Aurora Vaga-Lume e os Deuses Cromados
Parte 5: Drone e Milk Shake
Este é o quinto capítulo da Book Série de ficção científica Aurora Vaga-Lume e os Deuses Cromados do autor André Luis Barreto, composta de 6 capítulos. No final da postagem você encontra o botão "Anterior" para voltar para o quarto capítulo.
Sinopse:
Aurora tem um sonho: virar uma programadora na Pryda Software, uma das maiores empresas de informática do mundo. Porém, eventos inesperados acontecem, forçando-a a trilhar um caminho sombrio no qual sua própria vida estará em risco, contudo, ela finalmente descobrirá do que realmente é capaz.
Capítulo 5:
Após deixarem Speto no escritório, que protestou em vão, Aurora, Adriatique e seu segurança enveredaram por um novo corredor que levava a níveis mais profundos do complexo subterrâneo. Não havia mais punks ou jovens entusiastas, apenas homens e mulheres de expressões carrancudas, roupas militares, tatuagens e implantes ilegais. Lâmpadas fosforescentes ao longo do teto irradiavam uma luz vermelha, que fortalecia o clima de tensão.
Viraram à esquerda. Após alguns metros, chegaram a uma ampla entrada, guarnecida por dois homens armados. Ambos abaixaram a cabeça quando Adriatique passou por eles. Aurora não acreditou no que viu: estavam agora em um imenso salão repleto de grandes unidades de processamento, terminais de acesso e monitores por todos lados. De imensas tubulações no teto, brotavam cabos e mais cabos, que se ligavam às unidades de processamento. Então, Aurora viu quatro poltronas hidráulicas, sobre as quais cabos com pontas prateadas pendiam. Alguns poucos técnicos trabalhavam nos terminais, e logo um deles interrompeu seus afazeres e aproximou-se dos recém chegados:
- Está tudo pronto, chefe.
- Muito bom. Aqui está a hacker, leva-a até o COR e prepare-a.
Aurora sentiu o coração disparar.
- Venha comigo - pediu o técnico olhando para a jovem.
- Não, espera um pouco. Adriatique, quero saber os detalhes agora!
- Tenha calma, menina. Vá com o Joel aqui e seja paciente, em instantes vou te explicar tudo.
O armador deu de ombros, dirigindo-se para um terminal, porém, seu soturno segurança permaneceu, e pareceu encarar Aurora. Ela sorriu para o homem, então consentiu em ir com Joel. O técnico levou-a para uma das poltronas hidráulicas. O segurança não desgrudou deles.
- Sente-se, por favor.
Aurora obedeceu. Joel pressionou um botão na lateral do assento e a poltrona começou a inclinar.
- Que diabos é isso ?
- Bem vinda ao COR: Console Operacional Remoto. É assim que você vai operar o drone. Agora, remova seu deck, por favor.
- Não!
- Por favor, o deck - insistiu Joel -, precisamos acessar sua interface neural.
Aurora lembrou de tudo que acontecera horas atrás. Então, levou uma mão até a nuca, afastando os cabelos. Com a outra tateou até encontrar a extremidade do pequeno cilindro dourado, removendo-o com delicadeza. Entregou o deck para Joel, em seguida, tirou os holodrivers, cada um de uma orelha.
Uma técnica surgiu; em suas mãos, um grande capacete inteiramente prateado. Colocou o elmo em Aurora, que protestou:
- Moça, não consigo ver nada com isso!
Joel pegou no ar o cabo de ponta prateada e habilmente o conectou na parte de trás do capacete.
- Você vai sentir uma pontada na nuca. Vai doer, mas passa.
- Espera!
Aurora gemeu, foi como se uma lâmina extremamente afiada perfurasse sua pele, então, uma corrente elétrica percorreu seu corpo dos pés à cabeça, e, surpreendentemente, a escuridão do interior do capacete deu lugar a uma visão inacreditável: um oceano de arranha-céus arrojados sob um céu azulado. Esquadrilhas de drones de todos os tamanhos e modelos serpenteavam os edifícios; flutuadores da Força Distrital patrulhavam em voos rasantes sobre as ruas. Ela estava no topo de algum tipo de torre. Olhou para baixo. Vias urbanas arborizadas e abarrotadas de gente. No horizonte, uma barreira de máquinas gigantescas parecia isolar a cidade. "Moduladores climáticos! É o sistema Anemoi! Estou em Alphapolis", exclamou.
Subitamente, ela começou a sentir o calor do sol tocando seus braços e, mais estranho ainda, o vento chocando-se contra seu corpo.
- Minha nossa! O que é isso !?
A interface do drone surgiu no campo de visão, plotando uma mira e marcadores de energia, velocidade e munição, renderizados em um amarelo brilhante.
- Olá, Aurora - a voz de Adriatique pareceu emanar de dentro da cabeça dela. - Você está integrada ao F-242, gostou? Tecnologia militar, última geração.
