Engenharia Reversa
Parte LIII - Soberania (Penúltimo Capítulo)
O tanque avança pelo terreno arrasado esmagando os corpos carbonizados de dezenas de soldados. No interior do blindado, um dos pilotos estremece ao ver seus companheiros mortos do lado de fora.
- Estamos passando por cima do nosso próprio exército, senhor - grita o piloto.
- Eles já eram, soldado! Importe-se com os vivos! Precisamos deter esses invasores de merda a qualquer custo! Atirem com tudo que temos - responde o oficial de comando.
O artilheiro olha para seu monitor, onde os alvos são destacados em vermelho. São tantos que o homem não sabe em quem mirar. Os robôs brasilianos estão por todos os lados.
- Carga de morteiros! - grita o artilheiro.
Pequenos canhões nas laterais da torre do blindando disparam uma chuva de bombas inteligentes. Eles cortam o ar com rastros de fumaça branca e atingem seus alvos com precisão. Dezenas de robôs são destruídos, mas centenas surgem para ocupar o lugar dos caídos.
O tanque não está mais sozinho. Em seus flancos, os outros blindados da FDRP, a Força de Defesa da República Paulista, criam um inferno de artilharia contra as hordas robóticas que os cercam.
- Temos que passar por eles, avancem! - ordena o comandante através do rádio.
A coluna de blindados assume uma formação de ponta-de-flecha, abrindo uma brecha nas fileiras inimigas que até então estavam em vantagem. O objetivo do ataque torna-se visível em todos os monitores: uma linha de canhões inteligentes que está destruindo a força área da FDRP.
Porém, quando os primeiros tanques miram em seus alvos, imensas criaturas robóticas, semelhantes a aranhas, saem das sombras e saltam sobre a coluna. Garras de titânio cortam os blindados, arrancando seus tripulantes e partindo seus corpos ao meio. Raios vermelhos são disparados pelos olhos aracnídeos, feixes térmicos que penetram o metal com facilidade.
Por quilômetros a mesma cena se repete. Os batalhões blindados da FDRP são dilacerados, e aos poucos que conseguem escapar, é dada a ordem de retroceder. Milhares de robôs de infantaria avançam sobre o território da República Paulista, e longe do front, protegidos em seus bunkers subterrâneos, os generais da república se entreolham, sabem que sua única saída é a humilhante rendição.
Afastado do campo de batalha, em sua nave de comando, o Marechal observa a tudo com grande atenção. Um de seus oficiais aproxima-se, listagens de dados correm velozes em seus olhos cibernéticos:
- Senhor, nossas estimativas indicam que os paulistas devem apresentar os termos de rendição em no máximo vinte minutos.
- Rendição não é uma opção aceitável, F9084. Nossas tropas só vão parar quando a megalópole for reduzida ao pó. Ordene um avanço tático!
- Perfeitamente, senhor.
O Marechal deixa a pequena ilha de terminais e sobe por uma escadaria que o leva até a parte mais alta do deck de comando, onde ele pode ver na linha do horizonte as imensas colunas de luz projetadas da megalópole de São Paulo.
"Finalmente esses traidores vão pagar o preço por terem abandonado a República".
Então, um operador aflito sobe até o deck.
- Senhor! Os protocolos de segurança foram quebrados.
Imediatamente o Marechal se conecta ao sistema principal de sua nave, e através dele, acessa o terminal do operador que o chamou.
"É o exército da general Soraya. Ele acabou de se juntar a nos."
"Sim, eu sei disso"
"Mas... mas tem algo errado! Não conseguimos validar os identificadores das unidades, e pacotes de dados criptografados foram enviados para o restante das nossas forças. É como se ..."
"É como se um maldito ataque hacker interno estivesse em andamento!"
Atônito, o Marechal acessa a Matriz Quântica, porém, todas as suas tentativas são negadas.
- Ativar firewall! Ativar o firewall, agora!
- É tarde demais para isso.
A voz de Bel Yagami vem de todos os lados.
- Nesse exato momento, eu acabei de assumir o controle dos batalhões no front paulista. Os robôs estão recuando. Acabou.
O rosto prateado do líder brasiliano exibe um sorriso. Ele caminha para o centro do deck, até sua poltrona de comando. Senta-se, contemplando as luzes distantes.
