acompanhe o blog
nas redes sociais

23.9.21

A Fazenda dos Animais [George Orwell]

George Orwell

Cortesia do Grupo Companhia das Letras

Olá pessoa! 2021 marca a entrada das obras autor britânico George Orwell em domínio público. Por isso, várias editoras trouxeram suas publicações dessa história. Eu amei ler a nova edição da Companhia das Letras. Uma edição primorosa e necessária a quem não conhece a obra e também a quem irá realizar uma releitura. Minha fala vem da minha experiência como primeira leitura, não me julguem, e que o texto do autor a edição ucraniana dá ao leitor um breve conhecimento do próprio autor e isso faz diferença na hora de ler a obra.

A Fazenda dos Animais
Título: A Fazenda dos Animais
Autor: George Orwell
Tradutor: Paulo Henriques Britto
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Clássico, Ficção
Páginas: 248
Edição:
Ano: 2020
Onde comprar: Amazon

A história é conhecida: cansados da exploração a que são submetidos pelos humanos, os animais da Fazenda do Solar se rebelam contra seu dono e tomam posse do lugar, com o objetivo de instituir um sistema cooperativo e igualitário. Mas não demora para que alguns bichos voltem a usufruir de privilégios, fazendo com que o velho regime de opressão regresse com ainda mais força.

Escrita em plena Segunda Guerra Mundial e publicada em 1945, A Fazenda dos Animais é uma alegoria satírica sobre os mecanismos do poder e tudo aquilo que leva à corrosão de grandes ideias e projetos de revolução.

“Animais de todo mundo, uni-vos!”

Sobre o texto em si é uma leitura instigante, mas que merece algumas pausas para a história "assentar" e a leitura então poder prosseguir. Não pelo cansaço, mas por trazer tanto em seus capítulos. Outra coisa é que por ser uma fábula o entendimento parece ser simples, mas por seu caráter político merece uma meditação mais apurada. A história é uma sátira a Revolução Russa. Onde os animais tomam o sítio onde vivem para não serem mais explorados pelo dono, porém descobrem outra realidade.

A história por seu uma fábula tem seu texto de certo modo curto e falar muito sobre ele tiraria de uma primeira leitura seu brilho de descobertas, porque por mais que o leitor por meio da sinopse saiba a base de sua essência, vai carecer da leitura para formar uma opinião de forma satisfatória as suas conclusões.

Em pleno século XXI várias das críticas expostas no texto deveriam ter entrado no tempo passado, mas se fazem cada vez mais atuais na conjuntura que estamos vivendo. Basta dizer que a polarização política que vivemos é fruto do mesmo fermento que fez a obra ser escrita.

Assim como Santos Dumont e Einstein viram suas obras terem um uso muito diferente ao qual foram criadas, o autor sofreu com o uso de sua obra em vários sentidos contrários ao qual desejava quando a escreveu. E foi uma escrita que levou 6 anos até deixar de ser uma ideia até chegar a existência em papel e tinta. Desde sua concepção a rejeição a publicação da mesma, mostrava que a complexidade do tema requer desde aquele tempo uma análise mais profunda que a primeira leitura e que a aparente simplicidade do texto esconde a complexidade nas entrelinhas.

A crítica a bebida, me remontou a "os homens podem virar porcos quando bebem, mas não virariam homens os porcos se bebessem". Questões como educação e as consequências da ausência dela, o problema da falta de "memória histórica" por parte da população, o desejo profundo e sincero por mudanças, sem uma visão global dos meios em que ela acontecem, são abordados de forma tão clara que quase gritam: Brasil, leia e aprenda. Não sejam fortes em trabalhar e lentos em entendimento. Enquanto o termo "camaradas" causem um asco mediante a análise texto-realidade.

“Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros.”

