Ed. Objetiva, 2018 - 296 páginas |
- "Desde os anos 1990, a data de nascimento de Maria Bonita passou a ser celebrada no Dia Internacional da Mulher. Com o tempo, ela transformou-se em uma marca poderosa, emprestando seu nome a centenas de pousadas e restaurantes espalhados pelo Nordeste, salões de beleza, academias de ginástica, cerveja, pizza, assentamento rural, música, bandas de forró e coletivos feministas.Enquanto a companheira de Lampião viveu, no entanto, essa personagem nunca existiu. A cangaceira que teve a cabeça decepada em 28 de julho de 1938 era simplesmente Maria de Déa: uma jovem de 28 anos que morreu sem jamais saber que, um dia, seria conhecida como Maria Bonita.Nos anos em que viveu com Lampião e nos subsequentes à sua morte, despertou pouco interesse em pesquisadores ou jornalistas. E foi essa lacuna de informações sobre sua vida e a das outras jovens que viviam com o bando que contribuiu para que se criasse a fantasia de uma impetuosa guerreira, hábil amazona do sertão, uma Joana D’Arc da caatinga."
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Mulheres em pé de guerra
Iniciar resenha sobre uma lenda, um mito, não é tarefa fácil. Quem diz que Maria Bonita foi eclipsada por seu consorte, não estará falando nenhuma mentira, mas também não estará sendo completamente verdadeiro. À época em que viveu Maria Gomes de Oliveira, a Maria de Déa (posteriormente conhecida como Maria Bonita) mulheres não tinham voz nem vez, o universo era masculino e ponto. Ainda assim ela conseguiu posição invejável e ascendência sobre Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião.
No livro Maria Bonita: sexo, violência e mulheres no cangaço (Objetiva, 296 páginas), Adriana Negreiros busca explicar as agruras de ser mulher nos anos 20 e 30 do século passado em meio a uma saraivada de balas. Um Bonnie & Clyde tupiniquim para gringo nenhum botar defeito. A imagem romantizada da minissérie global com Nelson Xavier e Tânia Alves, excelentes nos papéis principais, vendeu a imagem de uma história de amor em pleno sertão em guerra. Mas a realidade é bem outra.
Maria de Déa sonhava com a liberdade e sonhos não se prendem em gaiola. Queria fugir de seu casamento com história de traição constante do marido, fugir da mesmice de sua vida, então se oferece para acompanhar Lampião, temido e idolatrado na mesma medida. Acaba ganhando o coração do líder dos cangaceiros que, para não causar atrito entre os seus, resolve liberar mulheres para todos do bando.
O que aconteceu com Maria de Déa não é a regra, ela se juntou ao bando por vontade própria. As mulheres geralmente eram raptadas, roubadas de suas famílias na mais tenra idade sem direito a reclamações por parte dos pais. Os cangaceiros simplesmente chegavam e levavam quem lhes interessasse. Era a lei do mais forte, a lei da selva, o mundo cão.
Lampião possuía uma organização dividida em bandos que se reuniam periodicamente para a contabilização do que fora pilhado em suas invasões. Dentre os mais famosos estava o bando de Corisco. O Diabo Loiro, como era também conhecido, não via com bons olhos a ascensão de Maria de Déa dentro desta organização.
Ainda assim Corisco não interferia, cuidava de comandar apenas seu bando, afastando-se lentamente do comando central provavelmente insuflado por sua mulher Dadá, que invejava o poder de Maria de Déa e nunca a tolerou.
Mesmo errantes, fugindo das volantes (soldados contratados para matar cangaceiros, chamados de “macacos”), sem destino certo, as mulheres eram vítimas dos apetites dos homens. Engravidavam e não podiam ficar com seus bebês. Há uma passagem interessante em que os berros da criança recém nascida de Maria Bonita lhe tiram o sossego, no que ela diz a Lampião: “moleque, canela de veado, também não está vendo a menina chorando?” – Lampião odiava suas canelas finas que a mulher sempre lhe lembrava quando queria afrontá-lo –, no que ele respondeu: “Dê cá pra sangrar”. É hilário, mas define bem como eram tratadas as mulheres.