- Integrada? Como assim?
- É um modelo experimental, ele funciona como uma extensão do seu corpo, o que é bem esquisito, uma vez que os drones foram criados para poupar os pilotos - disse Joel -, então, algumas coisas que ele sentir você vai sentir. Os militares projetaram essa coisa para ser o mais real possível, vai entender. Agora, para operá-lo, basta dizer os comandos naturais: subir, descer, virar à esquerda, virar à direita, atirar... entendeu? É quase como um prompt neural, e tem a Ajuda, caso precise. Ah, e ele está equipado com um deck Yoshida Quasar S2, 10 núcleos, 22 GHz, uma belezinha, não?
- E se o drone cair? E se for destruído? - replicou Aurora, nervosa.
- Tem um fusível, que deve te desconectar caso algo dê errado. Mas o COR vai garantir que você não sofra nenhum dano muito sério, afinal, treinar bons soldados custa caro.
- Muito bem, as instruções foram dadas. Agora, vamos à missão - interrompeu Adriatique com seriedade. Logo continuou:
- Você deve guiar o F-242 até o edifício Concórdia, já pré-marcado no mapa. Vai entrar na doca de carga e de lá poderá hackear o computador central. Desative todos os sistemas do edifício. Sabemos que existem três firewalls no prédio, um deles é reativo, mas não sabemos qual. Enfim, essa parte é com você, faça o seu melhor. Você terá pouco tempo, e deve coordenar com a equipe de solo, que estará à sua espera para entrar em ação, compreendeu?
- Perfeitamente, e como vou conseguir me aproximar do prédio sem ser descoberta?
- Sem problemas. O F-242 vai emitir um sinal de aeronave comercial, com permissão para atracar no Concórdia - respondeu Joel.
- E mais uma coisa - emendou Adriatique -, preparamos uma surpresa para te ajudar. Leia o arquivo "info.txt". Agora, ao trabalho.
A tensão subiu. Aurora pensou em desistir, mas não havia mais essa possibilidade. Ligou os motores. O veículo levitou; maravilhada, ela sentiu seu corpo flutuar.
- Só mais um minuto - interrompeu Joel. - Qual é o seu codinome? Vamos precisar de um para a comunicação de campo.
- Vaga-lume - respondeu Aurora com convicção.
- Vaga-lume? - estranhou Joel. - Tudo bem.
Ela acelerou, lançando o drone para fora da torre. Não sentia mais a poltrona nem o capacete, apenas o vento envolvendo seu corpo. Cada vez mais segura de si, foi tomada por um misto de liberdade e poder. Aumentou a velocidade e mergulhou na imensidão. O drone despencou a duzentos e cinquenta quilômetros por hora, obrigando o COR e neutralizar boa parte do efeito transmitido pela máquina para o corpo de Aurora, e assustando a equipe de técnicos que monitorava a operação.
- O que essa maluca está fazendo? - gritou Adriatique.
- Vaga-lume, algum problema? - inquiriu Joel.
- Só tô sentindo essa coisa.
- Não é hora para brincadeiras - retrucou Adriatique.
A adrenalina abundou nas veias da hacker. Então, percebendo que estava aproximando-se perigosamente do chão, ela gritou com tudo:
- Estabilizar! Voltar à rota principal!
O F-242 obedeceu, e ela sentiu levemente parte da pressão exercida pela força G.
- Volte já para a missão! - Adriatique estava desesperado.
O veículo subiu e desacelerou, entrando em velocidade de cruzeiro e atingindo o teto de voo das rotas comerciais. Localizou uma formação de drones, acelerou um pouco e juntou-se a ela, entrando na rota pré-configurada que levaria ao edifício Concórdia.
Aurora observava a cidade, ainda deslumbrada com a limpeza e a arquitetura: lá do alto, tudo parecia ainda mais organizado e bonito. Inesperadamente, um flutuador da Força Distrital surgiu e entrou em formação. A nave policial começou a escanear cada drone, checando as licenças. Um sinal piscou no display, indicando que ela estava sob verificação. Tensa, por um segundo pensou em usar as armas, mas assim que o sinal sumiu e o flutuador afastou-se, ela suspirou aliviada. Lembrou-se do arquivo mencionado pelo armador, aproveitou para lê-lo. Terminada a leitura, ela carregou um editor de texto e colocou-se a escrever linhas de código apressadamente, programando em UnLock.
Após alguns quilômetros, um bip disparou, indicando que o alvo se aproximava. Seguindo a esquadrilha, Aurora manobrou para descer e ajustar a rota final. O Concórdia logo se fez notar, impressionante. "Um prédio desse tamanho deve ter muito mais do que três firewalls, caramba, eles devem ter um exército inteiro lá dentro!", pensou.
- Sangue Azul para Vaga-lume. Na escuta, Vaga-lume?
A voz masculina surgiu do nada, assustando Aurora e fazendo-a balançar o F-242.
