Aurora Vaga-Lume e os Deuses Cromados
Parte 3: Coração de Plástico
Este é o terceiro capítulo da Book Série de ficção científica Aurora Vaga-Lume e os Deuses Cromados do autor André Luis Barreto, composta de 6 capítulos. No final da postagem você encontra o botão "Anterior" para voltar para o segundo capítulo.
Sinopse:
Aurora tem um sonho: virar uma programadora na Pryda Software, uma das maiores empresas de informática do mundo. Porém, eventos inesperados acontecem, forçando-a a trilhar um caminho sombrio no qual sua própria vida estará em risco, contudo, ela finalmente descobrirá do que realmente é capaz.
Capítulo 3:
A escadaria parecia não ter fim. Arrastando-se, a jovem demorou uns bons minutos para chegar ao terceiro andar. Parou diante da velha porta desbotada. Acessou seu programa de e-mail e conferiu sua caixa de entrada, que estava entupida de mensagens do pai. Mentalizou o código de segurança e a porta abriu-se.
- Aurora! - gritou Marcos, levantado-se de supetão de uma poltrona desbotada.
Ele correu até a filha e a abraçou com força.
- Ouvi boatos sobre uma nova lei de segurança, mas fiquei sem créditos e não pude acessar à Hypernet. Muitos trabalhadores aqui do bairro perderam o emprego, estão dizendo que não podemos mais trabalhar para empresas de outros distritos, mas eu duvido que algo assim seja verdade - ele se afastou um pouco e encarou a filha. - Por que não respondeu minhas mensagens? Conte-me tudo! Você conseguiu, certo?
Aurora evitou o olhar de Marcos. Sentou-se em um sofá e começou a tirar as botas.
- Pai, é tudo verdade sobre essa lei. Eu não posso trabalhar na Pryda. Só gente que mora em Alphapolis pode trabalhar lá.
Marcos levou as duas mãos à cabeça, seus olhos pareceram congelar. Aurora continuou:
- Mas tenho certeza que vou conseguir alguma coisa aqui no bairro mesmo. Tá de boa.
- Não. Não vai ser suficiente, não vai dar para...
De repente, Marcos tocou o peito e então seu corpo perdeu sustentação, atingindo o chão com um violento impacto.
- Pai! - vociferou Aurora, lançando-se sobre ele.
***
A sala de espera era bem apertada. Pessoas com faces tristes amontoadas em bancos de plástico amarelado. Não havia sistemas holográficos: apenas um antiquado monitor fixado na parede exibia a senha corrente para o atendimento, o que não era o caso de Aurora. Uma enfermeira usando um macacão surrado entrou na sala:
- Rocha, Aurora?
As duas seguiram por um corredor de piso encardido. Tubulações remendadas corriam pelas paredes que um dia foram revestidas de acrílico branco. Chegaram à UTI, onde um médico as aguardava. Marcos estava deitado sobre uma maca. Em seu peito, uma máquina grande e rudimentar emitia um bip ritmado. A filha correu até o pai, apertando sua mão com força. Ele a olhou com extrema tristeza.
- Foi por muito pouco - disse o médico. - A sorte de vocês é que moram perto da U.S.D.
- Mas, doutor, eu não entendo. Todos os últimos exames dele foram bons - indagou Aurora
O médico foi até um armário, abriu uma das portas e retirou de lá um objeto estranho, que lembrava um abacate, repleto de tubos e fios.
- O AHS 402B é um modelo de segunda mão, sua vida útil são quatro anos e alguns meses, deveriam tê-lo trocado ano passado - explicou o plantonista.
- O quê? Não, meu pai nunca usou um coração de plástico!
O médico deu de ombros, recolocando o órgão no armário.
Bem, isso não é problema meu. Você tem até amanhã para comprar um novo. À meia-noite acaba a cobertura do seu pai. Infelizmente teremos que desocupar o leito. Sinto muito.
- Não, espera aí! Tem alguma coisa errada! Vocês fizeram alguma coisa!