Outro dado curioso é que as cangaceiras perdoavam o cabra que matasse a mulher, não havia compaixão para traidoras, mas absolviam o traidor, cultura machista por excelência. A mulher que perdesse o companheiro poderia ser pega por qualquer outro do bando como sua propriedade, não havia choro pelo luto do companheiro. E se não fosse escolhida por ninguém seria descartada ou morta.
Quando capturadas, as cangaceiras eram brutalmente seviciadas. É sabido que mesmo na guerra há que se ter regras, mas isso não existia para soldados ou cangaceiros.
A naturalização da violência e o incentivo para práticas bárbaras como esta faziam do banditismo algo a ser temido. Soldados não se restringiam a torturas, matavam também sem piedade, há relatos que mulheres mortas terem seus corpos profanados.
Enfim, não há muita referência documentada sobre Maria de Déa, ou melhor, Maria Bonita, ao contrário de Dadá, mulher de Corisco, que falecida em 1994, foi amplamente falada em livros, entrevistas e documentários. Tudo o que hoje sabemos sobre ela é através de relatos de terceiros que conviveram com ela e por tradição oral foi ganhando corpo e notoriedade. Há quem conteste ou negue algumas das versões.
Posso dizer que a leitura deste livro é puro deleite. Incomodou-me a falta de algo mais aprofundado sobre a vida de Maria Bonita, porém entendo a falta de dados sobre ela, não há a que se apegar. É, no mínimo, um relato sociocultural da vida dura do povo sofrido do sertão e mais ainda de uma mulher valente à frente de seu tempo. Para curiosos sobre como se forma a identidade de um país é um prato cheio.
Maria Bonita - foto de Benjamin Abrahão Botto |
A forma como Paulo Afonso homenageia Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita, é uma metáfora da maneira dúbia como ela entraria para a história, por um lado, como se vivesse permanentemente à sombra do marido, despertou pouco interesse por parte de contadores da história do cangaço, fenômeno do banditismo rural que teve na figura de Lampião a sua mais famosa expressão(...). Esse obscurecimento não impediu que, por outro lado, Maria Bonita fosse ganhando ares de mito depois de sua morte. A lacuna de informações sobre a vida não apenas dela (...) contribuiu para que se criasse a fantasia de uma impetuosa guerreira, hábil amazona do sertão, uma Joana d’Arc da caatinga. Perpetuou-se a falsa ideia de que, no cangaço, homens e mulheres tinham direitos iguais.
Corisco e Dadá - foto de Benjamin Abrahão Botto |
Maria de Déa sonhava com a liberdade e sonhos não se prendem em gaiola. Queria fugir de seu casamento com história de traição constante do marido, fugir da mesmice de sua vida, então se oferece para acompanhar Lampião, temido e idolatrado na mesma medida. Acaba ganhando o coração do líder dos cangaceiros que, para não causar atrito entre os seus, resolve liberar mulheres para todos do bando.
No bando, quer tratassem suas mulheres com mesuras quer as agredissem fisicamente, os cangaceiros as consideravam suas propriedades. O código do cangaço previa que as mulheres deviam fidelidade e submissão a seus companheiros, sendo permitido a eles, quando se sentissem contrariados, penalizá-las da forma que melhor lhes aprouvesse. Com a morte, inclusive.
O que aconteceu com Maria de Déa não é a regra, ela se juntou ao bando por vontade própria. As mulheres geralmente eram raptadas, roubadas de suas famílias na mais tenra idade sem direito a reclamações por parte dos pais. Os cangaceiros simplesmente chegavam e levavam quem lhes interessasse. Era a lei do mais forte, a lei da selva, o mundo cão.
Lampião possuía uma organização dividida em bandos que se reuniam periodicamente para a contabilização do que fora pilhado em suas invasões. Dentre os mais famosos estava o bando de Corisco. O Diabo Loiro, como era também conhecido, não via com bons olhos a ascensão de Maria de Déa dentro desta organização.
“Homem governado por mulher não dá certo. Minha mulher fala, mas fala pouco”, recomendara. Ao ouvir aquilo, ainda segundo o relato de Dadá, a mulher de Virgulino ficaria humilhada.