- Sim, digo, aqui é Vaga-lume, Sangue Azul.
- Estamos em posição, aguardando seu sinal.
A tensão voltou com tudo. Dúvidas e mais dúvidas dividiam espaço com um medo crescente. Aurora respirou fundo. Queria fechar os olhos mas não conseguia. O Concórdia ficava cada vez maior à medida em que ela se aproximava. Logo, já estava ao alcance do computador central, que a detectou:
- Drone WGN-1984, você entrou em espaço aéreo restrito. Favor informar credenciais de acesso ou retroceder cinquenta metros.
Prontamente, Aurora enviou o arquivo criptografado previamente gravado no sistema. "Como diabos aquele velho conseguiu isso?", perguntou-se enquanto acompanhava o upload.
- WGN-1984, credenciais recebidas. Id: drone de serviço da F-PAR Equipamentos LTDA. Carga: terminais faston de baixa latência. Acesso autorizado. Favor atracar na doca sete - instruiu o computador.
Ela manobrou habilmente, entrando com o F-242 na doca indicada, localizada a mais de trezentos andares do chão. Pousou. Liberou o acesso ao compartimento de carga. Pequenos robôs marcharam para o drone, adentrando o compartimento. Logo, começaram a manusear pequenos caixotes, levando-os para fora.
"Chegou o momento." Aurora ativou o NetScan, que exibiu inúmeras redes wi-fi. Rapidamente, ela localizou a Rede de Serviços Concórdia, liberada para os drones autorizados. Acessou o subsistema de manutenção. Uma vasculhada rápida e encontrou a listagem dos robôs carregadores alocados para aquele dia, centenas. Iniciou uma pesquisa, informando o ID do drone, WGN-1984, como critério de busca. O resultado veio em instantes, listando exatamente os robôs que trabalhavam no F-242.
Dentro do compartimento de carga, um pequeno robô se preparava para erguer um caixote, porém, subitamente, uma descarga elétrica atingiu-o, desativando seus circuitos. Uma portinhola abriu-se, um carrinho saiu por ela e correu até o robô, atingindo-o em cheio. O carrinho manobrou, parando ao lado de sua vítima e ativando um sensor, que esquadrinhou o autômato até localizar uma porta xUSB. Um pequeno braço hidráulico saiu do carrinho e se conectou ao robô.
- Instalar pacote - ordenou Aurora.
Em segundos, uma mensagem surgiu em seu display: "Exploit instalado com sucesso." Então, o carrinho recolheu seu braço e acelerou de volta para a portinhola, desaparecendo sem deixar rastros. O robô de carga religou, recuperando as energias e voltando ao trabalho.
"É isso aí!", comemorou a hacker. Minutos depois, o computador central voltou a contactá-la:
- WGN-1984, a carga foi entregue. Assim que os terminais forem inspecionados, o pagamento será realizado. Favor decolar e seguir sua rota.
Prontamente, Aurora obedeceu, ativando as hélices e manobrando para fora da doca. A ansiedade começou a dominá-la. "Será que o exploit vai dar conta? Será que ele vai conseguir enganar o computador central? Será que programei aquele troço direito?"
Faltavam poucos metros para ela sair do espaço aéreo privado. A quilômetros de distância dali, gotas de suor escorriam por seu rosto. Deu uma boa olhada na paisagem: a cidade lá embaixo estava serena, os outros drones cruzando os céus com suas cargas valorosas. Lembrou-se da Pryda, da maldita lei, do policial arrogante na estação do metrô, e do sacrifício do pai. Estava cansada, desejou que tudo terminasse o mais rápido possível. Então, repentinamente, uma tela de fundo negro surgiu bem na frente dos olhos da hacker. Listagens de dados, plantas baixas, esquemas de circuitos e diagramas de bancos de dados invadiram a tela. Aurora gritou, gritou até perder a voz.
Segundos depois, o computador central do Concórdia entrou em colapso, derrubando um a um todos os sistemas internos do prédio. Ela ativou o comunicador, respirando ofegante:
- Vaga-lume para Sangue-Azul, responde!
- Sangue-Azul na escuta, prossiga.
- Sistema de segurança desabilitado. Manda ver, tô voltando para a Caledônia.
***
O caos tomou conta do saguão de entrada do edifício Concórdia. Funcionários atordoados não sabiam o que fazer diante das toneladas de reclamações dos moradores desesperados. Sem energia, o gigantesco prédio não passava de um amontoado de concreto e aço.
