Cortesia da Editora Rocco
O ponto de partida para a trama de “A Fogueira das Vaidades” é quando Sherman McCoy, um yuppie de Wall Street, acaba de pegar sua amante Maria no aeroporto e na volta para casa se perdem e entram no Bronx. Quando de fato percebem onde estão, e sentindo repulsa por verem tanta pobreza em volta, tentam desesperadamente sair dali o quanto antes. Então, quando estão fazendo mais uma tentativa de sair dali, dois homens negros se aproximam para tentar ajudar, ou não! É quando na tentativa de fuga, e com medo, os dois acabam atropelando um dos rapazes, e nosso enredo, finalmente começa.
Título: A Fogueira Das VaidadesOnde comprar: Amazon
Autor: Tom Wolfe
Tradutor: Lia Wyler
Editora: Rocco
Gênero: Romance
Páginas: 592 (Capa Dura)
Ano: 2018
Primeira publicação: 1987
Numa época extremamente racista e preconceituosa, onde os valores são comparados e a arrogância transborda que acompanhamos como os personagens conseguirão sair daquela situação. Até por que, muitos pensamentos rondam até nós leitores sobre o que de fato aqueles dois homens fariam, se iriam ajudar ou não. É algo que jamais chegaremos a saber. O fato é que o caso vem a público, o que acende uma enorme chama nas pessoas, de classe econômica menos favorecidas, de lutar e cobrar seus direitos. Então um protesto toma força com o intuito de colocar um fim na desvalorização dos mais necessitados.
“De repente, Sherman tomou consciência de um vulto que se aproximava pela calçada, nas sombras escuras e úmidas das casas e das árvores. Mesmo a distância de 15 metros, na escuridão, ele o pressentia. Era aquela preocupação muito íntima que existe no fundo da cabeça de todo residente da Park Avenue ao Sul da 96 Street - um negro jovem, alto, de pernas longas, tênis brancos. Agora estava a 12 metros, 10 metros. Sherman encarou-o. Muito bem, que venha! Não vou arredar pé! Este é o meu território! Não vou cedê-lo a nenhum delinquente!”
Tom Wolfe não foi apenas importante para sua época e também não foi apenas a pessoa que aperfeiçoou o que que chamamos de “new journalism” (e que logo mais tarde veio a ser conhecido como o criador do mesmo), mas ele também foi o responsável por dar uma cara completamente nova a ficção de antigamente. A Fogueira das Vaidades logo virou best-seller, ganhando até uma adaptação para o cinema.
“Sherman não ouviu mais nada depois de 'fode a decoradora'. No papel de Senhor do Universo, ele sentia um certo orgulho masculino em pensar que era capaz de enfrentar todas as facetas da vida. Mas agora, como muitos respeitáveis machos americanos antes dele, estava descobrindo que Todas as Facetas da Vida eram coloridas quando se estava na plateia. ”
Os personagens criados por Tom são de deixar qualquer leitor numa variável mudança de humor a cada página lida. Da mesma forma que conseguimos sentir afeto por alguém, na página seguinte você sente ódio pulsar em suas veias. Isso é algo que vi apenas nos livros do mestre Stephen King, que a propósito é apenas a primeira semelhança que encontrei entre ambos.
A escrita de Wolfe se assemelha também a escrita de King. A descrição das cenas vai da simples madeira utilizada para a construção de uma mesa até a cor do céu ao entardecer com todas as suas tonalidades, por exemplo. É algo enriquecedor para a trama, deixando o livro e a leitura mais rica, mas que aos poucos se torna um pouco enfadonha. Não que o livro seja chato, tampouco vou deixar de indicá-lo, o que quero dizer é que o livro apenas poderia ter sido mais enxuto, cortar algumas coisas deixaria o livro mais direto, e chegaríamos a uma conclusão mais surpreendente. O livro tem um final incrível, mas até chegarmos lá, parece que corremos uma maratona sem fim.