O ganho de consciência que a leitura traz produz em simultâneo, um desalento devastador quanto uma paz de espírito em reconhecer o que é fato do que é engodo. E que essa constatação seja o bastante para que ao menos não se faça parte da massa de manobra usada para manter as coisas como estão preservando no poder os que lá estão e suas atitudes egoístas e enganosas. Deixando a anarquia e o cooperativismo como opções de uma governança sem poder ou centralização evitando a corrupção do sistema pela centralização.

Vale ressaltar que mesmo em uma obra que trata a igualdade, não coloca em mesmo nível homens e mulheres ou masculino e feminino. Todos os líderes e antagonistas são dominadores, fortes e viris, ou ambas coisas. Sejam homens, porcos, cavalos ou cães. As figuras femininas ou femininas, pouco aparecem ou somente como esposa, reprodutoras, chocadeiras e por fim num arquétipo de amante. Mas ainda assim, ressalta com grande força que o antagonismo e a antítese são ao meu humilde modo de ver uma das grandes forças desse texto.

Uma das maiores polêmicas sobre a edição, cujo título traduzido antes "A revolução dos bichos" se volta para a origem e vem como "A fazenda dos animais" tem sua explicação linda e amplamente feita no posfácio, o professor e crítico Marcelo Pen refaz a trajetória da fábula de Orwell em nosso país — onde surgiu em 1964 — e lança luz sobre as tentativas de uso do livro como arma ideológica no Brasil e no mundo.

Além dessa explicação o contexto histórico com a qual a obra foi recebida no mundo e com igual e apurada visão no Brasil rende aprendizado sobre a história da história que encanta e informa em igual forma.

A história do livro - em capas depõem lindamente a favor desta edição por serem igualmente esclarecedoras e em Fortuna Crítica, as resenhas servem como "outros" leitores para uma troca sobre as observações a qual eu própria cheguei em minha leitura.

Sobre a edição: com capa em tecido, lombada impressa, fonte e papel confortáveis para leitura, tradução primorosa, diagramação e revisão primorosas não sendo por mim observado nenhum erro de ortografia ou digitação. Com nova tradução, de Paulo Henriques Britto, e projeto gráfico especialíssimo - obras da artista brasileira Vânia Mignone.

16 comentários em "A Fazenda dos Animais [George Orwell]"

  1. Agora entendi porque tantas edições de 1984 e Revolução dos Bichos/ Fazenda dos Animais....
    Li ano passado, sob o título de A Revolução dos Bichos, para o projeto literário #LendoClassicoCP.
    Foi uma leitura interessante e um pouco densa, não fluiu como esperava mas despertou inúmeras reflexões

    ResponderExcluir
  2. Oi, Elisabete! George Orwell é fantástico! Esse livro está entre os meus favoritos da vida. É impressionante como o autor consegue despertar na gente tantas reflexões. Uma sátira inteligente de uma mente visionária.

    ResponderExcluir
  3. Elisabete!
    Muito interessante ver um livro atemporal que pode ser analisado plenamente em nossa propriedade atual, sem contar que ainda mostra que, mesmo tentando fazer uma crítica a sociedade Russa da época, pode trazer o mesmo contexto ao nosso país e muitos outros; acho isso fascinante, porque concluímos que o mundo todo sofre dos mesmos problemas políticos em diversas épocas.
    cheirinhos
    Rudy

    ResponderExcluir
  4. Eu li naquela primeira edição da companhia de letras há poucos meses. E eu adoro a escrita do George Orwell, essa leitura foi muito boa para mim e ainda tenho muito a tira dela. Sempre acho era uma ótima indicação de leitura.

    ResponderExcluir
  5. Orwell nunca esteve tão atual como neste ano. A parte política e as reflexões atemporais do autor, condizem e muito com nossa realidade.
    Por isso, uma gama infinita de edições chegou ao mercado e a cada dia, tem ganhado mais e mais adeptos de suas obras.
    Eu li A Revolução dos Bichos no ano passado e adorei, adorei muito, pois sim, os capítulos são intensos demais e as reflexões deles, maiores ainda!!!
    Quero ler muito mais do autor!!!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

    ResponderExcluir
  6. Acredita que ainda não li?! Mas tenho muita vontade de ler.
    Creio que seja um livro que trata a política de forma sarcástica e ao mesmo tempo séria. Que realmente precisa ser lido mais devagar, para refletir sobre o assunto que é sério e atemporal.