- Você transferiu sua consciência para a minha rede, para a minha Matriz Quântica. Havia uma chance em milhares de milhões, e você conseguiu. Só me resta perguntar: e agora? O que fará com todo o poder que conseguiu? Agora que você é a soberana absoluta do Brasil.
- O senhor não está em posição de fazer perguntas, Marechal.
A porta blindada do deck se abre, e através dela um robô vermelho adentra a sala, em sua mão, uma pistola. O androide move-se até o marechal, parando ao lado dele. O cano rente à cabeça do líder prateado.
- Espere. Existe uma coisa que você precisa saber.
O androide vermelho abaixa o cano da arma.
- Sim? Suas últimas palavras.
- Maestro. Ele é um clone do meu único filho. Se você me matar, estará matando o pai do seu amigo.
- Lamento que as coisas chegaram a esse ponto, Marechal, mas devemos ser responsáveis por nossas escolhas.
O androide puxa o gatilho. A bala atravessa a cabeça prateada do líder brasiliano destruindo seu cérebro positrônico. Desconectado de sua Matriz e portanto sem chances de upload para sua consciência, a última coisa que o Marechal vê são as coloridas torres de luz que emanam da gigantesca megalópole de São Paulo.
***
O colossal exército brasiliano marcha em silêncio. Aprisionadas dentro de seus corpos cibernéticos, as consciências da outrora população do Brasil estão adormecidas em um sono induzido por Bel Yagami, que as conduz de volta para casa.
https://www.facebook.com/engenhariareversalivro- Estamos passando por cima do nosso próprio exército, senhor - grita o piloto.
- Eles já eram, soldado! Importe-se com os vivos! Precisamos deter esses invasores de merda a qualquer custo! Atirem com tudo que temos - responde o oficial de comando.
O artilheiro olha para seu monitor, onde os alvos são destacados em vermelho. São tantos que o homem não sabe em quem mirar. Os robôs brasilianos estão por todos os lados.
- Carga de morteiros! - grita o artilheiro.
Pequenos canhões nas laterais da torre do blindando disparam uma chuva de bombas inteligentes. Eles cortam o ar com rastros de fumaça branca e atingem seus alvos com precisão. Dezenas de robôs são destruídos, mas centenas surgem para ocupar o lugar dos caídos.
O tanque não está mais sozinho. Em seus flancos, os outros blindados da FDRP, a Força de Defesa da República Paulista, criam um inferno de artilharia contra as hordas robóticas que os cercam.
- Temos que passar por eles, avancem! - ordena o comandante através do rádio.
A coluna de blindados assume uma formação de ponta-de-flecha, abrindo uma brecha nas fileiras inimigas que até então estavam em vantagem. O objetivo do ataque torna-se visível em todos os monitores: uma linha de canhões inteligentes que está destruindo a força área da FDRP.
Porém, quando os primeiros tanques miram em seus alvos, imensas criaturas robóticas, semelhantes a aranhas, saem das sombras e saltam sobre a coluna. Garras de titânio cortam os blindados, arrancando seus tripulantes e partindo seus corpos ao meio. Raios vermelhos são disparados pelos olhos aracnídeos, feixes térmicos que penetram o metal com facilidade.
Por quilômetros a mesma cena se repete. Os batalhões blindados da FDRP são dilacerados, e aos poucos que conseguem escapar, é dada a ordem de retroceder. Milhares de robôs de infantaria avançam sobre o território da República Paulista, e longe do front, protegidos em seus bunkers subterrâneos, os generais da república se entreolham, sabem que sua única saída é a humilhante rendição.
Afastado do campo de batalha, em sua nave de comando, o Marechal observa a tudo com grande atenção. Um de seus oficiais aproxima-se, listagens de dados correm velozes em seus olhos cibernéticos:
- Senhor, nossas estimativas indicam que os paulistas devem apresentar os termos de rendição em no máximo vinte minutos.
- Rendição não é uma opção aceitável, F9084. Nossas tropas só vão parar quando a megalópole for reduzida ao pó. Ordene um avanço tático!
- Perfeitamente, senhor.
O Marechal deixa a pequena ilha de terminais e sobe por uma escadaria que o leva até a parte mais alta do deck de comando, onde ele pode ver na linha do horizonte as imensas colunas de luz projetadas da megalópole de São Paulo.
