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5.8.19

Longe De Casa [Malala Yousafzai]

Longe De Casa
Cortesia do Grupo Companhia das Letras

Você se lembra daquela menina que ficou mundialmente famosa depois de escrever um livro sobre o horror da guerra? Aquela menina de quinze anos que, através de seu relato, inspirou milhares de pessoas no mundo inteiro a lutar contra a repressão e a ignorância?

Eu tenho certeza de que você pensou em Annelies Marie Frank, ou simplesmente Anne Frank, uma adolescente alemã de origem judaica que se tornou uma das figuras mais discutidas do século XX após a publicação de seu diário, escrito durante um período de perseguições e horrores conhecido como Holocausto.

Infelizmente, Anne Frank não é a única adolescente vítima da intolerância e da violência. Uma outra jovem, de origem paquistanesa, também se tornou mundialmente conhecida (e celebrada) por seu relato de resistência, e por sua luta incansável em favor do acesso igualitário à educação.

Seu nome é Malala Yousafzai. E nessa resenha, você vai conhecer um pouquinho sobre a incrível história dessa menina que vem inspirando o mundo.

Título: Longe de Casa
Autor: Malala Yousafzai
Tradutor: Lígia Azevedo
Editora: Seguinte
Gênero: Biografia, Não-Ficção
Páginas: 224
Edição:
Ano: 2019
Onde comprar: Amazon

No dia 9 de Outubro de 2012, Malala Yousafzai subiu a bordo do habitual transporte escolar, na província de Khyber Pakhtunkhwa, no Paquistão. Aos quinze anos de idade, ela não poderia imaginar que um homem desconhecido também embarcaria no transporte, chamaria Malala pelo nome e, em seguida, dispararia três tiros contra ela. Malala também não poderia imaginar que um dos tiros acertaria o lado esquerdo de sua testa, deixando-a inconsciente e em estado grave pelos dias que se seguiram.

Você deve estar se perguntando o que levaria uma pessoa a cometer tamanho ato de crueldade.

Acontece que na região conhecida como vale do Swat, no nordeste do Paquistão, os talibãs locais impedem jovens como Malala de frequentarem as escolas. Trata-se de um movimento fundamentalista islâmico nacionalista, amplamente difundido no Paquistão, e cujos líderes justificam as suas políticas por meio do Alcorão. Por essa razão, desde o seu surgimento, os talibãs conduzem uma autêntica guerra contra as mulheres em geral, negando-lhes educação, trabalho e assistência médica.

Em 2009, quando Malala tinha onze anos de idade, ela decidiu criar um blog na Internet. Ela queria contar ao mundo como era sua vida durante a ocupação talibã, sobretudo como era difícil o acesso à educação para as jovens no vale do Swat. Esse relato alcançou repercussão mundial, e Malala passou a dar entrevistas na imprensa e na televisão.

A tentativa de assassinato desencadeou um movimento de apoio nacional e internacional à Malala. Ao redor do mundo, várias pessoas começaram a se sentir inspiradas pelo relato da jovem paquistanesa e sua luta contra a repressão de crianças e jovens e pelo direito de todas as crianças à educação. A Organização das Nações Unidas lançou uma petição em nome de Malala com o slogan I am Malala ("Eu sou Malala"), exigindo que todas as crianças do mundo estivessem inscritas em escolas até ao fim de 2015, o que impulsionou a criação da primeira lei de direito à educação no Paquistão.

Aos dezessete anos de idade, Malala foi a pessoa mais jovem do mundo a receber o Prêmio Nobel da Paz. Após recuperar-se do atentado que quase tirou-lhe a vida, a jovem paquistanesa fez um discurso vibrante e inspirador na Assembleia da Juventude na Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque. Nas palavras de Malala, “uma criança, um professor, uma caneta e um livro podem mudar o mundo. A educação é a única solução". Em setembro daquele mesmo ano, Malala inaugurou em Birmingham, na Inglaterra, a maior biblioteca pública da Europa.


Em 2019, quase sete anos depois do episódio que quase lhe tirou a vida, a história de Malala Yousafzai continua inspirando pessoas – sobretudo mulheres – ao redor do mundo. Em março desse ano, a Companhia das Letras trouxe ao Brasil o livro “Longe de Casa”, uma obra literária assinada por Malala, mas que dá vez e voz a outras jovens que também vivenciam realidades pautadas pela repressão e pela violência.

