do espetáculo, que até então era uma farsa, mas se revelou uma tragédia. Meu pai desapareceu em 1971, no mesmo ano em que morreu meu tio mais velho, Carlos. Meu avô morreu dois anos depois. De enfarto. De tristeza. Logo depois, outro tio morreu num acidente de carro na estrada que ligava a fazenda a São Paulo. Um terremoto abriu uma fenda. O sentido de tudo se modificou. Nos perguntamos o que alimentou uma vingança tão caprichada e cruel. O que fez os deuses da felicidade se voltarem contra nós. Morreu uma prima, a mais animada, que não tinha nem dezoito anos, de uma doença misteriosa. Depois outro primo, um menino lindo, num acidente de moto em Santos.
(...) Meu pai foi preso e morto naquele ano. Me fechei. Meu olhar ficou triste, como o de nenhum outro moleque. Muitos passaram a me evitar. Eu era filho de um terrorista que atrapalhava o desenvolvimento do país, eles aprendiam com alguns pais e professores, liam na imprensa, viam nos telejornais. Meu pai era membro “do Terror”! Em 1971, eu ficava muito tempo sozinho no banco da escola. Aos poucos amigos, eu tentava explicar que meu pai não era bandido. A maioria não tinha ideia do que se passava. A censura e o milagre brasileiro cegavam.
Porém, a cortina se abriu e começou o segundo ato do espetáculo, que até então era uma farsa, mas se revelou uma tragédia. Meu pai desapareceu em 1971, no mesmo ano em que morreu meu tio mais velho, Carlos. Meu avô morreu dois anos depois. De enfarto. De tristeza. Logo depois, outro tio morreu num acidente de carro na estrada que ligava a fazenda a São Paulo. Um terremoto abriu uma fenda. O sentido de tudo se modificou. Nos perguntamos o que alimentou uma vingança tão caprichada e cruel. O que fez os deuses da felicidade se voltarem contra nós. Morreu uma prima, a mais animada, que não tinha nem dezoito anos, de uma doença misteriosa. Depois outro primo, um menino lindo, num acidente de moto em Santos.
(...) Meu pai foi preso e morto naquele ano. Me fechei. Meu olhar ficou triste, como o de nenhum outro moleque. Muitos passaram a me evitar. Eu era filho de um terrorista que atrapalhava o desenvolvimento do país, eles aprendiam com alguns pais e professores, liam na imprensa, viam nos telejornais. Meu pai era membro “do Terror”! Em 1971, eu ficava muito tempo sozinho no banco da escola. Aos poucos amigos, eu tentava explicar que meu pai não era bandido. A maioria não tinha ideia do que se passava. A censura e o milagre brasileiro cegavam.
De um momento para o outro o chão some sob seus pés e a queda é desumana, cruel, irracional. Seu desaparecido pai se torna um bandido, sua mãe cúmplice, ele e seus irmãos párias, pessoas a serem evitadas. Imaginem o caos e como seria fácil aos inimigos se aproveitar de uma situação como esta para se vingar ou se locupletar da desgraça alheia.
Todo mundo que era contra a ditadura era comunista. Todos se tornaram suspeitos, subversivos em potencial. O comunista estava na fronteira, atrás da porta, na sombra, na igreja, na escola, no cinema, no teatro, na música, no Exército, o comunista vendia pipoca, estava disfarçado em balés, óperas, podia ser seu vizinho, podia estar debaixo da sua cama, poluir o reservatório de água, dopar os bebedouros. Os comunistas tomariam o poder (...)
A mensagem era esta mesma e o slogan em voga dizia tudo: “Brasil ame-o ou deixe-o”. Trata-se do golpe militar. Censura de livros, peças, filmes. O Estado passa a subjugar os “inimigos do povo” patrocinando a tortura. Artifício da Idade Média que deveria ter se extinguido por lá. É humilhante, um ritual de bestialidade sem proporções. No Brasil se criou o “pau de arara”, know how exportado para outros países da América afora. Não se trata de justiça, é a vingança, o endemoniamento puro e simples do sistema.
Ouvimos depoimentos aqui, relatos acolá, mas só quem viveu estes dias na pele têm propriedade para falar. Estamos à deriva neste mar revolto cheio de mentiras e algumas poucas meias verdades. Cada um dos lados expõe suas razões, se desculpam, se digladiam, mas o que não consigo perdoar é a barbárie nos porões. Isso não era uma guerra, como um dos lados se justificaria, era um massacre.
