O bem e o mal personificados no divã
E assim começa Os demônios de Deus:
“Todas as vezes que fugir de seu destino, esteja sempre pronto a deparar-se com ele...”
O título é tudo de bom, leria o livro só por causa dele, porém, como se isso não bastasse, ainda escrevo esta resenha debaixo da sensação eufórica do final da leitura. Não costumo fazer isso, espero o livro esfriar na memória para ser imparcial. Mas com este não houve como fazê-lo, tive que escrever rapidamente, no calor do momento.
Título: Os Demônios de DeusOnde comprar: Amazon
Autor: Alexander Mackenzie
Editora: Madras
Gênero: Fantasia Paranormal
Páginas: 368
Edição: 1ª
Ano: 2015
Acaso e destino são forças que se digladiam? É uma questão filosófica levantada de forma indireta pelo autor, Alexander Mackenzie, ele próprio professor de filosofia. Mas a questão poderia se resumir em “qual é o conceito de bem e de mal?” Tenho por mim que nesta vida “nada é, tudo depende“, ou como diria Leonardo Boff – “todo ponto de vista é a vista de um ponto”. Mas deixemos de divagações.
Dr.Rodrigo Mazal, um psicólogo de renome, com uma vida de sucesso, recebe em seu consultório alguém que intitula-se Deus e isso o deixa extremamente intrigado. Enquanto segue o tratamento com tal figura, vão sendo esclarecidas questões bíblicas de forma tão simples que o convence tratar-se mesmo do Onipotente.
O único problema é que sua vida familiar começa a entrar em colapso e desce a inevitável ladeira através de sua esposa Petra:
“Os últimos anos de casamento pareciam-lhe sufocar. A filha crescia e tornava-se uma bela mulher. A convivência ao lado de um homem idealizado pelas mulheres aliada aos fortes laços que o marido e a filha tinham eram, por demais, desgastantes. Jane não era uma garota como as outras e Petra não sabia por quanto tempo tudo aquilo permaneceria como segredo. Estava convicta de que certos mistérios deveriam permanecer escondidos para sempre.”
Poderia ser apenas isso e já seria provocador, mas é muito mais. Petra esconde segredos e o maior deles é sua filha Jane. A enteada do Dr.Mazal provoca nele um misto de orgulho, ciúme e volúpia. São pensamentos que o atormentam e o mal poderá se imiscuir por qualquer dessas portas. Lembra muito a grande conspiração do filme “O bebê de Rosemary”. A tensão presente em cada questão levantada atinge o auge quando o próprio Anjo Caído diz ter o mesmo tempo que Deus para dar sua versão dos fatos:
“— Eu tive coragem de ousar e arriscar-me. Minha queda foi circunstancial. Toda decisão é uma escolha. Toda escolha, uma renúncia... Uma perda...”
Então pensei: estariam Deus e o demônio lutando pela alma de um pobre mortal? E por que ele fora o escolhido? Mas como me enganei e que enorme e aprazível engano. Este livro é no mínimo estimulante, uma agradável surpresa, um alento para alguém que como eu vive atrás de novos autores.
O que nos tornaria um joguete em mãos tão poderosas? Qual nossa importância? Ou seríamos apenas o sonho de divindades superiores? O cérebro prega peças:
“— Nem um pouco conseguimos diferenciar (entre realidade e ficção)... Ou não acordaríamos cansados após algum pesadelo em que estávamos fugindo de algum monstro ou assassino. Adolescentes não teriam polução noturna. Ou mesmo em um filme de terror, por que teríamos medo e nos assustaríamos? Sabemos que é um filme, compramos o ingresso e estamos no cinema, mas ainda assim, algumas pessoas saem de lá e sequer conseguem dormir à noite. Temem a fantasia criada e acreditam, ainda que parcialmente. Vivemos a irrealidade, de fato. O cérebro não sabe diferenciar o que é real do que é ficção!”
É um thriller de tirar mesmo o fôlego, um enredo que mistura de tudo um pouco – a bíblia, religiões, filosofia, romance e uma trama policial frenética. Fez-me correr atrás de Apócrifos que há muito havia abandonado.
E pra deixar a pulga atrás da orelha de quem fatalmente irá ler este livro, digo que etimologicamente “demônio” vem do grego daimon e significa – Deus, poder divino, gênio, inteligência – , e se emprega para designar os seres incorpóreos, bons ou maus, sem distinção. Segundo Sócrates, era um Gênio ou Inteligência mediadora entre mortais e a divindade. Seria então Dr.Rodrigo Mazal um demônio?
Livro imperdível!!!
Sua empolgação é contagiante, Rodolfo.