Dividido em duas partes, o livro tem como foco os direitos humanos e a situação de várias meninas vivendo como refugiadas, longe de seus países de origem. O livro se chama “Longe de Casa”, uma vez que é por esse viés que Malala escolhe falar de sua experiência – a saída do Paquistão e a mudança para Inglaterra, o contato com uma cultura completamente diferente da sua, e a sombra de uma ameaça que, mesmo longe de casa, não deixa de persegui-la. Afinal, mesmo longe dos horrores da guerra, a intolerância e a repressão continuam fazendo parte do seu cotidiano, já que a opinião pública parece desfavorecer pessoas em situação de refúgio, como se tudo o que elas pudessem sentir é gratidão por estarem sendo acolhidas em países estrangeiros, ainda que em condições precárias e pouco humanitárias.

“Eu não sou uma voz solitária, eu represento várias vozes.” (Malala Yousafzai)

Malala Yousafzai

Já na segunda parte do livro, Malala nos apresenta a nove jovens em situação de refúgio na América Latina, no Oriente Médio, na África e em diversos outros lugares que Malala conheceu durante suas viagens, visitando campos de refugiados pelo mundo. Os capítulos trazem os nomes das jovens cuja história inspiraram Malala (Analísa, María, Najla, entre outras meninas) e a trajetória de cada uma delas, desde que saíram de suas casas até chegarem aos abrigos e lares para refugiados, em outro país.

Todos os capítulos trazem um pequeno texto inicial, escrito pela própria Malala. Um dos mais emocionantes é, sem dúvida, a história da congolesa Marie Claire, que Malala conheceu durante sua participação em um evento em homenagem aos refugiados em Lancaster, na Pensilvânia. Trata-se de um relato emocionante, pautado tanto pelo trauma quanto por triunfo, e que parece ter sido escrito para uma novela, quando é a mais pura (e difícil) realidade.


As histórias de vida que Malala e a histórias de outras meninas apresentadas em “Longe de Casa” podem parecer tristes, e são mesmo, mas também são histórias de superação. Anne Frank, em seu diário, também nos contou sobre momentos muito difíceis de se imaginar, ao mesmo tempo em que apresentava sua esperança e fé inabaláveis de que aquela guerra teria um fim.

Pode parecer difícil, a princípio, compreender por que alguém precisaria lutar por seu direito de frequentar uma escola. E é ainda mais difícil imaginar alguém levando um tiro por defender o direito das mulheres e das crianças à educação. Mas se tivesse sido diferente, isto é, se alguém não tivesse tido coragem de erguer a mão, de escrever um diário, de criar um blog na Internet, de defender a educação universal como o único e eficaz modo de se alcançar a paz, então talvez nós nunca tivéssemos a chance de conhecer a história dessas duas meninas que, a seu modo e em seu tempo, nos mostraram que a vida vale a pena ser vivida, e que depende de nós fazer do mundo um lugar melhor.

Hoje, Malala é aluna da Universidade de Oxford, na Inglaterra, onde estuda Filosofia, Economia e Política. Junto de seu pai, ela criou o Fundo Malala, uma organização sem fins lucrativos que busca garantir que todas as mulheres e crianças ao redor do mundo tenham acesso à educação. Ela também criou a hashtag #BooksNotBullets (em tradução livre, “livros sim, armas não”), para reforçar a mensagem de que a educação é a nossa melhor “arma” contra a repressão e a ignorância. Você pode compartilhar a foto do seu livro favorito usando essa hashtag, e ajudar a impulsionar esse movimento em prol da paz e do acesso igualitário a educação.

17 comentários em "Longe De Casa [Malala Yousafzai]"

  1. Infelizmente a verdade É que não sabemos o que acontece nos outros países. A realidade por vezes cruel fica de fora da internet , das TVs.Apenas quando histórias como a de Malala ganham repercussão mundial é que percebemos como há guerra, genocídio e crueldade do outro lado do mundo.
    É emocionante e devastador conhecer a história dessas meninas. E transformador pois além de ficarmos gratas pelo que temos não só o material mas a liberdade, a leitura do livro nos faz sair do sofá e tentar fazer algo para ajudar.