(...) Sabíamos que muitos viram, muitos sabiam e nem todos concordavam com os métodos aplicados. Mas tinham medo. A máquina da repressão estava intacta. Era eficiente. Eliminava arquivos sem deixar suspeitas (...) Uma vez, um oficial me ligou, tinha presenciado a tortura do meu pai, queria me contar tudo. Morava em Guaratinguetá. Avisei ao Pedro Bial, que fazia uma matéria para o Fantástico sobre o caso. Vamos juntos. Misteriosamente, o cara sofreu um derrame quando marcamos o encontro. Coincidentemente. Apagou. Queima de arquivo?
Diante de tal cenário, Eunice se reinventou. Não esmoreceu em sua luta. Não queria vingança, achou que com a redemocratização se faria justiça, justiça essa que creio nunca foi feita. E quem foi esta mulher forjada no aço?
Uma das poucas especialistas em direito indígena, foi advogada da fundação do Gilberto Gil, foi advogada no Brasil do Sting, que doava grana para os caiapós (...)
Foi advogada de ilustres e desconhecidos, foi consultora do governo federal, do Banco Mundial, da ONU. Para onde foi todo esse conhecimento? Está à deriva na sua memória, para lá e pra cá no mar de ligações químicas (...)
Foi advogada de ilustres e desconhecidos, foi consultora do governo federal, do Banco Mundial, da ONU. Para onde foi todo esse conhecimento? Está à deriva na sua memória, para lá e pra cá no mar de ligações químicas (...)
Mas em que se transformou a mãe Eunice após tantas lutas e tantos revezes? Aquela dos 5 filhos? Filhos que não se deram ao luxo da orfandade já que não havia cadáver do pai desaparecido para sepultarem. Ela continua lutando incessantemente, só que agora contra uma doença que insiste em apagar o passado.
A memória é uma mágica não desvendada. Um truque da vida. Uma memória não se acumula sobre outra, mas ao lado. A memória recente não é resgatada antes da milésima. Elas se embaralham. Minha mãe, com Alzheimer, não se lembra do que comeu no café da manhã. Minha mãe, com Alzheimer, vê meu filho de um ano, que é a minha cara, e o reconhece(...)
Ficar ao seu lado é como ficar ao lado de um bebê, mas não é. Ela está lá. Sua história está com ela, foi vivida por ela.
Ficar ao seu lado é como ficar ao lado de um bebê, mas não é. Ela está lá. Sua história está com ela, foi vivida por ela.
E este é mais um dos motivos para que este livro seja lido. Para que aquele momento triste de nossa história não seja esquecido, para que possamos entender o que de fato aconteceu e para que a memória desta lutadora incansável seja preservada, mesmo que a dela esteja se esvaindo lentamente.
Minha mãe, aos oitenta e cinco anos, não entrou no Estágio IV (do Alzheimer), o pior de todos. Sua vida tem muitos atos. Teremos mais um. Enquanto a morte do meu pai não tem fim.
O fantasma do pai percorre seus sonhos e sua mãe Eunice grita: “Ainda estou aqui”. Isso basta!
Rodolfo Luiz Euflauzino
Ciumento por natureza, descobri-me por amor aos livros, então os tenho em alta conta. Revelam aquilo que está soterrado em meu subconsciente e por isso o escorpiano em mim vive em constante penitência, sem jamais se dar por vencido. Culpa dos livros!
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Caramba, que resenha!!!
ResponderExcluirTive contato com as letras do autor também por Feliz Ano Velho que acabei lendo e relendo algumas vezes. Na primeira vez, o escolhi como tema em uma redação na escola, mas vou confessar que não entendi muito não, apenas fiz por fazer e tirei nota alta. Tempos depois, reli e já fiz outras vezes. Não há amargura, apenas há. E isso é o diferencial.
Ainda não conhecia este novo livro dele e estou aqui encantada e triste por tudo que li acima. Não é apenas a ausência da mãe, do pai, o se criar sem os pais, mas mesmo assim recebendo todo o amor do mundo, é o sobreviver a tudo isso e com isso, fazer todos sobreviverem!
