Árvore Inexplicável [Carol Chiovatto]

Cortesia do Grupo Companhia das Letras

E lá vou eu dando continuidade a essa fase mágica e fantasiosa em minha vida de leitor. Esse já é o quarto livro seguido do gênero que leio. Dessa vez, uma autora e trama tipicamente brasileiras. E o que posso adiantar é que foi muito bom acompanhar essa jornada ambientada em nossas terras.

Título: Árvore Inexplicável
Autor: Carol Chiovatto
Editora: Suma
Gênero: Fantasia Contemporânea
Páginas: 328
Edição: 1ª
Ano: 2022

Onde comprar: Amazon

“Árvore Inexplicável” entrega tudo o que um bom exemplar do gênero pede: Temos magia, fantasia, mistérios, personagens dúbias e, por incrível que pareça, uma dose cavalar de realidade, que nos faz duvidar até da parte fictícia da história (risos).

Diana, nossa protagonista, é uma bela representante de uma classe que muitos de nós conhecemos bem: Os universitários que possuem jornadas duplas e até triplas de estudos/trabalho/deslocamentos em transportes públicos superlotados, que acabam tornando suas vidas bastante estressantes. Além desse fato, Diana, desde criança, possui a habilidade de enxergar “fenômenos” que acontecem próximos a árvores (uma névoa colorida).

Muitas dúvidas sobre esses acontecimentos começam a brotar: Esses fenômenos são reais? Isso é fruto de uma imaginação fértil de criança, que continuou acompanhando nossa protagonista, devido sua mente cansada pela rotina pesada? Mais alguém consegue enxergar? Se são reais, o que eles representam? Esses e outros questionamentos vão invadindo a mente de nossa protagonista e as nossas também, ao ponto de não querermos largar a leitura até obtermos todas as respostas.

“A vida tinha de ser mais do que um emprego meia-boca, trânsito, cansaço, choro no banho e contas a pagar. Embora o mistério não passasse de uma distração, ao menos investigá-lo me levaria a caminhar por lugares verdes da cidade cinza e respirar um ar um pouco menos poluído.” Página 19

Carol Chiovatto mostrou um domínio incrível nessa obra em todos os sentidos. Sua narrativa é muito boa, pois é leve, fluida e descritiva na medida certa. Outro ponto positivo é o leque de personagens bastante interessantes e representativos (a sigla LGBTQIA+ foi bem explorada, pois temos, pelo menos, quatro dessas letras representadas). As personagens coadjuvantes são tão bem trabalhadas e reais, que fica quase impossível não torcer por elas também.

Outros destaques positivos ficam por conta das partes reais da história: O cenário (São Paulo e cidades próximas); o período (início de pandemia, onde dúvidas, procedimentos e medo se fizeram presentes); e a crítica social/política brasileira nesse contexto.

“E, entretanto, fazíamos isso todos os dias, não? Ler notícias ruins, nos sensibilizar um momento e seguir em frente. Para cuidar da saúde mental, era preciso boa dose de desapego. Acaso para nos afetarmos de verdade com uma tragédia, ela tinha de nos tocar diretamente? Deveríamos ter um interesse pessoal no assunto? Me senti egoísta.” Página 137

Em relação a parte gráfica, a Suma gabaritou. A capa é muito bonita, a diagramação interna é simples e agradável aos olhos. Não encontrei erros. E, para não esquecer, somos brindados com um mapa da região ao qual a trama foi ambientada.

Finalizo a resenha indicando aos amantes de fantasia e que também apreciem tramas ambientadas em cenários e realidades brasileiros.

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