Ela tentou correr até o médico, mas seu pai puxou-a pelo braço.
- Aurora. Aurora.
- Me solta, pai! Esses carniceiros foram comprados! Eles vão vender seus órgãos!
- É tudo verdade.
Subitamente ela parou, virando-se para Marcos com os olhos arregalados. Ele continuou:
- Eu não tive escolha. Era a única alternativa para pagar sua faculdade. Pensei que, quando você conseguisse emprego, um bom emprego, poderia pegar uma linha de crédito, uma prime, então eu trocaria o coração.
- Era por isso que você queria tanto que eu entrasse na Pryda ?
Ele virou o rosto.
- E quando o senhor iria me contar a verdade ? E por que diabos não me disse antes?
Os olhos de Aurora encheram-se de lágrimas. Marcos permaneceu sério.
- Desculpe, filha. Desculpe.
- Aurora! - gritou Marcos, levantado-se de supetão de uma poltrona desbotada.
Ele correu até a filha e a abraçou com força.
- Ouvi boatos sobre uma nova lei de segurança, mas fiquei sem créditos e não pude acessar à Hypernet. Muitos trabalhadores aqui do bairro perderam o emprego, estão dizendo que não podemos mais trabalhar para empresas de outros distritos, mas eu duvido que algo assim seja verdade - ele se afastou um pouco e encarou a filha. - Por que não respondeu minhas mensagens? Conte-me tudo! Você conseguiu, certo?
Aurora evitou o olhar de Marcos. Sentou-se em um sofá e começou a tirar as botas.
- Pai, é tudo verdade sobre essa lei. Eu não posso trabalhar na Pryda. Só gente que mora em Alphapolis pode trabalhar lá.
Marcos levou as duas mãos à cabeça, seus olhos pareceram congelar. Aurora continuou:
- Mas tenho certeza que vou conseguir alguma coisa aqui no bairro mesmo. Tá de boa.
- Não. Não vai ser suficiente, não vai dar para...
De repente, Marcos tocou o peito e então seu corpo perdeu sustentação, atingindo o chão com um violento impacto.
- Pai! - vociferou Aurora, lançando-se sobre ele.
***
A sala de espera era bem apertada. Pessoas com faces tristes amontoadas em bancos de plástico amarelado. Não havia sistemas holográficos: apenas um antiquado monitor fixado na parede exibia a senha corrente para o atendimento, o que não era o caso de Aurora. Uma enfermeira usando um macacão surrado entrou na sala:
- Rocha, Aurora?
As duas seguiram por um corredor de piso encardido. Tubulações remendadas corriam pelas paredes que um dia foram revestidas de acrílico branco. Chegaram à UTI, onde um médico as aguardava. Marcos estava deitado sobre uma maca. Em seu peito, uma máquina grande e rudimentar emitia um bip ritmado. A filha correu até o pai, apertando sua mão com força. Ele a olhou com extrema tristeza.
- Foi por muito pouco - disse o médico. - A sorte de vocês é que moram perto da U.S.D.
- Mas, doutor, eu não entendo. Todos os últimos exames dele foram bons - indagou Aurora
O médico foi até um armário, abriu uma das portas e retirou de lá um objeto estranho, que lembrava um abacate, repleto de tubos e fios.
- O AHS 402B é um modelo de segunda mão, sua vida útil são quatro anos e alguns meses, deveriam tê-lo trocado ano passado - explicou o plantonista.
- O quê? Não, meu pai nunca usou um coração de plástico!
O médico deu de ombros, recolocando o órgão no armário.
Bem, isso não é problema meu. Você tem até amanhã para comprar um novo. À meia-noite acaba a cobertura do seu pai. Infelizmente teremos que desocupar o leito. Sinto muito.
- Não, espera aí! Tem alguma coisa errada! Vocês fizeram alguma coisa!
Ela tentou correr até o médico, mas seu pai puxou-a pelo braço.
- Aurora. Aurora.
- Me solta, pai! Esses carniceiros foram comprados! Eles vão vender seus órgãos!
