Cortesia do Grupo Companhia das Letras
É sempre bom quando os leitores expandem sua bolha, e se aventuram em autores dos mais diversos estilos e escolas literárias. Dessa vez, resolvi embarcar no universo de um dos autores russos mais conhecidos da história: Liev Tolstói. E a pergunta que me faço é: Por que demorei tanto em conhecê-lo?
Título: Padre SérgioOnde comprar: Amazon
Autor: Liev Tolstói
Tradutor: Beatriz Morabito
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Clássicos de Ficção
Páginas: 120
Edição: 1ª
Ano: 2022
“Padre Sérgio” tem como protagonista o jovem militar, ambicioso e dono de uma beleza e altivez que chamam a atenção, Stiepán Kassátski. Um mês antes de seu casamento, sofre uma desilusão amorosa, e resolve abandonar tudo: Seu noivado, seu desejo em fazer parte da alta sociedade, sua carreira militar e seus bens (que os doa para sua irmã), para dedicar-se a vida no sacerdócio. Com o passar do tempo, percebe que essa não foi uma decisão muito acertada, pois muitos outros conflitos vão surgindo. Profano x religioso, pecado x moral, vaidade, orgulho, humildade, busca da plenitude, vão travando batalhas internas que o deixam cada vez mais insatisfeito e em busca pelas respostas que nunca chegam.
“- Páchenka, por favor, receba as palavras que lhe direi agora como uma confissão, como palavras ditas a Deus na hora da morte. Páchenka, não sou um homem santo, não sou nem mesmo um homem simples e comum: sou um pecador torpe, abjeto, um pervertido, um pecador orgulhoso e, se não sou o que há de pior na raça humana, estou entre um dos piores dos piores.” Posição 735
Apesar de ser um romance curto, as reflexões/críticas levantadas são bastante pertinentes, principalmente ao que se refere à Igreja Ortodoxa (mercantilização da fé, hipocrisia dos integrantes da instituição, etc.); e o papel da mulher na sociedade, uma vez que, em suas obras anteriores, Tolstói carregava um teor bastante misógino, e tentou, nessa obra, fazer uma reparação em relação a essa sua característica.
“Então era isso que meu sonho queria dizer. Páchenka é o que eu deveria ser e não fui. Vivi para os homens a pretexto de viver para Deus; ela vive para Deus achando que vive para as pessoas. Sim, uma boa ação, um copo d’água oferecido sem pensar em recompensa vale mais do que tudo que fiz às pessoas. Mas não havia um quinhão de sinceridade no desejo de servir a Deus?”, perguntava-se a si mesmo, e a resposta era: “Sim, mas tudo isso era maculado e encoberto pela vaidade humana. Não há Deus para aqueles que, como eu, vivem para a vaidade humana. Vou procurá-lo”. Posição 800
Um dos pontos altos é a narrativa ágil e fluída do autor. Outro ponto positivo é a enxuta quantidade de personagens. Mas, engana-se quem acha que, por ser uma trama curta e com poucas personagens, fica algo superficial. Pelo contrário, cada participação tem um nível de complexidade bastante interessante, que vai sendo peça fundamental na montagem do mosaico que é a mente de nosso protagonista.
Em relação a parte gráfica, a Companhia das Letras está de parabéns. A capa é bem simples e sem grandes atrativos. A parte interna é agradável aos olhos. Não encontrei erros. A cereja do bolo fica por conta do posfácio, que traz textos de Samuel Titan Jr. e Boris Schaiderman, e uma “carta” escrita pelo próprio Tolstói, em resposta à Resolução de Sinodo, que ajudam o leitor a entender a profundidade dessa obra, e plantar a sementinha da curiosidade em conhecer vida e obra do autor.
Finalizo a resenha indicando o livro para os amantes de uma trama curta, mas repleta de reflexões/críticas bastante pertinentes em relação às instituições religiosas e seus integrantes.
Oi, Nardonio! Nunca li Tolstói e tenho um Dostoiévski sendo lindamente enrolado na estante rsrs. Sempre tive medo de ler esses dois autores, mas é algo que pretendo fazer, com toda certeza. Me pareceu um livro voltado, principalmente, para os conflitos internos do personagem, o que gosto muito. E que bom saber que, mesmo sendo uma história curta, não faltaram reflexões e questões importantes.