Parece ser um livro muito intenso, repleto de um misto de sentimentos que machuca só de pensar.
Vai para a lista de desejados com certeza.
Beijo
Feliz Ano Velho é uma leitura muito saborosa. Sem a tristeza que perpassa histórias de acidente, ele vai fundo no sentimento e não se deixa abater pela tetraplegia, adorei.
Excluirsó pra corrigir o que provavelmente não ficou claro na resenha, marcelo é sim criado pela mãe batalhadora, não da forma como ele queria que fosse, mas ela esteve presente em todos os momentos da vida dele. atualmente o Alzheimer entrou na disputa pela mãe e a doença é um amante mais voraz. não deixe de ler, é um livro importante! bjos
Ual Rodolfo que livro...Nunca tinha ouvido flar do autor e do livro, eu gostei mto da sinopse, e pela sua resenha o leitor pode esperar uma excelente leitura, o enredo parece mto bom, me prendeu atenção totalmente, história parece ser forte, espero conseguir ler me breve, vou add aos desejados.
ResponderExcluirBjs!
cara Aline, adicione este livro sim e não deixe de lê-lo. novamente marcelo nos traz um livro autobiográfico, memórias que compõem um vitral maravilhoso e nos demonstra como se vive uma vida intensamente ainda que devastado pelo furacão da ditadura. bjos
ExcluirOi, Rodolfo.
ResponderExcluirAcredito que a Eunice é um exemplo de perseverança por, após sofrer uma grande perda e pelos filhos, ter que se fazer uma nova pessoa. Acho que nem todas as pessoas, estando no lugar dela, iriam ter essa força.
E eu acredito que não foi fácil para o autor do livro, também ter vivenciado aquele momento de tamanha turbulência em sua família.
olá Daiane, perseverança, força, coragem, tudo em uma só pessoa. e para marcelo, reviver tantas emoções não deve ter sido tarefa fácil, mas é gratificante ler cada palavra do livro, é aprendizado! bjos
ExcluirRodolfo, este será meu primeiro livro do Marcelo. Encontrei um exemplar no finalzinho de uma feira de troca de livros, novinho, como deixaram passar? Veio comigo.
ResponderExcluirGosto demais dos temas abordados: memória, família, ditadura - e todo o mix de conflitos e dores que vem junto - e agora o tema cruel do Alzheimer. Aí eu amarelo, pq lido com alguns casos da doença e sei do sofrimento que causa a todos os envolvidos. Lembrei do filme Para sempre Alice, com a maravilhosa Julianne Moore (viu?). E tb dos livros sobre ditadura K. e Seu amigo esteve aqui (Cristina Chacel, se não leu, não deixe passar), em que caímos no abismo sem fim dessa busca, dessa espera, desse tormento recheado de cogitações e pistas falsas sadicamente plantadas para exacerbar a tortura dos parentes. Só consigo pensar: 'Deus tá vendo', e imagino que sejam 'perdoados' os que desacreditam no Criador, não há consolo, não há paz, a esperança morre a cada minuto.
Uma vez, atendendo uma pessoa com Alzheimer, imaginei aquelas fitas VHS de filmes bons que acabavam corroídas pelo mofo... o filme está todinho ali, mas algumas partes vão sendo engolidas, manchadas e até eliminadas pelo bolor, às vezes dá pra ver no fundo da imagem uma vaga lembrança da cena, mas depois não mais. É tão cruel acompanhar alguém querido que vai deixando de ser. Pq a doença vai despersonalizando o acometido, e com o mesmo poder vai ferindo filhos, companheiros e familiares. Alguém me disse certa feita que, após uma palestra, saiu envaidecida pela repercussão de sua fala, e dirigia para casa pensando que a inteligência é uma capacidade que ninguém nos pode roubar. Aí veio o 'estalo' (ou a doce voz do anjo orientador): até isso pode ser tirado de você... pelo Alzheimer.
Que resenha, meu amigo! Que choque de realidade! Que história de vida e superação Marcelo tem sido convidado a experimentar. Quero ler logo. Parabéns.
cara Manuh, você tem uma sorte incrível. se possível leia antes "feliz ano velho", cronologicamente seria interessante. não assisti a este filme de julianne moore, vou procurar. os livros que citou estão entre meus desejados também.