ResponderExcluirMe parece ser uma leitura envolvente, que suscita questionamentos e que é impossível largar até terminar
Eu já fiquei encucada com o título e só fui entender ele no finalzinho da resenha. Uma leitura ímpar pelo que pude perceber, mas admito que fiquei com um pouco de receio, somente por não estar acostumada com intensidades assim.
ResponderExcluirParece como jogar o leitor em uma torrente de água farta e sem muita salvação.
Mas claro, sair da zona de conforto é sempre uma experiência magnífica.
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor
Oi, Rodolfo! Desconhecia totalmente esse livro e já fiquei super interessada. Os assuntos e questionamentos levantados pelo autor são bem intrigantes. Pelo visto, é uma história de muitas camadas e impossível de abandonar.
ResponderExcluirNão conhecia esse livro.
ResponderExcluirAborda um tema que divide opiniões, ainda mais abordado dessa maneira. Fiquei curiosa para saber como se dá essa mistura de religiosidade e filosofia.
Danielle Medeiros de Souza
danibsb030501@yahoo.com.br
Não conhecia esse livro, porém tem uma premissa muito bombástica é um thriller muito rico por envolve bíblia, religião, filosofia e um pouco de ficção policial.
ResponderExcluirConfesso que, pelo título, não leria esse livro. Pensei se tratar de não ficção, mas me surpreendi ao perceber que se trata de um thriller. Muito bacana toda a sua empolgação e euforia com a leitura. Dá pra ver que é uma obra complexa e intrigante. Bom saber sobre.
ResponderExcluirBeijos
Olá,
ResponderExcluirPrimeira vez que vejo esse livro. Achei curioso kkkk não consigo pensar em uma palavra diferente.
É muito bom quando a gente se empolga com uma leitura né? Kk
Beijos
Que frase impactante ne? Na verdade, toda a resenha é muito boa. Te faz pensar, questinoar, duvidar... deu muita vontade de conhecer e se aprofundar nesse livro que parece sensacional!!
ResponderExcluirAh Rodolfo!
ResponderExcluirJá imagino o quanto o livro possa trazer um prazer imensurável na leitura.
Todos os ponto importantes e polêmicos estão presentes, principalmente a questão filosófica e policial.
Sensacional.
cheirinhos
Rudy
Olá
ResponderExcluirNão conhecia o livro
Confesso que não senti vontade de ler o livro . O título é muito intrigante .
Mas que bom que a leitura te deixou assim empolgado .é muito bom quando uma leitura traz esse sentimento para o leitor.
Olá! Olha que o título já é bastante instigante e provocador, com certeza já é razão para querer conferir o livro, ai sua resenha vem, e me deixa bastante curiosa sobre o desdobramento da trama, e principalmente, em saber o porquê de tanta empolgação, é claro que vai para a lista de desejados né.
ResponderExcluirOlá Rodolfo!
ResponderExcluirSuas resenhas sempre me tiram da zona de conforto e acho suas palavras intelectualmente estimulantes. Também costumo escrever resenhas no skoob alguns dias após finalizar a leitura, justamente pelo mesmo motivo. A parte filosófica da trama me chamou muito a atenção, essa necessidade que temos de sempre distinguir claramente o bem e o mal, o preto no branco (que na verdade é cinza). Adicione as características de thiller a isso e temos a minha vontade de ler despertada.
Beijos
Oi, Rodolfo!
ResponderExcluirAté gosto de thriller, mas pelo título e principalmente por causa dos assuntos abordados no livro - bíblia, religiões, filosofia... - confesso que não é um livro que despertar o meu interesse... Mas que bom que o livro foi uma excelente leitura para você.
Bjos!
Como diria meu professor da Graduação, a reposta para tudo é simples: “Depende”! Fiquei bem intrigada com esse título, acho que não tem como ser diferente e toda a sua empolgação em relação a história é o ponto alto para definitivamente dar uma chance a leitura.
ResponderExcluirTambém leria esse livro pelo título, bem intrigante e curioso. Vejo esse livro como teórico e vai além de uma história. Gostaria muito de ter uma oportunidade para ler esse livro brevemente.
ResponderExcluirOlá, Rodolfo
ResponderExcluirNão conhecia o livro, depois de ler sua resenha fui pesquisar mais sobre o mesmo e tem continuação.
Parece ser uma leitura que você fica pensando na mesma e digerindo por um bom tempo.
O autor abordou psicologia, sociologia, teologia e filosofia, claro que estou curiosa pra ler.
Beijos
Oi, Rodolfo
ResponderExcluirQuero ler mais thriller e esse parece ótimo.
Daqueles que viramos a noite lendo, bem o que estou querendo.
Achei interessante essa visão da religião e filosofia sendo abordada, acho que deve nos trazes grandes e boas reflexões.
Vai pra lista!
bjs