Cortesia do Grupo Companhia das Letras
Faz algum tempo que já havia sentido curiosidade em conhecer a escrita do talentoso Lazaro Ramos, dentre suas formas de arte, a escrita com certeza é a que mais despertou o meu interesse. E enfim, esse momento chegou e agora vamos à história.
Título: Você não é invisívelOnde comprar: Amazon
Autor: Lázaro Ramos
Editora: Objetiva
Gênero: Problemas Sociais e na Família, Adolescentes
Páginas: 112
Edição: 1ª
Ano: 2022
Nesse livro, vamos conhecer uma família com dois irmãos adolescentes vivendo a realidade do distanciamento social na pandemia com uma narrativa dividida por dois narradores, um em terceira pessoa e outro em primeira pessoa na voz de Carlos ou Carlinhos.
A realidade familiar já havia sido alterada antes da pandemia, porém com os cuidados para evitar contaminação, volta a ser alterada novamente e isso impacta diretamente a dinâmica e os sentimentos dos moradores. Os quais eu preciso dizer, me conectei desde a dedicatória, porque já ali mostravam que eles tinham muito mais história do que suas identidades no livro.
“De que importa um rosto se eu trago ideias interrogação De que adianta me julgar se talvez você me veja e não me escute interrogação De que adianta ficar me abrindo para vocês se eu nem sei se vocês merecem.”
Logo no começo da narrativa vamos conhecer Carlinhos, que vive trancado no quarto, gravando vídeos e áudios sobre si mesmo ou postando nas redes sociais. E que logo descobre que na internet personagem “tem seguidor” e sinceramente durante a leitura eu comecei a acreditar que o “Carrinho” como é chamado pelos íntimos, tem marketing digital correndo nas veias e pra mim que não sou tão jovem, já começo a pensar, adoraria ter aulas com ele. Risos.
“E, assim, nossa princesinha foi em busca da sua realização. Não queria saber de ser a metade da laranja de ninguém. Queria mesmo era ser uma laranja inteira.”
Sua irmã Vitória tenta lidar da melhor maneira com o que tem, e por isso, acaba por encontrar no papel sua forma de expressão e reflexão nesse momento onde entender seu lugar no mundo caminha com a incerteza do próprio mundo sobre o futuro. O contraponto entre o digital e analógico, para mim, acabou ficando em segundo plano porque o que leva Vitória ao papel é algo mais intrínseco do ser humano, a necessidade da expressão com os meios que consegue, os humanos nas cavernas já demonstravam isso.
Deu para ver que a leitura vai se tornando mais reflexiva e divertida porque estou com o livro físico em mãos - papel, aproveitando as playlists – digitais, capítulo a capítulo via QR-code e achei uma ideia fantástica essa interação.
As imagens são fantásticas e mostram mais que uma ligação com a narrativa. Contém identidade, cultural e social e literária de uma maneira muito, muito leve e divertida. Nas referências literárias temos indicações pra montar uma “TBR” (To be Read, ou Lista para ser lida) e sair lendo caso ainda não as tenha lido e nas demais uma urgência em pesquisa, afinal “Eu tenho um sonho” é um dos muitos detalhes que fazem dessa história aparentemente simples algo especial pelas riquezas que contém.
“A liberdade é uma vitória por isso temos o compromisso de lutar sempre pela Liberdade de todos. Agora... Ter a cabeça livre já é outra coisa.”
A presença física do pai adiciona uma consciência familiar, antes apenas referência com lembranças do tio e da mãe ausente. Junto a presença física que ficou ainda mais destacada quanto a sua importância durante o “lockdown”, a conversa sobre as pessoas que a formam enquanto árvore genealógica e também das origens históricas fizeram uma ponte integrando as diversas partes da unidade familiar: presentes, ausentes e históricas.
Ler sobre a vivência na pandemia nos coloca muito próximo dos personagens, ainda é algo muito recente e não totalmente superado, na falta de uma palavra melhor.
Preciso dizer que Carrinho foi o personagem mais complicado pra mim, eu o achei egoísta, intrusivo e egocêntrico. Contudo, preciso ser justa, Carrinho é o típico irmão adolescente, a gente pode até não concordar com nenhuma atitude, mas não a ponto de ter ranço. Vitória me comoveu por ter tão pouco e ainda assim desse pouco ter ainda mais tirado. E mesmo assim, encontrar uma verdade nisso. Porque se para um homem preto é ruim, para uma mulher preta é duas vezes pior. Afinal, no meio disso tudo temos adolescentes tentando se encontrar.