ResponderExcluirAinda não li nenhum autor russo, mas sem dúvida Tolstói é um que gostaria de ler para comprovar se sua fama é merecida. Pelo visto sim. Escrever um livro curto com um tema polêmico e ainda assim entregar um livro amarradinho sem deixar algo faltando não é para todos.
ResponderExcluirDanielle Medeiros de Souza
danibsb030501@yahoo.com.br
Ainda não li Tolstói mas se ele seguir os passos de seus contemporâneos, Padre Sérgio é uma leitura complexa, cheia de camadas e que permite muitas reflexões
ResponderExcluirDom!
ResponderExcluirMuito bom podermos nos arriscar em novos estilos de outros países, ainda mais sendo um clássico.
O autor é sempre questionador e reflexivo em seus enredos e fico feliz em ver que seu misoginismo teve redenção aqui.
E os questionamentos que traz nesse exemplar, são mais que válidos.
cheirinhos
Rudy
Pode ser irônico ou apenas uma peça do destino, mas ontem estava assistindo um filme que começou meio bobo, mas que gostei demais(Padre Stu? rs ) acho que é esse o nome. Sei que tem um elenco muito bom e fica a dica.
ResponderExcluirMas é mais ou menos isso, alguém que do dia pra noite, decide ser padre.
Eu nunca li Tolstói,mas sim, isso é realmente sair da bolha de conforto!
Adorei a dica!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor
Olá!
ResponderExcluirTenho muito vontade de ler algo do autor, pois sempre vejo muito gente falando coisas boas.
Esse eu não conhecia, e a história parece ser muito bom!
Beijos
Sempre que lemos algo sobre literatura russa já imaginamos uma leitura complexa e não é bem assim .O livro tem poucas páginas o autor teve talento para construir uma trama amarrada.
ResponderExcluirDa literatura russa tenho Anne Karienina mas ainda não li.
Oi, Nardonio!
ResponderExcluirAté gosto de histórias com poucos personagens, pra mim esse é também um ponto positivo... Mas confesso que não me interessei por Padre Sérgio, não fiquei curiosa para conhecer mais da história do protagonista Stiepán Kassátski... Bjos!
Oi Nardonio,
ResponderExcluirJá me aventurei um pouco pela literatura russa, essa obra do Tolstói ainda não conheço.
Poucas páginas, mas parecem suficientes para ser uma 'porrada', fiquei interessada.
Ainda não li nada do Tolstói, mas tenho uma certa curiosidade. Esse parece ser um bom começo, ainda mais que é curtinho e reflexivo, só não sei como seria em relação as críticas religiosas. Mas vou tentar ler em algum momento.
ResponderExcluirAbraços
Claro que tenho meus estilos preferidos, mas acho essencial que cada um possa expandir seu universo literário ou mesmo sair da zona de conforto. Parece um excelente livro para se fazer isso, com tantos elogios. Uma leitura curta, mas ainda assim intensa e complexa, mas sem ser maçante.
ResponderExcluirLer Liev Tolstói è realmente sair da bolha. Eu amei a resenha, ainda mais que tenho muito medo de ler livros clássicos e não entender nada. Mas esse parece ser bem diferente. Valeu pela dica.
ResponderExcluirOlá! Ainda me falta a coragem para encarar uma leitura desse autor, confesso que tenho muito receio de não curtir, mas acredito que um exemplar assim, com uma história mais curta, mas que tenha muito para nos fazer refletir é uma ótima opção.
ResponderExcluirCaramba, tão poucas páginas, mas se tratando do autor eu bem imagino que apesar das poucas páginas a leitura tende a ser um pouco mais complexa e claro cheia de questionamentos e reflexões.
ResponderExcluirOi,
ResponderExcluirQuero muito ler algo do autor e esse pareceu uma boa.
Achei interessante essa busca pela carreira religiosa do personagem e sua labuta diária.
As reflexões devem ser muito tocantes e até constrangedoras, pois religiões sempre trazem assuntos complicados a tona.
bjs
Oi,
ResponderExcluirQuero muito ler algo do autor e esse pareceu uma boa.
Achei interessante essa busca pela carreira religiosa do personagem e sua labuta diária.
As reflexões devem ser muito tocantes e até constrangedoras, pois religiões sempre trazem assuntos complicados a tona.
bjs