Núbia: O Despertar, Vol. 01 [Omar Epps e Clarence A. Haynes]

Cortesia do Grupo Companhia das Letras

Mesmo distopia sendo um dos meus gêneros literários favorito, já fazia um bom tempo que não me aventurava em uma. Assim que "Núbia: O Despertar" surgiu como possibilidade de leitura, não resisti. E o que posso adiantar é que ela tem todos os requisitos do gênero.

Título: Núbia: O despertar
Autor: Omar Epps e Clarence A. Haynes
Tradutor: Karine Ribeiro
Série: Núbia
Editora: Seguinte
Gênero: Distopia
Páginas: 288
Edição: 1ª
Ano: 2023

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A trama se passa em um futuro (2089) onde a tecnologia domina o mundo. O cenário: Uma Nova Yorque dividida entre altura (onde vive a elite), e pântano (onde residem os marginalizados da sociedade, composta por, principalmente, refugiados núbios). Os núbios são os habitantes de Núbia, uma nação que foi devastada por uma catástrofe climática. Só nesse breve relato, podemos observar que temas atuais como racismo, xenofobia e aquecimento global serão abordados.

Zuberi, Uzochi e Lencho são nossos protagonistas da vez, e assemelham-se muito com nós, leitores, pois possuem pouquíssimo, ou nenhum conhecimento em relação ao passado do seu povo, e aos poderes sobrenaturais que vão surgindo entre os jovens núbios. Para conseguirem superar esse momento de lutas e incertezas, nossos protagonistas contam com uma rede de apoio composta por anciãos, que vão orientando-os em todos os sentidos, principalmente em como controlar esses poderes. O grande problema é que alguns indivíduos da elite também tem conhecimento em relação a esses poderes, e tentam, a todo custo, recrutarem esses jovens para conseguirem atingir seus objetivos.

“No entanto, estivessem as pessoas em apartamentos ou barracos, as tempestades destruíam seus lares mais e mais, a cada nuvem que escurecia e trovão que ribombava, uma nova ameaça de dizimá-los. Cada gota de chuva significava uma possível devastação.” Posição 94

Um dos pontos fortes desse livro são as personagens. Temos um leque bem diversificado, onde bons, maus e dúbios vão ganhando seus destaques. Apesar de sempre ter um pé atrás com protagonistas adolescentes, confesso que dois deles me surpreenderam positivamente (Zuberi e Uzochi). Já outros, mesmo que aconteça alguma redenção, continuarei não vendo-os com bons olhos.

Na minha opinião, existem erros que são imperdoáveis, principalmente quando acontecem mortes como consequência. Ainda falando sobre esse quesito, uma reviravolta me fez questionar quem é(são) o(s) verdadeiro(s) vilão(ões) da trama. Uma personagem específica me causou uma dúvida cruel, e, durante a leitura, coloquei-a nas três colunas de tipos de personagens. Comecei achando-a dúbia, depois passou para boa, e finalizou na má. Qual será a verdadeira índole dela? Isso só saberei nos próximos volumes, que espero que sejam publicados muito em breve.

“Ele apontou para a frase VOLTEM PARA O PÂNTANO pichada em um cartaz que anunciava um dos mais novos programas de "bem-estar social" de Krazen St. John. Mais uma historinha de merda em que pessoas como Uzochi estavam loucas para acreditar.” Posição 529

Em relação a parte gráfica, a editora está de parabéns. A capa é bonita e a diagramação interna é simples e agradável aos olhos. Os autores inseriram um cronograma apresentando as datas dos principais fatos históricos que culminaram com o cenário atual em que se passa a trama, e considerei como a cereja do bolo. Não encontrei erros durante a leitura.

Finalizo a resenha indicando aos amantes de distopias que abordam temas atuais da nossa realidade, e que apreciem pitadas de ficção científica.