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  2. Infelizmente Malala não foi a última criança a ter que sentir na pele os horrores da ganância ou de países que ainda privam crianças,principalmente meninas de ter acesso a educação e tudo que envolve aprendizado.
    E é só ligar a tv num jornal que vemos a guerra se espalhando por aí, Sabe o que mais me assusta nisso tudo? Não é somente ver crianças pagando por estes erros, mas um país como o nosso ficar tentando se armar a todo custo, como se uma arma fosse garantia de vida boa.
    Educação é sim, a maior arma!
    Com certeza, quero demais ler esta obra e todas as que ela ainda escreverá!!!
    Beijo

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  3. Olá Tiago!
    A Malala é um ícone que contribuiu e continua contribuindo para a igualdade, de modo que as obras da autora são preciosíssimas para reflexão. Longe de Casa, embora definitivamente faça com que o leitor se sinta triste durante a leitura, tem a função maior de nos fazer deixar de lado nossos medos e lutar por aquilo que queremos, pois somente com força de vontade podemos mudar as injustiças que infelizmente acometem muitas pessoas todos os dias, em todos os lugares do mundo.
    Beijos.

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  4. Eu gostei tanto desse livro!
    Malala e as meninas desse livro são admiráveis; é uma grande lição.
    E é lindo vê-las lutando por educação.
    Uma leitura muito enriquecedora e emocionante.
    Amei a resenha.

    Beijos

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  5. Oi Thiago,
    Conheço muito pouco da história de Malala, fato que pretendo mudar, pois o pouco que sei é tão interessante e de uma importância tão grande que é difícil não ficar curiosa para saber tudo a seu respeito. Eu também sei pouco sobre a guerra e vergonhosamente assumo que não procuro saber muito, pois acho muito triste ter que ver o que as outras pessoas passam e não poder fazer nada para acabar de vez com os conflitos. Uma coisa é ler um livro que fala de guerra quando este nos trás personagens fictícios, outra coisa bem diferente (e muito mais tocante) é termos essas histórias narradas por pessoas que, realmente, vivenciaram/vivenciam os horrores da guerra. Longe de casa é uma forma de mostrar ao mundo uma realidade ainda tão presente e que está longe de chegar ao fim. A ideia de Malala para essa obra é sensacional, pois assim como foi e ainda é importante conhecer sua história, muitas outras existem pelo mundo esperando que alguém as conte e além de, claro, poder ajudar milhares de pessoas que tudo que querem é ter a oportunidade de estudar.

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  6. Olá!
    Eu já ouvi fala bastante dessa mulher e admiro ela bastante por sua coragem e pela sua lutar pelos direito de todas mulheres. Eu fiquei bastante interessada por todos os livros dela e quero saber mais da vida dela e da origem. Eu obtenho um livro na estante de Anne Frank e estou bem curiosa para ler e essa de Malala também desejo muito. São duas mulheres incríveis!

    Meu blog:
    Tempos Literários

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  7. Eu tinha aquele livro mais famoso dela. Infelizmente, não estava numa boa fase e abandonei. Uma colega de trabalho pediu emprestado, e viiish, nunca vi mais ele. Pretendo comprar de novo para ler, pq é muito necessária pra vida.
    Acho que vou acabar comprando esse primeiro por ter mais relatos.

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  8. Olá Thiago!
    Sem dúvida Malala foi crucial para o avanço da educação, mas infelizmente a mudança de como as meninas são tratadas em alguns países vai ser bem lenta pois há uma questão religiosa e cultural envolvida. Acho que o ideal ninguém precisar sair de sua terra natal para estudar, a não ser que não tenha escolha. Dar voz a essas meninas é muito importante para nos lembrar que a luta ainda não acabou, e que de algum modo, todos podemos (e devemos) ajudar.
    Beijos

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  9. Conheço a història dessa guerreira e ja assisti vàrios documentários a respeito. Ainda não li nenhum livro dela, mas tenho muita vontade de ler. A experiência dela foi triste, mas conseguiu voz para mudar e lutar.

