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17.5.23

Arte Importa: Porque Sua Imaginação Pode Mudar o Mundo [Neil Gaiman]

Neil Gaiman

Eu já devo ter comentado por aqui que o Neil Gaiman é meu autor predileto da vida. Junto com vários outros autores que eu gosto e que também são “meu autor predileto da vida” (sim, várias pessoas ocupam o primeiro lugar no meu coração, e ninguém pode me obrigar a escolher uma só), mas arrisco dizer que Gaiman é meu preferido entre os preferidos. Meu predileto mais predileto. E a culpa disso reside, em parte, sobre os ombros deste blog.

Eu já gostava do autor, já tinha alguns livros na minha estante aguardando o momento certo para serem lidos, já tinha assistido as adaptações cinematográficas de Coraline e Stardust, mas só quando li e resenhei Belas Maldições, é que decidi pesquisar um pouquinho mais à fundo sobre o os autores (o livro foi escrito em parceria com Terry Pratchett) e, nessa pesquisa, eu caí nas redes sociais, vídeos e textos desse reizinho da internet que é o Gaiman e me apaixonei.

Arte Importa
Título: Arte Importa: Porque Sua Imaginação Pode Mudar o Mundo
Autor: Neil Gaiman
Tradutor: Augusto Calil e Ângelo Lessa
Ilustrador: Chris Riddell
Editora: Intrínseca
Gênero: Artes, Motivacional
Páginas: 112
Edição:
Ano: 2021
Favorito
Onde comprar: Amazon

E nem é só pelos livros.
Não me entenda mal: os livros são incríveis, é claro (eu tenho bom gosto u.u), com histórias fascinantes, personagens interessantes, mundos fantásticos… As hq’s então, nem se fala! Um primor absoluto (um beijo pra Sandman que é uma das coisas mais incríveis que eu já li na vida). Mas minha admiração por esse autor vai além das páginas e ultrapassa para a pessoa que ele é porque, além de dono de uma das mentes mais criativas do universo, Gaiman também é uma pessoa legal. Tipo, muito legal. Legal de verdade.

Legal do tipo que se envolve em causas justas. Legal do tipo que não tolera preconceitos e atitudes babacas. Legal do tipo que compra lutas importantíssimas e faz o que está a seu alcance para dar suporte a elas. E legal do tipo que tira um tempinho na sua agenda abarrotada para deixar uma palavra de incentivo pra uma fã brasileira aleatória (no caso, eu mesma).


Senta, que lá vem história…
No final de 2021, eu tive uma crise de identidade, de “meia idade”, de ansiedade… sei lá. Não estava gostando das coisas que escrevo (nunca gosto) e, por ser um processo extremamente doloroso para mim, resolvi parar. Comentei com meu melhor amigo e ele, como a pessoa incrível que é, não só não deixou, como mandou um tuíte pro Gaiman pedindo um conselho pra uma amiga que, nas palavras dele: “não acredita na sua própria escrita, embora seja realmente boa” (vide imagem à cima). E meu autor preferido da vida toda respondeu apenas “Continue escrevendo. Eu também não acredito na minha escrita”. Um dos mais aclamados autores da atualidade (e que na época estava ocupado com a produção da série de Sandman), tirou um tempinho do seu dia para vir incentivar uma pessoa completamente aleatória e desimportante à pedido de outra pessoa que ele também não faz ideia de quem seja. E, embora eu tenha inserido essa anedota específica aqui com o objetivo de causar inveja em quaisquer fãs de Gaiman que, por ventura, estejam lendo essa resenha, ela também serve pra exemplificar o tipo de pessoa que ele é. Porque são essas pequenas atitudes que me fazem amar tanto essa criatura, para além das obras.


Mas momento fã obcecada à parte, hoje venho fazer meu papel de devota e espalhar a palavra de Gaiman (“olá, você por acaso teria um minutinho pra ouvir sobre o senhor dos perpétuos?”). O livro em questão, é um pouquinho diferente das fantasias que ele costuma escrever normalmente (e que eu também recomendo veementemente), mas não deixa de ser incrível por isso.

Arte Importa é um compilado de quatro textos e discursos prévios de Gaiman sobre arte e criatividade:

Crença - Um manifesto sobre liberdade de expressão escrito na época dos atentados ao jornal francês Charlie Hebdo.
Porque nosso futuro depende de bibliotecas, leituras e devaneios - uma defesa apaixonada das bibliotecas e bibliotecários. E da leitura como ferramenta transformadora.
Fazendo uma cadeira - poeminha sobre bloqueio criativo e o prazer de criar alguma coisa.
Faça boa arte - o famoso discurso que ele fez na formatura dos alunos da Universidade de Artes da Filadelfia (no YouTube tem video desse discurso, se você tiver curiosidade.)