    Danielle Medeiros de Souza
    danibsb030501@yahoo.com.br

    ResponderExcluir
  7. Oi, Elisabete!
    Nunca li nada do George Orwell, e confesso que nunca me interessei em ler algum livro dele... Não sei se todos os livros dele é assim, mas tramas onde os personagens são bichos igual a de  A Fazenda dos Animais não faz o meu estilo de leitura... Mas gostei da resenha. Bjos!

    ResponderExcluir
  8. Confesso que não sabia sobre a entrada das obras de Orwell em domínio público, agora tá explicado as 1984 edições de 1984 hahaha. Ainda não li nada do autor, mas pretendo começar por essa fábula. É interessante - e um tanto assustador - que as temáticas permaneçam atuais. Gostei de conhecer suas considerações.

    Beijos

    ResponderExcluir
  9. Olá,

    Li esse livro acho que em 2019, e fui lendo aos poucos como você disse.
    Apesar de não ter uma escrita complicada, achei melhor e parando um pouco para absorver mais a leitura.
    Super recomendo. Você fica passada com o quanto se parece com a realidade

    Beijos

    ResponderExcluir
  10. O que eu mais leio são resenhas falando do tanto que a história poderia ter sido escrita hoje. Não conheço a escrita dele, ganhei 1984 quando a Amazon deu a versão em capa dura. Acho linda e tá aqui na minha estante, com certeza vou ler!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Gi, meus comentários lá no Top Comentarista estão sumindo :( Comentei em todos os posts até agora e sempre coloco lá, quando fui ver, desapareceram!! Você tem alguma ideia do que tá acontecendo? Beijos

      Excluir
  11. Olá
    Ainda não li nenhum livro dessa autor.
    Impressiona o quanto esse livro é atual retratando a vida política de vários países
    Mostrando que passa o tempo mas as coisas continuam iguais.

    ResponderExcluir
  12. Olá Elisabete!
    "2021, ano de domínio público das obras de Orwel" isso explica muita coisa rsrs, estava sem entender o porquê de tantos relançamentos. Minha experiência com 1984, obra consagrada do autor, não foi das melhores, principalmente pela minha imaturidade na época que li o livro e total falta de senso crítico. Mas pretendo mudar isso em breve. Eu adorei o "Brasil, leia e aprenda" no meio da resenha, realmente o povo precisa acordar e realmente enxergar o que está acontecendo no cenário político desse país. Interessante saber dessa mudança de título, mas acho que prefiro a capa com as imagens dos animais.
    Beijos

    ResponderExcluir
  13. Olá! O livro é realmente incrível, eu o li faz um tempo, e a cada nova edição que me deparo, fico com aquela de vontade de realizar uma releitura, afinal, acho que a mensagem que o livro traz acaba servindo um pouco para acontecimentos atuais.

    ResponderExcluir
  14. Confesso que a princípio por conta dessa troca do título, acabei ficando confusa se tinha lido ou não o livro, depois de toda a confusão resolvida (risos) e com tantas edições lindas chegando, bateu até aquela vontade de reler e até sei que vou ficar bem impressionada (assustada) com o quanto essa leitura é próxima da nossa realidade.

    ResponderExcluir
  15. Oii,
    li esse duas vezes e gostei muitoooo.
    Achei muito interessante e nos faz repensar muito sobra a política do passado e até da nossa atualidade.
    Sofri com esses animais. kk
    bjs

    ResponderExcluir

Qual sua opinião sobre o livro? Compartilhe!

Tecnologia do Blogger.
siga no instagram @lerparadivertir