Recebi um texto da editora Companhia das Letras e acredito que muitos de vocês também receberam, mas gostaria mesmo assim de divulga-lo aqui no blog, pois todos nós somos apaixonados por livro e estamos dispostos a colaborar para mantê-los vivos.
A Carta abaixo é de autoria de Luiz Schwarcz - editor da Companhia das Letras e autor de Linguagem de sinais, entre outros.
"O livro no Brasil vive seus dias mais difíceis. Nas últimas semanas, as duas principais cadeias de lojas do país entraram em recuperação judicial, deixando um passivo enorme de pagamentos em suspenso. Mesmo com medidas sérias de gestão, elas podem ter dificuldades consideráveis de solução a médio prazo. O efeito cascata dessa crise é ainda incalculável, mas já assustador. O que acontece por aqui vai na maré contrária do mundo. Ninguém mais precisa salvar os livros de seu apocalipse, como se pensava em passado recente. O livro é a única mídia que resistiu globalmente a um processo de disrupção grave. Mas no Brasil de hoje a história é outra. Muitas cidades brasileiras ficarão sem livrarias e as editoras terão dificuldades de escoar seus livros e de fazer frente a um significativo prejuízo acumulado.
As editoras já vêm diminuindo o número de livros lançados, deixando autores de venda mais lenta fora de seus planos imediatos, demitindo funcionários em todas as áreas. Com a recuperação judicial da Cultura e da Saraiva, dezenas de lojas foram fechadas, centenas de livreiros foram despedidos, e as editoras ficaram sem 40% ou mais dos seus recebimentos— gerando um rombo que oferece riscos graves para o mercado editorial no Brasil.
Na Companhia das Letras sentimos tudo isto na pele, já que as maiores editoras são, naturalmente, as grandes credoras das livrarias, e, nesse sentido, foram muito prejudicadas financeiramente. Mas temos como superar a crise: os sócios dessas editoras têm capacidade financeira pessoal de investir em suas empresas, e muitos de nós não só queremos salvar nossos empreendimentos como somos também idealistas e, mais que tudo, guardamos profundo senso de proteção para com nossos autores e leitores.
Passei por um dos piores momentos da minha vida pessoal e profissional quando, pela primeira vez em 32 anos, tive que demitir seis funcionários que faziam parte da Companhia há tempos e contribuíam com sua energia para o que construímos no nosso dia a dia. A editora que sempre foi capaz de entender as pessoas em sua diversidade, olhar para o melhor em cada um e apostar mais no sentimento de harmonia comum que na mensuração da produtividade individual, teve que medir de maneira diversa seus custos, ou simplesmente cortar despesas. Numa reunião para prestar esclarecimentos sobre aquele triste e inédito acontecimento, uma funcionária me perguntou se as demissões se limitariam àquelas seis. Com sinceridade e a voz embargada, disse que não tinha como garantir.
Sem querer julgar publicamente erros de terceiros, mas disposto a uma honesta autocrítica da categoria em geral, escrevo mais esta carta aberta para pedir que todos nós, editores, livreiros e autores, procuremos soluções criativas e idealistas neste momento. As redes de solidariedade que se formaram, de lado a lado, durante a campanha eleitoral talvez sejam um bom exemplo do que se pode fazer pelo livro hoje. Cartas, zaps, e-mails, posts nas mídias sociais e vídeos, feitos de coração aberto, nos quais a sinceridade prevaleça, buscando apoiar os parceiros do livro, com especial atenção a seus protagonistas mais frágeis, são mais que bem-vindos: são necessários. O que precisamos agora, entre outras coisas, é de cartas de amor aos livros.
Aos que, como eu, têm no afeto aos livros sua razão de viver, peço que espalhem mensagens; que espalhem o desejo de comprar livros neste final de ano, livros dos seus autores preferidos, de novos escritores que queiram descobrir, livros comprados em livrarias que sobrevivem heroicamente à crise, cumprindo com seus compromissos, e também nas livrarias que estão em dificuldades, mas que precisam de nossa ajuda para se reerguer. Divulguem livros com especialíssima atenção ao editor pequeno que precisa da venda imediata para continuar existindo, pensem no editor humanista que defende a diversidade, não só entre raças, gêneros, credos e ideais, mas também a diversidade entre os livros de ambição comercial discreta e os de ambição de venda mais ampla. Todos os tipos de livro precisam sobreviver. Pensem em como será nossa vida sem os livros minoritários, não só no número de exemplares, mas nas causas que defendem, tão importantes quanto os de larga divulgação. Pensem nos editores que, com poucos recursos, continuam neste ramo que exige tanto de nós e que podem não estar conosco em breve. Cada editora e livraria que fechar suas portas fechará múltiplas outras em nossa vida intelectual e afetiva.