O livro é uma espécie ode à criatividade, uma apaixonada carta de amor às ideias e aos livros. E, antes e acima de qualquer coisa, um empurrãozinho pra qualquer pessoa que faça qualquer tipo de arte. O que Neil faz nessas páginas é deixar pequenas dicas, truques úteis e desabafos diversos sobre sua própria experiência enquanto artista. É quase como se ele pegasse sua mão e dissesse que as incertezas e inseguranças que perpassam o “fazer artístico” são comuns à todos e que, até mesmo alguém com uma carreira como a dele, ainda duvida de si mesmo vez ou outra e, mais importante: que isso não é motivo pra desistir.


E eu não conseguiria te contar quantas vezes chorei sobre essas páginas e nem exatamente o porque fiz isso. Talvez, ao ler o livro você não encontre nada demais e me ache uma boba chorona (o que eu de fato sou), mas em minha defesa: tive meus motivos. Gostaria de ser capaz de te fazer entender o quanto essas palavras ressoaram em mim, o quanto doeram e me acalentaram na medida certa. Mas, pra conseguir isso, eu teria que te contar mais coisas sobre quem eu sou, de onde venho e te fazer entender o quanto escrever é ao mesmo tempo importante e desafiador pra mim… mas essa resenha já está enorme e não quero que você desista da leitura antes do fim. Então, por hora, vou apenas dizer que chorei. Muito. E que nenhuma das minhas lágrimas foi sem motivo (o que não quer dizer que você vá chorar também). Não é um livro triste é só um livro que mexeu demais comigo. Me trouxe verdades que eu precisa ler e motivos pra continuar.

“Se estiver cometendo erros, isso quer de dizer que está por aí, fazendo coisas.
E errar pode acabar sendo útil.”

No fim das contas, acho que o que mais gosto no Neil Gaiman é exatamente a parte de si que ele expõe nesse livro: uma pessoa de verdade. Não o grande escritor bestseller, não um dos autores mais adaptados pra séries e filmes, não uma celebridade da cultura pop com contratos milionários com grandes editoras e serviços de Streaming. Apenas um ser humano completamente apaixonado por aquilo que faz e que nem sempre acredita completamente em sua própria capacidade, mas que segue tentando fazer seu melhor e incentivando os outros a fazer o mesmo.

Arte importa é um livro lindo, curtinho do tipo que você consegue ler em “uma sentada”, além de muito bem ilustrado pelo talentosíssimo Chris Riddell. Embora eu não seja a fonte mais confiável (já que recomendo absolutamente qualquer coisa em que Neil Gaiman tenha se envolvido artisticamente), gostaria de deixar minha mais sincera recomendação pra que você leia. Foi uma das coisas mais inspiradoras que já li na vida (obrigada, Gi, por esse presente incrível!!!).

Pra finalizar, vou deixar a foto desse apelo em forma de contracapa, com meus mais sinceros votos de que todos nós sejamos valentes e rebeldes o suficiente pra escolher a arte.



16 comentários em "Arte Importa: Porque Sua Imaginação Pode Mudar o Mundo [Neil Gaiman]"

  1. Oi, Andressa! Um baita testamento capaz de convencer qualquer pessoa a ler imediatamente Neil Gaiman! Nunca li nada do autor e já quero logo conhecer todas essas narrativas incríveis! E que legal essa mensagem de incentivo dele a vc. Acho fantástico esse lado humano desses deuses da literatura. E o livro parece ser muito especial mesmo, inspirador e cativante.

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  2. Obrigada por compartilhar um pouco da sua história e da sua história com Gaiman!
    Até agora só li Coraline mas sei que todos os livros dele são bem recebidos e aclamados pelos fãs

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  3. Li pouco do autor, mas não há como sair desse verdadeiro testemunho, sem desejar ir procurar tudo dele para mergulhar e bem fundo!
    Tão bom quando o autor consegue conversar com o leitor das mais variadas formas e de todos os jeitos, em cada obra, em cada história!!!
    Vou caçar esse livro agora!!!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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  4. Olá,

    Nunca li nada do autor, mas depois dessa declaração de amor para ele, preciso ler kkkkkk
    Já tinha visto algo sobre esse livro, mas achei bem interessante.