- É tudo verdade.
Subitamente ela parou, virando-se para Marcos com os olhos arregalados. Ele continuou:
- Eu não tive escolha. Era a única alternativa para pagar sua faculdade. Pensei que, quando você conseguisse emprego, um bom emprego, poderia pegar uma linha de crédito, uma prime, então eu trocaria o coração.
- Era por isso que você queria tanto que eu entrasse na Pryda ?
Ele virou o rosto.
- E quando o senhor iria me contar a verdade ? E por que diabos não me disse antes?
Os olhos de Aurora encheram-se de lágrimas. Marcos permaneceu sério.
- Desculpe, filha. Desculpe.
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Nossa!
ResponderExcluirQue plot!
Não esperava por isso.
Agora é mais se necessário, Aurora encontrar um emprego
Obrigado, Chelle! Essa parte foi pesada, mas no próximo fica mais de boa, eu espero, rs.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEu precisei reler o final duas vezes, não só para entender a reviravolta, mas para sentir o medo de novo e a surpresa de Aurora.
ResponderExcluirTá, nunca ninguém conseguirá explicar o amor as atitudes de um pai. Mas puxa :(
Doeu.
Amei demais esse capítulo e juro que não esperava!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor
Oi, André! Chocada! Agora está explicada toda a insistência do pai de Aurora para que ela tentasse o emprego. Muito bom!
ResponderExcluirOlá André!
ResponderExcluirEstava esperando mais acontecimentos envolvendo a revolta na frente da empresa, mas acho que você está deixando os detalhes mais pro final para aumentar mais nossas expectativas rsrs. Como se não bastasse perder o emprego ainda tem que lidar com o problema do coração do pai, pobre Aurora. Esse capítulo só reforça a máxima de que os pais fazem de tudo para a felicidade dos filhos. Mal posso esperar para saber o que irá acontecer agora!
Beijos
Ai André!
ResponderExcluirAté meu coração doeu...
Que será que vai acontecer?
Tomara que tenha um desfecho feliz para filha e pai.
cheirinhos
Rudy
Obaa, estava ansiosa por essa parte. Fiquei triste pela personagem na parte 2.
ResponderExcluirJesus, ainda mais essa? Coitado do pai de Aurora :( Que desespero a bichinha está passando, gente! Eu fiquei chocada com esse final!! Caramba, o que ele fez por ela. Agora quero muito saber o que vai acontecer, aguardo ansiosa.
Olá,
ResponderExcluirNão esperava por isso!
Que situação horrível! E agora??? O que será que ela vai fazer??? Curiosa já.
Beijos
Olá
ResponderExcluirQue atitude desse pai .Será que as coisas vão melhorar para a Aurora? E o pai dela ? O que será que vai acontecer?
Oi, André!
ResponderExcluirLi os três primeiros capítulos e estou amando a história de Aurora, que situação desesperadora essa dela com o pai... Ansiosa para ler a continuação!
Bjos, parabéns!
Mais um capítulo sensacional! 👏👏👏 E o que foi esse final? Já estou aqui ansiosa pelo próximo.
ResponderExcluirAbraços
Olá! Caramba, que é eita atrás de eita na vida da pobre Aurora, na torcida para que em breve as coisas possam mudar para melhor né!
ResponderExcluirOlá André!
ResponderExcluirEssa parte da história nos fez conhecer a dinâmica ente Aurora e seu pai. Pelo visto, é de extrema importância que a protagonista consiga entrar na empresa, visto que Marcos foi capaz de sacrificar algo vital para ajuda-la.
O arco foi importante para aprofundar a caracterização de Aurora, a qual com certeza está percebendo que esse caminho não vai ser nada fácil.
Beijos.
Oi, André
ResponderExcluirNossa, me chocou esse final.
Mas ficou incrível.
Espero que a Aurora e o pai conseguiam ter um final feliz.
Bjs
Mas gente! Por essa eu não esperava, tadinha da Aurora e que sacrifício esse do seu pai hein, pelo menos nos livros ainda há esperança.
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