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20.6.18

Mary Barton [Elizabeth Gaskell]

Elizabeth Gaskell
Ed. Record, 2017 - 460 páginas
- "Elizabeth Gaskell Elizabeth Gaskell escreveu este romance em meio à crescente Revolução Industrial, ocorrida no século XIX, e às lutas trabalhistas por mais direitos. Apesar de sua origem burguesa e embora ela não tivesse a intenção de apoiar diretamente a revolução, o livro chegou a ser considerado subversivo devido à sensibilidade com que lida com a causa trabalhista. Além disso, sua protagonista ganha status de heroína, papel que em geral não cabia às mocinhas da época. A trama se desenvolve em torno de John Barton, operário que cria sozinho sua filha, Mary, e leva uma vida difícil com o pouco que ganha. A moça logo começa a trabalhar como costureira, para ajudar seu velho pai nas despesas. Inesperadamente, porém, Mary Barton se ilude com as propostas de Henry Carson, filho do dono da fábrica em que seu pai trabalha, apesar de seu coração bater mais forte por Jem, um jovem amigo da família e operário como seu pai. Assim se forma o triângulo amoroso que permeia a trama. Enquanto isso, a situação social na cidade de Manchester se agrava e, entre a falta de emprego e os salários miseráveis oferecidos, os trabalhadores escolhem negociar e protestar."

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Olá, pra você que acordou se sentindo um operário lutando por diretos no início da revolução industrial! Força nessa peruca e vamos que vamos que hoje tem resenha de romance!

Elizabeth Gaskell

Acho que esse foi o livro que eu demorei mais tempo pra ler na vida. E não foi culpa dele, juro! O livro até que é bom, eu é que tava bugada mesmo. E, como demorei pra ler, voltei relendo várias partes pra fazer uma resenha de qualidade pra vocês :D O que foi até bom, algumas coisas a gente só consegue sacar numa segunda leitura.

Mary Barton foi publicado em 1848 e Elizabeth Gaskell escreve sobre um tempo em que viveu. Não sei vocês, mas eu acho simplesmente sensacional ler um livro escrito escrito a 170 anos, me sinto como se tivesse entrado em uma máquina do tempo e ido parar na Inglaterra vitoriana. Como era de se esperar, a autora cria um retrato bastante realista e imersivo da Inglaterra na revolução industrial e de alguns dos conflitos políticos e sociais da época. E é nessa Manchester da década de 1840 que somos apresentados aos nossos personagens principais.

John Barton que é um operário de meia idade que vai passar por todas as agruras das quais a vida pode dispor e ser endurecido aos poucos. E sua filha Mary, uma jovem bonita e vivaz que sonha com uma vida melhor e que, em função disso, cai na lábia de um jovem rico.

Mary Barton

Inicialmente a obra se chamaria John Barton e seria muito mais focada no cunho social da história do que triângulo amoroso de Mary, mas a autora foi convencida por seu editor a focar no romance e escrever um livro mais comum pra literatura feminina da época. Mesmo assim a história foi considerada subversiva pelas burguesia da época, classe da qual a própria Gaskell fazia parte.

A narrativa mostra-se bastante generosa com as classes inferiores e autora faz um esforço genuíno pra entender e, de certa forma, até mesmo justificar as atitudes de alguns personagens. Trazendo a tona valores cristãos, Gaskell se dispõe a tentar perdoar as atitudes e entender os motivos de quem viu e passou por tanto sofrimento que acabou perdendo a noção de certo e errado. As ideias da autora podem não parecer muito chocantes hoje, mas imagine o quão subversivas tais ideias deviam parecer numa Inglaterra vitoriana.

“O que dominava a mente de John Barton, aquilo que decidiria o seu destino nesse mundo, eram os ricos e os pobres; porque eram tão separados, tão diferentes, se Deus criara todos eles? Não era vontade Dele que seus interesses fossem tão distintos. Quem era o responsável por isso?”

