Cortesia do Grupo Editorial Record
O amor e a abnegação incondicional de mãe
Há momentos em que a gente pensa que o buraco negro está nos tragando, que nada pode ficar pior do que já está, mas vem a vida e demonstra que nada pode estar tão ruim que não possa piorar ainda mais. Esse negócio de que "se a vida lhe der limões faça uma limonada" não funciona, se ela lhe dá limões provavelmente você vai espremê-los nos olhos e ainda vai sair no sol sem lavar as mãos que é pra ficar manchado pra sempre.
Título: A CorrenteOnde comprar: Amazon
Autor: Adrian McKinty
Tradutor: Clóvis Marques
Editora: Record
Gênero: Suspense e Mistério
Páginas: 378
Edição: 1ª
Ano: 2019
A vida de Rachel não está nada fácil, mas ela está lutando bravamente. Venceu a luta contra o câncer, está se refazendo de uma separação recente, conseguiu um novo emprego e cria sua filha com amor e dedicação. Enfim, uma mulher comum.
Mas como qualquer outra pessoa, Rachel está prestes a ser arrastada pelo maremoto: sua filha será sequestrada. Não um sequestro comum onde se exige o resgate e a troca é feita. Sua filha Kylie será sequestrada pela "Corrente", uma entidade implacável, com regras próprias e assustadoras. E assim Rachel recebe duas informações importantes pelo telefone:
“— Você tem que se lembrar de duas coisas — diz uma voz distorcida eletronicamente. — Número um: você não é a primeira e certamente não será a última. Número dois: lembre-se, não é pelo dinheiro. É pela Corrente.
(...)
Um estilhaço de gelo percorre sua espinha. Um vazamento do futuro para dentro do presente. Um futuro aterrorizante que, ao que parece, vai se revelar em poucos minutos.”
Um estilhaço de gelo percorre sua espinha. Um vazamento do futuro para dentro do presente. Um futuro aterrorizante que, ao que parece, vai se revelar em poucos minutos.”
Assim tem início o thriller gostoso de se ler A corrente (Record, 378 páginas) do irlandês Adrian McKinty. Ele não é nenhum iniciante, então conhece a técnica, tem estilo. Porém, o que realmente me chamou a atenção foi o destaque dado ao livro por meus autores prediletos - Stephen King e Dennis Lehane. A partir daí tornou-se leitura obrigatória. Sei que muitas vezes isso não acaba bem, mas no caso deste livro funcionou. O livro tem leitura fácil, ritmo acelerado e flashbacks espertos e bem encaixados.
O enredo é original e inusitado: desenvolver uma história sobre "corrente" em seu grau máximo, lidando com prêmios como vida e morte. Quem já não se deparou com uma dessas correntes em que se você não realizar o que ela pede, ou seja, quebrar a corrente, acarretará algo desastroso (morte de um ente querido, perda de todo dinheiro, azar pelo resto da eternidade etc)? Corrente mexe com algo provavelmente atávico dentro de nós. O medo é a chave!
“Kierkegaard dizia que o tédio e o medo estão na origem de todo mal. As pessoas perversas por trás da Corrente querem o dinheiro coletado e temem o indivíduo que seja capaz de fazer tudo desmoronar.”
Pois bem, Rachel é uma sobrevivente e todo sobrevivente é antes de mais nada um herói. Mas toda essa coragem, valentia e força serão colocados à prova quando sua filha Kylie desaparecer. A nuvem negra voltará a reinar em sua vida ao ponto de ela se questionar: sou culpada pelo sequestro de minha filha, sou uma fracassada que só conseguiu um emprego real aos 35 anos, seria melhor ter morrido de câncer.
“A quimioterapia é uma pequena morte que convidamos a entrar em nossa casa para manter a grande morte esperando na varanda.”
O fato é que todo herói tem uma chama latente, basta uma centelha (e quer estímulo maior do que recuperar sua própria filha?) para que a chama se torne fogueira, incêndio, explosão.
Rachel é bem instruída pela Corrente: 1º passo: levantar uma quantidade de dinheiro; 2º passo: sequestrar outra pessoa para ter sua filha de volta. Caso contrário, se quebrar a corrente, sua filha morre. Simples assim. E a corrente irá se perpetuar sem que haja como deter.