Mesmo sendo uma história de poucas páginas e ainda contar com ilustrações não digo que seja uma leitura rápida e sim no seu tempo. Seja parando para ouvir as músicas enquanto reflete o que leu ou ouvindo enquanto escuta e até mesmo como eu que fui lendo entre as pausas do dia e senti nesse ritmo um fluxo delicioso de leitura.
Oi, Elisabete! Eu sabia dos livros infantis do Lázaro Ramos, mas desconhecia esse que parece ser voltado mais para o público jovem. Achei bem legal! É uma história que conversa muito com a nossa realidade, por se tratar desse período de isolamento. E ainda acompanhamos essa busca por identidade e a importância da comunicação e linguagem.
ResponderExcluirCurto e acompanho Lázaro como ator e diretor mas ainda não li nenhum de seus livros publicados.
ResponderExcluirÉ uma história impactante e bem reflexiva
Mesmo admirando demais o trabalho da pessoa Lázaro e vendo filmes em que ele atua, eu ainda não tive oportunidade de conhecer nenhum de seus trabalhos, mas sei que todos seus livros são muito elogiados, não pela representatividade, mas pelo talento e lições sim, de vida!
ResponderExcluirA pandemia é tão recente que ainda dói. E não sei por quanto tempo ainda irá nos assombrar.
Já vai pra listinha de muito desejados!!!!
beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor
Já tinha visto essa capa mas não tinha reparada quem era o autor.
ResponderExcluirGosto de livros com playlist, legal essa ideia de colocar o qrcode.
História super atual.
Danielle Medeiros de Souza
danibsb030501@yahoo.com.br
Elisabete!
ResponderExcluirAcho maravilhoso quando um artista se mostra completo, não atua apenas em uma área.
E o livro do Lázaro me parece algo bem lúdico e aborda um tema muito importante.
cheirinhos
Rudy
Também tenho muita curiosidade em conhecer a escrita do Lázaro, e esse parece ser um bom começo. Eu gosto dessas leituras curtinhas que despertam vários sentimentos, e também é bacana saber que conta com ilustrações. A temática é muito atual e pertinente.
ResponderExcluirBeijos
Oi Elisabete,
ResponderExcluirHumm, o lado escritor do Lázaro, que legal ver essa resenha por aqui! Fiquei curiosa, não apenas com a escrita, mas em ver as ilustrações e saber mais sobre as referências literárias, adoro quando um livro me leva a outro!
Oi, Elizabete!
ResponderExcluirTambém tenho curiosidade em conhecer a escrita do Lázaro Ramos, mas ainda não tive a oportunidade... Mas quem sabe futuramente?!
Você Não é Invisível não faz o meu estilo de leitura, mas eu arriscaria a leitura da história de Carrinho caso a oportunidade surgisse :)
Bjos!
Olá!
ResponderExcluirNão sabia que ele tinha livros!
Já fiquei curiosa para descobrir a escrita dele, e a história parece ser muito boa.
O ruim que quando a gente ta lendo/assistindo alguma história com adolescentes, ficamos com muita raiva deles, sendo que eles só estão sendo adolescente kkkk
Beijos
Otima resenha . Deu para perceber que o Lázaro mesmo em poucas páginas trouxe temas super reflexivos.E tem esse adicional do QRCode .Achei bacana essa idéia.
ResponderExcluirDo ator já li sua biografia e gostei bastante, passei a admirar ainda a pessoa Lazaro Ramos, por isso, fiquei bem curiosa com mais esse trabalho dele, ainda mais por trazer um tema tão atual quanto a pandemia em destaque, acho que é impossível não se identificar em algum momento da leitura.
ResponderExcluirChocado! Nem imaginava que Lazaro Ramos era escritor também. Gostei do fato do livro abordar assuntos tão atuais como a pandemia. Gilmar Cruz
ResponderExcluirNunca li nenhum livro do Lazaro. Mas estou lendo mais autores nacionais e tem sido uma grata surpresa. Karina Heid, Carina Rissi e Michaelly Amorim
ResponderExcluirOlá! Sem dúvida, é um livro que eu vou querer conferir, conheço a escrita do autor e sei do seu potencial em nos fazer querer devorar cada linha, além das dicas de leituras que vão surgindo no decorrer dessa aventura.
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