    Beijos

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  5. Olá
    Muito bacana o conselho que ele deu a você.Entendo que o autor deve ser muito especial para você e tenho certeza que ele merece essa sua grande admiração.
    Ainda não li nada dele mas depois dessa resenha fiquei com vontade de conhecer a escrita dele.

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  6. Coisa mais linda de se ler Andressa. Parabéns pela resenha, parabéns pelas palavras bem colocadas e emotivas. Gaiman dispensa adjetivos, ainda assim ler sua resenha ilumina àqueles que não o conhecem (parece impossível, mas ainda há) e àqueles que como eu são fãs.

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  7. Resenha mais linda!

    Em se tratando de literatura, deveria ser inaceitável ter apenas um favorito, seja autores ou livros.

    Bom, ainda não conheço a escrita do Gaiman, mas tudo o que citou me deixou com muita vontade de mudar isso, até porque ele parece ser um autor que vale a pena ser fã, né?

    Através desta resenha, deu para sentir sentir quanto sua escrita é brilhante e impecável; não sou um Gaiman, mas reforço o que ele disse: Continue a escrever.

    Beijos

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  8. Não conhecia o livro, mais gostei da capa. Acho que vou amar esse livro, pois adorei tudo que você falou, e acho que também vou chorar, pois sou muito chorona.

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  9. Oi, Andressa!
    Não li nada do Neil Gaiman, mas dá pra perceber que mesmo sendo um autor famoso ele não perdeu a humildade....
    Arte Importa não faz o meu estilo de leitura, não costumo ler livros motivacional, mas se a oportunidade surgir lerei com certeza!
    Bjos, amei conhecer um pouco da sua história com o Gaiman.

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  10. Andressa!
    Em cada livro dele, estimula uma parte de nossa mente e de nossa criatividade, não é mesmo?
    Eque bom que ele teve um tempinho para estimulá-la a continnuar sua escrita.
    Gosto dos livros motivacionais, ainda mais relacionados a criatividade.
    cheirinhos
    Rudy

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  11. Olá, Andressa! Noss aque história linda você tem com o Neil Gaiman, acho que eu sinto o mesmo pelo Nicholas Sparks... Em 2013 enviei uma carta para ele e um presente, porque não consegui conhecê-lo na Bienal de 2013 e ele me respondeu, com a mesma temática sobre a escrita, e todo dia 31 de outubro comemoro a resposta dele. Foi fascinante. Sobre o autor em questão, eu havia lido um livro que não chamara nenhum pouco a minha atenção, mas semanas atrás eu me debrucei em oceano no fim do caminho e minha mente foi a mil, dei 5 estrelas e me rendi a ele. Não favoritei, mas toda imersão, fantasia, universo fantástico e reflexões sobre a vida me causaram êxtase. Não desista da sua escrita. Cheirinho de livro novo.

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  12. Não sabia muita coisa sobre esse livro, mas agora eu adorei a idéia dele e fiquei com vontade de ter para mim. Conheço o autor vejo muitas pessoas gostam dele e qus os filmes inspirados nos livros tbm são bons.

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  13. Oi Andressa,
    Esse é um livro que preciso ler e ter na minha biblioteca!
    Adoro o Gaiman, para além de suas obras! Suas falas são envolventes, sempre me cativam.

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  14. Olá! Eu super te entendo no quesito autor favorito e só posso dizer (escrever) que a minha lista também é formada por vários, até porque não é justo ter que escolher apenas um (com tanta gente boa por ai)! Em relação a esse autor, confesso que ainda não li nada dele, mas depois dessa baita resenha fica praticamente impossível não querer mudar isso (risos). Já virei fã do autor e espero me aventurar nas suas histórias muito em breve, esse livro em si parece ser daqueles bem lindinhos de se ler e daqueles também que nos dão várias ideias para novas tatuagens #sóacho.

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  15. Muito bacana conhecer essa sua história com o autor, depois desse relato fiquei ainda mais animada para conferir o livro, que esta aqui na minha estante já faz um tempo.

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  16. Mais do que o livro, o seu depoimento é inspirador.  Louvável a atitude do amigo que ajudou a superar essa crise.  Acho que escrever é isso, é intenso, desafiador, mas as palavras chegam exatamente onde têm que chegar para àqueles abertos às ideias.  Eu ainda não li nada do autor, embora já o conheça pelos sucessos que coleciona.  Agora, confesso, que me senti motivado a ler seus livros.

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