A vantagem de ler o livro mais de uma vez, é que pode observar outras nuances que a gente raramente percebe numa primeira leitura. Por exemplo, escrita melhora consideravelmente do meio pro final. No comecinho do livro, a autora parece insegura quanto ao que escreve e ainda não tem um estilo bem desenvolvido. Nos dois últimos terços, a mudança salta aos olhos e a escrita se torna mais firme e decidida.

Elizabeth Gaskell

No geral, eu gostei bastante do livro, mas tenho minha ressalvas: a primeira delas diz respeito à construção de personagens, principalmente as personagens femininas. Todas as mulheres na trama são simplórias e um tanto quanto estereotipadas. Mesmo Mary sendo a protagonista e assumindo um papel de "heroína" (algo não muito comum na época) ela é rasa. Queria ter visto um pouquinho mais de personalidade nela.

Outra coisa que me incomodou foi que o fato de a autora ser de uma classe superior a de seus personagens faz com que ela seja um tanto condescendente quanto às atitudes deles. Em vários momentos eu percebi uma benevolência forçada como se todos os pobres fossem como crianças no sentido de não conseguirem discernir muito bem entre certo e errado. Mas essa é uma observação pessoal minha e não atrapalha em nada a leitura. Eu é que sou implicante mesmo. E sem querer "dar biscoito” pra Gaskell, se levarmos em consideração o contexto histórico e social da autora, só o fato de ela ter feito esse esforço de olhar com mais bondade pra classes inferiores que a dela, já é um ponto a seu favor.

Mary Barton

Mary Barton é uma obra muito interessante que, apesar das dicas do editor, está mais preocupada com o cunho social do que com o romance em si e justamente por isso é uma leitura muito válida.

Dúvidas, sugestões e reclamações, nos comentários aqui em baixo :D
Um beijo gigante no seu coração e até a próxima!


Andressa Freitas
Mineira, aspirante à escritora e estudante de cinema. Se pudesse moraria em uma biblioteca, como não posso, estou empenhada em transformar minha casa no mais próximo disso possível. Viciada em séries e filmes, adoro ler, comer e viajar. Nerd assumida, fotógrafa de profissão, amo aprender coisas novas e imaginar histórias alternativas pra absolutamente tudo.
Cortesia do Grupo Editorial Record
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17 comentários em "Mary Barton [Elizabeth Gaskell]"

  1. Oi, Andressa.

    Esse é um livro bem enriquecedor e contextualizado por, juntamente, com o romance e a fase de vida da Mary, ele fazer explorações daquela época. E, é pertinente como a autora soube balancear e formalizar todos esses contextos no livro.

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  2. Oi Andressa, eu já vi uma adaptação de outro romance dessa autora, Norte e Sul, que é muito elogiado e que amei ver a série, ele também tem a indústria no pano de fundo e trás a tona alguns problemas sociais da época. Gostei muito na época que assisti, até porque o romance é bem fofo haha e desde então tenho vontade de ler seus livros, assim gostei muito da resenha desse que ainda não tinha ouvido falar e mesmo com algumas ressalvas a história parece ser muito boa e se surgir a oportunidade vou querer ler sim ;)

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  3. Eu também amo ler livros que foram escritos a anos atras, me sinto realmente inserida naquela época. E eu acho que esse livro tem quer lido com esse pensamento voltado pro ano de 1848 e perceber que atitudes que podemos jugar como fracas, naquela época significavam muito. A premissa é boa, é um clichê mas creio que tem o seu diferencial.