Os portões foram escancarados, as câmeras desligadas. Sem o sistema de ar condicionado, a temperatura subiu rapidamente, levando dezenas de pessoas a obstruir as escadarias, não projetadas para tanta gente. Três estranhos, vestidos com sobretudos metalizados e capacetes cromados que ocultavam inteiramente seus rostos, invadiram o saguão de entrada e sacaram armas de grosso calibre. Ao vê-los, as pessoas se lançavam ao chão ou voltavam por onde vinham. Gritos de pânico produziram mais pânico, e pedidos de socorro foram enviados aos montes para a Força Distrital. Os invasores correram para a área dos funcionários, acessando as escadas de serviço, pouco utilizadas. Subiram os degraus com uma velocidade incomum, nocauteando os empregados que surgiam pelo caminho. Chegaram ao trigésimo quinto andar, onde encontraram um grupo de seguranças armados, equipados com dispositivos de visão noturna. Os sons dos disparos reverberam pelos corredores, atingindo vários andares e enchendo de terror os já apavorados moradores.
Balas explosivas atingiram as armaduras dos seguranças, fazendo-os em pedaços. Um dos invasores avançou e chutou uma porta, revelando uma sala grande e sofisticada. Um homem de meia idade recebeu o atacante com uma pistola em punho, descarregando o pente contra o sobretudo do intruso, que permaneceu ileso. O invasor atirou. O projetil atingiu o peito do homem em velocidade supersônica, explodiu abrindo um grande buraco em seu tórax. Sangue e vísceras voaram sobre a cara mobília.
***
Ainda com o coração acelerado, Aurora subiu pela escadaria deixando a Caledônia para trás. Logo chegou a rua abandonada. Rapidamente, colocou a máscara de ar e levantou seu capuz. Uma listagem de corações artificiais, com alguns modelos em promoção e ótimas condições de pagamento, flutuava no ar em seu holovisor. O céu cinzento e fechado era o oposto do estado de espírito da jovem hacker. Com passos largos, em instantes ela atingiu a Enrico Funaro, que estava repleta de gente, uma multidão efervescente acompanhando atenta as últimas notícias exibidas nos gigantescos painéis holográficos, que flutuavam em pontos estratégicos sobre a avenida. Conferiu o horário: ainda tinha algumas horas até a cobertura do pai terminar. Parou em uma barraquinha de rua e comprou um pastel de queijo e um milkshake e conferiu a caixa de entrada. Havia dezenas de mensagens de Speto. "Depois eu respondo", pensou.
Então olhou para um dos telões, onde imagens de um cerco da Força Distrital, em Alphapolis, mostravam um tiroteio feroz. Os corpos de vários policiais mortos eram constantemente exibidos. Então as imagens mudaram para flutuadores destruídos e pessoas em pânico fugindo do edifício Concórdia. Uma mensagem em letras gigantes passava constantemente na parte de baixo da tela:
"Em mais um atentado terrível, o deputado distrital Luciano Moretto foi brutalmente assassinado em seu próprio apartamento. Vários seguranças e bravos homens da Força Distrital perderam a vida tentando proteger o estimado político. Alphapolis lamenta e repudia esse ato covarde e bárbaro, fruto de mentes perigosas, inimigos da nação! A polícia suspeita que o grupo terrorista conhecido como Deuses Cromados esteja por trás do ataque. Luciano Alvarez Moretto, notório político de pulso firme e temperamento forte, contrário à integração, ficou famoso ao conseguir a aprovação da lei de segurança 56942/2101, conhecida como lei Moretto. Deixa mulher e um filho."
Aurora terminou seu pastel. Voltou ao o site da loja, escolheu um modelo avançado de coração artificial, efetuou o pagamento e indicou a clínica do bairro como local de entrega. Desapareceu na multidão, deliciando-se com seu milkshake.
Viraram à esquerda. Após alguns metros, chegaram a uma ampla entrada, guarnecida por dois homens armados. Ambos abaixaram a cabeça quando Adriatique passou por eles. Aurora não acreditou no que viu: estavam agora em um imenso salão repleto de grandes unidades de processamento, terminais de acesso e monitores por todos lados. De imensas tubulações no teto, brotavam cabos e mais cabos, que se ligavam às unidades de processamento. Então, Aurora viu quatro poltronas hidráulicas, sobre as quais cabos com pontas prateadas pendiam. Alguns poucos técnicos trabalhavam nos terminais, e logo um deles interrompeu seus afazeres e aproximou-se dos recém chegados:
- Está tudo pronto, chefe.
- Muito bom. Aqui está a hacker, leva-a até o COR e prepare-a.
Aurora sentiu o coração disparar.
- Venha comigo - pediu o técnico olhando para a jovem.
- Não, espera um pouco. Adriatique, quero saber os detalhes agora!
- Tenha calma, menina. Vá com o Joel aqui e seja paciente, em instantes vou te explicar tudo.
O armador deu de ombros, dirigindo-se para um terminal, porém, seu soturno segurança permaneceu, e pareceu encarar Aurora. Ela sorriu para o homem, então consentiu em ir com Joel. O técnico levou-a para uma das poltronas hidráulicas. O segurança não desgrudou deles.
- Sente-se, por favor.
Aurora obedeceu. Joel pressionou um botão na lateral do assento e a poltrona começou a inclinar.