Ainda assim Corisco não interferia, cuidava de comandar apenas seu bando, afastando-se lentamente do comando central provavelmente insuflado por sua mulher Dadá, que invejava o poder de Maria de Déa e nunca a tolerou.
Dadá seria apresentada a Maria de Déa. Ao primeiro olhar, a mulher do capitão despertaria na menina uma profunda e irreversível repugnância. “Ô mulher chata”, diria Dadá posteriormente sobre a Rainha do Cangaço.
Maria Bonita - foto de Benjamin Abrahão Botto |
Como não utilizavam métodos contraceptivos e precisavam estar disponíveis para seus homens, as cangaceiras podiam pegar barriga a qualquer momento. Uma vez que os filhos nascessem, deveriam passá-los adiante, na primeira oportunidade. Frágeis recém-nascidos não combinavam com a dura rotina do cangaço, entre espetadas de sol e chuvas de tiro. Ademais, o choro denunciaria a presença dos bandoleiros para as forças oficiais.
Outro dado curioso é que as cangaceiras perdoavam o cabra que matasse a mulher, não havia compaixão para traidoras, mas absolviam o traidor, cultura machista por excelência. A mulher que perdesse o companheiro poderia ser pega por qualquer outro do bando como sua propriedade, não havia choro pelo luto do companheiro. E se não fosse escolhida por ninguém seria descartada ou morta.
Lili, sofrera publicamente pela morte de Lavandeira (durante meses chorara pelos cantos), também não encontrou em Moita Brava um novo amor. Com pouco tempo de relacionamento, afeiçoou-se ao ameninado Pó Corante, aquele que dividia o prato com Lampião e chorava depois de levar bofetões. Um dia, Moita Brava flagrou Lili nos braços do rapazinho. Sem vacilar, desferiu seis tiros na cabeça da mulher.
Quando capturadas, as cangaceiras eram brutalmente seviciadas. É sabido que mesmo na guerra há que se ter regras, mas isso não existia para soldados ou cangaceiros.
Apesar de todas as agruras, é possível que Otília sentisse saudades do cangaço no período em que permaneceu presa na cadeia de Jeremoabo. Todas as noites a jovem era retirada da cela, violentada por quantos soldados estivessem presentes no estabelecimento e depois, como se fosse um resto de alimento que se guarda para comer no dia seguinte, era jogada de volta na cela.
A naturalização da violência e o incentivo para práticas bárbaras como esta faziam do banditismo algo a ser temido. Soldados não se restringiam a torturas, matavam também sem piedade, há relatos que mulheres mortas terem seus corpos profanados.
Lampião e Maria Bonita, imponentes no centro da foto, corrobora a importância da cangaceira dentro do bando - foto de Benjamin Abrahão Botto |
Enfim, não há muita referência documentada sobre Maria de Déa, ou melhor, Maria Bonita, ao contrário de Dadá, mulher de Corisco, que falecida em 1994, foi amplamente falada em livros, entrevistas e documentários. Tudo o que hoje sabemos sobre ela é através de relatos de terceiros que conviveram com ela e por tradição oral foi ganhando corpo e notoriedade. Há quem conteste ou negue algumas das versões.
Colocar em suspeição a versão das cangaceiras faz parte do mesmo padrão e da mesma lógica que insiste em desqualificar os relatos das mulheres quando violentadas. Uma distorção atávica, que transforma vítimas em culpadas e procura encontrar no comportamento feminino as alegadas razões para justificar a opressão.
Posso dizer que a leitura deste livro é puro deleite. Incomodou-me a falta de algo mais aprofundado sobre a vida de Maria Bonita, porém entendo a falta de dados sobre ela, não há a que se apegar. É, no mínimo, um relato sociocultural da vida dura do povo sofrido do sertão e mais ainda de uma mulher valente à frente de seu tempo. Para curiosos sobre como se forma a identidade de um país é um prato cheio.