Excluiraos que sobreviveram aos "desaparecidos" não há paz, não corpo pra prantear, não há nada, apenas o vazio.
a analogia do alzheimer está perfeita, amiga. a pessoa "é", mas não "está". há doenças que podemos lutar, outras não há o que fazer, apenas esperar o fim. desorientador.
leia também querida, teremos muito o que prosear. bjos
Oi Rodolfo,
ResponderExcluirEssa é a primeira vez que vejo algo desse autor, não conhecia ele. E confesso que achei interessante, gostei de você ter colocado o que achou dos outros livros dele também. É bom pra gente ter uma ideia de como funciona o autor.
cara Theresa, que bom que você gostou, fico muito feliz. é sempre bom comentar o sentimento que perpassa a obra de cada autor. espero que leia também. bjos
ExcluirOlá Rodolfo
ResponderExcluirMeu primeiro contato com o autor, foi através de uma resenha desse mesmo livro no YouTube, e eu me surpreendi muito, com a forma que o livro foi descrito. O livro fala sobre a vida e família do próprio autor, a obra é descrita como "pesada", acredito que isso se deu pelo o fato dos diversos acontecimentos que se sucede durante o livro.
Obras autobiográficas não fazem meu estilo literário, mas esse livro em especialmente me despertou uma tremenda curiosidade e sua resenha só ajudou a aumentar a minha vontade de ler e saber mais sobre esse livro.
cara Alice, que bom que você já teve um primeiro contato com a obra. na verdade não achei assim tão "pesada", há trechos indigestos sim, mas o que mais me chamou a atenção é o olhar de Marcelo sobre a grandiosidade de sua mãe e o que ela representou em sua vida. obrigado pelas palavras carinhosas. bjos
ExcluirOI Rodolfo.
ResponderExcluirQue premissa mais interessante, confesso que essa é a primeira vez que vejo falar do autor, todavia, já estou bem curiosa para ler o livro e tirar minha próprias conclusões. Achei interessante o último parágrafo de sua resenha, onde você fala que o momento aconteceu, para que a memória dela não seja esquecida, ta aí algo para refletir, enfim, gostei bastante de sua resenha e pretendo ler o livro, espero entender tudo o que a história quer passar.
Bjs.
olá Marlene, não deixe de ler este cara e se possível leia também "feliz ano velho" que é um livro lindão e explica um pouco da personalidade de Marcelo. fico feliz que tenha gostado da resenha. bjos
ExcluirQue história hein Rodolfo e pensar que ela é real, que essas pessoas passaram por tudo isso, é bem triste e Eunice parece ser uma mulher guerreira e incrível. Ainda não tive a oportunidade de ler nada desse autor mas fiquei interessada nesse livro e no fato dele trazer também ao foco o fato de que só quem viveu esse período negro da história do Brasil pode dizer de verdade o quanto foi trágico.
ResponderExcluircara Lili, a vida real é sempre mais surpreendente que a ficção (tanto para o bem quanto para o mal). é uma viagem pelas memórias de Marcelo, pelos seus desejos e suas frustrações. o buraco deixado pelo desaparecimento do pai é só uma das demonstrações de força de Eunice e sua família. livro ímpar.
ExcluirRodolfo, comprei esse livro para uma amiga na bienal de Sp de 2016, mas não cheguei a ler. Li Feliz Ano velho e de alguma forma também ficou marcas da leitura em mim. Esse anterior não cheguei a ler, mas acredito que funciona mesmo assim, algumas leituras tem a época certa para ler, e talvez até tenha feito o seu papel lhe incomodando de alguma forma em alguns aspectos. Acho interessante refazer a leitura, já fiz isso muitas vezes com outros livros. Os acontecimentos lembrados em Ainda estou aqui realmente são fatos que precisam ser encarados de frente e não esquecidos. Cada vez que leio algum relato, ainda me choco.
ResponderExcluirevandro, que legal deixar pra gente sua impressão sobre a escrita de Marcelo, melhor ainda pelo livro ter sido "feliz ano velho" que também carrego no coração, livro surpreendente. "ainda estou aqui" tem acontecimentos anteriores e posteriores a "feliz ano velho", mas não há ordem estabelecida para leitura de ambos e até acho que "feliz..." deveria ser lido primeiro. espero que você também leia este o quanto antes, é um livro que possui uma energia luminosa, que nos transporta a uma época triste sem nos desencorajar.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQue fase nebulosa em que o Brasil passou durante a ditadura, hein?! É sem dúvida muito triste e deve ser com certeza relembrada sempre, para não esquecermos.
