Cortesia do Grupo Companhia das Letras
Nunca é tarde para embarcarmos nas páginas de autores que entraram para a história da Literatura mundial. Dessa vez, o escolhido foi Laurence Sterne, um dos mais aclamados autores de todos os tempos, precursor de um estilo de narrativa (fluxo de consciência) que serviu de inspiração para outros grandes autores, como Machado de Assis, por exemplo.
“A Vida e as Opiniões do Cavaleiro Tristam Shandy” foi publicado em nove volumes entre os anos de 1759 e 1767. Conseguiu um grande sucesso desde a publicação dos primeiros volumes, o que fez Sterne ganhar certa notoriedade em vida. E, não é pra menos, pois o autor caiu nas graças do público, devido ao estilo narrativo inovador para a época.
Título: A vida e as opiniões do cavalheiro Tristram ShandyOnde comprar: Amazon
Autor: Laurence Sterne
Tradutor: José Paulo Paes
Editora: Penguin-Companhia
Gênero: Humor e sátira social
Páginas: 768
Edição: 1ª
Ano: 2022
Confesso que ler essa obra foi, no mínimo, uma experiência peculiar, pois, ela possui algumas características que vão contra ao que aprecio nas tramas, principalmente ao que se refere a objetividade. Sim, a narrativa não segue um fluxo em linha reta. Ele segue um fluxo duplicado, triplicado, emaranhado, ramificado, enfim, um fluxo de pensamentos que acabou criando “zig-zags” na minha cabeça. São muitas divagações, parênteses, inserções de outras obras em meio a narrativa que me fez, muitas vezes, questionar se eu estava lendo aquilo mesmo. E, o pior é que eu gostei de ficar com essa sensação de desnorteamento (me internem, por favor! Risos).
“Solenemente declaro a toda humanidade que a dedicatória acima não foi feita para nenhum príncipe, prelado, papa ou potentado, - duque, marquês, conde, visconde ou barão, deste ou de qualquer outro Reino da Cristandade; ------- que tampouco foi apregoada nem pública ou privadamente oferecida, direta ou indiretamente, a qualquer pessoa ou personalidade, grande ou pequena; mas é que, honesta e verdadeiramente, uma Dedicatória-Virgem, jamais provada por qualquer ser vivente.” Posição 712
Outra característica interessante que posso citar é o humor. O autor carregou na ironia e no duplo sentido, o que acabou me tirando algumas risadas. Duas personagens também merecem destaque: O pai e o tio de nosso narrador Tristam. Aliás, as cenas dessa dupla são as mais interessantes, pois os diálogos entre eles são hilários.
“[-Cumpre-me interromper minha tradução por um momento; se não o fizesse, sei que nunca mais conseguiria pregar o olho, como não o pôde pregar a abadessa de Quedlinburg. - Interrompo-a para dizer ao leitor que meu pai jamais leu esta passagem de Slawkenbergius para o meu tio Toby sem pôr a voz uma nota de triunfo - não sobre o tio Toby, que nunca se lhe opunha - mas sobre o mundo inteiro.” Posição 3791
O ponto negativo fica por minha parte, por ter demorado a entender o estilo do autor, e tentar levar muito a sério o que estava lendo. A dica que dou a quem for se aventurar nessa obra é que se desprenda de todo o raciocínio lógico, e embarque na viagem proposta por Sterne.
Finalizo a leitura indicando aos amantes de clássicos da Literatura Mundial, e que gostam de tramas que não seguem um fluxo narrativo linear.
Deveras instigante e muito interessante.
ResponderExcluirAcredito que ainda não li nenhum livro com essas características
Ao mesmo tempo que não deve ser uma leitura fácil,deve ser no mínimo, algo gratificante. Pois pegar um clássico, mesmo que talvez perdido na leitura no início e ir degustando aos poucos, não é uma tarefa fácil.
ResponderExcluirEu não me lembro de ter visto o livro antes, mas admito que não sei se leria.
Eu já sou uma confusão só rs
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor
Nardono, confesso que desde as primeiras linhas da sua resenha o seu relato me causou ansiedade e uma sensação de leitura emblemática. Apesar de ter sido um livro que nunca ouvi falar, não chega nem perto das leituras clássicas que me debruçaria
ResponderExcluirQuem sabe um dia. Cheirinho de livro novo.
Oi, Nardonio! Sem dúvida, uma leitura desafiadora, especialmente para quem não está ambientado com o estilo narrativo. Gostei de saber que há diálogos cheios de humor. Lembrarei da sua dica, caso um dia eu me aventure nessa viagem.
ResponderExcluirEu não tenho costume de ler clássicos. Pois acho uma leitura difícil, mais adorei saber o que você achou.
ResponderExcluirOlá,
ResponderExcluirPrimeira vez que vejo algo sobre esse livro, e posso dizer que achei curioso kkkkkk
Fiquei interessada para entender mais sobre a narrativa do livro
Beijos
Dom!
ResponderExcluirNão conhecia o autor, infelizmente.
O fato de ser uma lçeitura que desnorteia, torna tudo um desafio maior, concorda?
Se tem duplo sentido e ironia, já me agradamuito.
cheirinhos
Rudy
Sabe que não conheço esse autor? Então foi bom saber sobre essa obra, apesar da narrativa não me chamar atenção - acredito que ficaria um tanto perdida com essas divagações. Mas o humor é um ponto positivo.
ResponderExcluirAbraços
Olá Nardonio
ResponderExcluirQue bom que mesmo com essa narrativa um tanto quanto confusa você conseguiu curtir a leitura Creio que não é uma leitura para mim , porque geralmente gosto de uma narrativa mais simples,acho que ficaria perdida lendo um livro assim rsrs
Oi, Nardonio!
ResponderExcluirConfesso que nunca ouvi falar de Laurence Sterne - se li algo sobre não me recordo no momento.
Mas li Machado de Assis na minha adolescência e lembro que gostei.
Em relação a A Vida e as Opiniões do Cavaleiro Tristam Shandy, não me interessei pela trama, sinceramente esse detalhe do fluxo narrativo não ser linear que você mencionou é algo que acho bem negativo... Bjos!
Também não conhecia o autor, mas confesso que fiquei intrigado com seu estilo e achei o convite para conhecer sua obra tentador. Gosto de leituras que nos tiram do lugar comum, e parece ser esse o caso. O autor parece ter a arte de fazer sua escrita interagir com cada leitor de forma particular, dependendo da perspicácia de cada um.
ResponderExcluirOi Nardonio,
ResponderExcluirHum, Laurence Sterne,esse não me recordo, interessante sua resenha, gostei de saber mais sobre o estilo do autor, fiquei com vontade de ler e conferir.
Olá! Eu certamente me perderia fácil nessa leitura, na verdade só com a resenha já ficou desnorteada (risos), apesar disso, sempre fica aquela curiosidade e vontade de ler, ainda mais se tratando de um clássico.
ResponderExcluirUm clássico, que confesso, não lembrar de já ter visto por aí, a forma como o autor escreve seus livros, de fato, para ser muito interessante e diferente, deve ser uma leitura que requer uma pouco de atenção, pelo fato de não termos uma narrativa linear, mas que também gera muita curiosidade, afinal é preciso entender a razão da obra ter se tornado o que se tornou.
ResponderExcluir