Sem Interrupções [Carla Cintia Conteiro]

Cortesia do Autor

Este é um livro muito especial para mim pois a autora é uma grande amiga que estudou comigo na faculdade e que já vivenciamos grandes momentos. E a cada página virada, senti muito orgulho desta mulher tão inteligente, que consegue criar crônicas tão vivas. E qual não foi minha surpresa ao me ver, mesmo que indiretamente, parte de uma de suas crônicas, quando ela cita a república que morei na época da faculdade.

Sem Interrupções é Vencedor do Prêmio Uirapuru da Editora Folheando, que tem como objetivo publicar obras literária de autores brasileiros. Mas esta é somente uma de suas premiações, para conhecer um pouco mais da autora Carla Cintia Conteiro, visite seu site: https://www.carlaconteiro.com.br/

Título: Sem Interrupções
Autor: Carla Cintia Conteiro
Editora: Folheando
Gênero: Crônicas
Páginas: 88
Edição: 1ª
Ano: 2019

Onde comprar: Editora Folheando

Crônicas são textos curtos, com uma narrativa simples, que se aproximam do leitor por retratarem normalmente fatos do nosso cotidiano. Em Sem Interrupções, a autora nos apresenta 34 crônicas, para serem saboreadas, uma a uma, durante a leitura. São diversos os temas abordados, causando diferentes emoções, umas te divertem, outras te emocionam ou geram revolta, e algumas ainda nos deixa lições a serem aprendidas.

“Em algum momento, você perceberá que acumulou demais do que é preciso entregar a alguém. Quem quer receber o tanto de afeto que temos dentro do peito? Quem tem tempo de ouvir tantas histórias que guardamos como tesouros em nossos corações? Quem se desperta com nossas elucubrações? Para não sufocar os desavisados com os produtos da nossa alma, da nossa ternura, da nossa sede insaciável de viver, nós engolimos tudo isso como dá. Em algum lugar existe – há de existir! – com quem ou como dividir tudo o que nos está transbordando sem uso.”

É muito interessante ver como uma simples "virose" pode ser uma inspiração, e nas mãos de uma artista, tornar-se um tema de escrita. E como nos aproximamos da leitura ao perceber que aquilo que está sendo exposto já foi assunto de conversas de bar com amigos.

Logo na primeira crônica do livro "A existência de uma mulher negra", Carla Cintia expõe seu "eu" para os leitores, diz quem é e para que veio, deixando seu recardo.

“Você imagina qual o percentual de mulheres na minha turma quando me formei em Ciências da Computação em 1989? Quantas pessoas vindas de lugares parecidos com o local de onde eu vinha? Quantos negros? Eu ali, mulher, negra, periférica.”

A crônica que mais me emocionou e me trouxe lágrimas aos olhos, foi "Fica perto", pois ali me vi parte da história, e revivi aqueles momentos que foram retratados, uma das melhores partes de minha vida, que ficou para trás. A saudade daqueles tempos maravilhosos bateu forte.

“Sei que saí da cama com a mesma sensação daquele dia em que me deparei com o apartamento onde funcionava uma república estudantil (no qual jamais morei) sendo desmontado. Ali acabava a história de um local que frequentei muito, onde moravam algumas das minhas colegas fe faculdade. Lógico que não tinha sentido manter aquele espaço quando já vivíamos o resto de nossas vidas, Mas, naquele instante, não apenas me dei conta de que uma fase tinha se encerrado, mas como também de que não estava me comunicando com as amigas que moravam lá com a regularidade necessária para saber o que acontecia.”

Queria ter o dom de usar as palavras como Carla, para poder ser justa com sua escrita forte, inteligente e guerreira, mas como sou somente uma simples leitora, deixo aqui meu recardo, recomendando a leitura deste livro.

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