Os outros personagens como o Reverendo Reginald Bacon, que se aproveita do ocorrido para se alto promover, chamar a atenção das pessoas e fazê-las acreditarem nele, manipula a todos para acreditarem em suas palavras e alimentar seu ridículo ego. Outro personagem repugnante é Kramer, um promotor de justiça deprimente que acredita que seu maior sucesso será prender um homem rico e branco que atropelou um negro pobre. Enfim, todos não estão nem aí, e só pensam no que vão ganhar após aquele ocorrido. Um advogado que arranca todo o dinheiro de Sherman, dentre outras coisas decadentes do ser humano.
“Uma voz... do alto disse...
Toda a carne...é relva...
Todo um oceano de acordes. O reverendo Bacon parou de tamborilar os dedos. Pousou a ponta dos dedos de ambas as mãos na borda da escrivaninha. Ergueu ligeiramente o queixo e disse: - Isto é o Harlem!”
Toda a carne...é relva...
Todo um oceano de acordes. O reverendo Bacon parou de tamborilar os dedos. Pousou a ponta dos dedos de ambas as mãos na borda da escrivaninha. Ergueu ligeiramente o queixo e disse: - Isto é o Harlem!”
São personagens com valores tão deprimentes, que pensam apenas em alimentar seus egos, que vemos o quanto a sociedade está cada vez mais indo em direção a miséria, pois mesmo tendo sido lançado a tanto tempo, A Fogueira das Vaidades continua mais atual do que nunca.
O leitor fica dividido durante uma curta parte da trama com o personagem Sherman. Estamos cientes do ocorrido do atropelamento, mas os rumos da vida de Sherman são decididos por um sistema corrupto, egoísta e uma imprensa sensacionalista que pensa em lucros e mais lucros, e nós leitores ficamos sem reação com esse sentimento. O livro termina como já mencionei, de uma forma de cair o queixo, e ficamos com o livro na cabeça por dias sem fim. Não é à toa que se tornou um dos melhores livros do ano até agora.
A Rocco fez um excelente trabalho em relançar A Fogueira das Vaidades. A nova capa, uma edição em capa dura e páginas mais compactadas para diminuir o calhamaço de mais de 900 páginas das edições anteriores, deixaram o livro mais prático e gostoso de ser lido. A editora pretende ainda relançar mais 6 dos livros de Wolfe, e torço muito que sigam a mesma linha deste.
A adaptação do livro, que teve Tom Hanks e Bruce Willis, não teve muitas criticas boas e foi um fracasso de bilheteria.
Boa leitura!
Este é com certeza um dos grandes ícones da literatura mundial!E a quanto tempo eu não lia mais nem o título desta obra ímpar.
ResponderExcluirO livro fez tanto sucesso que acabou virando filme(também super recomendado) e falando sério, que edição linda esta da Rocco.
Não é uma leitura que deixa o leitor ali, sentadinho. Ela realmente nos joga na torrente dos acontecimentos e na vida dos personagens!!!
Quero muito esta nova edição!!
E que alegria saber que mais ícones serão relançados em capas ainda mais lindas e com formato mais "enxuto".
Beijo
Confesso que não conheço os trabalhos do Wolf.
ResponderExcluirMe parece uma leitura bem escrita, com conteúdo e que nos traz questionamentos.
Gostei de saber mais.
Beijos
Embora seja um livro bastante famoso, ainda não tive a oportunidade de ler. Nem mesmo a adaptação eu assisti e nem sabia do que se tratava. É um enredo bem denso e os temas importantes para refletirmos e discutir. Essa descrição tão detalhada em um livro tão extenso realmente deve cansar um pouco. Não sabia desse relançamento pela Rocco. Dica anotada.
ResponderExcluirEstou por fora hein? Não conhecia nem o livro e muito menos o filme... como pode com dois baita atores??? Mesmo que tenha sido um fracasso preciso assistir. Bom quanto ao livro, eu adorei o titulo justamente por não imaginar do que pudesse se tratar. Na verdade não ficou claro se os homens negros foram ajudar ou não, deve ser essa a ideia, tudo leva a crer que ele iriam assaltar mas também poderia não ser isso. Chegamos então a uma cena clássica de racismo e ideia preconcebida, quase cultura que se encontramos negros na rua é melhor se cuidar... que revolta tá louco, mas enfim..