- Que diabos é isso ?
- Bem vinda ao COR: Console Operacional Remoto. É assim que você vai operar o drone. Agora, remova seu deck, por favor.
- Não!
- Por favor, o deck - insistiu Joel -, precisamos acessar sua interface neural.
Aurora lembrou de tudo que acontecera horas atrás. Então, levou uma mão até a nuca, afastando os cabelos. Com a outra tateou até encontrar a extremidade do pequeno cilindro dourado, removendo-o com delicadeza. Entregou o deck para Joel, em seguida, tirou os holodrivers, cada um de uma orelha.
Uma técnica surgiu; em suas mãos, um grande capacete inteiramente prateado. Colocou o elmo em Aurora, que protestou:
- Moça, não consigo ver nada com isso!
Joel pegou no ar o cabo de ponta prateada e habilmente o conectou na parte de trás do capacete.
- Você vai sentir uma pontada na nuca. Vai doer, mas passa.
- Espera!
Aurora gemeu, foi como se uma lâmina extremamente afiada perfurasse sua pele, então, uma corrente elétrica percorreu seu corpo dos pés à cabeça, e, surpreendentemente, a escuridão do interior do capacete deu lugar a uma visão inacreditável: um oceano de arranha-céus arrojados sob um céu azulado. Esquadrilhas de drones de todos os tamanhos e modelos serpenteavam os edifícios; flutuadores da Força Distrital patrulhavam em voos rasantes sobre as ruas. Ela estava no topo de algum tipo de torre. Olhou para baixo. Vias urbanas arborizadas e abarrotadas de gente. No horizonte, uma barreira de máquinas gigantescas parecia isolar a cidade. "Moduladores climáticos! É o sistema Anemoi! Estou em Alphapolis", exclamou.
Subitamente, ela começou a sentir o calor do sol tocando seus braços e, mais estranho ainda, o vento chocando-se contra seu corpo.
- Minha nossa! O que é isso !?
A interface do drone surgiu no campo de visão, plotando uma mira e marcadores de energia, velocidade e munição, renderizados em um amarelo brilhante.
- Olá, Aurora - a voz de Adriatique pareceu emanar de dentro da cabeça dela. - Você está integrada ao F-242, gostou? Tecnologia militar, última geração.
- Integrada? Como assim?
- É um modelo experimental, ele funciona como uma extensão do seu corpo, o que é bem esquisito, uma vez que os drones foram criados para poupar os pilotos - disse Joel -, então, algumas coisas que ele sentir você vai sentir. Os militares projetaram essa coisa para ser o mais real possível, vai entender. Agora, para operá-lo, basta dizer os comandos naturais: subir, descer, virar à esquerda, virar à direita, atirar... entendeu? É quase como um prompt neural, e tem a Ajuda, caso precise. Ah, e ele está equipado com um deck Yoshida Quasar S2, 10 núcleos, 22 GHz, uma belezinha, não?
- E se o drone cair? E se for destruído? - replicou Aurora, nervosa.
- Tem um fusível, que deve te desconectar caso algo dê errado. Mas o COR vai garantir que você não sofra nenhum dano muito sério, afinal, treinar bons soldados custa caro.
- Muito bem, as instruções foram dadas. Agora, vamos à missão - interrompeu Adriatique com seriedade. Logo continuou:
- Você deve guiar o F-242 até o edifício Concórdia, já pré-marcado no mapa. Vai entrar na doca de carga e de lá poderá hackear o computador central. Desative todos os sistemas do edifício. Sabemos que existem três firewalls no prédio, um deles é reativo, mas não sabemos qual. Enfim, essa parte é com você, faça o seu melhor. Você terá pouco tempo, e deve coordenar com a equipe de solo, que estará à sua espera para entrar em ação, compreendeu?
- Perfeitamente, e como vou conseguir me aproximar do prédio sem ser descoberta?
- Sem problemas. O F-242 vai emitir um sinal de aeronave comercial, com permissão para atracar no Concórdia - respondeu Joel.
- E mais uma coisa - emendou Adriatique -, preparamos uma surpresa para te ajudar. Leia o arquivo "info.txt". Agora, ao trabalho.
A tensão subiu. Aurora pensou em desistir, mas não havia mais essa possibilidade. Ligou os motores. O veículo levitou; maravilhada, ela sentiu seu corpo flutuar.
- Só mais um minuto - interrompeu Joel. - Qual é o seu codinome? Vamos precisar de um para a comunicação de campo.
- Vaga-lume - respondeu Aurora com convicção.
- Vaga-lume? - estranhou Joel. - Tudo bem.
Ela acelerou, lançando o drone para fora da torre. Não sentia mais a poltrona nem o capacete, apenas o vento envolvendo seu corpo. Cada vez mais segura de si, foi tomada por um misto de liberdade e poder. Aumentou a velocidade e mergulhou na imensidão. O drone despencou a duzentos e cinquenta quilômetros por hora, obrigando o COR e neutralizar boa parte do efeito transmitido pela máquina para o corpo de Aurora, e assustando a equipe de técnicos que monitorava a operação.