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  10. Olá! Malala Yousafzai é tão inspiradora, ela é um exemplo a ser seguido!
    Foi horroroso o que fizeram com ela, Malala sofreu um atentado por buscar algo tão nobre, por buscar educação para si e para os outros, em um lugar onde as mulheres não têm direito de estudar, trabalhar e ter assistência médica, coisas que deveriam ser direito de todos. É triste que essa também seja a realidade de tantos outros lugares.
    É incrível ver o quanto essa garota inspirou e incentivou que mais pessoas lutassem pela educação, fiquei maravilhada ao saber que por causa da iniciativa de Malala foi criada a primeira lei de direito a educação no Paquistão.
    Com certeza vou fazer essa leitura, vai ser uma honra conhecer mais sobre essa garota maravilhosa e inspiradora e suas lutas.
    Obrigada pela indicação! Beijos!


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  11. Olá! Uma leitura obrigatória para conhecermos mais profundamente realidades tão cruéis e que para nós parecem até absurdas, como uma criança, por ser menina, pode ser impedida de ir à escola, é tão difícil tentar compreender isso, e mesmo que pareça ser uma leitura triste, que exigirá bastante do nosso emocional, acredito que vale muito poder realizar a leitura.

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  12. Oiii ❤ Malala é uma mulher incrível, uma verdadeira inspiração. Tudo o que ela teve que passar apenas para poder estudar, algo que deveria ser um direito garantido... Ela é um símbolo contra a repressão.
    Gostei dos temas abordados na obra. Realmente, tem muita gente que acha que as pessoas refugiadas têm que ser totalmente agreadecidas ao país que as acolheu, mesmo se tiverem sido acolhida em más condições. Esse tipo de pensamento é tão errado, pois uma pessoa não deixa seu país de origem por escolha própria, mas sim por necessidade.
    Quero muito fazer essa leitura, que tem tanto a nos ensinar e nos mostrar quanta gente ainda sofre com os diversos tipos de repressão.
    Beijos ❤

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  13. Oi, Thiago!! Sim, a história dessas mulheres sempre me emociona. Mesmo agora, tenho os olhos cheios de lágrimas. Mas, sem querer parecer rude, mas sabendo que parecerei hahaha Não é uma coisa tão distante assim ou tão absurda imaginar pessoas tendo que lutar pra ter uma educação. Ou enfrentar armas. Pense em todos os jovens negros e pobres quem morrem a caminho da escola. Pense em todas as mulheres brasileiras que se desdobram pra ser mãe, profissional e estudante. Pense no movimento dos secundaristas, pense em todas as manifestações que estão ocorrendo. Pense no salários dos pesquisadores que estao sendo cortados, pense nas verbas das universidades publicas que estão sendo cortadas, pense na tentativa de proivatização das mesmas - o que vai diminuir o acesso à elas e a qualidade das mesmas. Pense nessas coisas, se inspire com Malala e mude o mundo aqui no Brasil mesmo.

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  14. Olá Thiago ;)
    Sonho em ler sobre a vida da Malala, acho ela uma grande inspiração. Até sugeri para o clube do livro do qual participo esse livro para lermos ainda esse ano *-*
    Adorei essa proposta de divisão do livro, em que ela conta sua experiência de vida e também insere fotos de algumas refugiadas.
    Espero que mais pessoas se inspirem nessa garota que já é um símbolo de paz para muitas pessoas no mundo!
    Abraços

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  15. Oi, Thiago
    Infelizmente muitas meninas como Malala ainda sofrem no mundo tudo, sem dúvidas que essa jovem é muito forte e mesmo que não more no seu país não deixa de lutar e acreditar num mundo onde mulheres, meninas tenham um direito que é básico a educação, saúde.
    Malala é um grande exemplo para todos nós homens e mulheres e ainda nos ensina a ter empatia, compaixão pelo próximo.
    Quero muito poder ler o livro em breve, beijos!

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  16. Oi, Thiago!!
    Sem dúvida a Malala é uma pessoa forte e decidida que já sofreu muito e mesmo assim não deixou de lutar por aquilo que acredita. Achei o livro muito interessante e desejo muito conhecer Longe de Casa.
    Bjs

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  17. Oi, Thiago!
    A história da Malala é muito linda!
    Apesar de tudo que ela passou, que moça determinada e batalhadora ela é!
    Quero muito ler todos os seus livros.
    Longe de casa parece ser muito emocionante, além de nos mostrar como a realidade de algumas pessoas são tão duras.
    bjs

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