Cortesia do Grupo Companhia das Letras
Eu costumo brincar que tenho uma crise existencial por semana. Parece um exagero, eu sei, mas volta e meia me pego pensando sobre quem sou, sobre as escolhas que fiz e faço na minha vida e sobre os caminhos que me trouxeram até aqui…
E quando encontrei esse livro numa lista de lançamentos da que a Gisela me mandou, identifiquei-me imediatamente com o título porque essa é uma pergunta que tenho me feito com certa frequência.
Título: Será Que Sou Feminista?Onde comprar: Amazon
Autor: Alma Guillermoprieto
Tradutor: Eliana Aguiar
Editora: Zahar
Gênero: Ensaios
Páginas: 120
Edição: 1ª
Ano: 2021
Não sei vocês, mas eu cresci numa família humilde e conservadora do interior de Minas e fui ensinada desde de muito cedo sobre a divisão de papeis entre homens e mulheres e, embora essa divisão nunca tenha me parecido muito justa, eu não conhecia outra realidade. Claro que a revolução feminista tinha acontecido vários anos antes e, na maioria dos países (entre eles o Brasil), mulheres já tinham direito ao voto, já podiam dirigir, trabalhar, escolher seus parceiros e mais uma infinidade de coisas que parecem triviais, mas que um dia já foram motivo de luta. Mas as coisas funcionam em um outro ritmo no meio em que fui criada, então, o máximo que eu podia/sabia fazer, na época, era reclamar com o adulto responsável mais próximo e, na maioria das vezes receber uma reprimenda por estar questionando a ordem natural das coisas.
Como podem perceber, eu não fui educada pra ser feminista. Conceitos complexos como machismo e patriarcado simplesmente não fizeram parte do meu universo por muito tempo e, quando mais tarde eu passei a entender melhor do que se tratava, questionamentos como o que estampa a capa desse livro começaram a se assomar às minhas já citadas crises existenciais. Será que sou feminista? Tenho direito a esse título, mesmo nunca tendo participado de um protesto monumental? Eu sou tão feminista quanto às outras feministas? Existe um jeito certo de ser feminista? Sou uma boa feminista?
Confesso que comecei a leitura esperando encontrar respostas, torcendo pra que as páginas me ensinassem o jeito certo de ser feminista. Alma Guillermoprietro é uma jornalista que, durante muito tempo cobriu como pauta principal conflitos na America latina. Uma mulher de outra geração, que viveu em tempo real a segunda onda do feminismo. Alguém mais velha e mais politizada que eu, e que certamente estaria em posição de “validar” o meu feminismo, ou de me ensinar a ser feminista “do jeito certo”. Mas ela não faz isso em nenhum momento. O que ela faz nesse livro é levantar questões e contar um pouco da história do feminismo e das experiências dela própria com esse tema enquanto mulher latino americana e fruto de seu tempo.
“Tenho certeza das respostas? Não. Tenho certeza das perguntas.”
Em nenhum momento Alma se propõe a ditar as “regras de etiqueta” do feminismo. A leitura é rápida, fluida e em linguagem acessível. É mais uma reflexão sobre o tema do que qualquer outra coisa. É só uma mulher que tem uma bagagem incrível, uma escrita deliciosa e vivências interessantíssimas através das quais ela trás um olhar sobre o feminismo que não pretende ser novo, único ou definitivo.
Enquanto escrevia esta resenha, assisti a uma live com a autora, na qual ela conta que gosta de pensar no livro como uma ponte entre as feministas da geração dela e as feministas atuais e acho que ele cumpre esse papel. Até porque, embora as pautas mudem, a luta feminista continua sendo sobretudo por igualdade.
Alma Guillermoprietro não me trouxe as respostas que eu buscava quando iniciei a leitura, mas me trouxe perguntas excelentes que me deram a perspectiva de que existem muitas formas de ser feminista e de lutar por uma sociedade mais igualitária. Porque o feminismo, embora seja uma luta coletiva, é também a luta para que todas tenham o direito a sua individualidade. E talvez você faça parte dela sem nem perceber.
Numa entrevista, alguns anos atrás, Emma Watson (a eterna Hermione) disse:
“Se você defende a igualdade, então você é feminista. Desculpa te contar.”
E uma vez que você entende isso, você entende tudo.
Minha família também até hoje não se abriu muito a isso do feminismo. Minha mãe acha o fim do mundo, minha irmã sair em passeatas em São Paulo.
ResponderExcluirEu não me faço tantos questionamentos rs mas sempre acreditei que se a gente pensa que tem algo errado, só aí,já somos feministas.
Não não sentido da banalização,mas no sentido de respeito e igualdade mesmo!!!
Um livro que deve ajudar a trazer este questionamento!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor
Faço parte de um grupo de casais onde uma psicóloga nos disse certa vez Homem e mulher deve caminhar lado a lado .Não é um caminhar na frente do outro.
ResponderExcluirCompletando meu comentário. A autora deve trazer vários questionamentos reflexivos a esse assunto.Gosto de ter a minha liberdade de escolha.
ExcluirOi, Andressa! Sabe que eu não acredito nessa coisa de que existe um jeito certo de ser feminista? Cagação de regra pra mim só serve como forma de impor ao outro a sua maneira de lidar com as questões. Me agradou muito saber que a proposta do livro não é essa, e sim expandir a nossa consciência na direção de que precisamos lutar por igualdade.