ResponderExcluirNunca li nada do Marcelo Rubens, não faz o meu estilo de leitura, mas se tiver a oportunidade de ler Ainda estou aqui vou ler sim. Valeu pela dica. Abraços!
Any, a ditadura foi no mínimo constrangedora e no máximo uma barbárie sem limites. se tiver oportunidade de ler este livro não deixe escapar. abraços!
ExcluirRodolfo!
ResponderExcluirNão sei se já falei, mas foi FELIZ ANO VELHO do mesmo autor que me impulsionou a sair de uma fase bem difícil em minha vida, quando soube que poderia ir para a cadeiras de rodas e ler AINDA ESTOU aqui, foi uma experiência diferente no sentido de ser um assunto mais familiar em um período difícil.
Adorei sua abordagem na resenha e como você, recomendo a leitura.
“Eu gosto de escutar. Eu aprendi muito escutando cuidadosamente. A maioria das pessoas nunca escuta. “(Ernest Hemingway)
cheirinhos
Rudy
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BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!
cara Rudynha, você nunca disse isso não. que lindo você compartilhar conosco o que passou. obrigado! este livro é diferente, mas tem o mesmo cunho pessoal que fez de Marcelo um autor talentoso e original. é uma experiência e tanto lê-lo.
ExcluirOi Rodolfo,
ResponderExcluirPor trás de grandes acontecimentos sempre tem uma pessoa que sofre calada, que não é ouvida ou recebe o reconhecimento merecido e neste cenário essa pessoa é Eunice. Não conheço a história da família Paiva, estou conhecendo Marcelo Rubens Paiva agora e vergonhosamente assumo que não sou muito ligada em política ou pessoas do meio (por isso grande parte da história do nosso país não tenho muito conhecimento), mas vejo aqui uma história que vai muito além do que parece. Eunice demonstrou força, garra e determinação não só quando a família foi atingida pela ditadura, mas também quando seu corpo e sua mente queriam lhe tirar o melhor. Como estou em uma fase onde tenho procurado por bons livros de não ficção, Ainda estou aqui foi uma agradável recomendação.
cara Gislaine, tenho por mim que toda luta de Eunice não foi em vão. também acho que ela foi reconhecida, talvez o maior problema seja que, por causa da doença, ela não se reconheça mais, isso é frustrante. bom saber que este livro pode entrar em sua coleção de desejados. boa leitura!!!!
ExcluirOlá!
ResponderExcluirEu não conhecia esse livro e nem do autor. gostei muito de ler a resenha, tem uma premissa muito boa. Apesar de não ter lido, vejo que a historia é muito intrigante e bem interessante, espero em breve poder ler esse magnifico livro.
cara Lily, este livro é história, nossa história, portanto devemos aprender com ele, tomar conhecimento da ditadura pelo olhar de quem perdeu um ente querido. obrigado pelas palavras carinhosas. bjos
ExcluirFiquei curioso,esse livro é uma biografia?Amo biografias,já li o diário de Anne Frank,Isabel de castela,acho mais interessante do que os relatos nos livros de história.
ResponderExcluircaro Gilmar, é autobiográfico sim, Marcelo nos apresenta um acerto de contas com o passado e com sua mãe Eunice. um livro lindo, sem revanchismo, apenas fatos e como sua mãe suportou, enfrentou e venceu as agruras de um tempo escuro de nosso páis. não deixe de ler!
ExcluirSinceramente, essa resenha foi arrebatadora!
ResponderExcluirSou professora de História e a Ditadura mexe muito comigo. É difícil lidar com falta de documentação, com o desaparecimento das provas e das pessoas, é frustrante! Sempre imaginei como deveria ser para as famílias, os poucos relatos de meu avô não eram suficientes. Agora, lendo essa resenha deu para sentir realmente essa agonia!