Rachel não poderá contar com seu ex-marido Marty, pai de Kylie, considerado pelos líderes da corrente como um elo fraco que poderá colocar tudo a perder. Então ela começa a correr atrás de empréstimo para saldar a dívida e possíveis vítimas para o sequestro que lhe cabe, sem entender o porquê de ter sido escolhida, já que não tem dinheiro e nem o perfil de alguém que poderia cometer loucuras.
“Por alguma razão, é impossível odiar Marty, por mais que se queira. Deve ter alguma coisa a ver com aqueles olhos verdes e os cabelos escuros ondulados. A mãe de Rachel bem que avisou que ele era um cafajeste, mas esse tipo de conversa de mãe nunca surte efeito.”
Com Marty fora do jogo ela pode contar apenas consigo e com o irmão de passado nebuloso de seu ex-marido, o ex-militar Pete. Ele é apaixonado pela sobrinha. Ainda assim é alguém pra lá de problemático, que esconde sua saída desonrosa do exército e seu vício em dar "um pico na veia" pra afastar seus fantasmas. Rachel terá que fazer escolhas imorais, atos inconcebíveis e ultrapassar todos os limites do tolerável para salvar sua filha.
“Rachel relata a Pete tudo que aconteceu desde a primeira ligação que recebeu, inclusive tudo que ela fez: Pagou o resgate, comprou os celulares descartáveis, uma arma, arrombou a casa dos Appenzellers, pesquisou possíveis vítimas. Mas não diz nada sobre a preocupação da oncologista: isso fica entre ela e a morte.”
Mas até que ponto você poderia se envolver numa situação como esta para salvar um filho? Eu mesmo posso responder: um pai ou uma mãe determinados são como animais famintos soltos na selva atrás da presa, nada, nem ninguém pode detê-los, a não ser a morte. E não é que a morte volta a se empoleirar nas costas de Rachel? O câncer parece querer retornar.
“— Como se costuma dizer, os vivos não passam de uma espécie dos mortos, certo? E uma espécie bem rara. O berço balançando acima do abismo...”
Cabe a Rachel, com ou sem forças, lutar contra a Corrente (a imagem que faço desta estrutura é a de centenas de cadafalsos, um em cada elo, com um carrasco aguardando em cada ponta), porque ainda que ela consiga reaver a filha, haverá sempre a sombra deste Leviatã a lhe roubar o sono e a paz. E como ficará a mente de sua filha se ela conseguir sair com vida disso tudo? De que material seriam feitos os monstros que criaram este mecanismo?
Rachel, com a ajuda do relutante Pete, irá descobrir, porque nunca, em momento algum de sua história, a Corrente se deparou com um oponente tão resistente e inteligente quanto ela. Enfim, este livro é a história de como uma mulher forte lida com as adversidades.
Tenho por mim que o sexo feminino já é forte por natureza e esta força pode ser exacerbada quando tentam lhe tirar a coisa mais preciosa: sua cria. Boa leitura a todos e cuidado com as "correntes". É diversão garantida!
De corrente, já bastam as da internet.rs
ResponderExcluirBrincadeiras à parte, meu livrinho logo chega e espero me jogar nesse enredo. Nenhuma mãe sabe a força que tem, até mexerem com algum dos seus e pelo que li acima é bem isso.
O enredo me lembra demais um filme da Helly Barry, chamado O Sequestro. A mãe ao menos, precisa nesse caso salvar o filho a qualquer custo(filme bom,bem bom)
Como é o tipo de leitura que gosto demais, sei que vou amar!!!
Lerei!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor
Olá Rodolfo!
ResponderExcluirEu com certeza acho que a Corrente mexeu com a pessoa errada. Rachel perece bem determinada a resgatar sua filha, uma verdadeira leoa. Mas com toda a bagagem emocional que ela carrega, sua doença e com a ajuda desse cara nada confiável esse jornada não vai ser nada fácil. Eu sempre ignoro essas correntes que me mandam nas redes sociais mas nesse caso não dá pra ignorar, o autor conseguiu fazer esse corrente bem assustadora. O livro está super bem recomendada por autores de peso, por consequência uma leitura obrigatória.