ResponderExcluirSó a capa já nos faz pensar bastante. Eu pelo menos penso às vezes que sim, e às vezes que não.
ResponderExcluirMas no fundo a maioria de nós nem sabe ao certo o que é ser verdadeiramente feminista, de tanto que o assunto já foi distorcido.
Leitura interessante hein.
Danielle Medeiros de Souza
danibsb030501@yahoo.com.br
Acho que a pergunta "sera que sou feminista" sempre vai causa dúvida em algumas pessoas, pois ainda é um mundo cheio de machismo, vejo pessoas que tem até medo de feminismo, de progresso. Também pessoas que não se identificam com o movimento, não se sinta acolhida, por causa de algumas feministas que tem outras atitudes preconceituosas.
ResponderExcluirAndressa!
ResponderExcluirLendo sua resenha do livro e sua experiência familiar, fiquei pensando um pouco na minha história de vida...
Nasci em meados dos anos 60, época de ditadura e tudo o mais. Deveria ser criada por pais 'castradores' digamos assim... mas vendo agora, tive muita sorte em ser criada por pais feministas. Meu pai era um feminista completo, embora mainha ainda tenha trazido o resquício de sua criação machista. E sempre fui orientada para pela igualdade de gêneros, lá em casa todos fazíamos todas as tarefas, independente do sexo. Meu irmão e painho eram cozinheiros de primeira, nós mulheres sabíamos mexer com a parte elétrica e outras atividades que na época eram feitas apenas por homens, enfim, tivemos uma criação onde nós mulheres, íamos em busca dos nossos desejos. E hoje me sinto privilegiada e acredito que de alguma forma, sou uma feminista... de acordo com a Emma Watson.
cheirinhos
Rudy
Assim que lemos o título, a pergunta ecoa dentro de nós. E sim, acredito que, como Emma sabiamente disse, se acreditamos na igualdade já somos feministas
ResponderExcluirOi, Andressa. Realmente o título no faz questionar muita coisa ne? Acima de tudo se perguntar se você conhece o termo e o que significa isso. Que bom que você se questionou, analisou seu passado e conseguiu entender um pouquinho de todo esse processo! E quem não gosta de uma leitura fluida e acessível? Adorei!
ResponderExcluirUm livro que chama atenção pelo título, e uma pergunta que me faço em certos momentos; às vezes, parece que podemos ser/fazer mais em prol da causa. Bom saber que a autora faz questionar, deve ser bem interessante refletir e aprender sobre o tema.
ResponderExcluirBeijos
Olá,
ResponderExcluirEu me peguei fazendo questionamentos também!
Li em uma página famosa sobre feminismo no Instagram de que você só é feminista se participar de algum grupo, de algum coletivo. E isso me deixou muito intrigada.
A gente luta tanto pra ter liberdade, mas muitas vezes até as pessoas que estão do nosso lado na luta acabam atrapalhando, dizendo o que você deve ou não fazer. Muito complicado entender nosso papel nisso tudo.
Beijos
Olá Andressa!
ResponderExcluirEu também me questiono sobre as mesmas coisas, e acho muito saudável fazer essas reflexões filosóficas de vez em quando. Esse ano li O mito da beleza e comecei a me questionar também sobre o feminismo e sobre ser "feminista" o suficiente. Apesar de trazer mais perguntas do que respostas, acho que Será que sou feminista foi uma grata surpresa para você, poder conhecer as experiências pessoais da autora. Espero poder lê-lo em breve. Realmente essa mensagem da Emma Whatson resume um pouco o que é ser feminista.
Beijos
Olá! Só o título já nos faz refletir muito, acredito que esse é um tema em que todos os dias aprendemos algo novo, fiquei bem curiosa para conferir, ainda mais porque assim como você também fui criada em uma família um tanto quanto machista, mas que atualmente, esta a cada dia tentando mudar velhos conceitos.
ResponderExcluirOi, Andressa!
ResponderExcluirRealmente, Emma Watson está certíssima, se defendemos a igualdade somos todos feministas.
Confesso que Será Que Sou Feminista? não faz o meu estilo de leitura, mas se a oportunidade surgir arriscarei a leitura sim :)
Bjos!
Acho que a proposta do livro é justamente essa mesmo, de trazer reflexões quanto ao que nos rodeia e nossas escolhas/atitudes, uma ótima oportunidade para entender melhor o feminismo.
ResponderExcluirAcho que a grande maioria das pessoas foram criadas em um ambiente com essa divisão entre os gêneros, mesmo que seja de forma sútil. Até hoje sinto as consequências disso dentro de casa.
ResponderExcluirAcho muito importante esses tipos de leitura, principalmente aquelas que trazem consigo uma grande reflexão de um tema muito importante, e principalmente para pessoas que não sabem muito do assunto e querem conhecer um pouco mais.
Oi, Andressa
ResponderExcluirQue livro interessante!
Achei muito impactante, e vou querer ler.
Pois nos faz questionar nossas opiniões, escolhas e lutas.
Nos fazendo também refletir mais sobre pelo o quê e porquê lutarmos sempre pela igualdade, etc.
Bjs