ResponderExcluirConfesso que ter comparado a escrita com a de King me desanimou um pouco, não que eu não goste, mas não é algo que flua tranquilamente, pra mim é uma leitura mastigada e agora que tu falou que ela pode ser rica em detalhes em alguns momentos, se tiver oportunidade de ler já vou preparada para isso. Gostei da dica.
Oi Douglas,
ResponderExcluirJá teve até adaptação? Que bom ver a resenha por aqui, não conhecia essa obra, pelo título lembrei de um filme chamado Feira das Vaidades, mas é totalmente diferente.
Um final que fica ecoando depois da leitura, fiquei curiosa.
Olá Douglas!
ResponderExcluirA gente percebe a grandiosidade de uma obra quando o tempo não é capaz de torná-la incompatível com a atualidade e A Fogueira das Vaidades só confirmar que Wolfe é um dos autores mais influentes da literatura. Acredito que esse excesso de descrição, apesar de cansativo me alguns momentos, corrobora para que a experiência do leitor seja completa ao final da leitura.
Beijos.
Olá Douglas,
ResponderExcluirEu não conhecia a história mas se não soubesse o ano de publicação não diria que ele foi escrita há tanto tempo. Não gosto muito dessas divagações na história, me atrapalha pois tenho pouco tempo disponível para a leitura e a descrição excessiva do ambiente acaba me frustrando. A mensagem do autor é bem clara, evidenciando a ganância das pessoas e nos fazendo refletir. Fiquei curiosa acerca do final surpreendente, mas acho que não é um livro que eu leria no momento.
Beijos
Oi, Douglas!
ResponderExcluirConfesso que não curto livros onde os personagens te conquistam num momento e na página seguinte despertam seu ódio, sem falar que não gosto de livros com cenas descritas detalhadamente, acho-as muito cansativas, ainda mais em se tratando de um livro como A Fogueira das Vaidades, com quase 600 páginas...
Não conhecia esse livro - nem nunca ouvi fala sobre a adaptação com Tom Hanks e Bruce Willis - e sinceramente a trama não me interessou, por isso eu não leria esse livro... Abraços!
Olá! Apesar de ser considerado um clássico, ainda não tive a oportunidade de conferir esse livro, essa edição está linda, e o enredo mais atual do que nunca.
ResponderExcluirOi Douglas,
ResponderExcluirÉ um livro com um assunto importante, com certeza, que precisa ser mais abordado e discutido. Ninguém está livro de imprevistos, surpresas ou eventualidade e é por causa disso que vemos uma história com tanto impacto sendo construída. O autor soube levantar bem o questionamento a respeito das verdadeiras intenções dos rapazes. Dois homens negros em um lugar pouco confiável sempre levantaram suspeitas negativas por parte da sociedade, infelizmente. Sobre a escrita do Wolfe, particularmente, gosto de detalhes precisos sobre as cenas, mas também, muitas vezes, me pego divagando durante a leitura quando estes mesmo detalhes se tornam maçantes. Confesso que é a primeira vez que ouço falar do autor, mas logo de cara vejo o quanto suas histórias impactam e cativam os leitores, por isso é bem legal ver a editora relançando as obras e permitindo que as mesmas cheguem nas mãos de muitos leitores.
Oi, Douglas
ResponderExcluirAinda não li nada do autor e fico feliz em saber que a editora Rocco vai relançar mais livros do mesmo para conhecer um pouco mais da sua escrita.
Essa edição esta linda e com capa dura melhor ainda. Aborda um tema que precisa ser discutido e trás questionamentos, reflexão.
Quero ter oportunidade de ler, beijos!
Oi, Douglas!
ResponderExcluirEssa é a primeira resenha que leio sobre esse história e tenho certeza que nunca li nada do Tom Wolfe, achei a história super interessante e com um tema que infelizmente ainda é muito decorrente tanto no Brasil como em outros lugares do mundo. Adorei a indicação e fiquei super intrigada com esse livro.
Bjos