- O que essa maluca está fazendo? - gritou Adriatique.
- Vaga-lume, algum problema? - inquiriu Joel.
- Só tô sentindo essa coisa.
- Não é hora para brincadeiras - retrucou Adriatique.
A adrenalina abundou nas veias da hacker. Então, percebendo que estava aproximando-se perigosamente do chão, ela gritou com tudo:
- Estabilizar! Voltar à rota principal!
O F-242 obedeceu, e ela sentiu levemente parte da pressão exercida pela força G.
- Volte já para a missão! - Adriatique estava desesperado.
O veículo subiu e desacelerou, entrando em velocidade de cruzeiro e atingindo o teto de voo das rotas comerciais. Localizou uma formação de drones, acelerou um pouco e juntou-se a ela, entrando na rota pré-configurada que levaria ao edifício Concórdia.
Aurora observava a cidade, ainda deslumbrada com a limpeza e a arquitetura: lá do alto, tudo parecia ainda mais organizado e bonito. Inesperadamente, um flutuador da Força Distrital surgiu e entrou em formação. A nave policial começou a escanear cada drone, checando as licenças. Um sinal piscou no display, indicando que ela estava sob verificação. Tensa, por um segundo pensou em usar as armas, mas assim que o sinal sumiu e o flutuador afastou-se, ela suspirou aliviada. Lembrou-se do arquivo mencionado pelo armador, aproveitou para lê-lo. Terminada a leitura, ela carregou um editor de texto e colocou-se a escrever linhas de código apressadamente, programando em UnLock.
Após alguns quilômetros, um bip disparou, indicando que o alvo se aproximava. Seguindo a esquadrilha, Aurora manobrou para descer e ajustar a rota final. O Concórdia logo se fez notar, impressionante. "Um prédio desse tamanho deve ter muito mais do que três firewalls, caramba, eles devem ter um exército inteiro lá dentro!", pensou.
- Sangue Azul para Vaga-lume. Na escuta, Vaga-lume?
A voz masculina surgiu do nada, assustando Aurora e fazendo-a balançar o F-242.
- Sim, digo, aqui é Vaga-lume, Sangue Azul.
- Estamos em posição, aguardando seu sinal.
A tensão voltou com tudo. Dúvidas e mais dúvidas dividiam espaço com um medo crescente. Aurora respirou fundo. Queria fechar os olhos mas não conseguia. O Concórdia ficava cada vez maior à medida em que ela se aproximava. Logo, já estava ao alcance do computador central, que a detectou:
- Drone WGN-1984, você entrou em espaço aéreo restrito. Favor informar credenciais de acesso ou retroceder cinquenta metros.
Prontamente, Aurora enviou o arquivo criptografado previamente gravado no sistema. "Como diabos aquele velho conseguiu isso?", perguntou-se enquanto acompanhava o upload.
- WGN-1984, credenciais recebidas. Id: drone de serviço da F-PAR Equipamentos LTDA. Carga: terminais faston de baixa latência. Acesso autorizado. Favor atracar na doca sete - instruiu o computador.
Ela manobrou habilmente, entrando com o F-242 na doca indicada, localizada a mais de trezentos andares do chão. Pousou. Liberou o acesso ao compartimento de carga. Pequenos robôs marcharam para o drone, adentrando o compartimento. Logo, começaram a manusear pequenos caixotes, levando-os para fora.
"Chegou o momento." Aurora ativou o NetScan, que exibiu inúmeras redes wi-fi. Rapidamente, ela localizou a Rede de Serviços Concórdia, liberada para os drones autorizados. Acessou o subsistema de manutenção. Uma vasculhada rápida e encontrou a listagem dos robôs carregadores alocados para aquele dia, centenas. Iniciou uma pesquisa, informando o ID do drone, WGN-1984, como critério de busca. O resultado veio em instantes, listando exatamente os robôs que trabalhavam no F-242.
Dentro do compartimento de carga, um pequeno robô se preparava para erguer um caixote, porém, subitamente, uma descarga elétrica atingiu-o, desativando seus circuitos. Uma portinhola abriu-se, um carrinho saiu por ela e correu até o robô, atingindo-o em cheio. O carrinho manobrou, parando ao lado de sua vítima e ativando um sensor, que esquadrinhou o autômato até localizar uma porta xUSB. Um pequeno braço hidráulico saiu do carrinho e se conectou ao robô.
- Instalar pacote - ordenou Aurora.
Em segundos, uma mensagem surgiu em seu display: "Exploit instalado com sucesso." Então, o carrinho recolheu seu braço e acelerou de volta para a portinhola, desaparecendo sem deixar rastros. O robô de carga religou, recuperando as energias e voltando ao trabalho.