É um livro para se ler com o estômago forte, certamente!
cara Anny, que palavras mais bonitas de se ler. vocês professores movem o mundo, despertam o saber e fico como um balão quando professores compartilham pensamentos pela resenha. quanto ao livro, não diria que é indigesto, há passagens triste, mas outras tantas felizes e inspiradoras. espero que leia também pra gente prosear um pouco mais. obrigado pelas doces palavras. bjos
ExcluirOlá! Essa parece uma daquelas histórias que nos faz refletir sobre vários aspectos da nossa vida, acredito que seja emocionante acompanhar os relatos do autor sobre como foi à batalha da mãe para superar as consequências da Ditadura, para ela e sua família, e também de como enfrentar a sua doença.
ResponderExcluircara Elizete, e bota reflexão nisso. é lição de vida, para se poder enxergar o futuro com alguma esperança. leitura que vale a pena!
ExcluirOi, Rodolfo!!
ResponderExcluirGostei da indicação desse livro, lembro que assisti já tem algum tempo algo sobre a Eunice Paiva e de como ela tinha lutado para criar seus filhos mesmo com o "desaparecimento " do marido na época do regime militar e que não ficou de braços cruzados voltou a estudar e lutar pelos direitos dos indígenas. Não sou uma leitora assídua de biografias mas fiquei muito empolgada para descobrir mais sobre essa história de uma mãe guerreira e de um filho que agora coloca no papel um pouco daquilo que sua família passou na ditadura militar.
Bjos
cara Marta, sim, você está coberta de razão. a luta de Eunice nos serve de exemplo de que se ficarmos de braços cruzados aguardando algo dos céus nada haverá de cair. fico feliz por despertar-lhe a curiosidade, adorei este livro e não será diferente contigo. bjos
ExcluirAi to impactada com essa resenha :( primeiro como é triste ver que atualmente muitas pessoas ainda são a favor da ditadura sem nem saber o que de verdade acontecia dentro daquele sistema de opressão. Adoraria que essas pessoas pudessem conhecer esse livro. Não conhecia a família paiva e estou chocada só de pensar no quanto eles sofreram e nessa mãe sozinha tendo que criar 5 filhos em uma sociedade que oprimia a todos imagina as mulheres ? com certeza vou ler esse livro o mais rápido possível.
ResponderExcluircara Luana, todas as vezes em que o extremismo toma conta de um país é sinal de que as coisas não andam bem. neste momento de turbulência que parece não ter fim aparecem salvadores de todos os lados, carregam seu discurso de ódio travestido de "justiça" e acabam por iludir os mais ingênuos e ignorantes. livros como este nos faz pensar a respeito do passado recente e não nos deixa cair na tentação de nos juntarmos às vozes que pedem o retorno da ditadura. é obra obrigatória.
ExcluirAdorei a resenha e quantidade de pessoas que estão optando por uma boa autobiografia é tão bacana ter o privilégio de ler histórias reais...
ResponderExcluircara Paola, por que biografias nos fascinam tanto? responderei por mim: gosto de olhar pela fechadura! simples assim. quero saber um pouco mais sobre a vida privada, sobre os sabores e dissabores de cada um e se possível algo varrido pra debaixo do tapete. no fim das contas todos somos assim né? bjos
ExcluirHá muitos anos atrás li "Feliz ano velho" e o Marcelo me conquistou e mexeu comigo de uma forma que nos faz ver a vida de outro modo.
ResponderExcluirSua resenha ficou incrível,e eu não sabia deste novo livro do autor e já estou louca por ele.
Marcelo deve mais uma vez contar de forma incrível como foi a vivência da mãe nessa difícil época ainda mais com o marido desparecido.
Obrigada pela ótima dica.
beijinhos
She is a Bookaholic
cara Nicole, se já leu "feliz ano velho" então sabe bem como é a escrita de Marcelo Rubens Paiva, em uma só palavra - dilacerante. sei que, por já ter lido algo do escritor, este não lhe passará batido. leia também e obrigado pelas palavras carinhosas. bjos
ExcluirOlá, Rodolfo!
ResponderExcluirNão li nada do Marcelo ainda. A primeira resenha que leio sobre esse livro.
Contar a história da família é difícil para algumas pessoas, Eunice sim foi um exemplo de mulher guerreira, mesmo passando pela angustia de não saber o que tinha acontecido com o marido lutou para sustentar os filhos.
Espero ter a oportunidade de ler.
Beijos.
cara Luana, então corra pra ler, o cara é muito bom. sei que irá se apaixonar como eu. bjos
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