Rodolfo Luiz Euflauzino
Ciumento por natureza, descobri-me por amor aos livros, então os tenho em alta conta. Revelam aquilo que está soterrado em meu subconsciente e por isso o escorpiano em mim vive em constante penitência, sem jamais se dar por vencido. Culpa dos livros!
Cortesia do Grupo Companhia das Letras
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Lendo uma resenha tão ímpar me veio à mente um filme que vi recentemente, Duas Irmãs!Que traz um pedacinho desta vida de uma mulher no cangaço. Das agruras, tristezas, mas também traz esta determinação e esse ser mulher a todo custo num mundo totalmente masculino pela época.
ResponderExcluirMaria sempre será um ícone quando a gente fala em mulher guerreira e vendo suas fotos a gente entende o apelido né?
Fiquei meio de queixo com o lance de ter que dar seus filhos, nunca havia pensado nisso...na falta de métodos de prevenção e tals.
Doeu ler isso...
Sofrida?Demais!Mas acima de tudo, dona do seu destino.
Super indicação.
Beijo
cara Flor, nas assisti a "duas irmãs" ainda, infelizmente, mas pretendo sanar esta falha brevemente. mulheres forjadas no cangaço são, sem dúvida, diferentes. adorei "dona do seu destino". bjos
ExcluirOi, Rodolfo,
ResponderExcluirA história da Maria Bonita sempre me intrigou, os fatos e acontecimentos vivenciados por ela chamavam atenção, e saber que esse livro é repleto de tamanha informações me faz querer procurar saber um pouco mais sobre tudo isso.
cara Daiane, este livro é fundamental para quem quer saber um pouco mais sobre o cangaço. acho que ficou devendo algo mais aprofundado, porém a completa falta de documentos a respeito de Maria Bonita faz com que apenas imaginemos o quão dura pode ser a vida das mulheres do cangaço.
ExcluirNão conheço a história da Maria Bonita; o pouco que sei é que ela foi companheira de Lampião, e pelas informações que nos fornecem é fácil romantizar a relação que há entre eles.
ResponderExcluirEsse livro é muito interessante, mostra uma realidade um tanto desconhecida. Ainda vivemos tempos difíceis, imaginar as mulheres nessa época é bem duro.
Gostei muito da sua resenha.
Beijos
cara Ludyanne, obrigado pelas palavras carinhosas. se você estiver com vontade de saber um pouco mais sobre as agruras que viviam as mulheres do cangaço, este é o livro ideal. bjos
ExcluirOi, Rodolfo
ResponderExcluirTenho muita vontade de conhecer mais sobre Maria Bonita, é uma pena não ter mais dados para saber tudo sobre esse ícone.
Mas mesmo que ela foi para o cangaço por vontade própria ela ainda sofreu, porque as mulheres ter que aguentar as maneiras dos homens e ser punidas como eles queriam é terrível, ter filho e não podem criar difícil né.
Vou procurar saber mais sobre Dadá.
Obrigada pela dica, beijos!
cara Luana, então este livro é por demais necessário para aplacar seu desejo. bjos
ExcluirSensacional!! Livro que traz a história de uma das mulheres mais conhecidas e corajosas do nosso nordeste.
ResponderExcluirRealmente a falta de dados e informações para compor a obra é bem ruim.
E concordo com sua última fala na resenha: "É, no mínimo, um relato sociocultural da vida dura do povo sofrido do sertão e mais ainda de uma mulher valente à frente de seu tempo."
Isso resume bem o que é o livro!!
Gostei muito da resenha!
Bjos
cara Larissa, Maria Bonita escolheu esta vida, não queria ser apenas mais uma mulher, ela queria ser livre, dona de seu destino. quando fazemos escolhas, pagamos por elas. talvez o preço tenha sido alto demais. obrigado pelas palavras carinhosas. bjo
Excluircara Nil, digamos que a história de Maria Bonita é um pouco nebulosa, sem dados concretos, muitos dos que existem foram conseguidos via oral. é uma mulher sofrida e forte, sem dúvida, só não há como saber se tinha voz ativa em todas as contendas.