"É isso aí!", comemorou a hacker. Minutos depois, o computador central voltou a contactá-la:
- WGN-1984, a carga foi entregue. Assim que os terminais forem inspecionados, o pagamento será realizado. Favor decolar e seguir sua rota.
Prontamente, Aurora obedeceu, ativando as hélices e manobrando para fora da doca. A ansiedade começou a dominá-la. "Será que o exploit vai dar conta? Será que ele vai conseguir enganar o computador central? Será que programei aquele troço direito?"
Faltavam poucos metros para ela sair do espaço aéreo privado. A quilômetros de distância dali, gotas de suor escorriam por seu rosto. Deu uma boa olhada na paisagem: a cidade lá embaixo estava serena, os outros drones cruzando os céus com suas cargas valorosas. Lembrou-se da Pryda, da maldita lei, do policial arrogante na estação do metrô, e do sacrifício do pai. Estava cansada, desejou que tudo terminasse o mais rápido possível. Então, repentinamente, uma tela de fundo negro surgiu bem na frente dos olhos da hacker. Listagens de dados, plantas baixas, esquemas de circuitos e diagramas de bancos de dados invadiram a tela. Aurora gritou, gritou até perder a voz.
Segundos depois, o computador central do Concórdia entrou em colapso, derrubando um a um todos os sistemas internos do prédio. Ela ativou o comunicador, respirando ofegante:
- Vaga-lume para Sangue-Azul, responde!
- Sangue-Azul na escuta, prossiga.
- Sistema de segurança desabilitado. Manda ver, tô voltando para a Caledônia.
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O caos tomou conta do saguão de entrada do edifício Concórdia. Funcionários atordoados não sabiam o que fazer diante das toneladas de reclamações dos moradores desesperados. Sem energia, o gigantesco prédio não passava de um amontoado de concreto e aço.
Os portões foram escancarados, as câmeras desligadas. Sem o sistema de ar condicionado, a temperatura subiu rapidamente, levando dezenas de pessoas a obstruir as escadarias, não projetadas para tanta gente. Três estranhos, vestidos com sobretudos metalizados e capacetes cromados que ocultavam inteiramente seus rostos, invadiram o saguão de entrada e sacaram armas de grosso calibre. Ao vê-los, as pessoas se lançavam ao chão ou voltavam por onde vinham. Gritos de pânico produziram mais pânico, e pedidos de socorro foram enviados aos montes para a Força Distrital. Os invasores correram para a área dos funcionários, acessando as escadas de serviço, pouco utilizadas. Subiram os degraus com uma velocidade incomum, nocauteando os empregados que surgiam pelo caminho. Chegaram ao trigésimo quinto andar, onde encontraram um grupo de seguranças armados, equipados com dispositivos de visão noturna. Os sons dos disparos reverberam pelos corredores, atingindo vários andares e enchendo de terror os já apavorados moradores.
Balas explosivas atingiram as armaduras dos seguranças, fazendo-os em pedaços. Um dos invasores avançou e chutou uma porta, revelando uma sala grande e sofisticada. Um homem de meia idade recebeu o atacante com uma pistola em punho, descarregando o pente contra o sobretudo do intruso, que permaneceu ileso. O invasor atirou. O projetil atingiu o peito do homem em velocidade supersônica, explodiu abrindo um grande buraco em seu tórax. Sangue e vísceras voaram sobre a cara mobília.
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Ainda com o coração acelerado, Aurora subiu pela escadaria deixando a Caledônia para trás. Logo chegou a rua abandonada. Rapidamente, colocou a máscara de ar e levantou seu capuz. Uma listagem de corações artificiais, com alguns modelos em promoção e ótimas condições de pagamento, flutuava no ar em seu holovisor. O céu cinzento e fechado era o oposto do estado de espírito da jovem hacker. Com passos largos, em instantes ela atingiu a Enrico Funaro, que estava repleta de gente, uma multidão efervescente acompanhando atenta as últimas notícias exibidas nos gigantescos painéis holográficos, que flutuavam em pontos estratégicos sobre a avenida. Conferiu o horário: ainda tinha algumas horas até a cobertura do pai terminar. Parou em uma barraquinha de rua e comprou um pastel de queijo e um milkshake e conferiu a caixa de entrada. Havia dezenas de mensagens de Speto. "Depois eu respondo", pensou.
Então olhou para um dos telões, onde imagens de um cerco da Força Distrital, em Alphapolis, mostravam um tiroteio feroz. Os corpos de vários policiais mortos eram constantemente exibidos. Então as imagens mudaram para flutuadores destruídos e pessoas em pânico fugindo do edifício Concórdia. Uma mensagem em letras gigantes passava constantemente na parte de baixo da tela:
"Em mais um atentado terrível, o deputado distrital Luciano Moretto foi brutalmente assassinado em seu próprio apartamento. Vários seguranças e bravos homens da Força Distrital perderam a vida tentando proteger o estimado político. Alphapolis lamenta e repudia esse ato covarde e bárbaro, fruto de mentes perigosas, inimigos da nação! A polícia suspeita que o grupo terrorista conhecido como Deuses Cromados esteja por trás do ataque. Luciano Alvarez Moretto, notório político de pulso firme e temperamento forte, contrário à integração, ficou famoso ao conseguir a aprovação da lei de segurança 56942/2101, conhecida como lei Moretto. Deixa mulher e um filho."