Presentear com livros hoje representa não só a valorização de um instrumento fundamental da sociedade para lutar por um mundo mais justo como a sobrevivência de um pequeno editor ou o emprego de um bom funcionário em uma editora de porte maior; representa uma grande ajuda à continuidade de muitas livrarias e um pequeno ato de amor a quem tanto nos deu, desde cedo: o livro."
Abaixo deixamos sugestões de livros do Grupo Companhia das Letras que fizemos para ajudar você a comprar seu presente de Natal. São alguns dos livros que nossos resenhistas consideraram 5 estrelas (ou seja, imperdível) neste ano de 2018.
As editoras já vêm diminuindo o número de livros lançados, deixando autores de venda mais lenta fora de seus planos imediatos, demitindo funcionários em todas as áreas. Com a recuperação judicial da Cultura e da Saraiva, dezenas de lojas foram fechadas, centenas de livreiros foram despedidos, e as editoras ficaram sem 40% ou mais dos seus recebimentos— gerando um rombo que oferece riscos graves para o mercado editorial no Brasil.
Na Companhia das Letras sentimos tudo isto na pele, já que as maiores editoras são, naturalmente, as grandes credoras das livrarias, e, nesse sentido, foram muito prejudicadas financeiramente. Mas temos como superar a crise: os sócios dessas editoras têm capacidade financeira pessoal de investir em suas empresas, e muitos de nós não só queremos salvar nossos empreendimentos como somos também idealistas e, mais que tudo, guardamos profundo senso de proteção para com nossos autores e leitores.
Passei por um dos piores momentos da minha vida pessoal e profissional quando, pela primeira vez em 32 anos, tive que demitir seis funcionários que faziam parte da Companhia há tempos e contribuíam com sua energia para o que construímos no nosso dia a dia. A editora que sempre foi capaz de entender as pessoas em sua diversidade, olhar para o melhor em cada um e apostar mais no sentimento de harmonia comum que na mensuração da produtividade individual, teve que medir de maneira diversa seus custos, ou simplesmente cortar despesas. Numa reunião para prestar esclarecimentos sobre aquele triste e inédito acontecimento, uma funcionária me perguntou se as demissões se limitariam àquelas seis. Com sinceridade e a voz embargada, disse que não tinha como garantir.
Sem querer julgar publicamente erros de terceiros, mas disposto a uma honesta autocrítica da categoria em geral, escrevo mais esta carta aberta para pedir que todos nós, editores, livreiros e autores, procuremos soluções criativas e idealistas neste momento. As redes de solidariedade que se formaram, de lado a lado, durante a campanha eleitoral talvez sejam um bom exemplo do que se pode fazer pelo livro hoje. Cartas, zaps, e-mails, posts nas mídias sociais e vídeos, feitos de coração aberto, nos quais a sinceridade prevaleça, buscando apoiar os parceiros do livro, com especial atenção a seus protagonistas mais frágeis, são mais que bem-vindos: são necessários. O que precisamos agora, entre outras coisas, é de cartas de amor aos livros.
Aos que, como eu, têm no afeto aos livros sua razão de viver, peço que espalhem mensagens; que espalhem o desejo de comprar livros neste final de ano, livros dos seus autores preferidos, de novos escritores que queiram descobrir, livros comprados em livrarias que sobrevivem heroicamente à crise, cumprindo com seus compromissos, e também nas livrarias que estão em dificuldades, mas que precisam de nossa ajuda para se reerguer. Divulguem livros com especialíssima atenção ao editor pequeno que precisa da venda imediata para continuar existindo, pensem no editor humanista que defende a diversidade, não só entre raças, gêneros, credos e ideais, mas também a diversidade entre os livros de ambição comercial discreta e os de ambição de venda mais ampla. Todos os tipos de livro precisam sobreviver. Pensem em como será nossa vida sem os livros minoritários, não só no número de exemplares, mas nas causas que defendem, tão importantes quanto os de larga divulgação. Pensem nos editores que, com poucos recursos, continuam neste ramo que exige tanto de nós e que podem não estar conosco em breve. Cada editora e livraria que fechar suas portas fechará múltiplas outras em nossa vida intelectual e afetiva.
