Tem um livro aqui que você vai gostar [Antonio Fagundes]

Cortesia da Editora Sextante

Acho que assim como todo mundo que lê, eu amo livros que indicam livros. Sejam de forma direta ou como referência. E claro que um ator renomado indicando livros despertou minha curiosidade, porque agora teria chance de conhecer o Fagundes leitor.

Já adianto que a editora sextante está de parabéns e merece todos os elogios por um livro que indica tantas editoras brasileiras, e que mostra que para ser grande não precisa desmerecer e nem temer o trabalho de ninguém. Basta fazer um trabalho de qualidade, como já adianto, o desse livro. E no decorrer dessa resenha, ao falar sobre edição volto a esse ponto.

Título: Tem um livro aqui que você vai gostar
Autor: Antonio Fagundes
Editora: Sextante
Gênero: Crítica Literária
Páginas: 240
Edição: 1ª
Ano: 2020

Onde comprar: Amazon

O livro começa com uma conversa gostosa que vai, assim como todo livro, ter um impacto diferente a depender de quem lê. Isso porque, para alguém que busca o hábito de leitura será uma porta para esse universo, para quem já lê uma identificação imediata e para quem indica livros, como eu resenhista em blogs literários uma empatia completa. Preciso dizer que essa é a magia dos livros para mim, as palavras impressas são imutáveis, mas ganham um sentido totalmente diferente a partir do olhar de quem lê.

“Diferentemente do que meu amigo pensa, recomendar livros não é fácil. Fazer isto para quem nem conhecemos, então, é mais difícil ainda.”

Algo que me chamou atenção nessa leitura é a quantidade de informação dada de uma forma aparentemente despretensiosa, mas que tornou a leitura extremamente fascinante, como a indicação da "quarta capa do livro" e a menção a Gutemberg. Outro ponto delicioso foi logo no início o autor afirmar que indicaria livros que já leu, então mesmo que a indicação não seja para mim - conhecimento que o hábito de leitura nos dá, essa capacidade de saber o que não vai te agradar - é interessante por revelar muito do leitor Fagundes.

Ser alguém que lê, é ter a plena certeza que estamos em constante aprendizado, e posso dizer que aprendi muito com essa leitura, e como era de se esperar aumentei a lista dos quero ler. Gostei muito sobre ele explicar a diferença entre a adaptação para o cinema, televisão ou teatro e o livro e como cada um traz uma experiência diferente para com a obra e mesmo que não seja uma fidedigna a outra ainda sim ambas estão “corretas”.

Outra indicação foi a dos áudios livros que remete as primeiras leituras – algo falado lindamente nesse livro, como ele escolhe suas leituras que fará a seguir e claro quais livros ou autores que acabam furando a fila e sendo sempre o próximo da vez quando lançados, podendo assim ser de ajuda para quem teme a famosa pergunta: “O que eu vou ler agora? ”.

“O livro nos obriga a focar, e o foco não é algo natural do ser humano. Nós não fomos criados para sermos focados, portanto ler não é uma coisa natural, mas sim um hábito adquirido.”

Mais um ponto de conexão nesse livro são as indicações, que ele faz e que são leituras que também já fiz, todas as pessoas que leem sabem o quanto essa identificação é gostosa, a de alguém ter lido o mesmo livro que você. Uma coisa que adorei nessa edição é que após cada capítulo, os autores citados ganham uma breve biografia e também os nomes das outras obras mais conhecidas de cada um o que ajuda muito a procurar mais daquela que amamos e faz com que esse seja um livro de consulta.

Ressalto, foi muito interessante ler sobre os questionamentos que ele faz sobre o preconceito literário e os best-sellers, questões como: fazer ou não releitura e ler ou não calhamaços? Enfim, um livro que cumpre o que promete, trazendo várias indicações de livros, num conteúdo rico e valioso para novos e já constantes leitores.

Falando em novos leitores, eu amei em especial o capítulo dedicado a literatura infanto-juvenil e como ele aborda, que esses livros, não se limitam a idade para que foram escritos, podem sim e devem ser lidos por todas as idades. Penso assim em especial como mãe que gosta de conhecer o conteúdo que chega a seus filhos.

O capitulo que faz a transição das indicações de livros de ficção para as os de não-ficção de uma forma tão prazerosa que é impossível não te despertar a vontade em conhecer alguns dos títulos indicados. Como por exemplo, os de Laurentino Gomes que li e posso (humildemente) dizer que a fala de Fagundes sobre é absolutamente verdadeira.

“Tudo que você ainda não leu é novo para você, independentemente da época em que foi escrito ou publicado.”

O capítulo dedicado a literatura de “autoajuda” ou conhecimento pessoal, é para ser aplaudido de pé. Um questionamento racional e lucido sobre esse gênero que tanto vende e “ninguém lê” e o quanto estamos preocupados com a aprovação social inclusive sobre o que lemos, que não nos damos conta que muita gente está lendo e não fala, simplesmente por estar preocupada igual com a opinião alheia. Então as indicações vêm com um balsamo para quem como eu lê e consome esse tipo de literatura, sem culpa por saber que como em todos os outros gêneros, existem e bons livros e não tão bons livros assim.

A edição é um presente, linda! Folhas amarelas, fonte confortável para a leitura, ilustrada com a capa dos livros indicados, diagramação leve e poderosa, páginas coloridas destacando os autores citados no capitulo, com biografia e principais obras, revisão impecável e lista com autores citados.

E quando achei que teria terminado a despedida do autor Antônio Fagundes encheu meus olhos de lágrimas e mesmo sabendo que ele não vai saber, recebeu sonoros aplausos. Então, não deixe de apreciar até o final para não perder a cena pós créditos. Esse livro vai entrar para minha lista de “livros de estudo” são livros que leio, releio, faço consultas e claro, indico. A editora sextante tem vários livros nessa categoria, pelos quais ou grata.

E para quem não é dado a leitura e adquiriu esse livro, pela curiosidade, sem perceber já começou a ler e isso por si só é maravilhoso. Para algumas pessoas a meditação, ioga são formar de se reconectar consigo e é comum a essas práticas, o silêncio, fundamental para essa busca de uma paz e equilíbrio interior, mas, confesso que a melhor pratica para mim é a de abrir as páginas de um bom livro. Então, deixo aqui o meu desejo de: Boa leitura e divirta-se.

Top Comentarista de Março