Aurora terminou seu pastel. Voltou ao o site da loja, escolheu um modelo avançado de coração artificial, efetuou o pagamento e indicou a clínica do bairro como local de entrega. Desapareceu na multidão, deliciando-se com seu milkshake.
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Está chegando ao fim nossa história e ela fica cada vez mais eletrizante.
ResponderExcluirAurora nesse capítulo foi perfeita
Obrigado, Chelle! Foi um história curta, porém divertida.
ExcluirComo diria minha neta:houve uma trolagem daquelas! rs
ResponderExcluirAurora deu uma volta em todo mundo e adorei o sarcasmo dela e a agilidade com que ela parece já tinha tudo planejado!!
O próximo capítulo será o último já?? :(
Mas prevejo alguma perseguição a Aurora.
Que ela continue dando um olé daqueles!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor
Oi, Angela! Este foi o último capítulo. O próximo é apenas um epílogo. Talvez, se o tempo permite, a história terá uma segunda parte. Muito Obrigado!
ExcluirOlá André!
ResponderExcluirFinalmente a revolução sangrenta começou! Adorei a forma plena como Aurora se portou depois da missão. Algo me diz que os e-mails de Speto são importantes. O próximo capítulo promete, mal posso esperar!
Beijos
Olá, Aline! Muito obrigado pela leitura! Infelizmente, esse foi o último capítulo. Mas ainda vai ter o epílogo! Valeu!
ExcluirOlá,
ResponderExcluirEstá ficando mais empolgante a cada capítulo!
Aurora arrasando!
beijos
Obrigado, Theresa! Abraços!
ExcluirOi, André! O capítulo manteve o ritmo que deixa o leitor empolgado e querendo mais. Vibrei muito com esse final kkk. A cena da invasão foi eletrizante. Quero muito descobrir o final disso tudo.
ResponderExcluir:)
ExcluirMuito agradecido Larissa! Esse foi o último o capítulo, mas ainda terá um epílogo!
Abraços!
Obaaa, estava com saudades da história. Aurora é sensacional! Ainda me pego achando estranho como funciona o mundo nessa história, mas ao mesmo tempo é tudo muito chamativo, muito inovador. Ainda estou aqui me deliciando com esse final de Aurora plena com seu milkshake.
ResponderExcluirValeu, Bruna! Muito agradecido mesmo!
ExcluirEita André!
ResponderExcluirQuase tive um ataque cardíaco...kkkk
Aurora é destemida e bem ousada, viu ?
Torcendo para que o pai dela consiga ficar recuperado...
cheirinhos
Rudy
Oi Rudy! Cuidado ae! Hahahahaha. Muito obrigado pelo comentário e desculpe a demora em responder!
ExcluirAbraços!
Oi, André!
ResponderExcluirQue bom que a Aurora conseguiu comprar o coração artificial para o pai dela!... Ansiosa para ler o próximo capítulo.
Bjos!
Oi Any. Esse capítulo fecha a história! Agora só tem um epílogo! Obrigado por ler! Abraços!
ExcluirOlá! Confesso que estou receosa com o que vai acontecer com Aurora, deu tudo muito certo para ela nessa missão, esperando as surpresas do próximo capitulo.
ResponderExcluirObrigado, Elizete! Ela deu muita sorte, rs
ExcluirOlá gostei de ver a eficiência da Aurora.
ResponderExcluirQue bom que ela conseguiu comprar o tão desejado coração artificial para o pai dela .esperando já o próximo capítulo.
Uau! Você escreve muito bem, e a cada fim de capítulo eu fico com aquele gostinho de quero mais. Aurora e esse universo criado são instigantes. E esse final? Já estou ansiosa pelo desfecho.
ResponderExcluirAbraços
Wow! Não conhecia essa Book Serie.
ResponderExcluirFicção científica é um assunto bem interessante.
Eita que finalmente as coisas estão melhorando, mas a pergunta que fica é até quando, ai ai meu coração!
ResponderExcluirAprecio muito a história, preciso voltar aos capítulos anteriores para relembrar. É muito eletrizante para mim, gosto de histórias mais tranquilas, mas sempre que postar estarei lendo.
ResponderExcluirOi, André
ResponderExcluirNossa, a Aurora é demais! Sempre perspicaz e ousada!
Uaaaau, a história tá ainda mais eletrizante!
Vai sair na Amazon também?
Bjs