ResponderExcluirOlá amigo,
ResponderExcluirO título do livro define bem a história, não só de Maria Bonita, como de todas as mulheres, que raptadas ou por vontade, viveram com os cangaceiros. Tenho certeza de que em cada página o machismo está presente, não me admira que a protagonista seja tratada como heroína, o que de fato ela foi, não consigo imaginar uma mulher, ou qualquer pessoa, vivendo dessa forma e sendo feliz.
Em minha visão, Maria não ganhou a liberdade que queria, talvez em alguns pontos sim, mas na maioria, acredito que não, ainda assim, será sempre uma mulher lembrada com a força que sempre teve.
Beijos
cara Vitoria, o machismo é marca registrada de nosso povo, imagine então naquela época, ainda mais na aridez do sertão. talvez a felicidade de Maria Bonita se encontre na liberdade de escolher o que quiser, mulher indomável que por assim ser ganhou o coração de Lampião. bjos
ExcluirRodolfo!
ResponderExcluirPara nós nordestinos é uma honra ver um livro baseado na história de algupem tão emblemática quanto Maria Bonita e que pena mesmo ter poucos dados reais sobre ela na obra.
Na verdade, dizem a 'boca miúda', que ela foi a grande responsável pelo sucesso do bando de Lampião no Cangaço e que apesar das mulheres não terem 'tanta voz' naquela época, ela se fazia impor e se fazia ser ouvida...
Deve ser um livro rico de informações.
Desejo uma ótima semana!
“Para cada minuto que você se aborrece você perde sessenta segundos de felicidade.” (Ralph Waldo Emerson)
cheirinhos
Rudy
https://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com/2018/11/divulgacao-cultural-141-59-poetizando-e.html
cara Rudynha, os nordestinos são antes de tudo "fortes". o sertão os faz assim. sendo mulher, Maria Bonita precisou vencer preconceitos para impor suas vontades (nem sempre). viveu em um tempo em que mulher precisava ser apenas parideira, sofrer calada os dissabores de um matrimônio cheio de traições e por aí vai. esta mulher merece nosso respeito. bjos
ExcluirOi Rodolfo!
ResponderExcluirNão conheço mto a história de Maria Bonita, mas o pouco que já li e ouvi dizer, é de se esperar uma história de muita luta e liberdade, fiquei interessada nesse livro, espero ter oportunidade de ler um dia e conhecer mais sobre a vida dela.
Bjs!
cara Aline, é a história de muita luta sim e de como a liberdade pode servir de combustível para se buscar a felicidade. leia também, você irá gostar deste livro. bjos
ExcluirMeu caro amigo, meu sogro conta de uma parente que deu de cara com o bando de Lampião e, estando sozinha no sítio invadido - e temendo a fama dos cangaceiros - infartou ali mesmo, sem sair do lugar onde estava. Caiu sobre o feijão recém colhido que debulhava. Pois é, de alguma forma Lampião me atingiu. Eu tinha uma visão romantizada do cangaço, alguns tomam o movimento como uma espécie de Robin Hood nordestino,
ResponderExcluirsempre tive curiosidade em saber um pouco mais. Então sua resenha me trouxe elementos fortes sobre a vida dessas mulheres... E nao foi fácil lidar com essas informações, tirar o véu do místico em torno do movimento e entender o que as mulheres do bando passavam. Fico pensando se houve um sentimento genuíno entre um desses casais, porque a violência que submetia essas mulheres, algumas ainda meninas, é tão brutal quanto inimaginável. Embora as poucas referências sobre Maria Bonita, ficamos com a sensação que ela realmente estava passos à frente de sua época, fazendo jus à caracterização da mulher nordestina como forte e guerreira, mas diante das dificuldades sem número que enfrentaram (enfrentamos), teria outra opção?