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  4. Oi Andressa,
    Confesso que não sou muito de ler livros que foram escritos a muitos anos. Já li, e até gostei de alguns, mas geralmente não coloco na minha lista. Como não vou colocar esse. Não achei ele interessante :/

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  5. Dressa!
    Romance é sempre bom de se ler, mesmo com suas ressalvas em relação das personagens femininas serem simplórias e pela condescendência da autora, ainda assim, quero poder ler.
    É a primeira resenha que vejo do livro.
    “Nunca sei se quero descansar porque estou realmente cansada, ou se quero descansar para desistir. “ (Clarice Lispector)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA JUNHO - 5 GANHADORES
    BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  6. Eu adoro estes livros que nos permitem esta viagem no tempo e nos costumes que eram totalmente opostos aos nossos!
    Ainda não tinha visto ou lido nada a respeito deste livro e mesmo tendo ficado meio "ressabiada" com a resenha, oscilando em vontade ler e vontade passar longe, acho que deve ser como um salto no passado e por si só, já valeria a leitura.
    Se tiver oportunidade, quero saber mais deste livro.
    Beijo

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  7. Oi Andressa!
    Segunda vez que leio sobre o livro, me parece ser um livro interessante msm com algumas falhas aqui e ali, vou add na minha lista.
    Só espero não em decepcionar qdo ler.
    Bjs!

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  8. Oi Andressa,
    Eu tenho evitado ler muitos romances ultimamente, pois não tenho conseguido me conectar muito com o gênero, mas acho que também é uma questão de escolha dos títulos. Também acho bem legal ler livros que tenham sido escritos há bastante tempo, apesar de ter lido poucos assim. O mais interessante de Mary Barton, sem dúvidas, está nos relatos realistas de quem viveu em um período onde as dificuldades eram ainda maiores do que s hoje, tanto para classes sociais quanto para gêneros. Essa segunda fica bem explícita pela pouca exploração dos personagens femininos, que acredito possa ter sido influenciada por opiniões externas (como ocorreu com o título do livro e foco da história) ou simplesmente era como funcionava tudo na época, tanto na ficção quanto na realidade.

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  9. Oi, Andressa!
    Meu gênero prefiro é o romance, mas não gosto de romances que giram em torno de um triângulo amoroso, eu detesto triângulo amoroso!... Por isso eu não leria Mary Barton.
    Mas concordo com você, também achei nagativo as mulheres na trama serem estereotipadas...

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  10. Não li o livro ainda, mas acho fantástico também ler um livro de uma época vivida pela autora. De certa forma, sabemos que a interferência de seu editor deve em muito ter influenciado a trama, assim como o teor já que alterou um pouco o foco. Gostaria muito de fazer essa leitura. Adorei a dica e a resenha.

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  11. Oi Andressa,
    Não conhecia esse livro.
    Ah, ter a oportunidade de ler obras publicadas há tantos anos é uma conexão diferente, não é só o conteúdo escrito, todo o contexto da época influência a leitura.

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  12. Romance é sempre bom de se ler,viajamos no tempo mesmo sem querer trás a tona problemas sociais vivenciados na época que ainda trazem algum reflexo nas relações atuais. De novo parabéns pela resenha excelente...

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  13. Olá!
    O livro é bem interessante, não conhecia. A trama é ótima, tem uma premissa muito boa e vejo que podemos viajar no tempo através dele, um romance bem diferente. Eu desejei ler agora!

    Meu blog:
    Tempos Literários

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  14. Oi, Andressa!!
    Essa é a primeira resenha que leio sobre esse livro, acho interessante o assunto tratado no livro que é a Revolução Industrial, pois nunca li nenhum livro que abordasse a luta às lutas trabalhistas por mais direitos.
    Bjoss

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  15. Olá! Confesso que a sinopse do livro não me empolgou muito não, embora goste bastante de romance, não gostei muito da personalidade da protagonista e desse triângulo amoroso.

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  16. Oi, Andressa
    Não tinha conhecimento sobre esse livro.
    Gosto muito de livros que tem cenários histórico principalmente o assunto do livro é a Revolução Industrial.
    Esse livro é uma critica para a época em que foi escrito, mas ela teve que colocar uma pitada de romance.
    Beijos

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  17. Subversivo e histórico? AMEI! LISTA JÁ!

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