Beijos
Que dilema! Para salvar seu filho é preciso roubar o filho de alguém e fazer outra mãe passar pela dor de ter um filho sequestrado.
ResponderExcluirSó uma mente doentia seria capaz de criar tal corrente.
Rodolfo!
ResponderExcluirSomos leoas quando mexem com nossas crias...
Nossa! Uma verdadeira corrente de crimes mesmo, hein? Credo!
Interessante a narrativa em terceira pessoa, mas no presente, um tantinho diferente.
Bem angustiante mesmo, cheio de tensão e intenso, hein?
Já fiquei bem interessada, ainda mais por toda temática que aborda esse lado mais instintivo do ser humano.
Já quero.
cheirinhos
Rudy
Que maravilha ler uma resenha positiva sobre esse livro.
ResponderExcluirA resenha é extremamente original, e apesar de não ter lido, me pego pensando como agiria nessa situação. E ainda não tenho resposta para isso.
Interessante saber que o autor não é iniciante no gênero, e pelas suas palavras dá para perceber que ele soube conduzir a história.
Beijos
Adoro um thriller, adorei o enredo do livro, achei bem diferente. Acho vou gostar muito da Rachel, fico imaginando o quão angustiante deve ser essa situação para ela. Gostei do fato do livro mostrar que uma pessoa pode acabar agindo de uma forma diferente, se exposta a uma situação extrema. Estou bem ansiosa por essa leitura!!
ResponderExcluirOi Rodolfo,
ResponderExcluirNão há dúvidas de que A Corrente tem umas das premissas mais instigantes que já li e isso foi mais que suficiente para me deixar curiosa pela leitura. Bom, dizem que nunca se deve mexer com uma mãe, pois essa está disposta a tudo pelo seu filho. Esse livro trabalha bem essa questão, com uma protagonista disposta a enfrentar qualquer desafio para ter sua filha de volta. Como tenho visto muito em livros do gênero, o autor cria uma história incrível, cheia de potencial, mas não o aproveita totalmente. Em A Corrente acho que isso não ocorre. Apesar de um detalhe e outro, você conseguiu apontar tudo o que seria relevante saber antes da leitura. Quero muito ler este livro e espero ter uma leitura mais proveitosa. E eu não podia deixar de mencionar o filme O Sequestro protagonizado pela Halle Berry, pois a premissa deste livro me lembrou do longa. Para quem não assistiu eu recomendo.
Olá! Realmente o enredo do livro é bastante inovador e daqueles que com certeza vai prender o leitor, esse é um gênero que não leio muito, mas que sempre desperta meu interesse, por isso ele está na minha lista de desejados, Rachel parece ser uma personagem incrível e vai ter que tomar decisões bastantes difíceis para poder recuperar sua filha.
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirUns dos livros mais desejado da minha lista. Tem uma premissa maravilhosa e um Thriller incrível do que jeito que gosto. Espero conseguir ler esse ano!
Meu blog:
Tempos Literários
Tenho acompanhado as várias resenhas desse livro, e realmente é um livro que instiga a querer ler rapidamente pela história que ao mesmo tempo é conturbada e é interessante por te levar a querer que chegue logo o final. Tai uma òtima dica de leitura.
ResponderExcluirOi, Rodolfo
ResponderExcluirTambém quero ler esse livro e a sua resenha está impecável, me deixou com vontade de ler agora! kkkkkkk
Gente, coitada da Rachel, que história de vida, meu Deus!
E que bom ver uma protagonista tão forte e decidida!
Imagino a dor de uma mãe numa situação assim.
Assim que der lerei sem falta, pois parece ser incrível e espero que tenha um final feliz.
bjs
Oi, Rodolfo!
ResponderExcluirGostei da premissa que o autor do livro traz para os leitores e com certeza e uma história que nos deixa o tempo todo ligados querendo saber se a Rachel vai fazer o que foi ordenado. E lembro que assisti um filme com a premissa parecida mas agora infelizmente não recordo o nome.
Bjs
Eu ouvi falar desse livro pela primeira vez durante mochilando do grupo tutorial Record e como eu amo bom suspense eu fiquei completamente encantada e curiosa com a sinopse do livro porém Infelizmente eu ainda não vi ele machuquei muito curiosa em saber o que iria acontecer com a Rachel
ResponderExcluir