Belo registro, linda análise e suas sensíveis observações tornam a resenha uma delícia de leitura. 😘
cara Manuh, que testemunho enriquecedor. na verdade quando o bando chegava a coisa toda desandava, o mesmo acontecia quando passava a volante (policiais que caçavam os cangaceiros). não havia mocinhos neste filme e quem mais sofria eram as mulheres, estupros, raptos, violência desmedida. poucas eram as mulheres que escolhiam a vida do cangaço e só a escolhiam porque não havia uma alternativa melhor que traduzisse "liberdade". mas esta liberdade vigiada as faziam reféns. Maria Bonita fugia à regra, estava em um patamar diferente, vista como parte do bando e não como mera peça para desfrute. neste contexto ela se sobressaiu, levantou bandeira e abriu caminhos. louvada seja a mulher que enfrenta as dores do mundo. obrigado pelas palavras carinhosas. bjos
ExcluirOi Rodolfo,
ResponderExcluirSempre achei muito interessante as histórias que contam sobre Maira Bonita, confesso que não sou muito de ler livros biográficos, mas esse me chamou a atenção. Fiquei muito envolvida só lendo sua resenha (muito bem escrita, por sinal), e fiquei com vontade de comprar e ler o livro.
olá Theresa, obrigado pelas palavras carinhosas, Maria Bonita poderia ser nossa Joana D'Arc, por que não? é uma mulher à frente do seu tempo. leia também e me conte o que achou.
ExcluirOlá Rodolfo, como vai?
ResponderExcluirCaramba que historia é essa.
Já ouvi falar de Maria Bonita e do Lampião, mas não sei quase nada da historia deles. Infelizmente na escola não conta nada, tudo o que sei é uma musica popular. Lendo sua resenha fiquei curiosa para saber mais sobre a vida destas mulheres, dá para ver pela foto que Maria de Déa era triste.
Jady Santos
https://garotaeraumavez.blogspot.com/
olá Jady, não sei se triste seria a expressão correta, acho que sofrida seria melhor. a vida no cangaço era amarga, bem amarga, principalmente para as mulheres. a história do cangaço é cheia de contratempos, leia também.
ExcluirOi, Rodolfo!!
ResponderExcluirO livro traz um tema bem interessante, quem foi Maria Gomes de Oliveira, vulgo Maria Bonita, cangaceira brasileira ficou bem conhecida por ser companheira de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Acho muito importante sabermos mais sobre a história da Maria Bonita, mas não só dela de todas as mulheres que viveram essa época do cangaço.
Bjos
cara Marta, muuuuuito interessante eu diria. este livro retrata bem o que era a vida das mulheres da época, do cangaço ou não. é um estudo muito legal. bjos
ExcluirÉ realmente um livro que parece fascinante ao mostrar um pouco do estilo de vida dos cangaceiros nessa época. A visão que tenho de Maria Bonita e Lampião é justamente essa romantizada dos filmes e séries. Claro que fiquei muito curioso para ler. Não sabia que eram poucas as referências sobre ela diretamente, mas ainda assim é uma fonte mais próxima da verdade. Ótima resenha.
ResponderExcluirEvandro
caro Evandro, é um universo fascinante este do cangaço, nosso faroeste caboclo. temos Lampião impresso em nosso inconsciente, mas e sua consorte? realmente não há nada muito revelador sobre ela, este livro lança luzes que podem elucidar o quão fantástica foi esta mulher.
Excluirobrigado pelas palavras carinhosas. abraços!
Olá! É sempre enriquecedor saber mais sobre personagens que fazem parte da história do nosso país, é realmente uma pena que o livro não se aprofunde mais na história de Maria Bonita, já que há tão poucas referências, mas ainda assim, acho bastante válido saber como eram tratadas as mulheres desse bando.
ResponderExcluircara Elizete, sou fissurado pela história universal e mais especificamente desta nossa terra. no que tange ao aprofundamento histórico é bem verdade que a dificuldade seria imensa, já que não há dados suficientes, ainda assim Adriana Negreiros faz um trabalho louvável. vale a pena!
ExcluirÉ com certeza um livro interessantíssimo.
ResponderExcluirAdoro livros sobre períodos históricos. Mas, sei lá, esse é bem violento e mostra uma face do mundo que eu não gosto nem de pensar. É muito triste.
Anotado aqui, quem sabe tomo coragem e leio.
bjss
cara Ana, bota interessante nisso. assim como você a história me fascina e a contextualização dela ainda mais. gosto de vivenciar o período, analisar o ser humano e uma obra assim é imprescindível. bora ler também. bjos
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