Senhor das Moscas [William Golding]

Cortesia do Grupo Companhia das Letras

Sabe aquele título que temos em nossa listinha de leituras desejadas, mas, por algum motivo, não conseguimos ler? Então, “Senhor das Moscas” estava na minha só esperando sua oportunidade. E que bom que a vez dele chegou. É uma daquelas tramas que deixa o leitor refletindo durante dias.

Título: Senhor das Moscas
Autor: William Golding
Tradutor: Sérgio Flaksman
Editora: Alfaguara
Gênero: Clássicos de Ação e Aventura
Páginas: 216
Edição: 2ª
Ano: 2021

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O que podemos observar nessa obra de Golding é a sua atemporalidade. Mesmo esse livro ter sido escrito e lançado há tanto tempo, é impossível o leitor não perceber a verossimilhança com nossos dias atuais. Infelizmente, nossa sociedade atual, tomada as devidas proporções, está caminhando para o caos que vemos em “O Senhor das Moscas”. A polarização é um dos fatores mais fortes da trama. De um lado temos um chefe que aproxima-se de um líder democrático, e do outro, um que aproxima-se de um ditador. O leitor vai acompanhando todo o processo de criação e queda de um “governo”, e a ascensão de uma “ditadura”.

“E brincar de eleição era quase tão bom quanto a concha gigante. Jack começou a protestar, mas o clamor foi mudando, e de pedido de uma eleição transformou-se na aclamação de Ralph. Nenhum dos garotos podia ter muitos motivos para isso; toda a inteligência quem tinham demonstrado era Porquinho, e o líder mais óbvio era Jack. Mas Ralph tinha uma tranquilidade, ali sentado, que chamava a atenção: também era alto, e de aparência atraente; e de alguma forma bastante obscura, mas muito poderosa, havia a concha. E o menino que tinha tocado a concha, que ficou sentado na plataforma à espera deles com aquela coisa delicada equilibrada nos joelhos, só podia se destacar.” Posição 287

Um dos pontos positivos é a construção das personagens. Temos um leque interessante de personalidades bem marcantes, e uma definição clara de índoles que, inicialmente estavam, até certo ponto, escondidas, mas que já demonstravam indícios de maldade. O leitor passa a ter uma torcida/empatia mais clara a algumas personagens, mas, na verdade, torce para que todos consigam o objetivo final, que é a volta para casa.

“Soltou um grito selvagem e pulou para a areia clara. Na mesma hora a plataforma foi tomada pelo som e a agitação, correrias, gritos e risos. A reunião se desfez e transformou numa dispersão aleatória e verbosa entre os coqueiros e o mar e ao longo de toda a praia, além do alcance da visão no escuro. Ralph sentiu que seu rosto encostava na concha, e a tomou de Porquinho.” Posição 1489

Outro ponto extremamente positivo é o clímax próximo ao final. A trama entra em um ritmo frenético que é quase impossível o leitor querer largar a leitura até seu desfecho. Aliás, o ritmo da trama e a narrativa do autor são dignos de elogios de minha parte. Já um ponto que não apreciei muito foi o uso das aspas nos diálogos. Ainda prefiro o bom e velho travessão (lembrando que isso é apenas um gosto pessoal).

Em relação a parte gráfica, gostei. A capa é bonita, e não encontrei erros durante a leitura.

Indico a leitura para os amantes de uma trama que deixa reflexões pertinentes sobre nossa sociedade atual.

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