"Finalmente esses traidores vão pagar o preço por terem abandonado a República".
Então, um operador aflito sobe até o deck.
- Senhor! Os protocolos de segurança foram quebrados.
Imediatamente o Marechal se conecta ao sistema principal de sua nave, e através dele, acessa o terminal do operador que o chamou.
"É o exército da general Soraya. Ele acabou de se juntar a nos."
"Sim, eu sei disso"
"Mas... mas tem algo errado! Não conseguimos validar os identificadores das unidades, e pacotes de dados criptografados foram enviados para o restante das nossas forças. É como se ..."
"É como se um maldito ataque hacker interno estivesse em andamento!"
Atônito, o Marechal acessa a Matriz Quântica, porém, todas as suas tentativas são negadas.
- Ativar firewall! Ativar o firewall, agora!
- É tarde demais para isso.
A voz de Bel Yagami vem de todos os lados.
- Nesse exato momento, eu acabei de assumir o controle dos batalhões no front paulista. Os robôs estão recuando. Acabou.
O rosto prateado do líder brasiliano exibe um sorriso. Ele caminha para o centro do deck, até sua poltrona de comando. Senta-se, contemplando as luzes distantes.
- Você transferiu sua consciência para a minha rede, para a minha Matriz Quântica. Havia uma chance em milhares de milhões, e você conseguiu. Só me resta perguntar: e agora? O que fará com todo o poder que conseguiu? Agora que você é a soberana absoluta do Brasil.
- O senhor não está em posição de fazer perguntas, Marechal.
A porta blindada do deck se abre, e através dela um robô vermelho adentra a sala, em sua mão, uma pistola. O androide move-se até o marechal, parando ao lado dele. O cano rente à cabeça do líder prateado.
- Espere. Existe uma coisa que você precisa saber.
O androide vermelho abaixa o cano da arma.
- Sim? Suas últimas palavras.
- Maestro. Ele é um clone do meu único filho. Se você me matar, estará matando o pai do seu amigo.
- Lamento que as coisas chegaram a esse ponto, Marechal, mas devemos ser responsáveis por nossas escolhas.
O androide puxa o gatilho. A bala atravessa a cabeça prateada do líder brasiliano destruindo seu cérebro positrônico. Desconectado de sua Matriz e portanto sem chances de upload para sua consciência, a última coisa que o Marechal vê são as coloridas torres de luz que emanam da gigantesca megalópole de São Paulo.
***
O colossal exército brasiliano marcha em silêncio. Aprisionadas dentro de seus corpos cibernéticos, as consciências da outrora população do Brasil estão adormecidas em um sono induzido por Bel Yagami, que as conduz de volta para casa.
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Só o início do capítulo já é capaz de nos mostrar o quão cruel é esse pedacinho da estória.
ResponderExcluirNão há inocentes, há apenas corpos e a vida já deixou de existir há um tempo.
E por tudo que li até o final, não se pode sentir pena de ninguém. Sem sentimentos, sem pesares, só o fim se aproxima.
Amei!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor
Obrigado, Angela. Valeu!
ExcluirPenúltimo Capítulo?! Sério?! Por um lado estou triste por está acabando, por outro lado estou feliz que finalmente vou ler o final da bookserie :)
ResponderExcluirAinda não consegui ler os capítulos que faltam mas vou correndo colocar minha leitura em dia!...
Bjos!
Senti a mesma coisa, Any. Rs... Foi uma jornada e tanto escrever essa história, e graças a vocês foi melhor ainda! Valeu
ExcluirOi, André! Eletrizante o capítulo! Tiro, porrada e bomba e um final intrigante. Mto sensacional!
ResponderExcluirObrigado, Larissa!
ExcluirNão me sinto preparada para dar tchau a esse hino!!!
ResponderExcluirVem aí um final eletrizante
Hahahaha, obrigado, Chelie. Foram alguns anos né? Mas foi bem legal! Valeu pelo apoio!
ExcluirAndré!
ResponderExcluirEssa tal Bel além de esperta é fogo, hein?
Nem acredito que depois de ano, você vai dar um fim a Engenharia Reversa...
Como será o final?
cheirinhos
Rudy
Olá, Rudy, verdade! Foram anos! Rs, mas chegou a hora de acabar, começar outras jornadas. Espero que goste de final, muito em breve! Abraços!