Presentear com livros hoje representa não só a valorização de um instrumento fundamental da sociedade para lutar por um mundo mais justo como a sobrevivência de um pequeno editor ou o emprego de um bom funcionário em uma editora de porte maior; representa uma grande ajuda à continuidade de muitas livrarias e um pequeno ato de amor a quem tanto nos deu, desde cedo: o livro."
Abaixo deixamos sugestões de livros do Grupo Companhia das Letras que fizemos para ajudar você a comprar seu presente de Natal. São alguns dos livros que nossos resenhistas consideraram 5 estrelas (ou seja, imperdível) neste ano de 2018.
Para ver as resenhas de todos os livros resenhados em 2018 do Grupo Companhia das Letras:
Editora Companhia das Letras: Clique aqui
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Editora Seguinte: Clique aqui
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Editora Paralela: Clique aqui
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Editora Suma de Letras: Clique aqui
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Editora Alfaguara: Clique aqui
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Ahhh!!!Que coisa mais linda!!!!
ResponderExcluirEu ainda não tinha visto esta declaração de amor aos livros, só tenho acompanhado as campanhas para se presentear com livros neste Natal e ando adorando isso!
Precisamos espalhar este amor a todos que ainda não conhecem esta magia que é poder ler.
E acho que nesta época, os corações ficarão mais "molinhos"
Amei!!!
Beijo
Que linda a carta dela. Sempre dei livros de presente e sempre darei. Precisamos mostrar para as pessoas o quanto a leitura é importante. Espero que as livrarias consigam se reerguer!
ResponderExcluirwww.vivendosentimentos.com.br
Olá, é doloroso pensar que o mercado editoral está passando por uma séria crise, uma vez que os livros, fruto de todo conhecimento, sempre deveriam ser uma prioridade. É claro que é fundamental fomentar, nesse tempo de festas, a ato de se presentear com livros, porém é necessário levar em consideração que não são todos que dispõem de recursos financeiros para pagar o preço que as editoras colocam na obras. Enfim, entre as dicas, eu com certeza compraria essa edição maravilhosa de A Rainha Vermelha para dar de presente. Beijos.
ResponderExcluirBelíssima carta!
ResponderExcluirCarta de amor aos livros... É um momento muito doloroso para todos que amam esse universo, e ainda mais doloroso para quem depende financeiramente.
Mas acredito que podemos mudar isso, que nosso amor pelos livros não seja apenas nas redes sociais, que ele possa ultrapassar as telas.
A literatura resiste!
Beijos
Olá Gisela!
ResponderExcluirQue tocante essa carta, fiquei muito emocionada. É muito triste a situação que estamos vivendo em relação às livrarias. Por isso é crucial, como o autor diz, incentivarmos o ato de ler e movimentar o mercado literário. Divulgar amplamente os benefícios de uma boa leitura e ofertar as obras por preços acessíveis a todos são um bom começo para tentar solucionar o problema.
Beijos
Oi, Gi
ResponderExcluirQue carta linda!
Espero que muitas pessoas comprem mais livros nesse fim de ano, que possamos mudar essa realidade.
Beijos
Oi Gisela,
ResponderExcluirAmei esse post! Todos os amigos secretos que estou participando, estou dando livros! Se todo mundo fizer sua parte, podemos ajudar a mudar isso.
Oi, Gi!!
ResponderExcluirAdorei a carta de amor aos livros, espero que as pessoas comecem a ver como é por dar um livro para algum que você gosta como também comprar livros inesquecíveis que nos motiva e nos faz viajar.
Bjos
Eu quero muito ler o livro A Missão Traiçoeira da editora seguinte porque foi uma grande experiência que eu tive a ler o primeiro livro dessa série então quando anunciaram a continuação e já fiquei bastante empolgada para conferir o desenrolar da história deles
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