ExcluirEssa é a segunda vez que vejo algo dessa booksérie, não consegui acompanhar desde o início. Porém, fui ver alguns comentários de pessoas que estão acompanhando e imagino que estão todos ansiosos para o final, já que são muitas partes ne? Como muitos penúltimos capítulos por aí, me pareceu bem chamativo para o capítulo final.
ResponderExcluirValeu, Bruna! Fica o convite para ler! Obrigado!
ExcluirNão estou acompanhando desde o início da bookserie mas já quero um livro, vcs vão lançar? Deve ser mega difícil ter que abandonar vários amigos mortos no combate pra completar uma missão. Muito incrível é essa bookserie.
ResponderExcluirObrigado, Diana! Estão nos planos lançar ele sim! Abraços!
ExcluirOi, André
ResponderExcluirNo capitulo anterior tinha sentido um tom de despedida, e agora esse veio confirmar minhas suspeitas.
Ansiosa para ler o final, essa Bel veio para acabar com tudo mesmo sem dó.
Beijos
Oi, Luana, pois é, foi uma boa jornada! Obrigado!
Excluirola Andre
ResponderExcluirparabens pela bookserie . enquanto lia fui imaginando as cenas como se estivesse lendo uma hq ou vendo um filme . curioso como alguns escritos parece que toma forma diante dos nossos olhos.
a sua escrita é fluida ,sem rodeios ,com dialogos curtos mas precisos. acho que isso dá uma dinamica muito boa ao texto .
Muito obrigado, Eliane, que bom que gostou! Valeu!
ExcluirPenúltimo capítulo? Já? A série ficou incrível, muito bem construída e já estou curiosa com o desfecho.
ResponderExcluirAbraços
Muito obrigado, Ludyanne! Abraços!
ExcluirOlá André!
ResponderExcluirTudo se encaminha para um final épico! A batalha, a morte de Marechal, a reviravolta causada por Bel, adorei tudo! É uma pena que a série chega ao fim, não curtia nada de ficção científica mas a cada capítulo eu ficava mais curiosa sobre o que iria acontecer. Parabéns pelo talento!
Beijos
Muito agradecido, Aline! Fico realmente feliz! Beijos!
ExcluirAcho que cheguei no meio do caminho nessa história kkk ou melhor, quase no fim pelo jeito. Vou ter que dar uma lida nos posts anteriores para me situar. Mas antes disso quero te parabenizar pelo projeto.
ResponderExcluirAbraços.
Quanto Mais Livros Melhor
Priscila, tem bastante coisa para ler, e espero que goste! Obrigado!
ExcluirOi André,
ResponderExcluirPenúltimo capítulo? Já está chegando a hora da despedida do maestro e da Bel?
Parabéns por cada capítulo ^^
Helen, obrigado pela presença! Demorou, rs, mas chegou a hora!
ExcluirOlá! Eita que depois de tantas perdas e reviravoltas e estou na torcida por um final feliz para esse povo adormecido!
ResponderExcluirhahaha, valeu, Elizete. Tá chegando a hora! Obrigado!
ExcluirO que será que nos espera nesse final próximo hein! Curiosa, mas ao mesmo tempo fica aquela sensação de está acabando...
ResponderExcluirObrigado, Elizangela! Valeu!
ExcluirDevo confessar que esse livro eu não conseguiria ler, vejo muita violência e crueldade. Li a resenha de um livro anterior e fiquei hororizada. Meu negócio é romance mesmo, não tem jeito.
ResponderExcluirTranquilo, Ana Paula! Mesmo assim, obrigado pelo comentário.
ExcluirOi, André
ResponderExcluirComo sempre, eletrizante!!
E muitaaaaa emoção!
Escrita fluída também. O que nos faz adentrar na trama.
Bjs
Valeu, Ana. Fico realmente agradecido! Bjs!
ExcluirJá acompanhei alguns capítulos aqui pelo blog. Achei interessante a coluna, não sou muito fã do gênero, mas lendo alguns capítulos assim, a gente acaba criando uma vontade enorme de continuar só para saber o que irá encontrar mais pra frente.
ResponderExcluirObrigado, Fabiolla! Que bom que causou essa impressão!
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